JUSTIÇA RECLAMA DE FALTA DE CONDIÇÕES PARA COBRANÇA DA DÍVIDA ATIVA



Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, juiz Fernando da Costa Tourinho Neto, e o procurador-geral da Fazenda Nacional, Almir Martins Bastos, reclamaram da falta de estrutura de seus órgãos para proceder a cobrança dos mais de R$ 123 bilhões inscritos na dívida ativa da União.

A reunião foi promovida pelo presidente da CAE, senador Ney Suassuna (PMDB-PB), para que o Congresso possa auxiliar na cobrança da dívida, o que poderia significar incremento na arrecadação, capaz de cobrir despesas como o aumento do salário mínimo.

Segundo Tourinho Neto, os problemas começam na Procuradoria da Fazenda Nacional, que, apesar dos esforços empreendidos, não tem condições de fazer a cobrança, por não dispor de número suficiente de procuradores. Assim, disse, 36% das execuções fiscais ajuizadas estão suspensas, pois dizem respeito a pessoas que já morreram ou que mudaram de domicílio ou dizem respeito a empresas que já se extinguiram.

O presidente do TRF da 1ª Região observou que quando novas varas de execução fiscal foram criadas, não foi dada a estrutura necessária para que os processos tenham o andamento necessário. O número médio de funcionários, disse, representa um terço do ideal. Dessa forma, ele informou que os processos ficam "amontoados" nas salas da Justiça.- Não há condições. Ou o governo investe e estrutura bem as varas de execuções fiscais, ou então tudo isso é balela - afirmou o presidente do TRF.

O procurador-geral da Fazenda Nacional considerou precisa a descrição da situação da Justiça Federal feita por Tourinho Neto. Segundo ele, durante muitos anos, os processos ficavam parados na Secretaria da Receita Federal até quase o fim do prazo legal. Essa situação, continuou, fazia com que a cobrança fosse praticamente impossível.

Com essa situação, o devedor tinha "tempo de sobra para se desfazer de seus bens e evitar a cobrança". Almir Bastos informou que existem cerca de 17 mil processos por procurador. Até 1999, por exemplo, havia três procuradores para todo o estado do Amazonas. O procurador-geral também reclamou dos sucessivos cortes que, nos últimos três anos reduziram o orçamento para a Procuradoria da Fazenda Nacional pela metade. Com base nesses fatos, Almir Bastos considera o valor inscrito na dívida ativa irrealizável.

- No que tange à nossa proposta em 2001, estamos diante da possibilidade de um corte ainda maior. A nossa expectativa é pessimista. Acho que a União, os Três Poderes precisam ter consciência disso - declarou.

22/11/2000

Agência Senado


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