LÚCIO ALCÂNTARA APONTA OPORTUNIDADE PARA GOVERNO COMBATER A DISCRIMINAÇÃO RACIAL



A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, que será realizada pela ONU em agosto de 2001, na África do Sul, foi apontada pelo senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) como uma oportunidade para o governo brasileiro mostrar atos concretos nessa área. Ele acredita que a iniciativa da ONU deve-se ao relatório "Para Além do Racismo: Abraçando um Futuro Independente", da Southern Education Foundation, resultado de um estudo sobre as relações raciais no Brasil, Estados Unidos e África do Sul.

- O momento é de reflexão sobre as injustiças que vêm sendo cometidas contra os negros, de constatação da inércia com que esse grave problema vem sendo encarado. A desmistificação da democracia racial brasileira e o amplo diagnóstico de racismo e discriminação racial, obriga-nos a adotar, neste novo milênio, políticas públicas com garantias legais de igualdade, promoção de oportunidades educacionais, econômicas, culturais, empresariais, políticas de emprego e treinamento, interação dos meios de comunicação, eliminando os estereótipos, e a adoção de relações raciais igualitárias - afirmou.

Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), Alcântara disse que o desemprego tem penalizado enormemente o trabalhador negro e, mais ainda, a trabalhadora negra, que é duplamente discriminada. O senador citou ainda o Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho no Brasil, realizado pelo Dieese, que revelou a prevalência do preconceito racial no país. Segundo essa pesquisa, os homens negros ganham entre 47%, em Salvador, e 76%, em Belo Horizonte, do salário dos homens não-negros.

Lúcio Alcântara explicou que a situação das mulheres negras é pior ainda, pois elas recebem de 28% a 47% do salário pago aos homens não-negros. "Quanto ao rendimento médio mensal dos ocupados é praticamente a metade para os negros em relação aos não-negros e de quase um terço para as mulheres negras", disse o senador.

O trabalho desenvolvido por entidades como o Movimento Negro Unificado, o Grupo União e Consciência Negra, o Instituto Palmares de Direitos Humanos e o Raça Brasil, foi elogiado pelo senador por tornar pública a existência de um racismo desumano no Brasil.

- Interessante notar que a população negra corresponde a quase metade de toda a população brasileira e ainda é considerada minoria e tem sido motivo de estudos acadêmicos profusos, quando deveria ser o foco de ações afirmativas que tirassem os negros da miséria em que vivem e lhes oferecessem melhores oportunidades, livrando-os da marginalização social, educacional, cultural e política. Precisamos pôs um fim definitivo a essa discriminação, tanto mais perniciosa quanto não assumida - concluiu Alcântara.

23/11/2000

Agência Senado


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