José Alencar diz que governo foi imprevidente com crise energética



O presidente da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI), senador José Alencar (PMDB-MG), acusou o governo de ser o principal responsável pela crise energética que toma conta do país. Para ele, o Executivo foi "imprevidente" ao não detectar, ao longo dos últimos anos, uma possível falta de energia elétrica, além de deixar de construir novas linhas de transmissão. "Mas mesmo assim é preciso que todos vistam a camisa do Brasil para minimizar o problema, que classifico de grave", afirmou o senador.

José Alencar fez esse desabafo ao abrir a audiência pública realizada nesta terça-feira (dia 5) pela Comissão de Infra-Estrutura destinada a debater a crise energética, que reuniu especialistas do setor. O primeiro a falar foi o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Miranda Abdo. Ele reconheceu que a "situação é crítica" e não atribui o racionamento apenas ao pequeno período chuvoso verificado no biênio 2000/2001, apesar de observar que durante os últimos cinco meses o nível pluviométrico ficou abaixo da média.

Para o diretor-geral da Aneel, a crise energética brasileira, que desembocou no programa de racionamento, é de natureza estrutural, ou seja, passa pela redução de investimentos em hidrelétricas, falta de criação de fontes alternativas de energia e ausência de novas linhas de transmissão. Como exemplo, José Mário Abdo informou que entre 1988 a 1995 não foi realizada nenhuma licitação para novas concessionárias de energia elétrica.

O diretor-geral da Aneel entende que sem a abertura de novas concessões é praticamente impossível o setor energético voltar à normalidade. Mas mesmo com a abertura de novas licitações ele acha difícil o país equilibrar a oferta e a demanda de energia elétrica nos próximos anos, já que não houve investimento no setor na última década, o que sufocou, segundo ele, todo o sistema.

José Mário Abdo adiantou, entretanto, que ainda este mês serão abertas licitações para três novas linhas de transmissão e construção de nove usinas hidrelétricas. "É um começo, mas ainda é pouco", disse o diretor-geral da Aneel, que pregou a implementação de novas fontes de energia, entre as quais a eólica e termelétricas a gás, como forma de o país reencontrar o rumo no setor energético.

O mesmo pensamento tem o presidente do Operador Nacional do Sistema (ONS), Mário Fernando Santos, que também tomou parte da audiência pública. Segundo ele, o remédio para o país sair da crise é "obra, obra e mais obra". Defendeu maiores investimentos na construção de linhas de transmissão, construção de usinas hidrelétricas e fontes alternativas, principalmente termelétricas, além da criação de grandes reservatórios de água. E previu que o racionamento deverá se prolongar até 2003.

05/06/2001

Agência Senado


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