Livro faz balanço positivo da era FHC



 





Livro faz balanço positivo da era FHC
Acadêmicos e jornalistas avaliam desempenho em 18 áreas nos 7 anos de governo

A era FHC já tem seu primeiro balanço. Com 692 páginas e um trabalho de 18 meses, que envolveu 30 acadêmicos e 18 jornalistas, A Era FHC - Um Balanço Independente chega às livrarias em 18 de junho como a primeira tentativa de resumir os dois governos do presidente Fernando Henrique Cardoso. O resultado para o governo não deixa de ser positivo. Das 18 áreas avaliadas, apenas duas têm uma análise negativa. Sete têm uma avaliação regular, com altos e baixos. E as outras nove apresentam um saldo positivo.

No geral, pode-se dizer que o governo foi mal em Emprego e Segurança; razoável em Ajuste Fiscal, Indústria e Tecnologia, Transportes, Relação Executivo-Legislativo, Renda e Consumo, Reforma Administrativa e Previdenciária; e bem em Agricultura e Reforma Agrária, Telecomunicações, Política Exterior, Política Urbana, Defesa, Saúde, Educação, Assistência Social e Cultura. Essa é a impressão dos cientistas políticos Bolívar Lamounier e Rubens Figueiredo, organizadores da obra, mas não se trata de um veredicto. "Isso deixamos para o leitor", diz Lamounier.

Com todos os riscos de uma análise preliminar sobre um governo que ainda não terminou, eles acham que já há material para algumas conclusões. A primeira delas, destaca Bolívar, é justamente a razão de ser do livro e do seu título. "Depois da era Vargas (1930-1954), o governo FHC foi o ciclo de mudanças mais importante do País no século vinte", considera Lamounier, numa comparação com os dois governos do presidente Getúlio Vargas (1930-45 e 1950-54). "Não só pelo número de anos em que ficaram no poder, mas pelas transformações profundas que provocaram no papel do Estado e em todos os aspectos da vida nacional."

Para ele, mais do que circunstâncias semelhantes, há uma relação direta entre os dois períodos. "Getúlio percebeu que o País estava se tornando insustentável nos moldes da Velha República e montou um Estado nacionalista e paternalista, que representava essa mudança em todos os níveis: econômico, político, institucional, sindical", explica Bolívar. "Ao perceber a mesma necessidade de renovação, mas na direção contrária, Fernando Henrique começa a desmontar o Estado da era Vargas - que havia se exaurido e estava erroneamente cristalizado pela Constituinte de 1988 - e inicia a construção de um novo modelo."

Nesse aspecto, ressalta ele, a era FHC cumpriu seu primeiro papel. "Foram mais de 20 (27) emendas constitucionais aprovadas, num grande avanço, que decorreu de maneira serena, com ampla maioria no Congresso e sem antagonismos exagerados", avalia Lamounier. Tantas mudanças foram possíveis, diz, porque havia uma percepção geral de que um ciclo havia se encerrado.

"Todos perceberam que a inflação, por exemplo, não seria resolvida por meio de choques heterodoxos", cita. "Havíamos passado por cinco e todos falharam."

Na verdade, continua Bolívar, os valores da sociedade estavam mudando, e de forma dramática.

"Depois de uma década de inflação e corrupção, as pessoas foram progressivamente aceitando que havia uma coisa muito mais profunda e errada com o País", constata. "O diagnóstico era de que um longo ciclo de nossa História tinha se esgotado e era preciso não só inaugurar outro ciclo, mas caminhar na direção oposta, com mudanças no papel do Estado, privatizações e reformas estruturais na economia."

Não por acaso, a política macroeconômica e o ajuste fiscal formam o primeiro capítulo do livro. As maiores críticas são a falta de um modelo fiscal sustentável e a trajetória desconfortável da dívida pública. Os elogios ficam para o expressivo avanço na área fiscal, com destaque para a Lei de Responsabilidade Fiscal, e a obtenção de um superávit primário.

País desigual - Outro capítulo importante, sobre renda e consumo, deixa claro que os indicadores melhoraram no geral, mas mostram dados preocupantes. Se o padrão de vida de parcelas expressivas da população apresenta melhora, a desigualdade de renda continua preocupante. O diagnóstico é de que o Brasil não gasta pouco no social, gasta mal. Seja pela imensa desigualdade no acesso à educação ou pelo tratamento privilegiado dos setores organizados (servidores, trabalhadores urbanos e aposentados), os mais pobres continuam sem acesso aos recursos públicos.

Essa distância entre os objetivos do governo e os seus resultados parece ter sido maior nas questões de emprego e segurança. Enquanto o desemprego bateu recordes, a violência apresentou índices e episódios preocupantes, como a série de motins das PMs estaduais e uma rebelião histórica, que sacudiu 29 prisões paulistas em um mesmo dia.

"Politicalha" - Esses fatos isolados, porém, não orientaram as pesquisas acadêmicas e nem o texto final dos jornalistas. "Acho que conseguimos uma análise contextualizada da ação governamental", avalia Rubens Figueiredo. Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, autor da apresentação, o livro tem três características marcantes: "O pluralismo e a isenção das análises, a abrangência dos temas e o altíssimo nível dos autores." Embora elogie o espaço conquistado nas relações internacionais, Gerdau também cobra ações, como solução para a exclusão social e a realização das reformas política e tributária.

Do mesmo modo, a aprovação das reformas previdenciária e administrativa, a indústria e tecnologia, os transportes e a relação entre Executivo e Legislativo mereceram análises ponderadas. A competência do governo para formar uma base política e aprovar algumas reformas, por exemplo, foi contraposta aos resultados tímidos desses textos e ao preço pago pelo apoio parlamentar. Como o próprio Fernando Henrique resume, numa declaração reproduzida no livro, "a maior vitória foi sobreviver na selva da politicalha sem mácula pessoal. A derrota foi não conseguir acabar com ela."

Esse, aliás, pode ser um dos pontos de partida para se discutir a era FHC no futuro. "Se o livro provocar o debate, já alcançou seu objetivo", diz Lamounier. Embora admita "lacunas evidentes", como a falta de capítulos exclusivos para a crise energética e o Proer, e os prejuízos da análise antecipada (a epidemia de dengue e a crise argentina ficaram de fora), ele se diz satisfeito com o resultado. "O livro é consistente, respeitável em termos acadêmicos e com a análise aguda que o jornalista sabe dar", resume.

"Seja qual for o juízo da História sobre a era FHC, o importante é que abrimos esse debate."


Equipe de Serra espera dias melhores após a Copa
Comando da campanha avalia que desafio é administrar tormenta de maio, sem perder ânimo

BRASÍLIA - Não é à toa que estrategistas da campanha presidencial do PSDB, dirigentes do partido e o próprio candidato José Serra consumiram boa parte da semana em conversas, preparando o espírito do tucanato para dificuldades e até novas quedas nas pesquisas eleitorais. A previsão de todos é de tempos difíceis nas próximas semanas e de que os problemas só deverão ser superados, com reflexos positivos nas pesquisas, depois da Copa do Mundo. O comando da campanha avalia que o desafio é um só: administrar a tormenta, mantendo o ânimo do PSDB e a confiança na vitória.

"Temos de ter consciência de que estamos sob ataque especulativo", alertou Serra em jantares e reuniões com tucanos nos últimos dias. Na mesma linha, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), diz que seu partido sabe de onde vêm os ataques direcionados para a retirada da candidatura Serra. Ele atribui o bombardeio de denúncias à direita atrasada que tem interesses cristalizados no governo e teme perder privilégios. Afinal, diz o líder, é certo que Serra dar


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