JÚNIA MARISE CRITICA ECONOMISTAS QUE BENEFICIAM ESPECULADOR ESTRANGEIRO



Em seu discurso de despedida do Senado, a senadora Júnia Marise (PDT-MG) pediu nesta quarta-feira (dia 27) ao Congresso que interrompa "o ciclo de prepotência e arrogância" da nova ditadura brasileira, a dos "tecnocratas, particularmente os economistas", que se acham "donos de todas as verdades e guardiães da chave de toda felicidade". Para Júnia, em nome da globalização econômica, os tecnocratas mergulharam o país na crise, "concentrando a riqueza nas mãos de uns poucos beneficiários da especulação financeira mundial". Aparteada por 35 senadores, Júnia disse que sempre alertou para os efeitos perversos da globalização sobre os cidadãos comuns, mas o processo já estendeu "seus tentáculos para todos os lados", tendo levado países da Ásia "do céu ao inferno em pouco tempo". - O Brasil não era a Ásia, diziam. O Brasil não era o México, repetiam. O Brasil não tem nada a ver com a Rússia, insistiam. De pouco valem agora atos de contrição como os que vêm sendo feitos pelos gênios que deixaram a equipe econômica ou mesmo pelos sábios conselheiros do Fundo Monetário Internacional, que confessam publicamente terem errado na receita - afirmou.Júnia Marise ponderou que só uma ação política, envolvendo a sociedade e o Congresso, poderá agora reduzir os efeitos da crise brasileira, porque "estabilidade financeira não pode se sobrepor aos interesses da população". Depois de lembrar que nos últimos anos ela e seus colegas da oposição alertaram para a catástrofe "que se aproximava", a senadora acusou a equipe econômica e o FMI de usarem "mais uma vez a população brasileira de cobaia em seus experimentos". A política econômica do governo, conforme a senadora, aviltou de tal forma a economia do país que até mesmo o maior fabricante de pão de queijo de Minas Gerais, que produz 60 toneladas diárias, passou a usar leite importado da Nova Zelândia. Isso ocorre, acrescentou, no estado que tem a maior produção de leite do país e onde os produtores são sufocados pela competição do produto importado.Júnia Marise, que exerceu o mandato de senadora por oito anos, começou a carreira como vereadora de Belo Horizonte, depois de atuação destacada como jornalista. Já foi deputada estadual, federal e vice-governadora de Minas Gerais. No Senado, foi autora do projeto que incluiu o Vale do Jequitinhonha na área da Sudene. No discurso de despedida, lembrou que lutou contra a privatização da Vale do Rio Doce e da Usiminas.

27/01/1999

Agência Senado


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