Suplicy e Ademir homenageiam Caio Prado Júnior



Na homenagem que prestou nesta quarta-feira (dia 20) ao historiador Caio Prado Júnior, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) destacou como seria importante para o país contar com a opinião do homenageado sobre assuntos contemporâneos, por exemplo, sobre a possibilidade de ingresso do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas (Alca). "Deveríamos aceitar as regras comuns, sem barreiras alfandegárias, mesmo antes de fortalecer o Mercosul?", questionou Suplicy, salientando a falta que faz o historiador, que sempre defendeu a necessidade de adotar teorias que levassem em conta as especificidades dos problemas brasileiros.

Ao considerar Caio Prado um dos maiores historiadores que o Brasil já teve, Suplicy referiu-se especialmente os livros A Formação do Brasil Contemporâneo e A Revolução Brasileira como literatura básica para melhor compreender o Brasil. O senador disse que gosta de aprender viajando pelo Brasil e que concorda com Caio Prado, para quem viajar para o interior do país permite a verificação de fatos que se repetem há mais de 100 anos, como as relações entre trabalhadores rurais e fazendeiros, que muitas vezes beiram a semi-escravidão. Em aparte, o senador Roberto Freire (PPS-PE) destacou que Caio Prado Júnior viu esse passado e percebeu o que isso representa para o futuro do país.

O senador Ademir Andrade (PSB-PA) também prestou homenagem ao escritor, político, empresário e historiador Caio Prado Júnior nos dez anos de sua morte. Ademir havia encaminhado discurso à Mesa com esse propósito. O senador ressaltou a importância da homenagem em tempos de descrença nas instituições, individualismo, sacralização do mercado e denúncias de improbidade e malversação de recursos públicos, lembrando o exemplo de vida Caio Prado Júnior ao longo de seus 83 anos. "Caio não foi outra coisa senão o valente lutador das causas justas, o incansável peregrino da liberdade e o sábio que procurava conhecer para poder compreender a vida e o mundo", afirmou o senador.

Nascido em 1907, numa das famílias mais poderosas, ricas e influentes de São Paulo, Caio Prado Júnior, lembrou o senador, teve a formação tradicional de sua classe e sua época, formando-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco. A militância política de Caio Prado Júnior, destacou Ademir, começou cedo, na década de 20, quando ele se filiou ao Partido Democrata, optando, mais tarde, pelo Partido Comunista. Pelo PCB, Caio Prado foi eleito deputado em São Paulo, sendo cassado em 1945, quando o partido teve seu registro suspenso. Ademir destacou a atuação de Caio Prado como empresário, à frente da Livraria e depois Editora Brasiliense, como fundador da Revista Brasiliense e autor de artigos e livros.

20/06/2001

Agência Senado


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