JÚLIO CAMPOS QUER QUE O PAÍS DEFINA UMA POLÍTICA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA



 JÚLIO CAMPOS QUER QUE O PAÍS DEFINA UMA POLÍTICA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O senador Júlio Campos(PFL-MT) defendeu nesta segunda-feira (dia 18) a realização de um fórum nacional quedefina as linhas mestras e as formas de execução de um projeto nacional de ciência etecnologia. O senador, que encerra seu mandato nesta legislatura, exprimiu também odesejo de vir a ser substituído por outro parlamentar em sua luta pelo progressocientífico e tecnológico do Brasil. Segundo Júlio Campos, a produção de novosconhecimentos é a moeda forte na atual distribuição do poder econômico. Exemplificoucom o fato de que, na década de 80, 67% da produção de ciência e tecnologia provinhade apenas sete países, sendo que mais da metade (35%) era produzida pelos Estados Unidos.Para o senador, "exemplo claro do que é ter um projeto nacional de desenvolvimentoé o que fazem os Estados Unidos da América com o programa de viagem a Marte". Deacordo com o parlamentar, a verdadeira intenção dos norte-americanos é dominar oprocesso de reciclagem de materiais, para ele o "conhecimento tecnológicofundamental para manter sua hegemonia no próximo milênio". - As longas viagens atéMarte exigem, pela dificuldade de se eliminar os dejetos, inclusive os humanos, que sedesenvolvam sofisticados processos de reciclagem de materiais, com vistas ao seureaproveitamento ou neutralização - afirmou o senador, em discurso proferido da tribunado plenário. O representante do Mato Grosso defendeu o incentivo às instituições depesquisa efetivamente produtivas. Segundo o senador, nesta situação estão diversasuniversidades e outras entidades públicas. - A conclusão que se tira é que fazerpesquisa no Brasil é, sobretudo, uma atividade estatal, mas não um projeto da sociedade- afirmou. O senador criticou o pagamento de gratificações por atividades de pesquisa,como fez o governo no ano passado. Para ele, essa é "uma pálida tentativa" deevitar que esses pesquisadores emigrem. Apesar disso, é fácil encontrar brasileiros nosmelhores centros de pesquisa nos Estados Unidos e na Europa. Júlio Campos considerouoportuna a importação de tecnologia apenas quando é inútil refazer caminhos que outrosjá trilharam e que estão disponíveis para serem compartilhados. Ressaltou, no entanto,que o Brasil tem peculiaridades que abrem espaço para determinar seus próprios projetosde pesquisa, como a crônica seca no Nordeste, o aumento da produtividade agrícola, amodernização da indústria eletroeletrônica, a pesquisa de medicamentos a partir daflora nacional e o aprofundamento dos recursos da Amazônia. - Um projeto brasileiro deciência e tecnologia é algo suprapartidário, que envolve toda a sociedade e que devetraduzir a visão que temos de nós mesmos nos próximos séculos. Não temos mais muitotempo para perdermos em discussões sobre nossa identidade, se quisermos que ela não sejaimposta de fora para dentro - ressaltou.



18/01/1999

Agência Senado


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