JÚLIO CAMPOS DEFENDE A HIDROVIA ARAGUAIA-TOCANTINS



"Não sou contra a preservação ambiental, mas não podemos concordar que organizações não-governamentais (ONGs) internacionais queiram ditar normas que prejudiquem o pleno desenvolvimento do Brasil", afirmou hoje (dia 21) o senador Júlio Campos (PFL-MT), ao lamentar que uma dessas entidades, "levando ao extremo a defesa do meio ambiente", tenha proposto na Justiça o embargo do projeto de implantação da hidrovia Araguaia-Tocantins.

- A paralisação do processo, em conseqüência desse equívoco, no mínimo adia a fruição dos benefícios projetados e desperta a justa reação dos defensores da política integracionista - advertiu.

A administração da Hidrovia Araguaia-Tocantins, segundo o senador, promoveu a cassação da liminar, concedida por juiz federal de Cuiabá, tendo como origem a alegação "de revolta dos índios das aldeias Pimentel Barbosa e Areões, em Nova Xavantina", não confirmada pela chefia da Funai na cidade.

- Essa inconsistente razão, "de clima de hostilidade entre os índios, devido à hidrovia", provocou, também, reunião de representantes dos órgãos oficiais de meio ambiente de Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará, com o fim de deflagrar providências tendentes à retomada dos trabalhos de implantação da hidrovia - informou.

Júlio Campos defendeu o programa hidroviário para o Centro-Oeste, que atenderia também à região Norte do país, e disse que há muito o Brasil já poderia estar transportandomilhões de toneladas de grãos por via fluvial. Ele dirigiu apelo ao governo federal para viabilizar a produção nacional de grãos, observando que só o estado do Mato Grosso "produz 8 milhões de toneladas, 10% da produção nacional, mas não adianta produzir se não temos um sistema de transporte eficiente".

- A implantação da hidrovia Araguaia-Tocantins tornará viável o aproveitamento econômico da região de cerrados do Brasil Central, mediante a utilização dos trechos de 2,1 mil quilômetros entre Aruanã (GO) e Belém, aos quais se devem adicionar 500 quilômetros do rio das Mortes, afluente do Araguaia, em Mato Grosso - informou.

Júlio Campos se disse convencido de que "o país será capaz de superar os seguidos entraves, de qualquer ordem ou procedência, que se procura opor à sua legítima e decisiva marcha desenvolvimentista".

- Se Juscelino Kubitschek foi o grande presidente das rodovias do Brasil, queremos que o presidente Fernando Henrique Cardoso seja o grande presidente das hidrovias do nosso país - destacou Júlio Campos.

Emaparte, o senador João Rocha (PFL-TO) disse que o Brasil tem que partir para a infra-estrutura básica de apoio à produção de grãos por um sistema hidroferroviário de transporte. Para ele, a hidrovia Araguaia-Tocantins poderá ser integrada à Ferrovia Norte-Sul.

O senador Odacir Soares (PTB-RO), por sua vez, afirmou que o governo federal, com o apoio da iniciativa privada, está promovendo o desenvolvimento de grande parte da região Norte, "sem prejuízo ao meio ambiente".

Já o senador Mauro Miranda (PMDB-GO) assegurou que a criação de um corredor de exportação com o aproveitamento das hidrovias será a redenção do setor agrícola do Centro-Oeste e do Brasil. "Não apoiar o programa hidroviário do governo é cercear o progresso agrícola brasileiro", acrescentou.



21/01/1998

Agência Senado


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