Jungmann admite votar em Roseana
Jungmann admite votar em Roseana
Ministro vê "racha" entre PMDB e PSDB no segundo turno na disputa com Lula
O ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), um dos três pré-candidatos do PMDB à Presidência da República, admitiu ontem que pode votar em Roseana Sarney (presidenciável do PFL), no caso de ela ir para o segundo turno. "Depende de com quem ela irá disputar", disse ele. É a primeira vez que Jungmann admite esta hipótese, desde que anunciou sua pré-candidatura, no final do ano passado. Na época ele chegou a criticar o PFL como um partido "conservador", que não teria "condições hegemônicas de manter unidos os grupos de sustentação do governo unidos sob seu comando e de gerenciar os rumos da governabilidade". Sua opinião provocou a reação de alguns líderes pefelistas. O vice-presidente nacional do PFL, senador José Agripino Maia (RN), chegou a dizer que ele queria fazer "Roseana de escada" para tentar crescer.
Jungmann disse ontem que tem "admiração e respeito" por Roseana, mas ressalvou que na hipótese de ela ir para um segundo turno contra Lula (PT), haverá "um racha" entre setores do PSDB e PMDB, que não admitiriam votar numa candidatura do PFL. O ministro fez as declarações após participar de uma reunião de cerca de uma hora com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), no Palácio do Campo das Princesas.
Segundo especulações no meio político pernambucano, no encontro o tema principal seria uma eventual retirada da pré-candidatura de Jungmann à Presidência. Jarbas é favorável a uma candidatura única da base do Governo federal e acredita que, hoje, o PMDB não tem condições de ter um candidato próprio à Presidência. Em entrevista logo após a reunião, Jungmann disse que os dois haviam tratado apenas de assuntos administrativos. Negou que esteja pensando em retirar sua candidatura. "Não tenho nenhuma pretensão a fazer isso", afirmou. Jarbas não quis dar entrevista.
PRÉVIAS - Além de Jungmann, o PMDB tem dois outros pré-candidatos: o senador Pedro Simon (RS) e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco. As prévias para a escolha do candidato estão marcadas para o dia 17 de março - atualmente, porém, a cúpula peemedebista já não crê mais em candidatura própria e estaria trabalhando para que o partido ocupe a vice do presidenciável tucano, José Serra. Nesse sentido, estaria interessada em que as prévias não fossem realizadas. O próprio presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), já admitiu que o partido não possui um candidato forte o suficiente para disputar a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para o ministro Jungmann, há no PMDB "quem queira e quem não queira" as prévias, mas a realização delas estaria garantida. No próximo domingo o PMDB deve realizar uma convenção extraordinária para definir suas regras (qual será o quórum estabelecido, por exemplo).
Ele fez também uma espécie de balanço de sua trajetória como pré-candidato. "Fui o único a apresentar uma proposta de governo", disse, acrescentando que as dúvidas sobre se ele seria um "candidato laranja" de José Serra hoje não existiriam mais.
Crescimento gera inquietação
A ampliação da aliança que garantiu a histórica vitória do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) sobre o ex-governador Miguel Arraes (PSB) é a razão da inquietação na base do Governo na Assembléia Legislativa. A avaliação é do líder do PFL na AL, deputado Augusto Coutinho. Ele observou que agregação de outras siglas à aliança (PMDB/PFL) está fazendo com que muitos deputados aliados disputem votos numa mesma base política. "O que não pode acontecer é que as reclamações desestabilizem a aliança publicamente", afirmou, acrescentando que é natural que com o crescimento do grupo ocorram inquietações. "Ainda mais porque não há definição sobre chapinha e chapão", completou
O deputado anunciou que o PFL defende o chapão - coligação de todos os partidos da aliança governista para a proporcional - mas que não irá se desesperar caso a decisão do Governo do Estado seja favorável às chapinhas (construção de chapas separadas por legendas para a disputa para deputado federal e estadual). "O partido se preparou, fez o dever de casa para garantir votos. Temos quadro e força política para isso (chapinha). Mas acho que com o chapão seria mais fácil para o Governo administrar as dificuldades da aliança".
Insatisfação -Coutinho avaliou que as insatisfações existentes na aliança (PMDB/PFL/PSDB/PPB/PSDC e PSL) são contornáveis. Amanhã, o governador Jarbas Vasconcelos conversa com os líderes dos partidos governistas na Assembléia Legislativa. Na reunião, os deputados apresentarão reclamações referentes ao pouco espaço que dizem ter nas inaugurações de obras pelo Interior. Admitindo que no PFL também existem instisfeitos, Coutinho acha que o governador estabelecerá uma agenda para atender aos pleitos dos parlamentares. Ele defende ainda que esta articulação com as siglas seja feita pela secretaria de Governo.
Projeto da PCR tem parecer contrário
O projeto de lei do prefeito João Paulo (PT), que propõe mudanças no sistema de transporte público da cidade, sofreu o primeiro golpe na Câmara Municipal do Recife. Depois de passar pela análise das Comissões Meio Ambiente, Transporte e Trânsito e de Finanças e Orçamento da Casa, a proposta do Executivo recebeu parecer contrário do relator Carlos Gueiros (PTB). Segundo o vereador, o projeto da PCR contém falhas técnicas e se configura como "insuficiente" para regulamentar o complexo sistema de transporte de passageiros do Recife.
De acordo com Carlos Gueiros, que também é empresário do setor, o sistema de transporte urbano envolve um conjunto de infra-estrutura, veículos e equipamentos utilizados pelos usuários. "Isso quer dizer que a proposta deve inclui os sistemas viário, de circulação, de transporte público de passageiros e de transporte de carga. O projeto da prefeitura trata, especificamente, do transporte de passageiros", criticou Gueiros.
Para justificar o parecer, o parlamentar recorreu ao Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife, criado através da Lei 15.547/91. "O Plano Diretor define uma proposta nesse nível". Ele disse, ainda, que a complexidade do sistema exige um projeto que envolva todos os veículos de acesso público, passando pelas estações e abrigos de passageiros, pelas linhas de ônibus, pelas empresas operadoras e serviço de táxi. "Tudo isso, aliado a necessidade de integrações modais e tarifárias. Não é possível resumi tudo isso em uma lei com apenas 14 artigos", avaliou.
A decisão do relator pegou de surpresa o líder do Governo na Câmara, Jurandir Liberal (PT). Na manhã de ontem, ele reuniu os integrantes da comissão com o prefeito para tratar do assunto. "Fechamos um acordo político. Vamos aprofundar as discussões em busca de um melhor projeto para o Recife", disse Luiz Helvécio, presidente da Comissão de Meio Ambiente, Transporte e Trânsito. Apesar de não assinar o parecer, o vereador disse ser favorável a decisão do relator.
falhas - Segundo Carlos Gueiros, as falhasapontadas no documento serão analisadas pela equipe de Governo. "Isso foi o que nos prometeu o prefeito. João Paulo disse que se as imperfeições detectadas forem reconhecidas por sua equipe, ele mandará um substitutivo para corrigir as falhas". Gueiros informou ainda que, caso isso aconteça, poderá até mudar seu parecer. "Agora se o projeto original permanecer, o meu parecer será mantido", garantiu o parlamentar.
PT nacional fica surpreso com Eduardo
Direção petista acha que PSB não está acreditando na candidatura de Garotinho
O gesto do deputado federal Eduardo Campos (PSB) em retirar sua pré-candidatura ao Governo do Estado aparentemente tem repercussão apenas estadual, mas para a cúpula nacional do PT pode ser um indicativo de algo mais amplo. Segundo apurou o DIARIO, a direção nacional petista - mais do que a local - recebeu com grande surpresa a retirada de Campos. "Num momento em que Garotinho está empenhado em criar palanques estaduais, por que o nome de um Estado importante como Pernambuco, terra do presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, toma uma decisão no sentido inverso?", questionou um dirigente nacional do PT.
Embora venha obtendo bons índices nas pesquisas de intenção de voto (normalmente aparecendo entre os quatro primeiro lugares), o presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, governador do Rio de Janeiro, padece de um problema grave para um aspirante à Presidência da República: a inexistência de fortes palanques estaduais. O próprio governador já anunciou sua estratégia de tentar formar estes palanques, e é sabido que ele gostaria que o PSB pernambucano tivesse um candidato ao Governo.
Diante disso, a cúpula nacional petista está interessada em saber se a retirada de Campos tem "motivação nacional". Há no PT nacional quem veja a possibilidade de o gesto de Campos ser um indicativo de que o PSB pernambucano (ou seja, Miguel Arraes e o próprio Campos) não estaria acreditando na consolidação da candidatura de Garotinho. Com perfil claro de oposição, PSB e PT estão disputando uma parcela idêntica do eleitorado: aquela em que estão os insatisfeitos com o Governo federal.
No PT há um misto de expectativa e desejo de que Garotinho "não vá até o final" e acabe desistindo de sua candidatura. Nesse caso, a tendência seria que o PSB se engajasse na campanha petista. A decisão final sobre quem será candidato acontecerá de 10 a 30 de junho, quando os partidos farão suas convenções.
PALANQUES - O deputado Eduardo Campos acredita que não há "surpresa" da cúpula nacional petista com a retirada de sua candidatura. "Tenho conversado com dirigentes nacionais do partido e já expliquei para eles minha posição", afirmou. "O meu gesto foi feito no sentido de construir a unidade das oposições em Pernambuco".
Para ele, em alguns Estados as esquerdas podem ter palanques únicos na eleição estadual embora apoiando presidenciáveis diferentes - seria o caso, por exemplo, de Pernambuco. Cada uma das principais forças oposicionistas local tem um nome lançado para disputar a Presidência da República, mas isso - segundo Campos - não inviabiliza a unidade estadual.
Sem o chamado "candidato natural" (aquele que é aceito por todos), a oposição vem, desde o ano passado, oscilando entre um discurso no qual os partidos unanimemente se dizem favoráveis à unidade e uma prática em que se dividem na busca de espaços. "Precisamos alimentar entre nós a confiança mútua, não para esmagar quem quer que seja, mas para juntar forças e entusiasmar a sociedade", disse Campos.
Pesquisa detecta empate de Lula e Roseana
Presidenciável tucano, senador José Serra experimenta crescimento de mais de 2 pontos percentuais
BRASÍLIA - O senador José Serra registrou um crescimento nas intenções de voto na pesquisa realizada pelo instituto Sensus para a Confederação Nacional do Transporte entre os dias 14 e 21 deste mês, ouvindo 2000 eleitores em 195 cidades do País. Serra subiu de 7% para 9,2%, consolidando a quarta posição.
Assim como em janeiro, a pesquisa este mês mostrou que o presidente de honra do PT, Luis Inácio Lula da Silva, e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, estão tecnicamente empatadas em primeiro lugar. Lula teve uma pequena variação das intenções de voto, passando de 26,1% em janeiro para 26,2% este mês. No mesmo período, Roseana passou de 22,7% para 24,5%. O governador do Rio, Anthony Garotinho, teve uma queda nas intenções de voto, passando de 15,1% para 12,3%, mas mantendo ainda a terceira posição.
O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes caiu de 7,4% para 7,1%, distanciando-se de José Serra, que consolida, então, a quarta posição. O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, continua na sexta posição, mas com uma pequena elevação, de 3,8% para 4,5%. Os indecisos, brancos e nulos representam 14,8% dos pesquisados.
A avaliação positiva do presidente Fernando Henrique Cardoso atingiu 27,4% em neste mês, de acordo com resultado da pesquisa elaborada pelo Instituto Sensus para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Em janeiro, a avaliação positiva era de 26,7%. O porcentual alcançado nesta pesquisa é o melhor de Fernando Henrique desde abril de 2001, quando a avaliação positiva foi de 29,7%. A avaliação negativa do presidente caiu de 30,5% em janeiro para 28,8% em fevereiro. No mesmo período, a avaliação regular passou de 38,9% para 39,8%.
A melhora da avaliação positiva do presidente FHC ainda não é considerada como um fator importante para aumentar as chances do pré-candidato do PSDB. Segundo o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, a melhora de FHC e o apoio do presidente à candidatura de seu ex-ministro da Saúde ainda não trará um crescimento significativo das intenções de voto de Serra. "A melhora de FHC ainda é pequena e a transferência de votos também. Só o apoio do presidente pode trazer algo entre 10% a 12% de intenções de voto para Serra, mas traz também muito desgaste ao pré-candidato tucano", disse Andrade.
ALIANÇA - O presidente FHC afirmou ontem em Varsóvia que continua a defender a aliança de partidos que sustenta a base de seu Governo. A declaração foi feita ao ser perguntado se a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), poderia ser também uma candidata da continuidade, assim como o senador José Serra (PSDB) - citado como "o candidato da continuidade, sem mesmice" - em mensagem Fernando Henrique divulgada anteontem na pré-convenção do PSDB.
"Essa é uma questão em aberto, porque pode ser que haja mais de um candidato que queira sair no mesmo caminho. Serei o último a dizer: não, não sigam. Se o caminho é o mesmo, que sigam. Mas se o caminho é o mesmo, e aí é o meu esforço, por que não coincidir ? Por que não manter a aliança ? Essa é a minha posição", disse o presidente.
Dengue aumenta planos de saúde
Operadoras podem elevar preços de novos contratos por conta dos custos em atendimento da epidemia
Os consumidores devem ficar de olhos bem abertos. A Agência Nacional de Saúde está proibindo as operadoras de plano de saúde de reajustar preços por conta da assistência à dengue, mas não pode fazer o mesmo em relação aos novos contratos, assinados em plena epidemia da doença.
A Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge) admite que os preços dos novos planos vão subir devido ao aumento dos custos das operadoras com a epidemia. "Os novos planos vão sofrer impacto no preço, variando de região para região", disse Arlindo de Almeida, presidente nacional da Abramge. Ele preferiu não antecipar o percentual do aumento.
Pela lei nº 9.656, que regulamenta os planos de saúde, os preços dos contratos novos são livres. Ou seja, quem dita os preços é a lei do mercado. Em Pernambuco, a Associação de Defesa dos Usuários dos Planos de Saúde (Aduseps) está de olho nas tabelas de preços das operadoras. Vinícius Calado, presidente da associação, disse que se houver reajuste generalizado dos preços dos planos, a Aduseps vai acionar a Justiça. Ou seja, se ficar caracterizada a cartelização no mercado de saúde suplementar as empresas podem ser processadas.
Os planos de saúde já estão reivindicando reajuste dos preços das mensalidades, por causa da epidemia de dengue que se alastra no País. Com a ampliação dos casos da doença, as operadoras alegam que estão tendo prejuízos porque aumentou o número de exames, consultas e internações hospitalares. A Agência Nacional de Saúde (ANS) descarta aumento dos planos. Na interpretação da ANS, a assistência à dengue faz parte do rol obrigatório de doenças que os planos têm que atender.
A Abramge ainda não formalizou o pedido de aumento à ANS. Mas há empresas do Rio de Janeiro - onde os casos de dengue são maiores - se movimentando para reajustar as mensalidades. O presidente da Abramge disse que há operadoras com dificuldades financeiras, que podem se agravar com a demanda dos atendimentos da dengue. Ele defende a abertura de diálogo com a ANS para que o atendimento aos pacientes seja assegurado pelos planos.
Através de nota à Imprensa, o presidente da ANS, Januário Montone, informou que não faz o menor sentido reajustar as mensalidades dos planos de saúde em conseqüência de aumento de atendimento da dengue. Segundo a nota, não há o que discutir sobre reajuste. A ANS orienta os usuários que se sentirem lesados com aumentos indevidos ou falta de atendimento nos casos de dengue, que denunciem ao Disque-ANS (0800-7019656).
Artigos
Quem concentra a renda
André Resende
Dias desse escrevi no meio de um artigo que o Estado brasileiro é o maior concentrador de renda do País. Disse que se quiséssemos ir fundo na questão da concentração de renda, encontraríamos pela frente um sério obstáculo: o Estado. Em outros momentos, escrevi que o Estado não deve ser grande ou pequeno, mas do tamanho que a sociedade necessita. O que quer dizer que não é o Estado quem deve determinar o seu tamanho, mas a sociedade. Como todos os candidatos alinhados até o momento ignoram uma ação contra tal existência deformadora da sociedade, e como todos, sob todos os aspectos, são estatistas convictos, resolvi abrir mão um pouco da necessidade de comentar o assunto e citar um texto que corre na Internet, numa comparação da situação dos americanos com a dos brasileiros. E espero que sirva não apenas de base de reflexão, mas de uma conduta de desobediência organizada até o limite de aparecer um partido ou candidato que venha a dizer: do jeito que estar não vai ficar. Vamos ao texto:
"Este e-mail é uma resposta de um amigo meu brasileiro/americano que mora nos Estados Unidos, quando um seu amigo brasileiro comentou sobre a situação econômica do Brasil, que estão todos ficando cada vez mais pobres etc. Comenta ele: "Como você pode se chamar de pobre, quando você é capaz de pagar por um metro cúbico de água mais do que o dobro do que eu? Quando você se dá ao luxo de pagar tarifas de eletricidade ou telefone pelo menos um 60% mais caras do que eu? Quando pela gasolina você paga mais do que o dobro que eu? E olha que a gasolina por aqui é excelente! Ou quando, por um carro que me custa US$ 20 mil, você pode pagar US$ 40.000? Isto só é possível porque você pode se dar ao prazer de presentear seu governo com US$ 20 mil e nós, aqui na pobre América, desculpe-me, não podemos nos dar a esse luxo!
Pois é, meu amigo, não consigo te entender! O Governo estadual da Flórida toma em conta nossa precária situação financeira e nos cobra somente 2% (Ah, há mais 4% que são Federal: total = 6%) de impostos como Imposto ao Valor Agregado (IVA parecido com o ICMS). E não quase 18% como vocês, os ricos, que vivem no Brasil pagam. Além do mais, são vocês que têm outros impostos, taxas, contribuições ou encargos como ISS, CPMF, PIS, COFINS, INSS, IPVA; e afortunado é você que paga impostos em cascata. Porque se vocês não fossem ricos, que sentido teria existir impostos nessa proporção? Pobres no Brasil? Onde? Desculpe-me, mas não consigo ver onde! Um país, como o Brasil, cujos trabalhadores e empresas são capazes de pagar o IR sobre salário e sobre lucros por adiantado (vocês chamam na fonte, será que na fonte da riqueza?), necessariamente, tem de nadar em dinheiro porque assume que os assalariados já ganham muito e os negócios da Nação tem sempre sucesso e sempre terão lucros e, claro, como seu nome o indica: vocês são ricos! Os pobres somos nós que não pagamos Imposto sobre Renda, se ganhamos menos de US$ 3 mil por mês por pessoa! E nossas empresas na realidade esperam a apuração de resultados após um ano para ver se podem ou não pagar imposto sobre a renda. Ou seja, se tiverem lucro!
Aí no Brasil vemos que vocês podem pagar polícia privada, enquanto que nós nos conformamos com a força pública. Vocês enviam seus filhos a colégios privados e nós, coitados americanos de classe média e média-alta, enviamos nossos filhos às escolas públicas onde, além do mais, nos emprestam os livros para que nossos filhos possam estudar, já que o Governo prevê que não paguemos por eles. Às vezes, eu fico verde de inveja de vocês no Brasil, quando pegam um empréstimo pessoal no banco e podem pagar pelo menos 4,5% de juros ao mês, ou seja, 70% de juros ao ano! Desculpe-me, caro amigo, mas isso sim é ser rico! Não como aqui, que chegamos a pagar 8% (geralmente 7,8%) ao ano, justamente porque não estamos em condições de pagar mais. Suponho que como todos os ricos, você têm um carro e está pagando uns 8 a 10% do valor do carro por ano de seguro. Para sua informação, eu pago somente US$ 345 por ano por um carro grande. E, como te sobra dinheiro, você pode fazer pagamentos anuais de US$ 300 a US$ 2 mil por conceitos que vocês chamam de IPVA, Licenciamento e Seguro Obrigatório, enquanto nós, aqui, não podemos nos dar a esse luxo, e se muito pagamos uns US$ 15 por ano pelo Sticker, sem importar que modelo, ano e origem de carro você dirija... Mas, claro, isto é para nós que estamos apertados financeiramente e não podemos dispor dos enormes fluxos monetários que vocês brasileiros administram pessoalmente nas suas gordas contas bancárias.
Vamos! Faça as contas! Quem é o rico e quem é o pobre? Por último, mais de 20% da população economicamente ativa do Brasil não trabalha, não tem emprego! Aqui, em troca, somente há uns 4% na mesma condição, quase pleno emprego. Você não acha que viver sem trabalhar é um luxo que somente os ricos podem se dar? E, neste caso, não haveria no Brasil muitas dezenas de vezes mais ricos que aqui? Vamos lá, meu chapa, você está no Brasil porque você é rico. São os pobres como eu que pegamos nossas coisas e viemostentar a sorte aqui na América... Também não entendo porque ainda tem gente no Brasil que quer vir morar num país de pobres como os Estados Unidos. Bem, meu amigo, te mando um forte abraço e mande-me um E-mail com a descrição dos outros impostos ou taxas etc, que você tem a honra de pagar. Cordialmente, seu amigo pobre. Thank you, José da Silva".
Colunistas
DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho
Força da máquina
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua com a mesma explicação para justificar o crescimento de Roseana Sarney (PFL) nas pesquisas, onde os dois estão empatados tecnicamente: a exposição da governadora do Maranhão nos programas do PFL na TV. O pré-candidato do PT a presidente garantiu, ontem, em entrevista a Geraldo Freire, na Rádio Jornal, que voltará a crescer a partir de maio, quando ocupará o horário do PT na televisão, ressaltando que muita coisa ainda vai acontecer até lá, pois esse jogo está apenas começando. Além do empate entre Lula e Roseana, a nova rodada da pesquisa CNT/Sensus revela que o surto de dengue que assola o País não prejudicou, pelo menos até agora, a vida de José Serra. Pois ele pulou de 7% da preferência do eleitorado para 9,2%, o melhor percentual alcançado nas últimas seis amostragens. Como FHC conseguiu a melhor avaliação desde abril de 2001, com 27,4% dos entrevistados aprovando seu governo, é possível que Serra venha a se beneficiar com a recuperação da popularidade do presidente, se ela continuar crescendo, naturalmente, o que não é impossível. Pois se o final do racionamento de energia já deu uma ajuda grande nessa pesquisa, se o Governo Federal antecipar, como está tentando, o pagamento da diferença do FGTS, ninguém duvida que esses percentuais vão melhorar bastante. A força da máquina, que não deve ser menosprezada por nenhum dos adversários de Serra.
Carlos André Magalhães entregou a Aloísio Nunes Ferreira, em Brasília, uma proposta do Instituto Teotônio Vilela para aumentar os prazos de prescrição dos crimes. Diz que o ministro da Justiça gostou da sugestão que pode ajudar a reduzir a impunidade
Agilidade 1 A PCR tem demonstrado uma agilidade incrível para pintura de paredes. Em menos de 48 horas, antes do desfile do Galo da Madrugada, pintou o edifício Trianon de vermelho, a cor do PT, surpreendendo a cidade inteira.
Agilidade 2 Ontem, mais uma surpresa para quem passou pelo centro da cidade: o vermelhão que estava ali até sexta-feira foi substituído pela cor anterior, rosa salmão, que aliás combina melhor com a fase light do partido.
Conversa Ciro Gomes, do PPS, passa três horas no Recife, hoje, antes de seguir para Campina Grande. O pré-candidato a presidente chega às 11h40 e conversa com os jornalistas, no Aeroporto dos Guararapes, às 12h30.
Plano Um sistema de informação para monitorar o conteúdo dos veículos de comunicação de forma a detectar o que está por trás das notícias e a quem elas interessam está previsto no Plano de Comunicação da PCR. Que é esquisito, é.
Eleição Pompeo de Mattos (PDT-RS) apresentou projeto de lei à Câmara dos Deputados que admite o duplo domicílio eleitoral. Para eleitores que comprovem residência por no mínimo cinco anos e estada temporária mínima de 60 dias anuais em municípios com economia dependente do turismo sazonal.
Veto Os tucanos também não são nada fáceis. Em plena convenção que aclamou José Serra candidato a presidente, domingo, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foram vetados para vice pela cúpula do partido. Apesar de serem nordestinos, um dos critérios para compor com Serra.
Título É de Clóvis Corrêa o projeto apresentado, ontem, à Câmara dos Vereadores, que concede título de Cidadão Recifense ao ministro Francisco Fausto Medeiros, vice-presidente do TST.
Transporte Paulo Rubem, do PT , diz que Jarbas Vasconcelos é o principal responsável pelo caos do transporte público. Lembra que a Assembléia derrotou projeto de sua autoria, que previa reformulação do setor, sob o argumento que o governador enviaria outro e até agora nada aconteceu.
Editorial
COLÔMBIA SEM PAZ
O fim das negociações de paz entre governo e guerrilha colombianos prenuncia período ainda mais sombrio para o país vizinho. Tudo indica que voltará o estado de quase guerra civil que o presidente Andrés Pestrana tentou interromper em 1999. Nesse período, depois de conceder às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) uma zona desmilitarizada do tamanho do estado do Rio de Janeiro, começou o diálogo que, em tese, deveria dar início a um processo de paz.
Em três anos de conversações, porém, registrou-se um vaivém desanimador. O governo cedeu sempre. Mas as Farc foram incapazes de levar avante o processo de paz iniciado em 7 de janeiro de 1999. De um lado, continuaram seqüestrando e sabotando a infra-estrutura do país. De outro, seguiam mantendo estreita a parceria com os narcotraficantes. As Farc interromperam as conversações cinco vezes em menos de um ano. Em fevereiro de 2001, o Acordo de Los Pozos prorrogou a zona de distensão até outubro de 2001. As partes trocaram 500 militares seqüestrados porguerrilheiros presos. Mas, em 15 de outubro, novamente as Farc suspenderam os entendimentos. Quatro meses depois, representantes estrangeiros intervieram e deram um alento ao quase moribundo processo de conciliação.
As idas e vindas não selaram a sonhada paz. Mas mantiveram adormecido o estado de beligerância. A tomada cinematográfica de um avião comercial seguida do seqüestro de um senador sepultou as possibilidades de diálogo. O governo, acossado pelas eleições legislativas no próximo mês e presidenciais em maio, endureceu. A zona desmilitarizada sofreu intenso bombardeio.
O ataque, que deixa a Colômbia à beira de uma guerra civil e ameaça desestabilizar a região, traz apreensões aos países vizinhos. Brasil, Panamá e Equador reforçaram as fronteiras com tropas. Venezuela e Peru estão em estado de alerta. O presidente colombiano recebeu apoio da comunidade internacional. O governo Bush aplaudiu a operação. O presidente Fernando Henrique, de Estocolmo, manifestou-se solidário a Bogotá. Pastrana, em discurso inflamado, classificou as Farc de organização terrorista. As duas palavras prenunciam, na prática, a inclusão da Colômbia na lista de países em que os Estados Unidos atuarão no combate ao terrorismo. O Plano Colômbia (de repressão ao narcotráfico), sustentado por Washington, foi o primeiro passo da ofensiva ora em curso.
Parece improvável o envolvimento direto do Brasil no conflito. Mas com certeza a diplomacia será chamada a atuar. Há grande possibilidade de os colombianos solicitarem uso do espaço aéreo e direito de pouso nos 1.644 quilômetros da sensível fronteira amazônica. Pior: existe risco concreto de aumento do fluxo migratório e fuga de guerrilheiros e narcotraficantes para o lado de cá. O Exército deve manter-se atento.
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02/26/2002
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