Mauro Miranda alerta para os perigos da Alca



O senador Mauro Miranda (PMDB-GO) alertou para os perigos que cercam a globalização, quando um país entra num bloco de integração econômica continental como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) sem tomar as devidas cautelas. Ele lembrou que a esmagadora superioridade econômica dos Estados Unidos e do Canadá, em relação aos países do centro e do sul do continente, poderá fazer da Alca nada mais do que um instrumento de seu pleno domínio sobre os mercados latino-americanos.

Segundo Mauro Miranda, até 2005, quando a Alca deverá entrar em vigor, o Brasil precisa identificar os setores da economia que estão aptos a enfrentar a concorrência, bem como aqueles que seriam prejudicados, com a finalidade de modernizá-los. "Será preciso, também, fortalecer blocos regionais, como é o caso do Mercosul", afirmou.

O senador por Goiás reconheceu ser impossível evitar a globalização, porque seria selar o destino do país como pobre e periférico, incapaz de enfrentar os desafios dos tempos modernos. Mas, ao entrar na Alca, o Brasil precisa conhecer, por exemplo, como serão tratados os subsídios agrícolas. Se os Estados Unidos continuarem a subsidiar, maciçamente, sua agricultura, o impacto negativo sobre exportações brasileiras será catastrófico, advertiu.

Ele lamentou que o Mercosul não tenha conseguido, até hoje, superar suas fragilidades, tais como a persistência de sofríveis indicadores sociais, a ausência de visões macroeconômicas conjuntas que se reflete na incompatibilidade das políticas cambiais adotadas, e a falta de unidade entre os parceiros, abrindo caminho para aproximações bilaterais com os Estados Unidos, como ocorreu com o Chile e ameaça acontecer com a Argentina.

Mauro Miranda enfatizou ser urgente que governantes, parlamentares, empresários e economistas brasileiros se debrucem sobre a realidade econômica continental para aquilatar os possíveis resultados que advirão de uma América sem barreiras comerciais. "As decisões sobre globalização devem, necessariamente, ser tomadas a partir da perspectiva nacional. E o fortalecimento, e até expansão do Mercosul, é parte da solução", sustentou.

18/05/2001

Agência Senado


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