LÚCIO ALCÂNTARA HOMENAGEIA CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE GUSTAVO CAPANEMA



Como membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) homenageou o centenário de nascimento do ministro Gustavo Capanema, comemorado durante sessão solene realizada, semana passada, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), no Rio de Janeiro. Para Alcântara, "os anos Capanema" marcaram um momento contubardo e contraditório da história republicana do país, em que o regime autoritário do Estado Novo mantinha boas relações com intelectuais identificados com causas sociais e modernização cultural.
Educado junto à elite intelectual de Minas Gerais, Gustavo Capanema vivenciou, segundo Alcântara, a "excitação revolucionária" da década de 30 e ocupou, por muitos anos, uma posição central na discussão de assuntos educacionais e culturais no país. Como essa época coincidiu com a explosão mundial de conflitos ideológicos e étnicos, evidenciados com o advento do nazi-fascismo, da guerra civil espanhola e do Estado Novo, Lúcio Alcântara assinalou as marcas deixadas por esses episódios na carreira e obra política e administrativa de Capanema.
"Olhar os tempos de Capanema significa abrir uma janela para o ambiente intelectual, político e ideológico daqueles anos e, assim, entender melhor o legado que deles recebemos", observou Lúcio Alcântara. Nos 11 anos em que Capanema exerceu o cargo de ministro da Educação e Saúde do governo Vargas, entre 1934 e 1945, tendo como chefe de gabinete o poeta Carlos Drummond de Andrade, o senador cearense testemunha o transcorrer de um período de notável impulso nos sistemas educacional, cultural e artístico nacional, possível com a implantação de um processo de recuperação e preservação do patrimônio artístico e cultural, coroado com a criação do IPHAN; a reforma do ensino secundário e o advento do ensino industrial.
Ao refletir sobre a trajetória político-administrativa de Capanema, o senador Lúcio Alcântara conclui que o ex-ministro revela-se um "paradigma" da contradição de sua época, caracterizado por um processo de "modernização conservadora". Ao mesmo tempo em que valorizava a produção dos intelectuais de artes e letras, procurava criar e consolidar os símbolos que perpetuavam o autoritarismo político do Estado Novo. "Capanema cumpriu a tarefa de seu tempo e o fez com grande probidade pessoal. Os equívocos que porventura cometeu só são visíveis aos olhos do presente, por meio da dialética que preside a própria história", finalizou Alcântara.

18/08/2000

Agência Senado


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