MARLUCE PEDE REFORMULAÇÃO DE POLÍTICA INDÍGENA



A senadora Marluce Pinto (PMDB-RR) pediu, em plenário, que as políticas governamentais voltadas para a questão indígena sejam reformuladas. Para ela, da maneira como está sendo feita, a demarcação de terras não obedece a "critérios mínimos justificáveis ou respeito aos cidadãos".
- É preciso a formulação de uma política adequada e objetiva. Não sou contrária à demarcação de terras. Mas uma demarcação justa, consciente, que não venha prejudicar o desenvolvimento dos estados - afirmou a senadora.
Marluce considera que a "confusa e insensata" política indigenista nacional está voltada, "quase que exclusivamente", para a demarcação de reservas. Ela defende que sejam implementadas ações que garantam melhores condições de vida aos índios, nas áreas de saúde, educação e saneamento básico. A senadora propõe a realização de seminário para debater o tema com representantes dos estados onde estão as comunidades indígenas e líderes de tribos.
- A questão exige ações concretas que permitam ao silvícola a possibilidade de acesso aos frutos do progresso econômico, aos bens e serviços básicos que lhe garantam uma existência digna. É irreal a idéia de querer manter nossos índios distantes de benefícios aos quais se acostumaram e não podem mais prescindir. Uma coisa é lutarmos pela manutenção de seus costumes. Outra é querermos impor seu retorno ao primitivismo - afirmou Marluce.
Ela disse estar preocupada com a situação de seu estado, onde a Funai pretende demarcar uma área contínua de 1,6 milhão de hectares na região conhecida como Raposa/Serra do Sol, "onde estão as melhores terras agricultáveis de Roraima". Segundo Marluce, o estado já tem quase 60% de seu território reservado a áreas indígenas e a "esmagadora maioria dos índios" não quer a demarcação da forma proposta pela Funai.
Em aparte, o senador Moreira Mendes (PFL-RO) elogiou o discurso de Marluce e alertou para o fato de os índios serem usados como "massa de manobra" para que interesses estrangeiros se expandam na Amazônia, ameaçando a soberania nacional. Para o senador Amir Lando (PMDB-RO), devem ser desenvolvidas ações que integrem o índio à sociedade "preservando o seu manancial de cultura". Da maneira como o índio está sendo tratado, continuou, o Brasil patrocina "um lento processo de extermínio".

14/04/2000

Agência Senado


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