Mozarildo: SUS sofre com desvio de recursos, falta de médicos e envelhecimento da população




O modelo do Sistema Único de Saúde (SUS) é muito bom, mas sua execução é atrapalhada por problemas como o desvio de recursos, a falta de médicos e até mesmo a mudança no padrão do envelhecimento da população. Foi o que afirmou o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), em discurso no Plenário nesta quinta-feira (10), ao citar dados de estudo da Consultoria Legislativa do Senado sobre a situação da saúde no Brasil. Ele pretende levar esses dados ao ministro da Saúde.

Um dos problemas enfrentados pelo sistema é a falta de recursos, apontou o estudo. Mas ao contrário do que a população é levada a crer, explicou o parlamentar, a dificuldade não é o sub-financiamento, e sim o desvio de recursos do setor.

- O que falta na saúde não é dinheiro; o que falta na saúde é vergonha na cara na aplicação do dinheiro público. O que a gente vê de um modo geral, e tenho o exemplo do meu estado em particular, é usar a saúde como o meio mais eficaz de fazer corrupção, porque é fácil desviar dinheiro da aquisição de medicamentos, porque o controle é muito complexo - disse.

O setor de saúde também sofre impactos por causa da rápida mudança na demografia do país, com populações mais longevas. Esse envelhecimento da população brasileira tem repercussões importantes no perfil do adoecimento e na morte da população, por exemplo. Se até meados do século passado, as doenças infecto-parasitárias eram a principal causa de morte dos brasileiros, hoje elas são superadas pelas doenças do aparelho circulatório - primeira causa de mortalidade, proporcional, do Brasil -, pelas neoplasias, isto é, pelo câncer, e pelas causas externas como acidentes.

O SUS, prosseguiu Mozarildo, também é afetado pela falta de médicos e pela ausência de regulamentação das profissões da área de saúde. Em pouco tempo, acrescentou, ocorrerá com os médicos o que hoje ocorre com os professores, a má remuneração não vai mais seduzir profissionais. A falta de atrativos para o trabalho no interior do país também piora o quadro.

O levantamento também apontou dificuldades em relação à pressão pela incorporação tecnológica e os custos de assistência decorrentes; o acesso aos medicamentos, a questão dos genéricos e das patentes, a necessidade de ampliação da rede assistencial, inclusive dos serviços de urgência e emergência; a necessidade de promover a diminuição do tempo de espera dos pacientes por exames e procedimentos, que não foram detalhados pelo parlamentar.

Mas ele mencionou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo com dados de pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que avaliou a percepção da população sobre o serviço e constatou que mais de 70% dos brasileiros desaprovam o SUS, principalmente pela falta de médicos e a demora para marcação de consultas.



10/02/2011

Agência Senado


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