Jefferson Péres propõe que Exército execute a reforma agrária



O senador Jefferson Péres (PDT-AM) propôs em discurso que a responsabilidade pela execução da reforma agrária seja transferida aos Batalhões de Engenharia do Exército Brasileiro. A força, segundo ele, dispõe -de infra-estrutura, da experiência, dos recursos humanos e, sobretudo, da credibilidade e respeitabilidade necessárias- para assumir o trabalho.

Para o representante amazonense, a foto publicada nos jornais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva usando um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) -tem o cheiro xoxo da revelação de um segredo de polichinelo-.

Para Jefferson, o presidente da República -já coonestara [que, segundo o dicionário Aurélio, significa: dar aparência de honestidade a; fazer que pareça honesto, honrado, decente] explicitamente a radical partidarização da política de distribuição de terras a partir do momento em que seu governo nomeou o militante Miguel Rossetto para encabeçar o Ministério do Desenvolvimento Agrário e entregou as delegacias regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a dirigentes do MST-. Muitos desses dirigentes, acrescentou, contam com -experiência de numerosas ocupações ilegais de propriedades nas respectivas folhas corridas-.

O senador considera que a -partidarização do Ministério do Desenvolvimento Agrário e dos quadros dirigentes do Incra retirou dessas estruturas qualquer vestígio de autoridade moral e legitimidade política para continuarem a conduzir essa reforma-. Ele lembrou que grandes, médios e pequenos agricultores e pecuaristas de todas as regiões do Brasil -multiplicam apelos desesperados aos ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, descrentes que estão da imparcialidade dos fiscais do Incra-.

Conforme Jefferson, os Batalhões de Engenharia do Exército têm todas as condições de assumir as tarefas de demarcar as terras; construir equipamentos coletivos indispensáveis aos assentamentos; distribuir cestas básicas, ferramentas, sementes e outros insumos; e ainda dar garantia de segurança e outros serviços aos assentamentos.

Para o senador, com sua proposta, todos ganharão: o governo, por restaurar sua autoridade; a sociedade, com a paz no campo e o desenvolvimento do agronegócio; os camponeses, com a conquista da tranqüilidade e do sustento trabalhado na própria terra; e, principalmente, o próprio Exército, que encontrará -uma nova missão que lhe dê sentido-.

O parlamentar citou cientistas brasileiros e estrangeiros, como Alfred Stepan e Alexandre Barros, que apontaram para uma -crise de identidade- do Exército Brasileiro, -depois que a vitória sobre a subversão armada e o fim da guerra fria evidenciaram o caráter secundário do cenário geoestratégico da América do Sul e a nossa incapacidade de competir com os arsenais cada vez mais sofisticado das grandes potências-.



18/07/2003

Agência Senado


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