Jefferson Péres: "Senado deve se preocupar com a Venezuela"



O senador Jefferson Péres (AM), líder do PDT, sustentou da tribuna que o Senado brasileiro tem de se preocupar com o que vem acontecendo na Venezuela, mas ponderou que os senadores devem examinar o protocolo de entrada do país vizinho no Mercosul "não como represália" aos ataques do presidente daquele país, Hugo Chávez, ao Senado, mas do ponto de vista da democracia.

Lembrou que acordo do Mercosul contém a "cláusula democrática", pela qual não se aceita novo país cujo governo não seja democrático. Assim, se à época da votação do protocolo os senadores concluírem que não há democracia na Venezuela, a entrada do país no bloco econômico deverá ser rejeitada.

- A democracia venezuelana ainda não morreu, mas está agonizante.Está se tornando rapidamente uma ditadura de fato, mantendo a aparência de democracia. Não me venham falar de legitimidade.Legitimidade de um governante ocorre em duas etapas: na origem e no desempenho. Hugo Chávez tem legitimidade na origem, por ter sido escolhido em eleições livres. Mas ele está se deslegitimando na medida em que, com um Congresso jugulado, vai, pouco a pouco, anulando as liberdades naquele país - manifestou Jefferson Péres.

O senador pelo Amazonas disse ter ficado surpreso com declarações na imprensa e com mensagens eletrônicas recebidas nos últimos dias de pessoas que se dizem de esquerda, todas defendendo Hugo Chávez.

- Eu fui militante da esquerda. A esquerda em que militei tinha como ícone aquele aventureiro tópico, sonhador, romântico, que sacrificou sua vida pela causa - Ernesto Che Guevara. Para a esquerda de hoje, arcaica, o ícone é Hugo Chávez. Que decadência! - afirmou.

Em aparte, a líder do PT, senadora Ideli Salvatti, concordou com a reação do Senado brasileiro às declarações de Hugo Chávez, mas observou que não houve voz entre os senadores que tivesse condenado a tentativa de golpe contra Chávez, depois de ele ter sido eleito democraticamente.

O senador Tião Viana (PT-AC) admitiu que Hugo Chávez "caminha para comportamento despótico", mas observou que um possível boicote à entrada da Venezuela no Mercosul não faria bem aos brasileiros e venezuelanos. Já Valter Pereira (PMDB-MS) disse que os sinais que vêm de Caracas "são eloqüentes" e não-democráticos. Almeida Lima (PMDB-SE) apoiou o discurso de Jefferson Péres e Kátia Abreu (DEM-TO) disse que concorda em evitar a entrada da Venezuela no Mercosul, exceto se Hugo Chávez mudar seu comportamento antidemocrático.



05/06/2007

Agência Senado


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