MALDANER DEFENDE DIFUSÃO DO TRABALHO VOLUNTÁRIO



O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) defendeu uma difusão mais ampla do trabalho voluntário no Brasil. "Espaços de engajamento para o trabalho voluntário não faltam no país, nem segmentos carentes de ajuda humanitária ou pessoas de boa vontade. O que falta é desencadear uma ampla campanha nacional de adesão ao voluntariado que una a iniciativa pública e a social."

Maldaner observou que oEstado, o mercado e os cidadãossão os três pilaresque sustentam todo o esforço na busca da superação das desigualdades e na construção da qualidade de vida para todos. "Não cabepensar, entretanto, que a iniciativa do voluntariado atue em substituição à ação do setor público ou em concorrência com o atendimento social, de responsabilidade do Estado. Ambas ações estão intimamente relacionadas e direcionadas para o alcance de um nível de vida mais digno para toda a população", assinalou.

- Ao falarmos de solidariedade, precisamos lembrar do sociólogo Hebert de Souza que, afetuosamente chamado de Betinho, marcou indelevelmente o fim da década de 90 em nossa sociedade, com sua cruzada pela erradicação da fome e em favor da preservação da vida - disse, acrescentando que a ação de Betinho não visava apenas a distribuição de alimentos, roupas e remédios.

Casildo Maldaner lembrou, ainda, o exemplo dos Estados Unidos, para mostrar o alcance que pode ter o trabalho voluntário:"O total de doações para instituições filantrópicas, em l996, ultrapassou US$ 150 bilhões, equivalendo a um quinto do PIB brasileiro. Cada família norte-americana deu, em média, cerca de mil dólares para obras de caridade. O mais significativo, porém, é verificar que 49% dos adultos do país trabalham em programas voluntários. São 93 milhões de pessoas, dedicando quatro horas semanais a hospitais, igrejas, escolas, organizações não-governamentais e asilos"

Apesar de não contarmos com uma tradição histórica de filantropia, já estamos dispondo do instrumento legal que ampara o trabalho voluntário, na figura do Projeto de lei da Câmara nº 100, de 1996, que foi aprovado no Senado em fins de janeiro e encaminhado à sanção presidencial, relatou . "Está, assim, regulamentado o serviço voluntário, definido como atividade não-remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, educacionais ou de assistência social, inclusive mutualidade."

Para Maldaner, a difusão ampla do trabalho voluntário no Brasil é importante porque os indicadores sociais revelam uma multiplicidade de segmentos necessitados de ajuda. "Há um verdadeiro abismo social no país, especialmente no Nordeste, onde mais de 40% das crianças e adolescentes, até 14 anos, vivem em famílias com renda até meio salário mínimo per capita. Se ao quadro de desigualdades sociais, acrescentarmos os grupos carentes de ajuda como aidéticos, presidiários e idosos, temos a dimensão dos segmentos potenciais para o trabalho voluntário."

O senador citou instituições como a Liga Feminina de Combate ao Câncer, a Sociedade Pestalozzi, a Fundação Jacques Cousteau, a Anistia Internacional e o Clube Soroptimista Internacional como exemplos de voluntariedade que precisam ser expandidos. "Éa somatória de todas essas iniciativas e outras que virão que colocarão em marcha um grande movimento em prol da cidadania, em que cada um estará contribuindo para minorar o sofrimento alheio e atenuar os efeitos de nossa nefasta desigualdade na distribuição da riqueza", concluiu o senador.

13/03/1998

Agência Senado


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