JÚNIA DEFENDE FIM DO IMPASSE ENTRE GOVERNO E UNIVERSIDADES



A senadora Júnia Marise (PDT-MG) defendeu hoje (dia 16) o fim do impasse entre o governo e professores universitários, sugerindo que sejam suspensas as medidas provocativas e desrespeitosas por parte dos dois lados, para que seja aberto um "diálogo inteligente e sincero".

Na opinião da senadora, o atual momento vivido pela educação é grave, ao ponto de ter chegado a um movimento de âmbito nacional que está paralisando as atividades em um número cada vez maior de universidades federais.

- Claro que a greve causa transtornos, prejudica o andamento do semestre letivo, altera planos pessoais e de estudos. No entanto, chega-se a uma situação em que esse legítimo instrumento de pressão precisa ser utilizado, especialmente quando do outro lado, no caso o governo federal, se cristaliza uma posição de descaso, intolerância e prepotência - comentou.

Apesar de ter sido uma das prioridades de campanha do governo Fernando Henrique Cardoso, a educação, no entender de Júnia Marise, está sendo gerenciada de forma errada. "Ao jogar todas as fichas no ensino fundamental obrigatório, a educação infantil e o ensino médio, o Ministério da Educação começou a agir de modo a identificar prioridade com exclusividade", afirmou.

Mesmo se posicionando contrária à política educacional do governo, Júnia garantiu apoiar algumas de suas iniciativas. Ela defendeu propostas como a descentralização da merenda escolar, a análise meticulosa e a rápida distribuição do livro didático, a TV Escola e o Fundo de Valorização do Ensino Fundamental.

Júnia Marise reclamou da política dispensada ao ensino de terceiro grau. "Mesmo que jamais tenha tido a coragem de afirmá-lo, o governo Fernando Henrique Cardoso, desde o primeiro momento, tem demonstrado, no mínimo, má vontade com as universidades mantidas pela União", cobrou.

Para justificar sua afirmação, a senadora lembrou depoimentos do presidente FHC questionando a administração das universidades, dando a entender que seus professores não gostam de lecionar ou sugerindo que elas custam muito pelo que produzem. "Por mais paradoxal que possa parecer, nem mesmo o período ditatorial conseguiu atingir tão duramente as universidades públicas brasileiras quanto o do atual governo", comparou.

A senadora Júnia Marise sugere a existência de uma intenção deliberada do governo em golpear a universidade pública no que ela tem de essencial, que é a sua dignidade institucional. Foi neste sentido, de acordo com a senadora, que foram patrocinados os cortes no custeio, as reduções das verbas para a área de ciência e tecnologia e a diminuição nas bolsas de capacitação para docentes.

- Desde dezembro de 1995, a Associação Nacional dos Docentes no Ensino Superior (Andes) procura ser recebida pelo ministro da Educação para debater a realidade universitária e apresentar suas propostas. Somente agora, no mês de março, quando o quadro de greve já se mostrava irreversível, ele concordou em receber os representantes dos docentes. E o fez, em suma, para dizer que nada poderia fazer. - concluiu.



16/04/1998

Agência Senado


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