Meirelles nega hesitação do BC em baixar os juros



O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta quinta-feira (25) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que o BC não está hesitando em baixar as taxas básicas de juros e ressaltou que houve queda de 10% em sete meses. Ele ponderou, entretanto, ser necessário manter um comportamento responsável, sendo portanto "normal que se dê uma parada de vez em quando para olhar os efeitos nos níveis de inflação".

Em resposta ao senador Tasso Jeireissati (PSDB-CE), Meirelles concordou que a taxa de juros reflete o risco percebido do país e que esse risco é reflexo de vários componentes que possam afetar a percepção da capacidade de manter compromissos futuros. O senador pelo Ceará ressaltou que vem cobrando mais ousadia na queda dos juros, mas questionou se seria possível a redução da taxa básica pelo Comitê de Política Monetária (Copom) diante de um quadro político de instabilidade, em que setores de apoio ao governo estão criticando a política econômica.

- Parece que estamos vivendo um impasse dentro da base de sustentação do governo que, se não for resolvido, levará a uma crise muito séria, porque se o BC busca baixar a taxa de juros, a base do governo vai elevando, o que não é compatível com essa política - alertou Jeireissati.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou ter havido cautela excessiva na queda de juros por parte do Copom e ressaltou que o país poderia testar uma taxa de juros reais de 8% no curto prazo.

O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) cobrou medidas administrativas da equipe econômica para obrigar as instituições financeiras a baixarem as taxas reais de juros, pois, ressaltou, a queda da taxa Selic não está sendo acompanhada na prática. O senador José Agripino (PFL-RN) disse também que esperava mais ousadia de Meirelles na queda de juros.

- Essa história de baixar em 0,25% a taxa de juros pega mal - afirmou.

O presidente do BC respondeu a Agripino que ousadia pode significar atitudes que não dêem resultados concretos e citou como exemplos de experiências fracassadas no país o congelamento de preços, o confisco da poupança e a declaração de moratória.

- A ousadia per si não é necessariamente positiva, mas existe ousadia em fazer certo e ter coragem de dizer que o caminho de desenvolvimento é esse - afirmou.



25/03/2004

Agência Senado


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