Na Fiesp, Lula ataca Ciro e passividade de empresários
Na Fiesp, Lula ataca Ciro e passividade de empresários
Petista ataca governo e diz que nunca viu Malan tão "alquebrado"
Em encontro de mais de duas horas com empresários na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ontem pela manhã, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o adversário Ciro Gomes (PPS), voltou a atacar o governo e cobrou do empresariado uma atitude menos passiva na política nacional.
Sobre a subida do dólar, afirmou que o governo deveria tomar medidas para evitar que a elevação "mate alguém do coração" e, com ironia, disse que nunca viu o ministro da Fazenda, Pedro Malan, tão "alquebrado".
A primeira referência a Ciro foi em relação ao Acordo de Ouro Preto, assinado pelo ex-ministro da Fazenda em 1994, que zerou alíquotas de produtos comercializados no Mercosul, com exceções que teriam sido prejudiciais à indústria brasileira. "Se vocês não cobraram isso do Ciro quando ele esteve aqui, foram covardes", disse. Segundo a Fiesp, Ciro foi questionado sobre o assunto em sua palestra, na semana passada.
A segunda referência foi quando abordou sua proposta de salário mínimo, que reafirmou pretender dobrar em quatro anos. "De vez em quando chega um esperto e diz que vai aumentar para US$ 100 [proposta de Ciro". Não digo que vou aumentar em dólar, vou aumentar em real, porque o trabalhador que ganha mínimo não sai comprando dólar", disse.
Também pediu para que as pessoas analisem "quem está por trás de cada candidato". "Tem que ver qual é a seleção do Felipão, para não correr o risco de votar na seleção da Argentina ou da França", disse, em referência ao desempenho na Copa do Mundo.
Passividade
Para Lula, os empresários têm se mantido passivos em relação a políticas governamentais, seja na pressão para a redução da taxa de juros ou em atos como a aquisição de plataformas da Petrobras de empresas do exterior.
"Não entendo não haver reação de vocês", disse, sobre as compras da Petrobras. Criticou ainda empresários que se dizem "apolíticos", mas acabam financiando políticos. Chegou a citar como exemplo o ex-deputado Hildebrando Paschoal (AC), condenado por relação com narcotráfico.
No único momento em que foi interrompido por aplausos, disse que os empresários seriam "notados" em seu governo. "É uma contradição, um paradoxo, o PT ter de ganhar a eleição para dar representação a vocês no Copom [Comitê de Política Monetária"."
A palestra foi acompanhada por 420 empresários -mais do que Ciro (340) e Anthony Garotinho (180). José Serra ainda não compareceu. Lula recebeu deles aplausos mornos e foi questionado sobre temas como mercado de capitais e redução da jornada.
Lula citou uma frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956) para estimular os empresários a financiar candidatos sérios: "Quem não gosta de política é governado por quem gosta".
O candidato petista procurou, em sua palestra, desfazer a imagem de confrontação de seu partido com a Fiesp. Em 1989, o então presidente, Mário Amato, afirmou que 800 mil empresários deixariam o país caso ele vencesse.
"Hoje temos muito mais concordâncias que discordâncias com os empresários, na questão da necessidade de produzir, de fazer reforma tributária." Referindo-se a documento divulgado pela Fiesp, o petista afirmou que muito do que ali está poderia constar "do manifesto da CUT".
Bem-humorado, o candidato chegou a "anunciar" na palestra o presidente do PT, José Dirceu, como integrante de sua equipe econômica. Depois, em entrevista, disse que era "brincadeira".
Lula e Ciro falam em cooperação
Candidatos, porém, recusam-se a assinar acordo com o Fundo
Os dois candidatos que lideram as pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS), disseram ontem estar à disposição para "cooperar" para encontrar uma solução para a crise cambial do país. Ambos, porém, se negam a assinar um eventual acordo de transição com o FMI, o que, avaliam, é prerrogativa exclusiva do governo Fernando Henrique Cardoso.
"O governo não está sabendo o que fazer, está com dificuldade, quer conversar com a sociedade, quer chamar os partidos de oposição? Então convoque, convoque publicamente, porque aí as pessoas poderão dizer se vão ou não vão conversar. O que não dá é a gente tentar ficando fazer acordo via imprensa, porque isso desmoraliza o país, desmoraliza a todos nós", afirmou Lula, no Rio.
A piora nos indicadores externos do país colocou Lula e o partido em uma situação delicada. Por um lado, o PT está acompanhando com atenção as gestões do governo para renovar um acordo com o FMI e apóia as iniciativas para acalmar a situação.
Ao mesmo tempo, o PT recusa-se terminantemente a assinar qualquer tipo de acordo ou carta de intenções com o Fundo e não tenciona nem mesmo apoiar publicamente a movimentação da equipe econômica. O partido de Lula não quer dividir o ônus nesse momento.
Ciro, em São Paulo, seguiu linha parecida, afirmando ver "com muita preocupação" os indicadores do país.
"Denunciei muitas vezes a imprudência desse modelo, mas, tendo a responsabilidade que eu tenho, quero dizer que nós precisamos achar uma fórmula de cooperar. Porque uma crise cambial agora, que saia do controle, vai prejudicar e machucar muito o povo trabalhador", declarou.
Ele declarou ainda que o governo "passou na conta na irresponsabilidade fiscal". "O país tem um rombo de US$ 21 bilhões nas contas externas a cada ano", declarou.
Para ele, "há uma necessidade monstruosa no país por dólares". "A fonte desses recursos secou", disse.
Ingenuidade
Ontem, Lula disse acreditar que o Fundo não é "ingênuo" para exigir compromissos da oposição para a assinatura de um acordo antes da eleição.
"Não existe essa coisa, até porque na hora que eles [o FMI" exigirem isso, eles estarão decretando o final do governo FHC, que só se encerra dia 31 de dezembro de 2002. Gostemos ou não gostemos, qualquer acordo é da responsabilidade do governo", declarou o candidato petista.
As declarações foram feitas em entrevista à rádio do Saara, um complexo comercial de 1.250 lojas, no centro do Rio. Lula falou por 40 minutos.
Tanto na chegada quanto na saída, ele foi cercado por militantes e jornalistas. O presidenciável não escondeu a irritação com o tumulto.
Ao falar sobre segurança pública, Lula aproveitou para criticar o ex-governador do Rio e adversário na corrida eleitoral, Anthony Garotinho (PSB). Ele disse que Garotinho mente ao tentar impor à atual governadora, Benedita da Silva (PT), candidata à reeleição, a culpa pelo aumento da violência no Estado.
"O que me deixa magoado é que de vez em quando eu vejo nos jornais o ex-governador tentando culpar a Benedita pela questão da segurança do Estado, quando, na verdade, nós temos problemas desde o início da década de 90", afirmou Lula.
Ciro fala em mudar envio de dinheiro ao exterior e recua
Para candidato, tema é manipulado para atribuir a ele atual crise
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, afirmou ontem, em São Paulo, que, em seu eventual governo, as contas CC-5 receberão tratamento diferenciado em relação ao que chamou de ""fluxo de financiamento regular".
""Um governo que eu presida não vai tratar fluxo de financiamento regular com a mesma regra que trata de [financiamento" narcotráfico, contrabando de armas, dinheiro de superfaturamento de obra pública roubada por político. Passa tudo pelo Banco Central. Pode um negócio desses?", disse em palestra para entidades ligadas à construção civil.
Mas ele se negou a explicar sobre as alterações e depois recuou. Demonstrando muita irritação, recusou-se a res ponder sobre o assunto. ""Faça a intriga que quiser. Toque fogo no país, mas não com a minha colaboração."
Criadas em 1969, as contas CC-5 permitem que empresas multinacionais, firmas brasileiras e pessoas físicas com interesses no exterior transfiram dinheiro para fora do país. São utilizadas ainda para o envio de recursos a brasileiros que vivem no exterior. Com o tempo, acabaram também sendo usadas para remessas ilegais.
Segundo Ciro, o tema está sendo manipulado com o objetivo de atribuir a ele a crise no sistema financeiro nacional. ""Vão levantar o negócio de que estou causando a crise cambial porque disse que não vou aceitar que narcotráfico mande dinheiro para fora pelo Banco Central. Então elejam outro. Democracia é bom por isso. Medo não vão fazer. Não vão me enquadrar porque não aceito ser enquadrado", afirmou, exaltado.
Pouco mais tarde, tentando demonstrar tranquilidade, voltou a tratar do tema em outro evento.
"Não tenho nenhuma opinião sobre nada que se refira à CC-5. A não ser no contexto da segurança pública. E, nessa ambiência, a única hora em que eu mencionei, foi na de que, no meu governo, entre os crimes federais, haverá uma atenção especial com o crime financeiro, a lavagem de dinheiro do narcotráfico e do contrabando de armas", explicou. "E mais não disse. Por favor, cuidem de não espalhar boatos porque isso arrebenta o nosso país."
O recuo no comportamento do presidenciável demonstra sua preocupação com declarações que desestabilizem ainda mais o mercado e que possam ser vinculadas à sua candidatura.
De acordo com Ciro, ao tratar das CC-5, a imprensa pode estar à serviço da ""máquina de boatos e de intrigas" do tucano José Serra. O tema, entretanto, foi sugerido a ele, da platéia, por um de seus correligionários, o deputado Emerson Kapaz (PPS).
Antes da palestra, o presidenciável se disse ""muito preocupado" com o dólar e, embora tenha repetido que ""em nenhuma hipótese" assinaria um novo acordo com o FMI, declarou estar disposto a ""cooperar" para que o país supere a atual crise. ""Sou oposição, mas, tendo a responsabilidade que tenho, quero dizer que nós precisamos achar uma fórmula de cooperar, todos nós, para que o país tome controle dessa questão. Porque uma crise cambial agora, que saia do controle, vai prejudicar e machucar muito o povo."
Em discurso para cerca de 300 empresários da construção civil, prometeu a criação de um ministério da habitação e desenvolvimento urbano e previu que o país passará, em 2004, por um ""colapso certo" de energia.
Também referiu-se de modo elogioso ao tucano Tasso Jereissati, seu padrinho político e desafeto de Serra, ao falar sobre o aumento da renda per capita no Ceará. ""Nós a dobramos, eu e Tasso. Dei minha modesta colaboração."
Na platéia, a presença ainda de dois malufistas, o vereador Erasmo Dias e o deputado estadual Wadih Helu, fundador da Arena. ""Vim conhecê-lo e ele me impressionou bem. Vou votar nele. O Erasmo também", disse Helu.
Frente aproveita rachas na base do PMDB
O candidato do PPS ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, iniciou articulações para atrair segmentos da base do PMDB, já que a cúpula do partido se mantém fiel ao tucano José Serra.
A estratégia de Ciro é evitar a direção nacional peemedebista porque seus principais aliados pefelistas e tucanos são inimigos do grupo. O próprio Ciro faz críticas à cúpula do PMDB, que também não gosta dele.
O vice de Ciro, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, é um dos emissários de Ciro que procuram dirigentes estaduais e prefeitos do PMDB para convencê-los a liberar cabos eleitorais.
O presidente do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP), diz que tem atuado para preservar a unidade do partido: "O PMDB tem aliança fixada com o PSDB e vai até o fim com Serra". Apesar da ação da cúpula do PMDB, que se reúne hoje em Brasília com a direção tucana, há rachas na base peemedebista.
A Folha apurou que Paulinho telefonou para o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), cuja pré-candidatura a vice de Serra foi abatida por uma acusação de contas no exterior não declaradas ao fisco. Alves está contrariado porque não recebeu um telefonema de José Serra depois de ser arquivado um pedido de investigação contra ele.
Procurado por emissários de Ciro, o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), liberou alguns secretários e cabos eleitorais, apesar de manter o discurso pró-Serra.
A maioria da cúpula nacional do PMDB, se Serra não for ao segundo turno, tenderá a apoiar Lula ou a liberar suas bases se Ciro estiver muito à frente do petista nas pesquisas da segunda fase.
Inocêncio
A Frente está preparando para terça-feira um ato político para marcar a adesão do líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), à candidatura de Ciro.
Sob o comando do vice Marco Maciel, o PFL de Pernambuco estava fechado com a candidatura de José Serra (PSDB/PMDB). Além de Inocêncio, o ex-governador Joaquim Francisco já manifestou apoio a Ciro.
Pedetista desiste de ser candidato ao governo do RS
O candidato do PDT ao governo gaúcho, José Fortunati, renunciou ontem à sua postulação, dizendo-se desprestigiado pela Frente Trabalhista -aliança formada pelo PDT e pelo PTB nos Estados e incluindo o PPS nacionalmente.
A comunicação foi feita na manhã de ontem ao presidente nacional do partido, Leonel Brizola, no Rio. O pedetista foi ao Rio especialmente para isso.
Fortunati alegou falta de apoio político e financeiro por parte do PTB e do próprio PDT. Os dois partidos negam essa versão, dizendo que o apoiavam. Três pedetistas postulam a vaga: o deputado estadual Vieira da Cunha, o ex-vereador Pedro Ruas e o deputado federal Alceu Collares.
A cúpula do PDT gaúcho, sob orientação de Brizola, já descartou a possibilidade de aproximação com o candidato do PPS, Antônio Britto.
Fundador do PT, Fortunati deixou o partido ao qual esteve ligado por mais de 20 anos para aderir ao PDT em busca de mais espaço. No PT, defendia a supressão das tendência internas. Por não integrar nenhuma corrente, reclamava de ter sido preterido em diversas situações no partido.
No PDT, teve seu nome defendido por Brizola para ser o candidato próprio do partido, quando o PTB e o PPS queriam a frente apoiando Britto. A rejeição do PDT ao nome de Britto quase sacrificou os entendimentos que estavam sendo realizados entre Brizola e o candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes.
Garotinho vai ao TSE para cassar Lula
O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, pediu ontem ao TSE que casse a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando-o de uso da máquina do Estado do Rio. Segundo ele, o secretário estadual do Trabalho, Adeilson Ribeiro Telles, utilizou indevidamente a máquina para convidar o secretário de Administração e Reestruturação do Estado, Rômulo Orrico Filho, para inauguração de comitê.
Em comício para cerca de 500 pessoas, ontem à noite em Duque de Caxias (RJ), Lula atacou indiretamente Garotinho: ""Não posso conceber, pela minha formação cristã -eu sou católico-, que pessoas utilizem o nome de Deus em vão. Estou cansado de ver gente mentir em nome da religião". Lula disse ainda que o restaurante popular, símbolo da gestão de Garotinho no Rio, é uma invenção do ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias (PT).
"Má-fé"
Acompanhado de Benedita da Silva, candidata à reeleição para o governo do Rio, Lula disse que é "má-fé" cobrar da governadora, em quatro meses, "o que não fizeram em 40 anos". Segundo ele, "desde o começo dos anos 90 até agora, de 100% dos crimes que aconteceram neste país, apenas 8% foram esclarecidos", disse.
Rebatendo as críticas sobre seu suposto despreparo para exercer a Presidência, disse: ""Imaginem se o Vicente F eola [treinador da seleção brasileira na Copa de 1958" não tivesse dado uma chance ao Pelé". Depois, em comício em Mesquita (RJ), para 4.000 pessoas, voltou a criticar Garotinho.
O presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, decidiu partir para o confronto direto com os grupos que defendem a renúncia de Garotinho. Ontem, em Recife, após participar de uma reunião com a cúpula socialista de Pernambuco, ele substituiu seu candidato a governador do Estado, Humberto Barradas, que liderava um movimento local contra Garotinho.
"Conspiração"
Arraes considerava a ação de Barradas conspiratória e simbolicamente negativa para o PSB.
Ao substituí-lo, não sufocou apenas o núcleo de resistência à candidatura nacional em Pernambuco. Enviou também um recado aos diretórios do partido em outros Estados.
"A idéia é tornar a decisão de Pernambuco um exemplo para outros locais", afirmou à Agência Folha um integrante do PSB.
O partido, informou, quer mostrar que a candidatura de Garotinho é "irreversível" e que o partido deve trabalhar "a favor da sua permanência".
Barradas será substituído pelo vice da chapa, Dilton da Conti, um dos principais assessores de Arraes. O vice de Conti será o médico Anchieta Patriota.
Barradas foi o terceiro candidato a governador do PSB a deixar a disputa. Ele foi o primeiro, entretanto, a ser substituído por decisão do partido.
Jacó Bittar, que disputaria a eleição em São Paulo, e Lídice da Mata, candidata na Bahia, renunciaram na semana passada. Os dois abandonaram as candidaturas reclamando da "falta de apoio" e da "evangelização" da campanha.
Lula cai e tem 33%; Ciro sobe para 28%
Candidato do PPS cresce 10 pontos, enquanto petista perde 5; Serra cai para 16% e Garotinho oscila para 11%
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, subiu dez pontos percentuais e está a cinco pontos do líder Luiz Inácio Lula da Silva (PT), revela pesquisa Datafolha concluída ontem.
Ciro, agora isolado em segundo lugar, saltou de 18% para 28%, na comparação com a pesquisa feita nos dias 4 e 5 de julho. Lula caiu de 38% para 33%. O petista está em linha descendente desde 14 de maio, quando tinha 43%, mas segue em primeiro na disputa pela Presidência da República.
José Serra (PSDB) perdeu quatro pontos, passando de 20% para 16%, e está em terceiro lugar. Em quarto, aparece Anthony Garotinho (PSB), que oscilou de 13% para 11%, numa variação dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Ciro atingiu seu maior índice desde dezembro de 2001, quando o Datafolha fez a primeira pesquisa com os atuais candidatos. Ele se descolou de Serra no levantamento passado, estava empatado tecnicamente com o tucano.
Em fevereiro deste ano, quando a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL) ainda postulava a Presidência, ela chegou a um empate técnico com o petista, que tinha 26% contra 23% da pefelista. Foi a única vez, desde setembro de 2001, que dois candidatos dividiram a primeira posição.
Ciro lidera a disputa contra Lula no eleitorado que ganha de R$ 1.000 a R$ 2.000 (40% a 33%), entre os que recebem acima de R$ 2.000 (42% a 26%), entre os que têm formação universitária (38% a 34%), entre os que possuem até o segundo grau (35% a 31%) e na região Sul do país (37% a 31%).
O candidato do PPS divide o primeiro lugar com o petista no eleitorado feminino (28% a 27%), entre os eleitores de mais de 60 anos (28% a 27%) e está numericamente à frente de Serra entre os que avaliam o governo de Fernando Henrique Cardoso como ótimo/bom (29% a 27%).
Lula consegue manter a liderança graças a seu desempenho entre os homens (bate Ciro por 40% a 28%), no Nordeste (38% a 27%), no Sudeste (31% a 24%), no eleitorado com até o primeiro grau (35% a 22%) e entre os que ganham até R$ 1.000 (34% a 24%).
Em tese, Ciro cresceu sem a força-motriz de 80 minutos que teve na televisão em junho e está sendo o escolhido nas faixas mais altas de renda e escolaridade, menos sensíveis a mudanças de voto.
Na pesquisa espontânea, na qual é o eleitor é questionado em quem votará sem a exibição de cartão com os nomes dos candidatos, Ciro obteve um crescimento de dez pontos percentuais, saltando de 8% para 18%. Lula lidera com 23% (recuou três pontos), Serra tem 6% (oscilação negativa de dois) e Garotinho, 4% (oscilação negativa de dois).
Dos entrevistados, 42% disseram não saber em quem votar se não fosse apresentado a um cartão com os candidatos, e 4% afirmaram que em nenhum deles.
Nos últimos 25 dias, Ciro Gomes cresceu 20 pontos na região Sul, 16 na Norte/Centro-Oeste, 18 pontos entre os que ganham de R$ 1.000 a R$ 2.000, 15 pontos entre os que ganham mais de R$ 2.000, 14 pontos entre os de nível superior, 13 entre os que têm até o segundo grau, 12 pontos entre os homens e oito entre as mulheres.
Lula perdeu 12 pontos entre os de alta renda, nove pontos na região Norte/Centro-Oeste, seis pontos no Sul, seis pontos entre os eleitores de nível universitário e entre os que têm até o segundo grau, cinco pontos entre os homens e quatro entre as mulheres.
Serra perdeu 13 pontos entre os eleitores de nível superior, 11 pontos entre os que ganham mais de R$ 2.000, oito pontos entre os que ganham de R$ 1.000 a R$ 2.000, oito pontos no Sul, cinco pontos entre os que avaliam o governo FHC como ótimo/bom e cinco pontos entre os homens.
Foram ouvidos 2.477 eleitores em 127 municípios de todas as unidades da Federação.
Tasso aponta equívocos em palanques de Serra
O ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB) disse ontem, após se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Alvorada, que ocorreram "erros gigantescos" na montagem dos palanques de José Serra no Ceará e em todo o Brasil e que é muito difícil corrigir isso no meio da campanha.
Na semana passada, Jereissati disse à Folha não ter obrigação ética com Serra e que o governo liberou "fortunas" para favorecer Serra e candidatos do PMDB, que são seus aliados, no Ceará.
Segundo Jereissati, a opção da candidatura Serra por palanques duplos no Ceará e em outros Estados é a mesma coisa que "zero" e que fica difícil reconstruir isso no meio da campanha.
Jereissati falou que apoia o candidato de seu partido sem obrigatoriamente estar se engajando, pois Serra optou pelo PMDB e pela candidatura de Sérgio Machado ao governo do Ceará.
"A candidatura Serra optou por ter dois palanques no Ceará, então o que está acontecendo é que estamos em uma posição de apoio partidários sem maiores compromissos", disse.
Jereissati negou que vá pedir votos para o pré-candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, mas falou que é seu amigo e que não vai atacá-lo. "Se apoiar o Ciro significa não atacá-lo, então eu apoio. Não vou agredi-lo", disse.
Questionado sobre um eventual segundo turno entre Ciro e Lula, Jereissati disse que o PSDB apoiará Ciro e que a adesão a Lula seria altamente incoerente.
Jereissati afirmou ter pedido ao presidente que não permitisse que a máquina do governo fosse utilizada com fins eleitorais e FHC teria lhe respondido que não permitiria esse tipo de ação.
O ex-governador disse que FHC está muito preocupado com a economia e com a alta do dólar. Também falou que o presidente comentou com satisfação a retratação do governo norte-americano sobre as declarações do secretário do Tesouro, Paul O"Neill, porém considerou que isso fez um grande estrago e deixou um desconforto.
Tucano acusa Ciro de usar tática do "pega-ladrão"
O candidato do governo à Presidência, José Serra (PSDB), acusou ontem Ciro Gomes e a cúpula da campanha do candidato do PPS de usarem a "estratégia do pega-ladrão" quando o apontam como responsável pelas denúncias contra o coordenador da campanha, José Carlos M artinez (PTB), e o vice da Frente Trabalhista, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
"Você pode estar certo de uma coisa: o coordenador-geral da campanha de Ciro ter sido sócio de PC Farias e ter negócios [com a família de PC" até hoje, não é fruto da imaginação de ninguém; o fato de seu vice [de Ciro" ter problemas tão graves na direção do seu sindicato a Força Sindical", ou na vida privada, não é invenção de ninguém", afirmou o candidato tucano ontem, em Curitiba.
O presidenciável se referia à reportagem da Folha de 12 dias atrás, revelando que Martinez tomou emprestado o equivalente hoje a R$ 27,85 milhões do tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Paulo César Farias, em 1991, e que ainda deve parte da dívida aos herdeiros. PC morreu em 1996.
Reportagem da revista "Época" desta semana informa que Paulinho é suspeito de envolvimento na compra superfaturada de uma fazenda em Piraju, no interior do Estado de São Paulo, com recursos federais, e de manter um sítio em nome de um "laranja" durante três anos.
"Eles estão adotando a estratégia do pega-ladrão, aquela do sujeito que bate carteira no calçadão e sai correndo com a carteira gritando pega-ladrão, pega-ladrão, para distrair os transeuntes. No caso, é essa a estratégia, absolutamente inaceitável", disse o candidato tucano.
A resposta veio depois de ser questionado sobre o comentário atribuído a Ciro de que ele (Serra) representa o "dragão da maldade". A reação também foi dirigida à nota de anteontem de Martinez, onde o coordenador-geral da campanha de Ciro diz que o candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso "é portador do ódio".
Pastoral da Criança
Serra e a vice Rita Camata estiveram à tarde com a coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns. No encontro, presidenciável e vice assinaram um documento em que se comprometem, se eleitos, a pôr em prática 22 itens sugeridos pela pastoral de ações de combate à exclusão social, principalmente da população infantil.
Segundo Zilda Arns, a pastoral distribuiu cópia do compromisso a todos os candidatos. Serra foi o primeiro a assinar. A coordenadora disse que o próximo da agenda é o presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva.
O documento que Serra e Rita assinaram contém programas já desenvolvidos pelo governo. É o caso da proposta de ampliação da Bolsa Escola, da Bolsa Alimentação e do cartão do SUS (Sistema Único de Saúde).
Multipartidarismo
O encontro reafirmou as afinidades entre Zilda Arns e o ex-ministro da Saúde. Ela não declarou voto ao tucano, mas fez afirmações como: "estou certa que ele vai implantar" [os programas com os quais o candidato se comprometeu", e "vai conseguir", quando Serra disse que pretende baixar para abaixo de 20 o índice da mortalidade infantil nos próximos quatro anos. Hoje, segundo ele, o índice é de 29 mortes por mil nascidos vivos.
Zilda afirma que tanto a posição dela como a da Pastoral da Criança é multipartidária.
Candidato investe em comícios nas capitais
O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) afirmou ontem que vai intensificar sua campanha até o início do horário eleitoral gratuito, que começa em 20 de agosto, apostando as fichas em 11 comícios em capitais, estreando na sexta, no centro do Rio.
"Não me perguntem mais se vou desistir da candidatura à Presidência". Quem deve estar pensando em renúncia é o [o presidenciável tucano José" Serra, que está empatado comigo nas pesquisas e tem dinheiro de sobra na campanha", afirmou, em palestra na sede da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Em levantamento feito pela Folha, o presidenciável saiu do Rio por nove dias desde o início do mês. Na pré-campanha, entre maio e junho, Garotinho fez cerca de 40 viagens pelo país.
Mesmo com tanto tempo no Rio, Garotinho negou que sua campanha tenha mais perfil de governo estadual. "É por falta de dinheiro", disse.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, pela manhã, foi questionado se a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) iria fazer doações à campanha. "Provavelmente sim."
Na declaração da campanha para o governo em 1998, Garotinho declarou doações de R$ 200 mil feitas pela CSN.
Em caminhada pelo centro de São Paulo ontem, Garotinho levou uma hora para percorrer 150 metros entre a sede da Bovespa e a Praça da Sé, sempre sob o olhar atento da filha Clarissa, 20. "Pai, olha, vai falar com ele", avisava Clarissa. Muitos dos que se aproximavam se diziam evangélicos.
Máquina
Garotinho pediu ontem ao TSE que casse a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando-o de uso da máquina administrativa do Estado do Rio de Janeiro. Segundo o ex-governador, o secretário estadual do Trabalho, Adeilson Ribeiro Telles, utilizou indevidamente a máquina para convidar o secretário de Administração e Reestruturação do Estado, Rômulo Orrico Filho, para a inauguração do comitê eleitoral.
Artigos
Os salteadores e a altivez de pobre
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - O governo brasileiro está se mostrando pobre até na tentativa de ser altivo ao reagir à catarata de bobagens praticada por esse Paul O'Neill, secretário do Tesouro norte-americano.
A ameaça agora é a de não ser recebido por Fernando Henrique Cardoso se não pedir desculpas. Ora, presidente que é presidente não recebe ministro. Recebe só presidente (ou primeiro-ministro, no caso de regimes parlamentaristas).
Ou alguém já viu George Walker Bush recebendo Pedro Malan, Armínio Fraga ou qualquer outro ministro (brasileiro ou de outro país) ?
Só no Brasil é que o presidente se digna a conversar com funcionário subalterno, desde que, é claro, pertença ao império ou à periferia do império (franceses, alemães etc).
Ainda que O'Neill peça desculpas, estará mentindo, e todo mundo sabe que estará mentindo. Afinal, em fevereiro já havia dito, em sessão do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, que os juros brasileiros eram altos por conta da corrupção.
É, portanto, a mesma tese que defendeu domingo apenas formulada semanticamente de outra forma. Pedir desculpas seria hipocrisia.
Que há corrupção no Brasil e que há muita gente graúda que manda dinheiro para a Suíça não resta a menor dúvida (é só olhar a classificação do país no ranking de corrupção da Transparência Internacional).
Mas O'Neill calou-se diante de corrupção muito maior praticada em seu próprio país. O jornal britânico "Financial Times" acaba de mostrar que, nos últimos três anos, os executivos das empresas que faliram nos EUA ganharam US$ 3,3 bilhões enquanto suas empresas iam para o lixo, deixando 100 mil pessoas desempregadas e acionistas na lona.
Para esses salteadores, tudo o que O'Neill dedica é o silêncio. Por tudo isso, se não viesse ao Brasil, apenas preencheria uma lacuna.
Colunistas
PAINEL
Surfe na crise
O PMDB aproveitará o fraco desempenho de José Serra nas pesquisas para exigir hoje, em reunião com o comando da campanha do tucano, uma série de cargos no governo federal.
Selo partidário
A principal cobiça do PMDB é a presidência dos Correios, que seria entregue a Humberto Motta, ligado a Moreira Franco. O partido também quer diretorias dos Correios, delegacias do Ministério das Comunicações nos Estados e cargos no DNER e nas agências de transporte.
Nome aos bois
Na reunião de hoje, Serra cobrará do PMDB maior empenho em sua campanha presidencial nos Estados. O tucano listará um série de peemedebistas -entre eles o cearense Sérgio Machado- que não citam o nome do presidenciável em seus materiais de campanha.
Segurança na prática
Paulo de Tarso (Justiça) e João Henrique (Transportes) procuraram a e quipe econômica para reclamar da falta de verbas em suas pastas. Segundo os ministros, se o eventual acordo do Brasil com o FMI provocar novos cortes de despesas, os dois setores entrarão em colapso.
Surdo no buraco
Paulo de Tarso reclamou à equipe econômica que a PF, em alguns Estados, não tem dinheiro para pagar contas telefônicas nem para abastecer seus carros. Já o ministro dos Transportes afirma só ter recursos para a manutenção de estradas até agosto.
Incomunicável
No Ministério das Comunicações a situação também é crítica. O ministro Juarez Quadros só tem dinheiro para viagens aéreas até 30 de agosto.
Data binacional
Ontem, 30 de julho de 2002, com o dólar cotado a R$ 3,30, foi chamado ironicamente em Brasília de o dia que o Brasil se transformou em Argentina.
Simples coincidência
A pouquíssimos metros da casa de Tasso Jereissati, em Fortaleza, um outdoor de Serra, falando sobre os genéricos, foi pichado com a palavra "dengue". Do outro lado da rua, dois outdoors, lado a lado, bem limpinhos: o de Ciro e o de Lúcio Alcântara, candidato ao governo.
Melhor conferir
Ciro faz de conta que não está preocupado, mas está: a Frente Trabalhista fez uma pesquisa qualitativa com 150 pessoas de sete Estados para saber a reação dos eleitores sobre as comparações entre ele e Collor (AL).
Toque de recolher
A pedido de Ciro, José Carlos Martinez (PTB), um dos coordenadores da campanha presidencial, vai evitar aparições públicas nas próximas semanas. A fim de tentar esvaziar o noticiário sobre o empréstimo que o petebista tomou de PC Farias.
Por falar nisso
José Serra deixou o Paraná ontem com uma fita de vídeo com supostas denúncias contra Martinez (PTB). Presente do senador Roberto Requião (PMDB).
Vudu midiático
Paulo Maluf faltou a uma entrevista à Alltv de SP, TV ao vivo transmitida pela internet. Foi "substituído" por um manequim vestido com jaqueta e capuz e bombardeado com perguntas sobre temas incômodos, como contas na ilha de Jersey e Paulipetro. "Maluf" nada falou.
Crise cambial
O economista Luciano Coutinho, que chegou a ser convidado para a vice de Anthony Garotinho (PSB-RJ), integrou a comitiva de Lula na Fiesp.
Outro lado
João Felício (CUT) diz que "jamais" a central cogitou ficar de fora do plebiscito da Alca: "Há uma divergência em relação às perguntas, mas que não inviabilizará a nossa participação".
TIROTEIO
Do candidato do PSTU à Presidência, José Maria, sobre o PT se retirar do plebiscito da Alca:
- Em vez de abandonar os movimentos sociais e o plebiscito da Alca, a direção do PT deveria abandonar é esse namoro com os banqueiros internacionais, o FMI e as alianças com empresários e com partidos de direita, como o PL.
CONTRAPONTO
Empurrão amigo
Em conversa com cafeicultores de Varginha, no sul de Minas, onde foi fazer campanha, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou para dar palpites sobre a cultura de café. Aconselhou os cafeicultores a estocar a produção e esperar um período melhor para a venda. Entre os ouvintes de Lula, estava o ex-prefeito de Ilicinea (MG), o petista José Nicodemus de Oliveira. Lula comentou:
- Sempre que eu ligava para a prefeitura diziam que ele estava trabalhando em sua fazenda. Mas me diga, Nicodemus, hoje você está com 500 hectares?
O tamanho da propriedade imaginado por Lula, que equivale a 700 campos de futebol, desatou risos entre os presentes. O ex-prefeito retrucou:
- Não, tenho dez hectares.
Rindo, Lula respondeu:
- Então vou fazer a reforma agrária. De dez hectares você passará para 15.
Editorial
MIOPIA POLÍTICA
A Casa Branca continua emitindo sinais de que poderá lançar-se num empreendimento bélico contra o Iraque para derrubar o presidente Saddam Hussein. Trata-se de uma aventura temerária que merece o repúdio do mundo civilizado.
Ninguém duvida de que Saddam é um dos piores tiranos do mundo. Apenas seus asseclas podem ter motivos para desejar que ele siga no poder. Ocorre que já faz 11 anos que a Guerra do Golfo terminou, sem que os EUA tenham conseguido derrubar o ditador iraquiano. De lá para cá, Saddam continuou perpetrando seus pequenos e médios crimes cotidianos, mas não surgiu nenhum fato novo grave o suficiente para cobrar uma retomada das hostilidades.
É certo, por exemplo, que o Iraque apóia o terrorismo em geral. Saddam oferece prêmios em dinheiro para as famílias dos homens-bomba palestinos, mas não se conseguiu detectar nenhum envolvimento direto de Bagdá em operações terroristas de maior envergadura, como os atentados de 11 de setembro.
A abertura de uma frente contra o Iraque agora só teria efeitos nefastos. A maior vítima seria, sem sombra de dúvida, a população civil iraquiana, já sacrificada por mais de uma década de embargo econômico. A guerra teria ainda a notável capacidade de provocar a ira de populações islâmicas contra os Estados Unidos. Governos de países árabes moderados que apoiassem Bush poderiam ter problemas de sustentação.
Na economia, o impacto não seria menos negativo. Um conflito contra o Iraque é a última coisa de que o mundo já em recessão necessita. Para além das incertezas geradas pela guerra, o preço do petróleo provavelmente iria às alturas, e o déficit público americano sofreria pressões. Desta vez, diferentemente de 1991, os EUA teriam de arcar quase sozinhos com os custos da operação.
Só a miopia política poderia explicar uma ação contra o Iraque agora.
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07/31/2002
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