Mão Santa: governo só tem compromisso com superávit, arrecadação e juro alto



O senador Mão Santa (PMDB-PI) afirmou da tribuna que o governo festejou na sexta-feira (28) o anúncio de um superávit primário recorde, quando no fundo isso significa que o governo reservou mais dinheiro para pagamento de juros e gastou menos com o social. Ele perguntou ainda se o governo age com -ignorância ou má-fé- ao -soltar fogos- pelo anúncio de que a economia cresceu 2,7% no primeiro trimestre de 2004, comparando-se com o mesmo período de 2003.

- A verdade é bem diferente e, se tomarmos os últimos 12 meses, o crescimento brasileiro é de zero. O Brasil só voltará a crescer se resolver três gargalos: falta de investimento público e privado, renda concentrada e carga tributária elevada demais - disse.

Assim, conforme Mão Santa, não há investimento porque a poupança pública -vai quase toda- para o pagamento de juros da dívida pública. A renda concentrada, por sua vez, exclui a grande maioria da população dos mercados - -sem ela, é difícil crescer-. Finalmente, o senador do Piauí lembrou que a carga tributária do Brasil chegou a 38% do Produto Interno Bruto, quando nos países emergentes a média é de 21%.

Mão Santa leu ainda da tribuna trechos do documento divulgado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com -duras críticas ao governo Lula-, como a taxação dos inativos, o baixo aumento do salário mínimo, a injustiça dos impostos (que taxa de forma igual quem ganha R$ 1.500 ou R$ 15 mil) e o não cumprimento das promessas de campanha para a área social, como o Fome Zero.

O discurso foi apoiado, em aparte, pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que lembrou que a Justiça de primeira instância do Paraná já concedeu liminar contra a cobrança de 11% dos inativos.



31/05/2004

Agência Senado


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