Jefferson Péres propõe debater a legalização da venda de drogas



O senador Jefferson Péres (PDT-AM) propôs em discurso no Plenário, nesta quinta-feira (18), a realização de um debate amplo na sociedade, envolvendo a população, o meio acadêmico e os políticos, sobre a legalização da venda de drogas como possível forma de extinguir o narcotráfico. Ele argumentou que isso poderia ser a única forma de eliminar a atividade dos narcotraficantes e acabar com a violência que ela acarreta.

- Enquanto houver consumo de drogas, haverá o tráfico. E consumo haverá sempre - observou.

Apesar de dizer que não sabe se o Estado pode privar um adulto de decidir o que fazer, impedindo-o de comprar drogas, Jefferson Péres esclareceu que tal medida só poderia ser tomada caso envolvesse vários países. Ele ponderou que, do contrário, poderia ser criado no Brasil um "narcoturismo", fazendo vir ao país pessoas interessadas em comprar drogas legalmente. Além disso, o tráfico internacional de drogas passaria a ter no Brasil um centro exportador.

Em aparte, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) acrescentou que o Brasil, sendo o único mercado livre de tais produtos, poderia ser fartamente abastecido pelos produtores, o que faria o preço cair e, diante da ausência de programas de prevenção, levaria a um grande aumento do consumo.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apoiou a idéia do debate e disse não ter opinião completamente formada sobre o assunto, estando aberto para discutir mais. Ele também opinou que a descriminalização apenas no Brasil seria difícil, mas não impossível.

Durante grande parte de seu discurso, Jefferson Péres analisou as causas da violência no Brasil, ressaltando a necessidade de realizar investimentos sociais concomitantemente ao desenvolvimento de uma política nacional de segurança pública, que envolveria o aparelhamento das polícias, mudança da legislação penal e reforma no sistema prisional.

Em aparte, o senador Sibá Machado (PT-AC) se disse impressionado com os números do crime organizado. Segundo ele, João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, acusado de comandar uma organização criminosa no Mato Grosso, teria afirmado, em depoimento à CPI dos Bingos, que dirigia um orçamento de R$ 500 milhões. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) opinou que a briga de "empurra-empurra" sobre quem seriam os culpados pelo crime organizado só fortalece os criminosos.

18/05/2006

Agência Senado


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