Mudanças no PLC 122 ainda dividem opiniões



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A nova versão do substitutivo do senador Paulo Paim (PT-RS) ao projeto que torna crime a discriminação ou o preconceito pela orientação sexual e identidade de gênero (PLC 122/2006) ainda divide opiniões. Pedido de vista coletiva adiou nesta quarta-feira (11) a votação do texto pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para a próxima reunião. A leitura do relatório foi acompanhada por ativistas e entidades de defesa dos direitos dos homossexuais e de representantes de igrejas e religiões.

Gustavo Bernardes, representante do Conselho Nacional LGBT, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, considera que o substitutivo é fruto de entendimento e contempla a expectativa das entidades de defesa dos direitos dos homossexuais. Ele avalia que a retirada do termo “homofobia” não prejudica o teor do texto.

- A lei Maria da Penha não cita o termo machismo e fala na violência contra a mulher. O PLC 122 fala na violência contra a população LGBT em razão da orientação sexual e identidade de gênero e [por isso] nos contempla – afirmou Bernardes, após a reunião.

Ele avalia como positiva a retirada da referência ao Código Penal, a mais recente modificação feita por Paim.

- Uma matéria como Código Penal leva em média 20 anos tramitando no Congresso. São 300 mortes por ano [em razão de crimes motivados por homofobia]. Se esperarmos 20 anos, ao final desse tempo teremos mais seis mil mortes no Brasil. Não podemos esperar – disse Bernardes.

Para Felipe Nery,  professor e presidente do Observatório Interamericano de Biopolítica, mesmo com alterações, o substitutivo não contempla “99%” dos brasileiros.

- O movimento LGBT é barulhento é bem financiado, mas eles não representam 1% da população brasileira. Nós somos 99% e política se faz com democracia. Eles podem defender o lado deles e nós também. Aqui não se trata de imposição nossa apesar de sermos maioria, trata-se de colocar a obviedade de fatos. O senador continua com discurso de gênero e gênero é discriminatório porque discrimina quem discorda das outras orientações sexuais – defendeu Nery.

Nery explicou que o Observatório de Biopolítica não é uma organização religiosa, mas conta, entre seus adeptos, com lideranças de movimentos religiosos católicos, evangélicos e espíritas. Na visão dele, a aprovação do PLC 122 pode também interferir na liberdade dos professores em sala de aula.

- O que nos preocupa é que o tema gênero permanece no PLC 122. Não se trata de homossexualismo ou gayzismo. O tema é outro: a questão da liberdade cátedra dos professores. Se passarmos uma matéria como essa, o que teremos? Que não existe o sexo biológico, ou seja, não existe homem e mulher. Qualquer pai, e eu sou pai, sabe que existe uma coisa clara: homem e mulher e assim deveríamos ser educados – argumentou.

Biopolítica, conforme explicou o professor, é colocar a discussão da vida e da família no centro da política. Segundo ele, a abordagem dada no texto está “muito desfocada”.

- Muitos não sabem do que está se tratando aqui e pensam que é sobre homofobia ou contra gays. A questão que é tratada no PLC é gênero. Queremos conversar com os senadores para retirar essa palavra do projeto – disse.



11/12/2013

Agência Senado


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