Mercadante defende atuação de Carlos Lessa à frente do BNDES
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu a gestão de Carlos Lessa à frente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Lessa foi demitido nesta quinta-feira (18). Mercadante destacou que, este ano, o banco deverá apresentar o maior lucro de sua história e um aumento de 25% na aplicação de seus recursos, o que irá contribuir, na opinião do parlamentar, para o projetado crescimento da produção industrial, de 7,2%, e do Produto Interno Bruto (PIB), de 4,5%.
O líder do governo agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por não tê-lo consultado sobre a demissão de Lessa, por já saber que Mercadante era defensor de sua permanência no governo. O senador afirmou entender as decisões do presidente, "que precisa coordenar o conjunto de uma equipe de governo, que envolve o BNDES e não apenas o BNDES". Mas afirmou que o novo presidente do banco "manterá a essência do que foi o desempenho de Carlos Lessa à frente do BNDES". O novo presidente do banco já foi designado: será o atual ministro do Planejamento, Guido Mantega.
Mercadante informou que Lessa encontrou o banco em situação vulnerável, causada por contratos e financiamentos do programa de privatização. Lembrou que apenas a empresa de energia AES tinha US$ 1,2 bilhão em inadimplência. Lessa, afirmou, "soube repactuar contratos e trazer garantias ao banco".
O senador afirmou conhecer Lessa há 30 anos, quando este já era "um intelectual de prestígio, talentoso, compromissado com o país", e disse que o economista "marcou sua vida intelectual e pública pela integridade".
- Há muito tempo o BNDES não tinha uma gestão com nenhuma denúncia de desvio de conduta - afirmou Mercadante, acrescentando que a atuação de Lessa à frente do banco foi "marcada pelo compromisso com a coisa pública".
O representante paulista afirmou ainda que, como todo bom intelectual, "Lessa era, antes de mais nada, um polemista". Seu perfil intelectual, acrescentou, por vezes "atravessava a linha divisória da competência especifica de cada uma das autoridades", o que causou algumas crises no governo, mas "isso não pode diminuir a grandeza do homem público".
Mercadante disse também que o BNDES "não é um banco qualquer, mas essencial aos investimentos no país" e destacou que o banco terá, em 2005, um orçamento maior que o do Banco Mundial, observando que o país ainda precisa ter crédito dirigido para setores como a agricultura, que enfrenta concorrência altamente subsidiada na Europa e na América do Norte, e no setor de bens de capital, que precisa de mais competitividade e eficiência.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), considerou que a demonstração de lealdade de Mercadante evidenciou sua "dignidade de homem público" e disse que a imagem do líder do governo melhorou perante ele.
18/11/2004
Agência Senado
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