José Agripino pede "mais equilíbrio e humildade" ao presidente Lula



O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), pediu em discurso da tribuna, nesta quarta-feira (25), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha -mais equilíbrio e mais humildade- ao se referir ao Judiciário e ao Legislativo. Para ele, -líder verdadeiro é aquele que, com equilíbrio, consegue aglutinar-, e não promover discórdia.

- Com seu discurso na CNI, o presidente entrou em rota de colisão com o Judiciário, muito embora desminta hoje que esta tenha sido a sua intenção - disse.

Agripino perguntou se as críticas ao Judiciário e ao Legislativo não tinham como pano de fundo a reforma da Previdência, que não vem sendo bem recebida no Judiciário e tem sido motivo de críticas até de aliados no Congresso.

- Ninguém, nenhum líder, tem o direito de se julgar o salvador da Pátria. Por isso, causou-me espécie quando o presidente disse que só Deus poderá impedi-lo de aprovar as reformas que ele propôs. Pelas manchetes dos jornais de hoje, o Congresso e o Judiciário são um estorvo para o presidente da República - protestou.

Depois de ponderar que líder é aquele que tem talento, tolerância e equilíbrio, o líder do PFL afirmou que, no Brasil, não há hoje espaço para populismo e estímulo à luta de classes. O presidente, disse o senador, -não pode sugerir que existem brasileiros de primeira, de segunda ou de terceira classe, pois todos são iguais perante a lei-.

- Deus me livre de pensar que nós somos hoje governados por um presidente que, à imagem de outros países de menor importância que o Brasil, praticam o populismo, estimulando a luta de classes.

Agripino afirmou que o Congresso Nacional -tem o direito e o dever de opinar sobre as reformas constitucionais-, questionando e fazendo emendas às propostas do governo. Disse ter comunicado ao presidente do Senado, José Sarney, junto com outros líderes, que -não vale a pena- ir ao Palácio para um encontro com o presidente Lula se não for para discutir os projetos que devem constar da convocação extraordinária do Congresso no recesso de julho.

- Não vale a pena ir ao Palácio para receber uma pauta pré-estabelecida, especialmente quando na véspera o presidente da República lançou desconfianças sobre o Judiciário e o Legislativo.

No entanto, conforme o líder, o PFL está disposto a participar de qualquer reunião com o governo se o objetivo for discutir uma pauta de trabalho.

- Por índole, sou conciliador. Prefiro acreditar na sinceridade do presidente quando ele diz que não teve a intenção de atingir nenhum outro Poder da República. Não peço retratação do presidente, mas se ele quer reatar o bom relacionamento, que nos convoque. Não para comunicar uma pauta, mas para discuti-la - encerrou.



25/06/2003

Agência Senado


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