Marina Silva enaltece legado intelectual de Caio Prado Júnior



A senadora Marina Silva (PT-AC) enalteceu em Plenário, nesta quarta-feira (dia 20), a vida e a obra do historiador Caio Prado Júnior. Ela ressaltou a importância do legado do intelectual, autor do livro Formação do Brasil Contemporâneo, tido como imprescindível para a compreensão dos processos históricos, econômicos e culturais do país. Marina apontou para a abordagem revolucionária de Caio Prado Júnior, que entendeu a História dentro da perspectiva do materialismo dialético.

Mencionando as obras Evolução Política do Brasil e A Revolução Brasileira, a senadora ressaltou a postura corajosa do historiador, que a partir dos anos 30 empreendeu a tarefa inovadora de analisar o processo de formação do país empregando novos métodos e derrubando a antiga visão positivista, segundo a qual "os fatos falam por si". Marina louvou, ainda, o esforço de Caio Prado Júnior em explicar o Brasil sob a ótica dos excluídos.

Ela destacou a preocupação do intelectual, que era filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), com a questão agrária e com a tradição escravocrata da economia do país. Marina lembrou que o historiador não se eximiu de tomar partido ante os acontecimentos da História, sem, no entanto, cair em formulações simplistas ou panfletárias, e citou comentário do sociólogo Florestan Fernandes, segundo o qual, "sem sair do materialismo histórico e sem ser chato, Caio Prado Júnior não resvala no catecismo ou no marxismo vulgar".

A perseguição política sofrida por Caio Prado Júnior foi também lembrada por Marina Silva. Em 1968, o intelectual teve seu título de livre-docência cassado, sendo posteriormente preso e exilado.

- Ele teve participação como sujeito da História, não foi apenas um acadêmico brilhante - disse, classificando-o de "corajoso e iluminado".

Citando avaliação de Antônio Cândido, Marina considerou A Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Júnior, juntamente com Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, e Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, como fundamentais para compreender o país. Ela concluiu homenageando o historiador com um poema de Russel Champlin: "Alegria há no mero relato/ É chegado o tempo / Quando posso dizer "eu sei"/ Porque eles viram".

Em aparte, o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) ressaltou a luta de Caio Prado Júnior em favor dos trabalhadores rurais e na organização de seus sindicatos.

20/06/2001

Agência Senado


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