Manifestação em Vitória protesta contra impunidade









Manifestação em Vitória protesta contra impunidade
Entidades pedem manutenção de pedido de intervenção

O coração financeiro e comercial da capital do Espírito Santo parou na tarde de ontem, em protesto contra a impunidade.

Uma passeata contra o arquivamento do pedido de intervenção federal no Estado conseguiu reunir adversários políticos e congestionar o trânsito de veículos por quarteirões próximos à centenária Rua do Rosário, uma das principais de Vitória.

Munidos de apitos e megafones, os manifestantes pediram a saída do governador José Ignácio Ferreira (PTN) e a prisão do presidente da Assembléia Legislativa capixaba, deputado José Carlos Gratz (PFL), denunciado na Justiça por 14 crimes que ainda não foram julgados.

A passeata conseguiu parar o centro histórico de Vitória. Foi coordenada pelo fórum de entidades Reage Espírito Santo, que pede punição aos esquadrões da morte e à corrupção. Quase uma dezena de organizações não-governamentais compõe o fórum, que renovou o pedido de intervenção federal no Estado e sugeriu que Vitória seja a sede do próximo encontro da Organização dos Estados Americanos (OEA) que discutirá a violência, programado para setembro.
As maiores faixas na passeata e-ram carregadas pela Associação de Mães e Familiares de Vítimas da Violência, composta por dezenas de mulheres que perderam parentes mortos por policiais. Ao megafone, cada uma tentava chamar a atenção dos transeuntes para dramas semelhantes, resumidos na história de Maria Nascimento Nacorte, a presidente da entidade. Em dezembro de 1999 ela perdeu o filho, Pedro, assassinado aos 26 anos durante uma blitz policial.

Participaram também da passeata algumas das 14 personalidades ameaçadas de morte depois de pedirem a intervenção federal no Estado. Uma delas é Ivone Vilanova, conselheira da seção capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que capitaneou o pedido de intervenção.

– Ligam para mostrar que sabem onde meus filhos estudam, o horário e os locais onde trabalho, uma tortura psicológica constante. Mas quem ladra não morde – disse.

O poder do crime organizado pôde ser conferido pelo pequeno número de parlamentares presentes na passeata. Apenas dois dos 30 deputados estaduais capixabas compareceram.
– Nem o Judiciário e nem o Executivo estavam na passeata. Por quê? – questionou o pastor luterano Norberto Berger, representante capixaba do Conselho das Igrejas Cristãs (Conic). Foi aplaudido.


Armando Possa deve ser o novo diretor da PF
O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, se reuniram ontem para escolher o novo diretor-geral da Polícia Federal. Ribeiro apresentou a FH o nome de Armando Possa, substituto interino de Itanor Neves Carneiro, que deixou o cargo em solidariedade ao ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior. Possa deve ser nomeado, mas, por uma questão de cautela, o Palácio do Planalto só baterá o martelo sobre o nome do futuro diretor da PF até segunda-feira.

Possa foi superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo por dois anos e meio. Neste período, coube ao delegado dar suporte à ação dos deputados da CPI do Narcotráfico no Espírito Santo.

Ontem FH propôs à Comissão de Direitos Humanos da Câmara uma nova alternativa – em vez da decretação da intervenção federal – para combater a corrupção e o crime organizado no Espírito Santo.

De acordo com o presidente da Comissão, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), Fernando Henrique se dispõe a apoiar uma comissão especial que se encarregaria de adotar medidas emergenciais contra a criminalidade no Estado.

Participarão desse trabalho, além de órgãos do Ministério da Justiça, membros da comissão da Câmara e do Fórum Nacional dos Direitos Humanos. A primeira reunião da comissão foi marcada para hoje.


Ex-secretário nega cobrança de propina
Empresa teria descumprido contrato

O ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André Klin-ger de Oliveira Sousa negou ontem, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Santo André, que investiga o suposto esquema de arrecadação de propinas para campanha do PT, que tenha recebido vantagens ou “que tenha conhecimento de qualquer esquema dentro da prefeitura do município”.

Klinger atribui as denúncias “a interesses políticos eleitorais e econômicos”, e diz que está sendo vítima, assim como o ex-prefeito Celso Daniel, seqüestrado e assassinado em janeiro, de “difamação e calúnia”.

O ex-secretário petista relatou que João Francisco Daniel, irmão do prefeito e autor das primeiras denúncias de propina, intercedeu pelo menos duas vezes em nome da empresa Guarará, da família Gabrilli – que denunciou que pagava R$ 40 mil de propina por mês aos participantes do esquema.

De acordo com Klinger, a empresa Guarará atravessa sérias dificuldades para cumprir contrato estabelecido com a prefeitura. Entre os itens desse contrato estariam a construção de uma ponte e a renovação da frota de ônibus da empresa.

– Por três vezes consecutivas aditamos prazos adicionais para o cumprimento do contrato – disse.

O ex-secretário afirmou que a partir disso foi estabelecida uma comissão para auditar a empresa. Ele negou que tivesse havido qualquer medida de retaliação, como afirmaram os empresários.

Klinger negou as denúncias feitas pelo empresário João Antonio Setti Braga, que afirmou ontem em depoimento à comissão, o pagamento de R$ 100 mil mensais de propina.

Segundo ele, o sistema de transporte do município introduziu uma inovação nacional nos processos de concessão de linhas de ônibus. Desde 1997 as empresas pagam para obter as concessões.

De acordo com o ex-secretário, as recentes denúncias de propina deixaram-no “extremamente” surpreso.

– A São José pagava R$ 7 milhões para exploração da concessão. Como é possível, diante de um contrato estabelecido com esses valores se sujeitar ainda a pagar propina? – indagou.

Klinger negou também as acusações de pressões sobre as companhias de ônibus.

– A Viação São José é a empresa de maior rentabilidade de Santo André. Durante todo o governo de Celso Daniel esses níveis foram mantidos, acima da média, como é possível falar em pressões? – disse.


Rita faz primeira visita de campanha ao Estado
A candidata a vice-presidente Rita Camata (PMDB), companheira de chapa do tucano José Serra, será a estrela do primeiro encontro regional da coligação União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS), que se realiza hoje em Caxias do Sul.

A presença de Serra não está prevista na programação.

O evento, que ocorrerá no Salão de Nossa Senhora da Saúde, a partir das 20h, vai reunir os candidatos da aliança a governador, Germano Rigotto (PMDB), a vice, Antonio Hohlfeldt (PSDB), ao Senado, Odacir Klein (PMDB) e Vicente Bogo (PSDB), e a deputado federal e estadual.

Descendente de italianos, Rita faz a primeira visita ao Estado como candidata. Até a tarde de ontem, a agenda da peemedebista em Caxias estava em fase de definição. A candidata deve visitar entidades beneficentes à tarde.

O objetivo do encontro, de acordo com Rigotto, é estimular a mobilização dos três partidos:
– A campanha começa agora, e temos de nos reunir para passar informações sobre o projeto de governo que propomos.

A escolha de Caxias do Sul para o primeiro encontro deve-se ao fato de ser a cidade natal do candidato a governador:
– É a minha região e a minha cidade. É muito próprio que os encontros comecem por Caxias, agora que a campanha está na rua.

Na intenção de i mpulsionar a campanha, uma série de atividades será realizada na próxima semana. Na manhã de segunda-feira, a coligação faz a primeira reunião com todos os candidatos à Assembléia e à Câmara dos Deputados. À tarde, será inaugurado o comitê central de campanha e, à noite, está previsto um encontro dos prefeitos e vices dos três partidos da aliança União pelo Rio Grande.

Rigotto se disse tranqüilo com a campanha, graças à estrutura de que a coligação dispõe no Estado.

– É uma situação que me favorece muito – afirmou .

As pesquisas de intenção de voto, nas quais aparece em quarto lugar, também não o preocupam neste momento.

– Se estivermos com 10% ou 11% até o início da propaganda em rádio e TV, no dia 20 de agosto, temos certeza de chegar ao segundo turno.

Cerca de 1,6 mil ingressos, ao preço de R$ 10, foram colocados à venda para o encontro em Caxias e estão praticamente esgotados.


Candidata fala em reunião de mulheres
A candidata a vice-presidente na chapa do senador José Serra (PSDB-SP), Rita Camata (PMDB), falou sobre sua trajetória política e respondeu a perguntas a respeito de drogas, segurança e emprego feitas por 200 mulheres na quinta-feira.

O encontro ocorreu na casa do empresário Jorge Hilário Gouveia Vieira, dono do grupo Ipiranga, na Gávea, no Rio.

Nem parecia reunião política. Estava mais para encontro de comadres. As socialites sentaram no chão. Logo, o evento ganhou tom informal.

Rita reuniu mulheres de todos os setores da sociedade. Além de socialites, apareceram empresárias, vítimas da violência como as mães de Acari, líderes comunitárias, profissionais liberais e poucas artistas – apenas as atrizes Tônia Carreiro e Xuxa Lopes compareceram.

Entre as socialites, estavam Ana Maria Tornaghi, Ângela Fragoso Pires, Vanvan Seiler (namorada do filho do presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique), Lenir Lampreia, Cristina Sá, Gisela Amaral e Lucinha Araújo (mãe do cantor e compositor Cazuza). Nenhuma pediu a palavra, mas ficaram impressionadas com o desempenho da candidata a vice.
– Ela poderia substituir o candidato – disse uma delas.


TCE condena Azambuja a ressarcir prefeitura
A 1ª Câmara do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE) decidiu que o ex-prefeito de Bagé Carlos Sá Azambuja (PPB) deve restituir aos cofres do município a quantia de R$ 187,6 mil.

Foram constatadas irregularidades na prestação de contas do município referente a 1997.
Segundo o órgão, naquele ano teria ocorrido o pagamento de gratificações especiais a 50 funcionários, contrariando a legislação municipal, além do pagamento de adicionais de insalubridade e periculosidade a 14 servidores que não atuavam sob risco à saúde ou de vida. Azambuja administrou Bagé de 1997 a 2000.

Segundo o Serviço de Tomada de Contas Municipais do TCE, o ex-prefeito foi notificado, mas nunca apresentou recurso. Segundo o procurador jurídico do município, Gildásio Brum, a prefeitura está encaminhando por meio do fórum local a execução da cobrança da dívida. Após a notificação, Azambuja terá 24 horas para efetuar o pagamento. O ex-prefeito não pode mais recorrer da decisão no TCE.


Eleições de outubro terão mais de 18 mil candidatos
Um total de 18.151 candidatos disputarão em outubro mais de 1,6 mil vagas no Executivo e no Legislativo em todo o país. O levantamento foi concluído ontem pela Secretaria Judiciária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O cargo que recebeu mais registros de candidatos foi o de deputado estadual e distrital, com 12.978 inscritos. Para o cargo existem 1.059 vagas. Só em São Paulo foram 1.634 inscritos. No Rio, há 1.255, e em Minas Gerais, 856. Nas eleições gerais de 1998 disputaram as vagas 9.918 candidatos.

Os números também cresceram para deputado federal. Em 1998 eram 3.354 incritos. Agora, são 4.629 candidatos que disputarão o voto do eleitor para preencher as 513 vagas na Câmara dos Deputados. Mais uma vez, São Paulo é o Estado recordista de registros, com 849 inscritos. O Estado de menor índice é Tocantins, com 71 registros, no total.

Com a renovação este ano de dois terços do Senado, serão eleitos 54 senadores. Concorrendo a uma vaga para o cargo estão 334 candidatos, sendo que o eleitor não poderá votar duas vezes no mesmo candidato. Na última eleição geral era apenas um senador por Estado, e 165 candidatos disputaram as 27 vagas oferecidas.

Um total de 210 candidatos estão na disputa pelas vagas de governador de Estado. São Paulo lidera, com 15 registros. Paraná e Rio Grande do Sul estão empatados, em segundo lugar, com 13 candidatos. Na última eleição geral a disputa ficou entre 174 candidatos.

Para o cargo de presidente da República o número de registros caiu pela metade. Em 1998 eram 12 candidatos. Hoje a campanha será entre seis, apenas. Vale destacar que na última disputa presidencial havia uma candidata para o cargo, Tereza Ruiz, do PSN.

Os pedidos de registro de candidatos, tanto no TSE quanto nos TREs, mesmo os impugnados, poderão ser julgados até 23 de agosto. Só no dia 20 de setembro o registro das candidaturas será concluído pela Justiça Eleitoral.


Serra e Ciro trocam acusações
A troca de acusações entre os candidatos do PSDB, José Serra, e do PPS, Ciro Gomes, mostra que se iniciou a disputa pela vaga de adversário de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial.

Empatados tecnicamente em segundo lugar na casa dos 20%, Serra e Ciro não escondem que se elegeram mutuamente como adversários preferenciais.

Durante uma caminhada ontem pelas ruas do centro de São Paulo, Ciro bateu forte em Serra, chamado de desonesto por Ciro, por dizer que a proposta de renegociação de dívidas sugerida pelo candidato do PPS é um calote:

– Ele (Serra) está agindo de má-fé porque conhece minha proposta e sabe que ela não tem nada a ver com calote – afirmou.

Questionado sobre o fato de a página de Serra na Internet reproduzir trechos de artigos para compará-lo ao ex-presidente Fernando Collor, Ciro classificou o fato de “sinal de desespero”:

– Até pouco tempo atrás, eles nem diziam que eu existia.

O candidato do PPS acabou invertendo a situação, comparando a atitude do candidato tucano com a que Collor teria tido em relação a Lula nas eleições de 1989.

– Ele (Collor) disse que o Lula tomaria a poupança, espalhou essa intriga. Depois que assumiu foi ele que tomou a poupança do povo – relembrou Ciro.

Ciro voltou a comentar as comparações que Anthony Garotinho (PSB) tem estabelecido entre ele e Collor, que renunciou em 1992 para escapar à condenação num processo de impeachment:

– Para ele, dou a outra face.

Serra, por sua vez, repetiu no início da noite de ontem, em São Paulo, que Ciro é “genérico de Collor”.

– Ciro é um genérico de Collor, com embalagem diferente, nome diferente, mas com o mesmo princípio ativo, o mesmo efeito – afirmou o tucano.

Não é a primeira vez que Ciro é comparado ao ex-presidente. Serra apenas reproduz um discurso difundido entre os líderes do PSDB, partido ao qual Ciro já pertenceu.

– Ciro é o candidato do insulto. Com ele não dá nunca para debater idéias, só se debate insultos, coisa que eu não faço, porque para mim essa campanha deve ser destinada a debater idéias. É só insultar que ele sabe fazer, aliás, muito no estilo Collor – acusou o tucano.

Ao participar ontem em Vitória, Espírito Santo, de reunião da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que prossegue até hoje, Serra disse que no Estado “há traficantes que têm mandatos de deputados”. Ele disse que o presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz (PFL), é “suspeito de comandar o tráfico” no Estado.


Artigos

Dos genéricos aos B.O.
Gabriel Mário da Silva Pinto

Novos riscos estão sendo jogados sobre a população brasileira, sem seu conhecimento e muitas vezes sem possibilidade de defesa.

Vejamos o caso dos genéricos: em oportuna ação o governo criou os medicamentos genéricos, com o nome da substância componente e com preços mais acessíveis. O problema é quanto ao controle de qualidade dessas drogas. Será que está sendo feita pelo Ministério da Saúde a devida fiscalização de bioequivalência e biodisponibilidade? Temos sérios motivos para duvidar da correta realização destes testes, uma vez que nem os medicamentos tradicionais são devidamente fiscalizados – veja-se os casos de anticoncepcionais e quimioterápicos recentemente ocorridos, procedentes de laboratórios multinacionais e “éticos”. Por outro lado já houve pelo menos um bom resultado dos genéricos: redução nos preços em geral, inclusive com um milagre, pelo qual a mesma droga, com dosagem de 50 e 100 mg, por exemplo, é vendida pelo mesmo preço, em certos casos...

A população é vítima destes golpes – na boa-fé, aceita que seja trocada a droga de qualidade por outra mais barata

A questão se complica muito e o risco cresce quando tratamos dos similares. Ocorre no balcão das farmácias a troca de um medicamento de boa marca por outro de qualidade muito inferior e portanto bem mais barato, fabricado geralmente por laboratórios sem tradição, sem controle e sem o menor compromisso com os padrões necessários, laboratórios esses que estão proliferando em cidades do Interior, não mantêm propaganda junto aos médicos nem atividades de pesquisa ou participação em eventos científicos e de qualidade mais que duvidosa. A atuação desses laboratórios é junto aos balconistas e aos donos de farmácias, que receberão bônus para trocar-empurrar uma droga de qualidade pelo produto inferior: cada caixa empurrada reverterá em outra de graça ou mesmo vantagem em dinheiro.

E que dizer dos manipulados? Tem havido enorme proliferação de farmácias de manipulação em todo o Brasil. Será que há fiscalização adequada pelo Ministério? E quanto à procedência dos sais? Sabe-se que muitos desses sais vêm da Rússia, da Indonésia, sendo portanto drogas sem pai nem mãe, sem nenhum controle. Mesmo os sais provenientes de países de Primeiro Mundo podem não ser de boa procedência, pois lá também impera a picaretagem e a simples origem não é sinônimo de qualidade. Será que estão sendo respeitadas as normas da farmacotécnica?

A população é vítima destes golpes – na boa-fé, aceita que seja trocada a droga de qualidade por outra mais barata, achando que levou vantagem pela Lei de Gerson, mas na realidade levou o B.O. (bom para otário)...

O farmacêutico, em boa hora colocado nas farmácias, a tudo assiste impotente: se empregado, não pode abrir o bico; se patrão, muitas vezes é coadjuvante, consciente ou não. E mais, desde que os cursos superiores viraram colegiões, despejando mão-de-obra não-qualificada no mercado, os farmacêuticos viraram balconistas (nada contra).

E os médicos, seja por desconhecerem farmacologia, seja por falta de atenção ao problema, muitas vezes indicam drogas inferiores pensando beneficiar o cliente, mas sim tornando-se um elo a mais da corrente corrupta.

Onde a manifestação das entidades de classe, onde a palavra orientadora das faculdades? Silêncio total. Conivência, ignorância ou desinteresse?


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Drogas na fronteira
Por iniciativa do governo brasileiro, foi lançado no início deste mês, na fronteira do Brasil com a Bolívia, o projeto internacional de redução do consumo de drogas em municípios fronteiriços. Hoje, o titular da Secretaria Nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchoa, apresentará o projeto às prefeituras de Uruguaiana e Passo de Los Libres e, amanhã, em Santana do Livramento e Rivera. Esse programa pretende envolver a sociedade, no âmbito municipal, na fronteira. “Queremos que os agentes sociais se conscientizem de sua força para educar, informar e capacitar a população para a redução do consumo de drogas”, disse o secretário Uchoa, na entrevista que deu ao Canal Rural, recentemente.

Em todo o mundo, reconheceu, o tráfico de drogas nas fronteiras obriga as autoridades policiais a empreenderem grandes esforços para a redução da oferta, através da apreensão de drogas e repressão ao crime organizado. O secretário nacional Antidrogas está convencido de que essas ações, isoladamente, não serão suficientes para resolver o grave problema do tráfico. Por isso, a sociedade precisa ter seus próprios instrumentos para, preventivamente, evitar que o consumo e o comércio de drogas ilícitas se amplie. O projeto elaborado pela Senado terá duração de seis meses, dividido em seis fases. Entre essas etapas, será feita uma pesquisa sobre o consumo de entorpecentes em cada par de municípios fronteiriços. Também serão feitos debates para fazer o diagnóstico da situação local e apresentação de propostas para uma ação integrada de diminuição do uso de drogas.

Os Conselhos Estaduais de Entorpecentes do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul terão ativa participação no programa, adiantou o secretário. A Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas (Cicad), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), acolheu, por unanimidade, a iniciativa brasileira. Esse apoio garantirá o financiamento de metade do montante, estimado em US$ 600 mil, para todo o programa. O maior valor desse financiamento será aplicado no Brasil porque, dos oito municípios envolvidos na fronteira, quatro são brasileiros e os restantes pertencem, cada um, à Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. Na Bolívia, o programa atenderá o município de Puerto Suares, na fronteira com Corumbá, Mato Grosso do Sul, e no Paraguai, o município de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, também em Mato Grosso do Sul.


JOSÉ BARRIONUEVO

Rossetto reage a críticas de Rosenfield
Em nota encaminhada ao colunista, o vice-governador Miguel Rossetto reagiu às críticas feitas ao PT gaúcho pelo filósofo Denis Rosenfield em palestra durante reunião-almoço na Federasul, quarta-feira. Sob o título “Risco do ridículo”, Rossetto lamenta que Rosenfield “rompa com qualquer rigor acadêmico para requentar contra o PT um discurso antiquado da Guerra Fria”. O filósofo alertou para o comprometimento da democracia, como valor universal. O vice reage:“ Justo contra o PT, que se construiu lutando contra a ditadura militar e por liberdades democráticas”.

Vice-governador vê apenas “risco do ridículo”
Diz Rossetto na nota encaminhada à coluna criticando Rosenfield: “Sem apontar um único elemento de realidade, nos imputa o rótulo de totalitários. Nada mais falacioso. Aqui temos construído a maior ampliação dos espaços democráticos e republicanos da história do RS. Somente no Orçamento Participativo, mais de 1,2 milhão de cidadãos se reuniram para decidir rumos do Estado, qualificando a democracia representativa”.

Quanto ao Fórum Social Mundial, também criticado pelo filósofo, o vice-governador cita o reconhecimento internacional: “Ao contrário de ser uma reunião de stalinistas recauchutados (definição de Rosenfield), o Fórum se constitui no maior espaço político mundial de reunião da sociedade civil democrática, para discutir os grandes temas da atualidade. Isto é reconhecido pela ONU, pela OIT, pela Anistia Internacional, pela comunidade européia, por todo o mundo. Por todo o mundo menos o provinciano sr. Rosenfield”.

Completa: “O sr. Denis Rosenfield não deve temer o PT. Este não oferece qualquer risco a ele. Com suas posiçõe s, o único risco que este senhor corre é o risco do ridículo”.

Representação contra monopólio dos postes
O ex-governador Alceu Collares (PDT) entrou com uma representação na 112ª Zona Eleitoral, responsável pelo controle da propaganda, requerendo punição ao PT e seus candidatos por terem “monopolizado os bens públicos” para divulgação de suas campanhas. O pedetista refere-se a postes, viadutos e tapumes ocupados pela propaganda petista. Quer que sejam distribuídos os espaços de forma proporcional, dentro do mesmo critério do fundo partidário.

Ontem, nem o Hospital de Pronto Socorro (HPS) escapou das equipes que atuam nas madrugadas em Porto Alegre, que são duplamente competentes: na colocação da propaganda de companheiros e na retirada das bandeirolas dos adversários.

Odone suspende propaganda
Candidato a deputado federal, Paulo Odone Ribeiro (PPS) resolveu suspender a colocação de propaganda nos postes diante da ação dos militantes do PT. Constatou que a maior parte dos cartazes foi retirada na mesma noite.

Odone sugere uma reunião do juiz responsável pela propaganda com os presidentes do partido. Entende que os responsáveis pelo “massacre” são exatamente aqueles que têm a melhor posição nos postes.

Deputado estadual, o ex-presidente do Grêmio está preocupado porque, com a anulação de sua propaganda, poucos sabem que é candidato a deputado federal.

Pela doutrina cristã
Em visita ao arcebispo dom Dadeus Grings (D), Celso Bernardi disse que pretende realizar um governo inspirado na doutrina social cristã, realizando o bem comum e estimulando a solidariedade. O candidato do PPB ao Piratini considerou a cartilha eleitoral lançada pelo arcebispo “a mais importante publicação do gênero editada nos últimos anos”, servindo de orientação para todas as correntes políticas.

u Luta de classes – Acompanhado de Hugo Mardini, candidato ao Senado, Bernardi entregou cópia de seu plano de governo. Em retribuição, dom Dadeus presenteou o pepebista com o livro Solidarismo – A Sociedade do Futuro, escrito por ele em 1978, que aborda a decadência do socialismo.

Depois de condenar a luta de classes por ser contrária aos princípios cristãos, o arcebispo revelou que até o final do ano lançará nova cartilha, desta vez sobre a questão fundiária. Assunto explosivo.

Atitude civilizada
A advogada Hilda Souza, que coordena a montagem do plano de governo de Britto (PPS), teve uma agradável surpresa em seu roteiro por nove municípios do Interior. Na reunião realizada em Santa Rosa, compareceu o prefeito de Giruá, José Jocemir Alves da Silva, do PT, que contribuiu com uma importante sugestão ao trabalho da ex-deputada sobre carências regionais: propõe uma linha de crédito no Banrisul para o pequeno empreendedor. Será atendido.

Homenagem a João Cândido
O secretário Luiz Marques, da Cultura, agendou o foyer do Theatro São Pedro, dia 26 de agosto, para prestar homenagem ao encruzilhadense João Cândido, que a história oficial deixou no esquecimento por quase um século. Entre os convidados para a cerimônia estão a filha, dona Zelândia, que reside no Rio, a senadora Marina Silva (PT-AC), autora do projeto que pede anistia post mortem ao herói da Revolta da Chibata, e João Bosco, que popularizou a música Almirante Negro, de Aldir Blanc.

Mirante
• Rita Camata (PMDB) é a grande atração de hoje à noite no comício de lançamento de Germano Rigotto em Caxias do Sul. Mais do que Simon.

• Engenheiro, o deputado Berfran Rosado (PPS) foi o palestrante de ontem na Sociedade de Engenharia.

• O primeiro classificado no concurso da Saúde é o secretário substituto da pasta. Legal é. Resta saber se é ético.

• Outro que logrou sucesso em concurso é o presidente da Corsan. Dieter Wartchow vai para a Fepam.

• Desde ontem, é muito delicado o estado de saúde do ex-secretário José Fernando Eichenberg, 52 anos. Está na UTI do Hospital Moinhos de Vento.

• Vieira da Cunha (PDT) lança hoje à noite sua candidatura à reeleição com um jantar no Clube Farrapos.

• A assessoria do PPS se apressou em colocar uma foto de Felipão no site de Ciro Gomes. Ontem, o técnico pentacampeão explicou que foi mal interpretado. Teria dito apenas que é amigo de Ciro e respeita muito suas idéias.


ROSANE DE OLIVEIRA

Influência das pesquisas
Depois que três pesquisas de intenção de voto confirmaram o crescimento da sua candidatura e o empate com o tucano José Serra, o ex-ministro Ciro Gomes (PPS) virou saco de pancadas. De Serra, em primeiro lugar, e de Anthony Garotinho, do PSB, em segundo. O petista Luiz Inácio Lula da Silva evita bater em Ciro porque está como o piloto Michael Schumacher, lá na frente, e não quer se envolver na briga pelo segundo lugar. O PT prefere Serra no segundo turno, para tentar atrair todos os descontentes com o governo, mas não quer quebrar os pratos com Ciro para não perdê-lo na final se o adversário de Lula for Serra.

Especialista em remédios depois de sua passagem pelo Ministério da Saúde, Serra ontem chamou Ciro de “genérico do ex-presidente Fernando Collor, com embalagem diferente, nome diferente, mas o mesmo princípio ativo e o mesmo efeito”.

Trata-se de um golpe baixo. Pode-se não gostar de Ciro Gomes e de suas propostas – algumas indecorosas, como a de aumentar o imposto dos automóveis. Pode-se identificar nele sinais do estilo de Collor, como a impetuosidade, a agressividade e os rompantes, e até lembrar que são ambos jovens e fizeram carreira política no Nordeste. De resto, não há na biografia do ex-governador do Ceará nada que se compare aos desmandos do homem enxotado da Presidência da República por denúncias de corrupção.

Convém lembrar que os tucanos não consideravam Ciro um novo Collor quando ele substituiu Rubens Ricupero no Ministério da Fazenda, no governo Itamar Franco, nem quando governou o Ceará, com a bênção de Tasso Jereissati. Os ataques de agora são o sinal mais eloqüente de que a tranqüilidade no comando da campanha tucana com o crescimento de Ciro é apenas aparente, ainda mais que o resultado das pesquisas está atraindo para o lado da Frente Trabalhista uma boa fatia do PFL.

Junto com os ataques proliferam as explicações para o crescimento de Ciro nas últimas pesquisas. A mais óbvia é a do aparecimento no horário eleitoral dos partidos que lhe dão sustentação. A mais romântica, a de que o candidato subiu graças à presença da atriz Patrícia Pillar ao seu lado. A mais curiosa vem de um petista roxo – e radical – o deputado Milton Temer (RJ). Por essa ótica, Ciro cresceu graças à mudança de discurso de Lula, que já não fala em enfrentar os credores, nem ataca frontalmente a política econômica do governo Fernando Henrique.


Editorial

UMA NOVA VARIÁVEL

Vários fatos políticos, econômicos e sociais – alguns deles novos – se somam para tornar ainda mais instável a extremamente difícil situação argentina. O país já vive a confusão e a incerteza geradas pela antecipação das eleições presidenciais e pelo fato de o governador Carlos Reutemann, ex-piloto da Fórmula-1, ter desistido de concorrer. Está às voltas com as complicadas equações sociais decorrentes do descalabro econômico e do empobrecimento do país. E é atormentado pelas dificuldades nas negociações com os credores internacionais, especialmente com o FMI. Não bastassem essas realidades, surge agora um novo elemento na crise: por decisão de um juiz federal, foi preso o general e ex-presidente Leopoldo Galtieri, que comandou o país no começo da década de 80 e foi o responsável pelos incidentes que levaram à Guerra das Malvinas.

O país de Sarmiento e de Borges parece incapaz de reconciliar-se com a História

Mesmo que o episódio pelo qual Galtieri e outros 42 militares tiveram suas prisões decretadas remonte a uma situação descolada da atual realidade do país, o surgimento da variável militar neste momento pode adicionar mais um foco de instabilidade ao complicado quadro argentino. O ex-chefe da nação, quatro generais e outros 38 oficiais respondem pelo desaparecimento de 20 militantes montoneros que regressavam ao país em 1981. As evidências trazidas aos autos indicam que, depois de presos pelo serviço de inteligência do Exército, os montoneros foram torturados e executados.

O país de Domingo Sarmiento e de Jorge Luis Borges parece incapaz de reconciliar-se com sua História.


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07/12/2002


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