JEFFERSON PÉRES CRITICA DECLARAÇÕES DE BRIZOLA
O senador Jefferson Péres (PSDB-AM) criticou hoje (dia 19) o candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador Leonel Brizola, por declarações dadas durante esta semana à imprensa. Jefferson Péres citou como irresponsáveis as afirmações do integrante da coligação PT/PDT de que, chegando ao poder, anularia as privatizações da Telebrás (que deverá ocorrer ainda este ano) e da Vale do Rio Doce:
- Obviamente qualquer cidadão em um país democrático pode dizer o que pensa. Mas eu me pergunto se um cidadão candidato a vice-presidente da República, com real chance de chegar ao poder, pode realmente falar sem pensar - afirmou o senador.
Na opinião de Jefferson Péres, as declarações de Brizola preocupam porque, no seu entendimento, não são apenas uma opinião pessoal sem maiores conseqüências, mas podem ser interpretadas como atitudes que a oposição venha a tomar caso vença a eleição de 4 de outubro.
A declaração de Brizola de que anularia a privatização da Telebrás "com uma canetada" foi considerada por Jefferson Péres uma bravata. O senador explicou que, se não houver vício na licitação e no contrato, caracteriza-se o ato jurídico perfeito, uma das garantias fundamentais da Constituição em vigor, que impede que o ato seja desfeito por decreto ou mesmo por lei:
- Brizola disse que também anularia a privatização da Vale, mesmo que não fosse constatada irregularidade. Aí está a leviandade do bravateiro. Ele sabe que não é possível, a menos que passe pela sua cabeça que ele poderá, quem sabe amanhã, reeditar o assalto ao Palácio do Inverno (residência do czar Nicolau II, da Rússia, em São Petesburgo, à época da revolução bolchevique) e tomar o Planalto de assalto para implantar de novo o estado de exceção no país - comentou.
Jefferson Péres não sabe até que ponto o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva compartilha as idéias de Brizola. Para ele, existe uma ambigüidade na candidatura do PT, que ainda não revelou o programa de governo do partido:
- Eu receio muito que fiquem empurrando com a barriga até a eleição e nós não saibamos, na hipótese de eles serem eleitos, o que farão em termos de política macroeconômica - reclamou.
GOLPE
Classificando Leonel Brizola de "dessintonizado, esquerdista arcaico e paleossocialista", Jefferson Péres também disse lembrar-se do que o líder do PDT havia feito para "infernizar a vida" do seu cunhado, João Goulart, quando este era presidente do Brasil.
- Brizola achava que Jango era moderado e quis impor as tais reformas de base na "lei ou na marra", como ele próprio dizia. Chegou a disseminar no país os chamados Clube dos 11, que eram células parafascistas, embriões revolucionários de assalto ao poder. Até hoje eu não sei, caso não tivesse acontecido o golpe de 31 de março de 64, se o senhor Leonel Brizola é que nãoteria tentado a aventura de tomar o poder de assalto - afirmou.
19/06/1998
Agência Senado
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