JÚLIO DEFENDE NOVA POLÍTICA PARA CIÊNCIA E TECNOLOGIA



O senador Júlio Campos (PFL-MT) propôs que o Congresso Nacional tome a iniciativa de debater e definir uma nova política de ciência e tecnologia para o país, em função do "notório esgotamento das políticas industriais setoriais, orientadas para a substituição de importações e tendo a presença do Estado, nas atividades produtivas diretas, como ponto de apoio".

A definição dessa nova política deve ter em vista a renovação da base produtiva e ampliação da capacidade tecnológica, disse o senador. Ele alerta que as políticas de ciência e tecnologia "não são mais definidas exclusivamente pelos governos, com a participação da comunidade científica, mas a sociedade exige, cada vez mais, o direito de participar diretamente da definição das grandes opções científicas e das soluções técnicas dadas aos problemas sociais".

Depois de lamentar que toda a produção brasileira de pesquisa, atualmente, represente apenas "meio por cento da ciência no mundo", Júlio Campos observa que a prioridade conferida ao setor pela Carta de 88 teve "resultados limitados" até agora. O senador entende que, em diversos aspectos, o progresso científico e tecnológico poderá beneficiar-se de uma maior participação do Legislativo na definição de suas políticas.

Nesse sentido, Júlio Campos destacou a necessidade de indicação das prioridades entre as grandes áreas de pesquisa que merecem financiamento público e demaior conscientização da população, em especial da juventude, quanto à valorização da pesquisa como fator de melhoria da qualidade de vida.

O senador relacionou ainda a importância de maior envolvimento de empresas de portes médio e pequeno na incorporação de tecnologias modernas; a maior colaboração internacional na busca de novos caminhos para o enriquecimento coletivo e para a ampliação da oferta de empregos bem remunerados; e a dinamização da economia local como compensação para eventuais perdas de postos de trabalho, em conseqüência de inovações tecnológicas.

Na ótica da revisão e formulação de uma nova política e ciência etecnologia, Júlio Campos sugeriu ser igualmente importante preservar e aproveitar o atual sistema nacional de pesquisa, "resultado de importantes investimentos acumulados nos últimos vinte anos".

O senador lembrou que, "embora incompleto e frágil, no plano operacional esse sistema conta com grande diversidade de institutos e órgãos de pesquisa, com 142 instituições federais de ensino superior, além de uma estrutura de formação de recursos humanos em nível de pós-graduação que já supera um total de 1.651 cursos de mestrado e doutorado, bem como a existência de quase 5 mil grupos de pesquisa, reunindo mais de 20 mil pesquisadores nas várias áreas do conhecimento".

11/03/1998

Agência Senado


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