JEFFERSON PERES CRITICA PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO



O senador Jefferson Peres (PDT-AM) criticou o processo de privatização no país, afirmando que foi feito de forma desastrada e lesiva aos interesses nacionais. Por esse motivo, disse que defende a instalação de uma CPI sobre o assunto.
De acordo como o parlamentar, as empresas privatizadas foram avaliadas abaixo de seu valor de mercado, tiveram financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, além disto, puderam ser compradas com títulos da divida pública, as chamadas "moedas podres", adquiridas no mercado por um quinto de seu valor de face.
Jefferson ressaltou que ficou "estarrecido" com o fato de o governo permitir que o ágio pago na compra de algumas empresas possa ser debitado no Imposto de Renda.
- Este ágio quem vai pagar somos nós - afirmou.
O representante do Amazonas no Senado observou que, em muitos casos, o governo injetou recursos nas empresas, modernizou-as e elevou previamente as tarifas por elas cobradas, além de financiar sua compra.
- Ativos nacionais e estatais foram transferidos para o controle estrangeiro e essas empresas, na verdade, investiram aqui muito pouco - afirmou o senador, que leu trechos de um artigo do deputado Delfim Netto.
Segundo este artigo, foram investidos no país US$ 29,9 bilhões em capital estrangeiro no ano passado. Para o deputado, o "aumento dos investimentos diretos é sempre interessante, embora no caso brasileiro esses investimentos tenham sido direcionados para compra de empresas, significando simplesmente troca de propriedade".
No artigo, Delfim Netto argumenta que uma remuneração "de modestíssimos 6% anuais" para o capital investido no país significaria algo em torno de US$ 21 bilhões por ano. Conclui que, se num primeiro momento, a privatização traz dinheiro do exterior, cobrindo as contas externas do país, em um segundo momento ela irá aumentar a transferência de recursos ao exterior.
Jefferson Peres lembrou que, mesmo na União Européia, há restrições para capital estrangeiro em algumas áreas. Um banco alemão, por exemplo, não entra no mercado francês. No Brasil, os bancos estrangeiros já detém 60% do mercado de varejo, informou.
Participaram do discurso, em apartes, os senadores Amir Lando (PMDB-RO) e Heloísa Helena ((PT-AL).

14/04/2000

Agência Senado


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