Lula diz que Roseana pode ser 'problema' para PT







Lula diz que Roseana pode ser 'problema' para PT
Partido precisa saber como enfrentá-la, adverte pré-candidato, ao encerrar encontro

RECIFE - Pela primeira vez desde que a campanha eleitoral foi antecipada, Luiz Inácio Lula da Silva admitiu sua preocupação com o crescimento da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), nas pesquisas para a Presidência. "A Roseana poderá ser um problema para nós e precisamos saber como enfrentá-la", afirmou Lula, ontem, no encerramento do 12.º Encontro Nacional do PT, em Olinda (PE). "É um dado novo no cenário político de 2002, que nós não tínhamos previsto." Lula disse ainda que, por enquanto, Roseana tem dado mais dor de cabeça ao ministro e presidenciável José Serra (PSDB). "Parece que o candidato do governo tem uma chumbada no pé: não consegue subir", provocou.

Um dia depois de ser inscrito para disputar uma prévia com o senador Eduardo Suplicy (SP), Lula disse que, de qualquer forma, o partido precisa ter "juízo, habilidade e competência" para fazer casamentos políticos com o centro e a esquerda, já que existe a possibilidade "real e concreta" de chegar ao Palácio do Planalto. "Possivelmente, não nos seja dada outra oportunidade", previu o virtual candidato.

Aclamado pela platéia como "presidente", Lula conclamou as mulheres petistas a entrarem em ação na campanha anti-Roseana. "Porque não basta ser mulher: é preciso ter compromisso com o povo pobre deste país e com as pessoas sofridas", avaliou. Para o ele, o PFL pôs Roseana na praça como "uma brincadeira", com o objetivo de indicá-la para vice na chapa do PSDB. Mas, aos poucos, o governo terá de "engolir" a candidatura dela.

Palanques - Com discurso pragmático, Lula pediu empenho do partido na busca de alianças. Falou em ganhar "corações e mentes" e pregou a necessidade de união das oposições. "Este não é o momento de fazermos experiências políticas", afirmou. Seu argumento é de que o PT precisa ser mais generoso e retomar as conversas com seus antigos aliados, com quem hoje vive às turras, como o PDT de Leonel Brizola. Além disso, Lula notou que, para o PT chegar ao poder, será fundamental ultrapassar as fronteiras da esquerda na montagem dos palanques estaduais. Tudo como manda o figurino aprovado nos três dias do encontro, que discutiu política de alianças e programa de governo.

Embora o documento final do evento não mencione o PL, a coligação com o partido do senador José Alencar (MG) - cotado para vice de Lula - pode receber sinal verde. "Precisamos abrir nossa cabeça para não ficarmos contra qualquer coisa", aconselhou o pré-candidato.

Opções - Lula disse estar disposto até mesmo a conversar com Brizola. "É preciso que alguém convença o Brizola de que a relação dele com o filho é biológica, não ideológica", comentou, numa referência a João Vicente, que trocou o PDT pelo PT. O presidenciável também defendeu a retomada do diálogo com outros políticos para os quais o PT "torce o nariz", como o ex-ministro Ciro Gomes (PPS) e os governadores do Rio, Anthony Garotinho (PSB), e de Minas, Itamar Franco (PMDB). "Dou de barato que Itamar não sai candidato porque o PMDB não quer", observou. "Se os outros partidos quiserem sentar-se à mesa conosco, estamos abertos para um debate", completou o deputado José Dirceu (SP), presidente do PT.

Depois de ter permanecido dois dias isolado, Suplicy foi chamado ontem para subir ao palco, juntamente com outras estrelas petistas, na solenidade de encerramento do encontro.
Lula e Suplicy trocaram poucas as palavras. "Eu não tenho nenhuma divergência com o Eduardo", discursou Lula. O senador sorriu: "Muito menos eu."


Petista avisa que não falará como candidato até prévia
RECIFE - O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, desistiu de disputar a prévia, marcada para 3 de março, que escolherá o candidato do PT à Presidência. O anúncio foi feito ontem, ao mesmo tempo em que Luiz Inácio Lula da Silva garantia que não falará como pré-candidato até março.

Com isso, Lula confirmou que não pretende participar de debates com o senador Eduardo Suplicy (SP). "Não pensem que eu não me inscrevi na prévia por frescura ou por charminho, mas é que eu já fui candidato três vezes e, agora que vocês me inscreveram, vou deixar as coisas acontecerem."
Edmilson alegou que não teria espaço para tratar de suas propostas, bem diferentes das aprovadas no 12.º Encontro Nacional do PT, em Olinda (PE).

"Se não vai haver debate, essa prévia será esvaziada", comentou o prefeito, representante das facções radicais. Na prática, porém, ele não obteve as assinaturas necessárias para o registro.
Lula foi inscrito com apoio de 80,2% dos integrantes do diretório nacional, o dobro exigido pelo estatuto.

Diplomático, Suplicy afirmou que vai pedir apoio da chamada "esquerda" petista. "Será uma disputa construtiva, com amizade, e ainda espero convencer Lula da importância dos debates", disse. "Vamos ver, nesse time, quem tem melhor pontaria para marcar o gol."
A contratação do publicitário Duda Mendonça deve ser fechada na próxima reunião do diretório nacional, em fevereiro. "Vou pedir eqüidade de tratamento para minha campanha", afirmou Suplicy. O deputado José Dirceu, presidente do partido, atua agora como bombeiro: "Nossos adversários estão lá fora. Aqui são todos companheiros."


Governadora se prepara para 2002 sob fogo cerrado
Segundo ela, crescimento em pesquisas explica derrota na Assembléia e investigações no MA

SÃO LUÍS - Candidatíssima à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, embora insista em que só vai pensar em eleições a partir de março, a governadora Roseana Sarney (PFL) enfrenta fogo cerrado de seus adversários no Maranhão, numa hora em que dispara nas pesquisas sobre intenção de voto.
"Isso não vem de agora, pois há muito tempo sou atacada, mas tem a ver com o crescimento de meu nome na preferência dos eleitores", disse ela, na quinta-feira, quando a imprensa de São Luís dedicava à sua administração manchetes capazes de tirar o sono de qualquer político.

Com exceção de O Estado do Maranhão, da família Sarney, os jornais maranhenses destacavam denúncias de irregularidades no governo estadual e uma rebelião de deputados da bancada da situação, que votou contra um projeto de lei de Roseana que aumentaria a alíquota do ICMS de 12% para 17%.
Foi a primeira vez que isso ocorreu, pois até agora Roseana controlava tranqüilamente a Assembléia Legislativa. Dos 42 deputados, 36 costumam votar com o governo. Na questão do ICMS, até os deputados do PFL votaram contra o projeto.

Na onda de denúncias, os deputados Aderson Lago (PSDB), Teresa Murad (PSB) e Helena Heluy (PT) pediram o impeachment de Roseana por improbidade administrativa, alegando que ela deixou de recolher R$ 6.408.632,52 para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef).
O que mais irritou a governadora, porém, foi a notícia de que o Ministério Público Federal ajuizou ação civil contra ela e seu marido, Jorge Murad, gerente de Planejamento do Maranhão. Eles são acusados de participação na aprovação do projeto irregular da Usimar, da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que deu prejuízo de R$ 44 milhões aos cofres públicos.

"Essa ação tem conotação política", reagiu Roseana, argumentando que, como todos os demais governadores e conselheiros da Sudam, ela e Murad apenas defenderam interesses do Estado. O projeto previa a instalação, em São Luís, de uma fábrica de autopeças, com investimento de R$ 1,38 bilhão - R$ 690 milhões vindos da Sudam.
Chateações à parte, a governadora parece cada dia mais entusiasmada com o crescimento de seu nome nas pesquisas de intenç


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