Juiz decreta a prisão de Jader Barbalho
Juiz decreta a prisão de Jader Barbalho
Ex-senador é acusado de participação em fraudes com recursos da extinta Sudam
A Justiça Federal decretou a prisão preventiva do ex-presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB), acusado de formação de quadrilha, lavagem de capitais, estelionato qualificado, falsificação de documento e uso de documento falso em operações com recursos da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Segundo o Ministério Público Federal, rastreamento bancário comprova que pelo menos R$ 750 mil foram depositados em contas de uma emissora de rádio e uma de TV da qual Jader é acionista majoritário.
A decisão foi tomada pelo juiz titular da 2ª Vara Federal de Cuiabá (MT), Jéferson Scheineder, que acolheu pedido da Procuradoria da República. O juiz também ordenou a prisão do ex-superintendente da Sudam José Artur Guedes Tourinho, do empresário José Osmar Borges – suposto laranja de Jader – e de outras cinqüenta pessoas em Cuiabá, Brasília, São Paulo e Belém.
O procurador-chefe da República no Mato Grosso, José Pedro Taques, coordenador da força-tarefa que investiga o escândalo Sudam, revelou que são citadas na denúncia criminal cinco empresas do Grupo Pyrâmide, dirigido por Borges, amigo de Jader.
As empresas receberam montante de R$ 246 milhões do Tesouro, por meio de projetos aprovados pela Sudam, durante a gestão de Tourinho. Os projetos não foram executados.
Senador já esteve preso
Esta foi a segunda vez que a Justiça Federal manda prender Jader Barbalho. A primeira foi em fevereiro, por decisão do juiz Alderico Rocha Santos, da 2ª Vara Federal de Palmas (TO). Ele foi libertado por decisão do Tribunal Regional Federal em Brasília.
Rastreamento telefônico realizado com autorização judicial indica que o empresário José Osmar Borges fez 1,2 mil ligações para Jader, no auge do esquema Sudam. Há registro de ligações para a presidência do Senado e para a residência de Jader.
A denúncia da procuradoria sustenta que Jader "foi beneficiário de parcela de valores desviados de projetos contratados com recursos financiados da Sudam".
Laudo da Polícia Federal aponta desvio equivalente a US$ 68 milhões. "O Ministério Público tem informações seguras de que parte desse dinheiro foi enviado para contas na Suíça por empresas de consultoria ligadas ao esquema", informou o procurador-chefe.
Políticos são assaltados em Salvador
Um grupo de políticos baianos, ao buscar a paz, encontrou violência, em Salvador. Pouco depois de realizarem o Arrastão Socialista pela Paz, no bairro da Liberdade, o mais populoso da capital baiana, dez candidatos e militantes da Coligação Dois de Julho (PSB-PGT), entre os quais, a deputada Lídice da Mata (PSB) e o ex-deputado federal Domingos Leonelli (PSB), foram assaltados no fim da tarde, por cinco homens.
A ação dos bandidos ocorreu quando eles estavam reunidos para discutir detalhes sobre as campanhas na casa de Leonelli, situada na Rua Almirante Barroso, bairro Rio Vermelho, orla marítima. Os cinco homens, armados, entraram na residência sem dificuldades, renderam os candidatos e levaram uma pasta contendo R$ 10 mil, telefones celulares e uma maleta de viagem. Aparentavam muito nervosismo, segundo as vítimas, e fugiram sem ferir ninguém.
De olho no eleitor jovem
Enquanto a briga de bastidores esquenta o horário eleitoral do TRE, os candidatos vão apresentando suas propostas. Carlos Alberto (PPS), por exemplo, apesar de reclamar dos descasos do atual governo com as áreas de preservação ambiental e áreas agricultáveis que estão sendo loteadas, garante que no seu governo haverá espaço no DF para programas de moradia para a classe média e de baixa renda. Rodrigo Rollemberg (PSB) vai na mesma linha e diz que seu comprometimento com a moradia é outro: ele promete vender terrenos legalizados e construir casas populares para as populações mais pobres. Segundo ele, a classe média não vai precisar comprar terreno de grileiros. Expedito Mendonça (PCO) também ataca os especuladores e grileiros, que estão agindo com total liberdade, transformando terras públicas em condomínios de luxo. E proclama a construção de casas populares para toda a população de baixa renda. Trotta prega a extinção da Câmara Legislativa, metida numa corrupção passiva. E Geraldo Magela insiste em um debate com o governador Joaquim Roriz, para que este explique sua amizade com os grileiros. E garante: no governo PT não houve uma só grilagem de terras.
Joaquim Roriz prefere falar do programa Jovem Trabalhador, que prevê emprego, por um ano, para aqueles que querem ingressar no mercado de trabalho. E da Bolsa Universitária, que vai liberar R$ 400 por mês para 5 mil estudantes carentes, com a garantia de que os jovens não terão que devolver o dinheiro, mas deverão prestar serviços ao governo para garantir o ressarcimento do investimento feito. Apostando no potencial da juventude brasiliense, Roriz promete criar três universidades no próximo governo, a exemplo do que fez no ano passado, ao abrir a primeira Faculdade de Medicina voltada exclusivamente para o atendimento da demanda da população do DF pelos serviços de saúde.
Beira-Mar vai voltar para seu reduto em Bangu 1
Traficante só aguarda reforma, que deve durar 10 dias, para ser recolhido ao presídio carioca
O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, vai retornar para Bangu 1 após o término da reforma que deve durar dez dias. A informação é do secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Aguiar, que está participando, em Brasília, do Encontro Nacional de Secretários de Segurança Pública, no Ministério da Justiça.
Outros seis detentos transferidos após a rebelião comandada por Beira-Mar, na semana passada, também retornarão ao presídio, que passará a ser administrado pela secretaria. "Acabou o escritório e acabou o hotel", disse Aguiar.
Segundo o secretário, o presídio terá novo regime disciplinar e novos funcionários. As visitas serão permitidas somente por meio de uma tela de proteção, inclusive para os advogados, não sendo mais autorizadas as visitas íntimas.
A decisão foi anunciada um dia depois do ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, dizer que sua pasta analisava tecnicamente a chance de enviar Beira-Mar para o presídio da Marinha, na Ilha das Cobras. Ontem, o ministro recuou e considerou "inadequada" a medida e disse que a transferência está descartada.
O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, já havia se mostrado contra a transferência do traficante para a unidade da Marinha. Segundo Quinhão, a unidade "não está adequada a acolher um preso desse nível de periculosidade".
O presídio foi construído pelos portugueses em 1624. Passou ao controle da Marinha em 1966, para abrigar militares que reagiam contra o regime. O acesso à ilha é feito por uma ponte que parte de dentro do 1º Distrito Naval, no centro do Rio.
Após vistoriar ontem o Batalhão de Choque da PM, o corregedor-geral de Polícia Unificada do Rio, Aldney Peixoto, constatou que o local não está preparado para custodiar presos "de alta periculosidade" como Fernandinho Beira-Mar.
Também estão no batalhão, desde sexta, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, Márcio Silva Macedo, o Gigante, e Marcos Antônio Firmino da Silva, o My Thor.
Segundo o corregedor, policiais já foram alertados sobre um possível plano de resgate de Beira-Mar, que poderia ser feito até por helicóptero.
Rendição para Maluco
A rendição do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, vem sendo tratada de maneira sigilosa desde o início do mês pelo corregedor-geral de Polí cia Unificada do Rio, Aldney Peixoto.
O corregedor oferece ao traficante todas as garantias de segurança, se ele concordar em se entregar. Paulo Roberto Cuzzuol, advogado do traficante, ficou de consultar seu cliente.
O corregedor disse que a rendição, se for acertada, terá a presença do procurador-geral de Justiça do Rio, José Muiños Piñeiro Filho, e do juiz Alexandre Abrahão, responsável pelo processo do assassinato de Tim Lopes, que tem Maluco como principal acusado.
Cerca de 300 policiais continuavam ontem atrás do traficante Elias Maluco no Complexo do Alemão. Duas pessoas foram detidas no local. Peixoto acha que o traficante está sendo protegido por policiais corruptos.
Empresas querem explorar satélites
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) recebeu, em Brasília, as propostas de preços, documentos de habilitação e de identificação das empresas interessadas em explorar satélites brasileiros. A abertura das propostas está marcada para a próxima semana (24 de setembro).
Cada empresa poderá adquirir, no máximo, três das 17 posições orbitais ofertadas. A licitação foi iniciada no ano passado, mas interrompida por determinação do TCU (Tribunal de Contas da União), que pediu uma revisão na metodologia de cálculo do preço mínimo.
O valor de referência para cada posição orbital, que era de R$ 3,3 milhões em outubro do ano passado, quando o processo foi suspenso, passou para R$ 4,34 milhões, de acordo com a nova metodologia. O prazo de vigência dos contratos é de 15 anos, prorrogáveis por igual período.
Medo de Lula faz o dólar disparar
Moeda norte-americana já acumula alta de 44,86% este ano. Bolsa de Valores tem queda de 1,49%
Os índices das pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias, que mostram a possibilidade do candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva, vencer as eleições presidenciais no primeiro turno levaram o dólar, de novo, às alturas. O mercado financeiro viveu uma forte agitação ontem, quando o real se desvalorizou 3,3%, cotado a R$ 3,35 por dólar, acumulando baixa de 10,2% em setembro e 31,4% no ano, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo caiu 1,49%, e acumula baixa de 29,9% este ano.
Também o risco-país (sobretaxa que os bônus brasileiros pagam sobre os do Tesouro americano, que mede simbolicamente a confiança internacional) piorava 3,5%, ficando em 1.931 pontos.
O deputado Delfim Netto resumiu o ânimo entre políticos e financistas: os tucanos ficaram nervosos com a possibilidade de Lula vencer as eleições no primeiro turno e o mercado respondeu a isso "com a mesma vibração".
Pesquisas confirmam a liderança de Lula com 41% de intenção de voto (cerca de 46% de votos válidos). O favorito do mercado, o senador José Serra, se mantém em 19% (segundo o Ibope).
"Os mercados estão nervosos porque Lula continua crescendo e pode vencer já no primeiro turno, enquanto Serra não consegue subir nas pesquisas. O mercado não esperava esse cenário, tinha a certeza de que Serra passaria para o segundo turno eleitoral, conseguiria bater Lula", confessou o economista-chefe do Banco SulAmerica, Luiz Carlos Costa.
Para os analistas do banco Lloyds TSB, "o medo do mercado é muito exagerado, primeiro porque a eleição não está definida, e depois porque os sinais do candidato líder nas pesquisas e seus porta-vozes são positivos sobre a condução da política econômica a partir de 2003, na medida que não se percebem indícios de aventuras radicais".
O Banco Central confirmou que vendeu dólares no mercado à vista de câmbio para conter as cotações, sem revelar o montante. A medida conteve a alta, sem conseguir, no entanto, revertê-la.
Pesquisas e pagamentos
O mercado financeiro não dá o benefício da dúvida a ninguém, dizem analistas. "Os únicos fatos novos nos últimos dias são relativos aos preços do petróleo, no cenário internacional, ou pesquisas de intenção de voto, no Brasil. É uma resposta bastante óbvia: as pesquisas influíram, e muito, na onda de volatilidade", diz Arturo Porzecanski, economista-chefe para mercados emergentes do ABN Amro. Octavio de Barros, economista-chefe do BBV banco não concorda. "O que tem pressionado o câmbio é o pagamento de compromissos. Quantias pequenas, que mexem com o mercado," disse.
Para ele, o ´efeito pesquisa´ representa menos da metade da pressão sobre o dólar. "Há de fato uma ansiedade eleitoral. O mercado não dá o benefício da dúvida a ninguém", diz Barros. Para ele, não há razão para que a alta persista, considerada a melhora nos dados da balança comercial, do déficit em conta corrente e a interrupção da queda das linhas externas de crédito.
"Economia não é saudável"
O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto ironizou o nervosismo. Para ele, a antecipação de preços pelo mercado de uma eventual vitória do candidato petista no primeiro turno ´é conversa para boi dormir´´.
´Esse agentes de mercado ficam procurando explicações de cunho eleitoral para encobrir a verdade, que é a situação estrutural da economia brasileira. Um país que vai três vezes ao FMI em quatro anos não pode estar com uma economia sadia´´, disse Delfim.
O banco Sudameris decidiu restringir a concessão de crédito em dólar para pequenas e médias empresas. A instituição só irá retomar os processos depois das eleições presidenciais. O objetivo da medida é evitar o risco de inadimplência.
Esses contratos são concedidos pelo ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) e pelo ACE (Adiantamento sobre Cambiais Entregues). A decisão pode ser seguida por outras instituições financeiras.
Artigos
Sinais de renovação nos estados
Gaudêncio Torquato
Os resultados apontados pelas pesquisas, até o presente, estão a indicar que o eleitorado brasileiro está apostando firmemente no conceito de mudança. Basta conferir a situação dos pleitos estaduais, onde a maioria significativa dos perfis se impregna de valores identificados com renovação. Certos candidatos até podem ser velhos conhecidos dos eleitores, mas, quando comparados com os adversários, expressam de maneira mais densa as expectativas da população, sintonizadas com a abertura de novos horizontes, mudanças no estilo de governar e o desejo de quebrar sistemas oligárquicos. O eleitor quer despachar para um tempo no purgatório políticos com cheiro de mofo. Alguns, com muito mofo.
No Acre, o governador Jorge Viana (PT) é um ícone da luta contra o caciquismo e bandidagem. Será eleito no 1º turno. No Amazonas, o perfil jovem de Eduardo Braga (PPS) derrubará o velho boto tucuxi Gilberto Mestrinho (PMDB). No Mato Grosso, o empresário Blairo Maggi (PPS) é quem mais se identifica com renovação, podendo ultrapassar o senador Antero Paes de Barros (PSDB).
No Pará, o jovem senador Ademir Andrade (PSB) expressa o desejo de mudança e deverá vencer com o voto oposicionista o candidato do governo, Simão Jatene (PSDB). No Maranhão, Jackson Lago (PDT) representa a oposição contra José Reinaldo (PFL), que mesmo apoiado pela ex-governadora Roseana Sarney, a ser eleita senadora, tem poucas chances. No Piauí, a situação é mais emblemática. Wellington Dias (PT) passou Hugo Napoleão (PFL) e mostra que, em um dos mais pobres estados da Federação, o eleitor está atento. Aliás, os piauienses gostam de surpreender. Em 1986, Freitas Neto (ex-PFL, hoje PSDB) tinha o apoio de 97% dos prefeitos e a força dos três senadores, mas acabou perdendo o governo para Alberto Silva (PMDB).
No Rio Grande do Norte, a ex-prefeita de Natal, Vilma Faria (PSB), com seu perfil de guerreira, está surpreendendo, identificando-se melhor com o espírito de mudança e mantendo uma liderança desde o início da campanha, mesmo com parcos minutos na mídia eleitoral. Mas h á de se considerar a força do governo, em um segundo turno, e a boa performance televisiva do governador Fernando Freire (PPB), cuja chapa poderá eleger os dois senadores. O quadro, hoje, tende mais para Vilma.
Na Paraíba, a renovação tem o nome de Cássio Cunha Lima (PSDB), o jovem ex-prefeito de Campina Grande. Em Minas, Aécio Neves (PSDB) vai arquivar o tratorzão Newton Cardoso (PMDB). No Rio, o charme de Rosinha Matheus dará ao PSB um governo comandado por mulher e um palanque para Garotinho remontar sua candidatura presidencial em 2006. Em São Paulo, Maluf (PPB) parece ter chegado ao final da reta, conseguindo, mais uma vez, a façanha que o caracteriza: morrer antes de chegar à praia. Geraldo Alckmin (PSDB) deverá ganhar.
No Espírito Santo, o jovem senador Paulo Hartung (PSB) encarna a bandeira da renovação. E Zeca do PT continuará a governar o Mato Grosso do Sul. Quando o candidato é um governador muito aprovado, o povo dá a bênção, como é o caso de Jarbas Vasconcelos (PMDB), em Pernambuco e Esperidião Amin (PPB), em Santa Catarina.
Uma leitura mais apurada desses resultados parciais indica, ainda, a relatividade do fator mídia eleitoral nas campanhas. Os tempos de alguns candidatos são muito pequenos, mas o eleitor acaba tomando decisão sem se deixar levar pela maior exposição de um perfil na mídia.
No mais, são perceptíveis as indicações de expansão da taxa de racionalidade. As alterações nos índices das primeiras pesquisas evidenciam a inevitável comparação entre os candidatos. O eleitor está escolhendo com espírito crítico e o foco voltado para aquele que melhor preencher seu balão de expectativas. Estamos a cerca de 15 dias do pleito. São pouco prováveis alterações de monta no quadro acima descrito. E para que ninguém cante vitória antes do tempo, lembramos que os candidatos que chegarem na frente, no 1º turno, não serão, necessariamente, os vitoriosos do 2º turno. O jogo recomeça do zero a zero. Novas alianças serão compostas e um novo clima influenciará as decisões. A única certeza: ninguém é capaz de desviar o rumo do vento. Perfis há que são como o vento.
Colunistas
CLÁUDIO HUMBERTO
Lula está na boca do Leão
O candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que declarou patrimônio de R$ 422.949,32 (menor apenas que o do tucano José Serra, de R$ 603.744,25, sem contar as omissões), está impedido de obter Certidão Negativa de Débitos de Tributos. "As informações disponíveis sobre o contribuinte 070.680.938-68 (CPF de Lula) não são suficientes para que se considere a sua situação fiscal regular", informa a Receita Federal.
Encantos do poder
O Leão é manso com o candidato do governo a presidente: José Serra foi o único a receber restituição do Imposto de Renda, colocada à sua disposição em agosto, na agência 2636 do Banco do Brasil, localizada no Senado, em Brasília. Lula, Ciro e Garotinho não receberam suas devoluções.
Desmanchando a costura
O presidente da Caixa, Valdery Frota de Albuquerque, anda insone. Nascido em Sobral (CE), cujo prefeito é seu amigo de longa data e irmão de Ciro Gomes, Valdery já havia costurado a sua permanência no cargo, num eventual governo do PPS. Mas como a vaca de Ciro caminha para o brejo, ele agora morre de medo que algum colunista abelhudo conte a história.
A mão armada
Três homens armados invadiram segunda-feira a casa do ex-deputado Domingo Leonelli, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador (BA), e levaram uma mala de dinheiro. O chefe do PSB baiano guardava o dinheiro que seria usado, no dia seguinte, para pagar salários e serviços da campanha.
Malan cai fora
Como prometeu em casa, Pedro Malan não vai votar mesmo em José Serra. O ministro estará viajando no dia da eleição: arranjou uma reunião na sede do FMI, em Washington. D. Catarina Malan deve estar feliz da vida.
Parente também
O ministro da Casa Civil, Pedro Parente, também dará um jeito de não votar no desafeto de José Serra: estará no exterior, no dia da eleição, para fazer um curso sobre "transição de governo". Só falta definir o país de destino.
Quem te viu
Caiu como uma bomba no meio jurídico o voto do ministro Nelson Jobim, do Supremo Tribunal Federal, na ação de inconstitucionalidade proposta pela OAB contra a medida provisória que instituiu a chamada "transcendência" nos julgamentos da Justiça do Trabalho: o "líder do governo" no STF votou contra o governo. A colega Ellen Gracie, "vice-líder", votou a favor.
Paz e amor no campo
Um dia após o massacre na TV, Lula chegou feliz da vida ao Mato Grosso do Sul de Zeca do PT, onde o domesticado MST é só paz e amor. Gravou para o guia eleitoral na fazenda do amigo latifundiário José Bumlai, dono de 250 mil reses e da vaga de ministro da Agricultura do seu eventual governo.
Paz e amor na madrugada
Candidato faz qualquer coisa para conquistar voto. Lula desembarcou em Campo Grande (MS) às 2h30 da madrugada, após o comício de Belém. O motorista que o levou ao hotel pediu uma foto ao seu lado. Ele posou sorridente como não estivesse "podre de cansado", conforme se queixara.
Almoço demorado
No site de José Serra, a notícia que entrou no ar às 12h25 de ontem só foi seqüenciada por outra às 15h43. Para quem está a mais de 20 pontos do PT nas pesquisas, o tucano anda esticando demais o horário do almoço.
Dando as cartas
O jurista Paulo Castelo Branco, candidato a deputado federal em Brasília, encontrou uma maneira original de demonstrar que é o eleitor quem dá as cartas. Ele está distribuindo santinhos em forma de cartas de baralho.
Grana no TST
O presidente do TST recebe hoje representantes de centrais sindicais para discutir as listas negras que vetam a contratação de funcionários com ações na Justiça Trabalhista contra os patrões. O representante da CUT será Carlos Alberto Grana. Com esse sobrenome, só pode ser o tesoureiro.
Bem-feito
Despencam em Nova York as ações do JP Morgan, aquele mesmo que andou elevando o rico Brasil às alturas. Enrolado em operações mal negociadas e na queda de faturamento, o banco enxergou fumaça no futuro do Brasil, mas não conseguiu evitar o próprio incêndio.
Propaganda enganosa
Onaireves Moura, ele mesmo, quer ser deputado federal de novo. A última de sua campanha: ele prometeu distribuir bolas aos eleitores, na célebre "Boca Maldita", centro de Curitiba, onde formaram uma longa fila, e nada. Só havia cabos eleitorais distribuindo santinhos. Quase acaba em confusão.
Promessa é dívida
O secretário de Justiça do Rio, Paulo Saboya, está numa enrascada, após anunciar que cobrará dos traficantes o prejuízo com a destruição de Bangu I. Periga ouvir o "devo, não nego, pago quando atirar".
O Batata é batuta
Preso por suspeita de mandar matar a vice-prefeita, o presidente da Câmara de Magé (RJ) Genivaldo Ferreira Nogueira, o Batata, tem outro esqueleto no armário: o assassinato do vereador Walter Moraes Arruda (PDT), há quatro anos, numa emboscada. Viu Batata fazendo sexo oral com a vereadora Eliane de Lima no estacionamento da Câmara e quis cassá-lo.
Poder sem pudor
Cansado de promessas
Atento às artes e manhas da política, Lídio Ostrovski foi a uma reunião em Três Barras (SC), onde políticos à caça de votos prometiam asfaltar finalmente a estrada que ligava a cidade a São Mateus do Sul, no Paraná. Lídio se impacientou, levantou-se e recomendou:
- Olha, dessa vez façam o asfalto ao lado da outra estrada que vocês prometeram, anos atrás.
A reunião acabou.
Editorial
BRASIL NA VANGUARDA ENERGÉTICA
É animadora e oportuna a notícia de que o governo e os principais candidatos à Presidência da República concordam e m reativar a produção e uso do álcool como combustível em carros de passeio. O Proálcool, criado em 1975, foi uma experiência de sucesso. O Brasil desenvolveu com tecnologia própria o maior programa mundial de produção de energia a partir da biomassa.
Em poucos anos, 80% dos veículos produzidos vinham com motores a álcool, o que, além de reduzir a poluição das grandes cidades, permitiu que o País atravessasse com menos sacrifício a crise do petróleo do final dos anos 70. No fim da década de 80, entretanto, a redução dos preços do petróleo e o crescimento da cotação do açúcar tornou o programa inviável pela cartilha liberal que começava a tomar conta das relações entre governo e empresas.
Mas o mundo deu voltas. E se viu que a dependência do petróleo – uma energia poluente e restrita – é perigosa. É hora de o País voltar a investir no álcool, que pode se tornar a maior fonte de combustível renovável não só para o Brasil como para os países desenvolvidos. Passaremos de compradores a vendedores, exportando também a tecnologia, que custa caro e pode render dividendos e empregos aos brasileiros.
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09/19/2002
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