Murad tenta salvar Roseana








Murad tenta salvar Roseana
Marido da governadora do Maranhão assume que o dinheiro encontrado na empresa Lunus foi arrecadado por ele para custear a pré-campanha de Roseana à Presidência

SÃO LUÍS – Onze dias depois da apreensão de R$ 1,34 milhão no escritório da Lunus Serviços e Participações, Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), apresentou ontem a sexta versão para a origem do dinheiro encontrado num cofre da empresa do casal. Na primeira aparição pública após a operação da PF na Lunus, Murad disse que o dinheiro foi arrecadado por ele para custear a pré-campanha eleitoral de Roseana à Presidência da República. Ao mesmo tempo que divulgava essa versão, ele anunciava que tinha pedido demissão do cargo de secretário de Planejamento do Governo do estado.

Como justificativa, Murad afirmou que “queria evitar constrangimento a quem quer que seja” e disse, ainda, que “assumia sozinho” a responsabilidade por ter arrecadado o dinheiro antes do prazo legal, que começa após o registro das candidaturas, aprovadas oficialmente nas convenções dos partidos, em junho. Mas, apesar disso, disse estar convencido de que não tinha agido de maneira ilegal.

“Agi só. Agi por determinação própria. Corri os riscos inerentes à realidade social do País. Assumo, repito, assumo a responsabilidade desse ato, o de ter buscado numerário para fazer face às despesas iniciais e inevitáveis deste momento de pré-campanha”, disse.

Murad manteve sem explicação a origem do R$ 1,34 milhão. Ele leu a nota, no Palácio dos Leões, sede do Governo, e foi embora sem identificar os doadores e recusando-se a responder a qualquer pergunta dos repórteres. Alegou que “no foro apropriado” detalhará como arrecadou os recursos. Também não deu qualquer declaração sobre os documentos encontrados pela PF que ligam a Lunus a projetos da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) suspeitos de fraude, como a Usimar e a Fazenda Nova Holanda.

Em tom emocionado, Murad justificou o porquê da demora de vir a público se explicar. Disse que estava em “profunda depressão” e pediu desculpas “à mulher, ao PFL e a todas as pessoas”.

“A demora na explicação exata dos fatos deve-se única e exclusivamente a uma profunda e compreensível depressão a que fui submetido pela força dos acontecimentos e por saber que, involuntariamente, estava prejudicando um projeto nacional sério e viável”, disse, referindo-se à pré-candidatura de Roseana.

Murad responsabilizou os amigos pelas versões anteriores para a origem do dinheiro. Disse que amigos das horas difíceis decidiram divulgar “versões não-autorizadas” sobre os recursos. O empresário Luiz Carlos Cantanhede, sócio de Murad no projeto Pousada dos Lençóis, autor da versão de que o dinheiro era resultado da venda de 18 chalés ainda não construídos, por R$ 80 mil cada, preferiu não dar explicações sobre o assunto ontem.

O anúncio da demissão e a versão de que o dinheiro era para campanha foi feito logo após uma reunião de Roseana com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen. No encontro, a governadora apresentou a Bornhausen a explicação que logo em seguida Murad tornaria pública. O presidente do PFL leu e aprovou a nota.

Segundo um dos assessores, Roseana, abalada com a situação, “chorou antes e depois” da reunião com Bornhausen. Além dela, também participou da conversa Torquato Jardim, advogado do PFL e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Murad não assistiu ao encontro de Roseana com Bornhausen. Após a conversa, todos almoçaram juntos. Em seguida, enquanto Murad anunciava sua demissão, o presidente do PFL saía do Palácio dos Leões sem dar declarações.

Antes da conversa com Roseana, o presidente do PFL chegara a São Luís dizendo que pretendia discutir estratégia de campanha e descartou a possibilidade de desistência da candidatura da governadora à Presidência da República.


Roseana corre o risco de ficar inelegível
BRASÍLIA – Caso seja comprovado que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), participou da arrecadação de fundos para sua campanha presidencial, ela corre o risco de ser punida pela Justiça Eleitoral, podendo até mesmo tornar-se inelegível. Foi por isso, aparentemente, que o marido da governadora, Jorge Murad, assumiu toda a responsabilidade pelo R$ 1,3 milhão, em dinheiro vivo, encontrado pela Polícia Federal durante investida na empresa Lunus, de propriedade do casal.

O objetivo provável de Murad foi livrar Roseana de qualquer punição. De acordo com um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a eventual comprovação do envolvimento da governadora na busca de doações antes mesmo da formalização de sua candidatura poderia levá-la à perda do mandato, se ela fosse eleita. Já o PFL ficaria sujeito a uma punição financeira: ficar sem receber, em 2003, sua parte do chamado fundo partidário.

O advogado José Eduardo Alckmin, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esclarece que doações para campanhas só são autorizadas após o registro das candidaturas, ou seja, depois das convenções partidárias, que neste ano só serão realizadas a partir de 10 de junho. “Não há na prática limite para os gastos. O próprio candidato tem de dizer o limite que vai gastar”, explica Alckmin. “A princípio, o céu é o limite.” Mas, de acordo com o advogado, muitos candidatos não gostam de se apresentar como detentores de grande poder econômico, então, há uma linha comum de limites.

A legislação prevê ainda que todos os valores doados têm de ser depositados em uma conta aberta especificamente para esse fim.


Drama do PFL, agora, é administrar a renúncia
BRASÍLIA – Dirigentes do PFL não se deram por satisfeitos apenas com a renúncia de Jorge Murad, marido da governadora Roseana Sarney, da gerência de Planejamento do Governo do Maranhão. “É difícil separar o marido da mulher”, disse o deputado Roberto Brant (MG), que na quinta-feira renunciou ao cargo de ministro da Previdência Social após o rompimento do partido com o Governo. Brant, como outros dirigentes do PFL, exige explicação completa, com documentos e testemunhas, da origem dos R$ 1,34 milhão apreendidos pela Polícia Federal na Lunus Serviços e Participações, empresa de Roseana e Murad.

“Se persistirem as dúvidas, Roseana não poderá manter sua candidatura, porque mesmo que as dúvidas sejam injustas, não é bom para o Brasil”, disse Brant, resumindo o pensamento predominante no PFL. Os próprios pefelistas admitem que a candidata foi ferida de morte. O drama da cúpula agora é administrar a renúncia. “Não podemos retirar a candidatura cinco dias depois de termos rompido com o Governo, para manter Roseana na disputa”, argumentou ontem um dirigente do partido, certo de que a candidatura não deve ser desmontada antes do fim do mês.

As alternativas do PFL na corrida presidencial variavam ontem de acordo com o humor e a revolta dos pefelistas contra o Planalto.

Enquanto uns defendiam uma guinada pró-Ciro Gomes, que seria o máximo da vingança contra o presidente Fernando Henrique Cardoso, outros pensavam em alguma saída interna para recolocar o PFL no jogo eleitoral. A primeira opção, nesse caso, seria a substituição de Roseana pelo prefeito do Rio de Janeiro, César Maia.


Problemas no Maranhão têm semelhanças com período Collor
SÃO PAULO – Políticos, parentes, laranjas, financiamentos de campanha: a seqüência de notícias vindas do Maranhão, que culminaram com as declarações feitas ontem pelo gerente de Planejamento Jorge Murad, deixaram no ar, para muita gente, vagas lembranças dos tempos finais do Governo Fernando Collor. Foi a 3 de novembro de 1992 que o entã o secretário particular do presidente, Cláudio Vieira, mencionou pela primeira vez a expressão sobras de campanha. Ele tentava explicar diante da CPI do Senado, de onde procedia o dinheiro que Collor utilizava para pagar a reforma de sua casa particular em Brasília – a famosa Casa da Dinda – e para levar uma vida sofisticada. Vinha de recursos pedidos emprestados no Uruguai e de sobras de campanha geridas por PC Farias.

Ajudou muito pouco. Não bastava para neutralizar a enxurrada de denúncias que vazava diariamente pelos jornais e revistas. O depoente, Vieira, não explicava quem havia emprestado, com quais garantias ou como o dinheiro tinha entrado no Brasil. De qualquer forma, o problema durou pouco: a investigação mostrou que a famosa Operação Uruguai não tinha existido mesmo.

Mas a expressão sobras de campanha sobreviveu. O próprio presidente a usou, nas etapas finais do processo que culminou com a renúncia. Era sua tentativa de explicar a origem e o destino de somas fabulosas – cerca de US$ 94 milhões – arrecadados pelo esquema PC, uma forma de obter dinheiro de empresas, cobrando comissões em troca de obras ou de informações privilegiadas.

O esquema PC, nome dado porque toda a operação era feita pelo assessor de Collor, Paulo César Farias, consistia simplesmente em depositar tais recursos em contas de pessoas fictícias – eram as chamadas contas fantasmas.

Como se apurou ao final de tudo, PC Farias tinha inventado oito fantasmas. Os mais ativos, que movimentavam maiores valores, eram os inexistentes José Carlos Bonfim, Manoel Dantas Araújo, Flávio Maurício Ramos, Jurandir Castro Menezes e Carlos Alberto Nóbrega.


Roseana perde terreno e Serra sobe nas pesquisas
Pesquisas feitas há cerca de uma semana pelo Ibope e Instituto GPP refletem o clima de tumulto em torno da pré-candidata do PFL. Lula lidera, mas em ambas foi Serra quem obteve o melhor desempenho

BRASÍLIA - O principal beneficiado pelo episódio de São Luís, que envolveu a governadora Roseana Sarney em suspeita de ter participado de atos de corrupção, foi o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra. Em uma pesquisa do Ibope, divulgada ontem, sobre a preferência do eleitor Serra obteve 19%, subindo para o segundo lugar e passando à frente de Roseana, que ficou com 17%. O presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, permanece na liderança, com 24%. Entre os oposicionistas, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB) ficou com 11%, em quarto lugar, seguido por Ciro Gomes, do PPS, que obteve 7%, e Enéas, do Prona, com 2%.

Os votos brancos e nulos somaram 7%, enquanto 9% dos entrevistados não opinaram. A pesquisa foi encomendada pelo Bank of America. O Ibope ouviu duas mil pessoas em todo o País, no período de 7 a 11 de março.

O PFL também encomendou uma pesquisa, ao instituto GPP. Na amostragem, Serra atingiu 15,2% de intenções de voto, mas não ultrapassou Roseana, que ficou em segundo lugar com 18,6%. Lula lidera com 26,6%. Garotinho obteve 12,9% e Ciro Gomes 10,8%. A pesquisa foi realizada no último sábado e domingo entre 4 mil pessoas.

Os números de ambas as pesquisas sublinham o desastre que representou para Roseana a invasão do seu escritório pela Polícia Federal e sobretudo a divulgação massiva, pela TV, dos maços de dinheiro encontrados em um cofre do escritório da Lunos, a empresa dela e do marido, Jorge Murad.

De acordo com o GPP, Roseana perdeu o que Serra ganhou, o que não significa que os eleitores dela tenham se transferido para ele. É preciso avaliar os números desagregados do levantamento desta e de outras pesquisas para saber o que realmente aconteceu. Mas o fato é que ela caiu mais de cinco pontos porcentuais, que Lula manteve a sua trajetória de queda lenta e gradual e que o ex-ministro da Saúde, José Serra, deu um salto na preferência do eleitorado.

Serra provavelmente se beneficiou da confusão em torno de Roseana e da farta exposição que recebeu na TV em fevereiro com os movimentos que fez para deixar o Governo, lançar a sua candidatura e finalmente, na semana passada, se apresentar em rede nacional como candidato a Presidência da República.


FHC tenta apagar incêndio provocado por suas declarações
BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso classificou ontem como “equívoco verbal” a declaração dada por ele mesmo, no dia anterior, de que não precisaria do apoio do PFL para se eleger. A justificativa de FHC foi apresentada pelo presidente da Câmara, deputado Aécio Neves, (PSDB-MG). “O presidente disse que a sua intenção foi de valorizar o PFL, de mostrar que o PFL não fez apenas uma aliança eleitoral, mas uma aliança programática”, declarou Aécio, embora reconhecendo que a frase solta possa ir em sentido contrário.

Ontem, o presidente incumbiu o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio, de telefonar para dirigentes do PFL e para os ex-ministros do partido que acabaram de deixar o Governo. A todos, Virgílio dizia: “a intenção do presidente foi lembrar que os institutos de pesquisa, na época das duas eleições por ele vencidas, sinalizavam que a vitória não dependia do PFL, mas isso traria dificuldades na hora de governar.” FHC, segundo o ministro, teria feito a opção pela governabilidade.

Ontem, no Maranhão, o senador licenciado Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, rebateu a afirmação de FHC de que se elegeria sozinho. “Isso é um problema de aritmética. É só contar os votos que ele teve e que o PFL teve”, afirmou Bornhausen.


PFL adia votação da emenda da CPMF
BRASÍLIA – O PFL decidiu adiar novamente a votação da emenda à Constituição que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2004. A bancada pefelista na Câmara promete votar a emenda na próxima quarta-feira, dia 20, mas o sentimento no partido é tentar adiar ao máximo a votação da contribuição. Em uma estimativa preliminar do Governo, o atraso na votação da CPMF dará um prejuízo de R$ 1,68 bilhão aos cofres públicos.

Pelos cálculos do Governo, a CPMF deverá ficar sem ser cobrada durante quatro semanas. E cada semana sem contribuição significa R$ 420 milhões de perda de arrecadação. Uma das saídas apontadas pelos técnicos da equipe econômica para compensar o prejuízo com a queda na arrecadação da CPMF é a elevação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A bancada do PFL reuniu-se ontem à noite por mais de três horas. No encontro, a maioria dos deputados pefelistas defendeu o adiamento da votação da contribuição. Mas a decisão final do partido para não votar a CPMF esta semana só foi tomada durante reunião ontem à noite na casa do presidente do PFL, o senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), com lideranças do partido na Câmara e no Senado. “O presidente Fernando Henrique Cardoso não pode nos cobrar nada”, disse o líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), ao deixar a casa de Bornhausen. “Não somos a base do Governo. Somos independentes.”

No início do encontro, o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), que é presidente da Comissão Especial que analisa a CPMF, avisou que não seria possível votar a emenda esta semana. Apesar do pedido do Governo, Maia não marcou para hoje pela manhã a reunião da Comissão a fim de analisar a redação final da proposta. Agendou a reunião para às 15h, deixando pouco tempo para apreciação da redação final pela Comissão e a votação do segundo turno da emenda pelo plenário da Câmara.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Desculpa de amarelo
A saída de Jorge Murad do governo do Maranhão, por exigência do senador Jorge Bornhausen, bem como a sua confissão de culpa por não ter esclarecido na primeira hora a origem daquela montanha de dinheiro que a Polícia Federal encontrou na Lunus, de propriedade dele e de sua mulher, a governadora Roseana Sarney, obedeceram rigorosamente à orientação de marqueteiros (Antonio Lavareda?)

Como gerente de planejamento do Maranhão, ele sempre cultivou a imagem de “eminência parda” do governo da mulher, como aliás já havia feito no Palácio do Planalto quando foi secretário particular do sogro. Por essa especial razão, é pouco provável que a justificativa dada por ele para a origem daquela dinheirama seja o suficiente para reabilitar a governadora como candidata a presidente da República. Como disse José Genoíno, a emenda saiu pior do que o soneto.

Pelo que se conhece de Marco Maciel e do seu fiel escudeiro, Jorge Bornhausen, a governadora ainda não foi “rifada” porque o partido não tem, pelo menos no momento, outra alternativa. Como as convenções só serão em junho e até lá haverá tempo de sobra para que outros “escândalos” do governo dela sejam descobertos, o mais lógico é que ela seja sacrificada em nome do pragmatismo do pefelê.

Sem retorno
Do deputado Carlos Batata, da bancada do PSDB, sobre a declaração do pefelista José Mendonça de que ainda é possível um entendimento entre os seus partidos, para a sucessão presidencial, desde que os candidatos não sejam Serra (PSDB) e nem a governadora Roseana Sarney (PFL): “Acho muito difícil isso acontecer. O Serra é o candidato do governo e não há força humana que o faça voltar atrás. É o nosso candidato pra ganhar ou perder”.

Aos pouquinhos
O líder Antonio Moraes (PSDB) foi escalado pela direção do seu partido para fazer uma prestação de contas, em “doses homeopáticas”, das ações de Serra no Nordeste. No primeiro de uma série de pronunciamentos, ele enfatizou que o ex-ministro da saúde “não é e nunca foi um antinordertino”, conforme acusa o PFL.

“Graças a Deus”
A prefeita Rosa Barros (Arcoverde) deu “graças a Deus” ao ser informada de que o deputado José Marcos (PFL), seu candidato à reeleição, está reexaminando a possibilidade de permanecer na vida pública. “Para o nosso grupo foi uma boa notícia porque não havia mais tempo útil para prepararmos outro candidato”, declarou a prefeita.

Autor da frase foi Liberato e não o socialista
“Xiitas” do PSB quase crucificam o vereador Clóvis Corrêa por supostamente ter dito à coluna que o túnel da BR-232, à altura da Serra das Russas, é “extraordinário”. O autor da frase, na verdade, foi Liberato Costa Júnior (PMDB).

Tucanos de olho nos cargos que eram do PFL
Embora não assumam publicamente, os tucanos de Pernambuco estão de olho nos cargos federais que se encontram ocupados por indicação de pefelistas. Sérgio Guerra é quem mobiliza a tropa para tentar ocupar esses espaços.

Reajuste 1
O secretário Maurício Romão (administração) municiou a bancada do governo, com dados numéricos, para responder eventuais críticas dos deputados da oposição de que o funcionalismo público estadual está há sete anos sem reajuste de salário. Uns mais e outros menos, afirma o secretário, todos tiveram reajuste.

Reajuste 2
Pelos dados da Secretaria de Administração, de 1995 para cá as categorias que tiveram maior percentual de reajuste foram: policiais civis (265%), policiais militares (237%), peritos criminais (217%), procuradores (192%), agentes penitenciários (175%) e delegados de polícia (105%). Os professores tiveram apenas 47%.

Romário Dias (PFL) não está sozinho com a sua antipatia declarada à candidatura de Roseana (MA). Os governadores José Richa (PR) e Siqueira Campos (TO), ambos do PFL, não só foram contrários ao rompimento do partido com FHC como já estão pedindo votos para o ex-ministro José Serra (PSDB).

Já está tramitando na Câmara Federal uma emenda à Constituição de autoria de Marcos Cintra (PFL-SP) acabando com a remuneração de vereadores em municípios com população inferior a 20 mil habitantes. Segundo o economista Eduardo Gianetti, as 5.561 Câmaras Municipais custam ao bolso do contribuinte R$ 3,7 bilhões/ano.

Carta enviada à coluna pelo leitor Dagoberto Sobreira comprova que o engenheiro Gonzaga Perazzo, secretário-executivo do Ministério das Minas e Energia, tem sim, filiação partidária. Por indicação de Joaquim Francisco, e não de Roberto Magalhães, ele é o 2º tesoureiro da executiva estadual do PFL.

Inocêncio Oliveira (PFL) considerou “infelizes” as declarações de FHC em Fortaleza de que poderia ter “vencido sozinho” as eleições de 94. Segundo o líder pefelista, ao contrário do que afirma o presidente, não fosse a aliança com o seu partido, que tem uma estrutura forte no Nordeste, ele poderia ter sido derrotado logo no 1º turno.


Editorial

QUEREM TRANSFERIR A CHESF

Uma pergunta que começa a ser feita com insistência pelos nordestinos e, especialmente, os pernambucanos, é se a cisão da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, a cinqüentenária Chesf, em três novas empresas é, mesmo, necessária ao País. Por que mexer numa estatal que deu certo?

A pergunta ganha consistência, quando se observa ser este um tempo em que grandes bancos se aglutinam, fábricas de cerveja se transformam em super-empresas e produtoras de chocolate já muito poderosas se fortalecem mais ainda, pela aquisição de concorrentes. E parece bastante lógica, quando se pensa que estamos numa época em que a redução de custos tornou-se uma espécie de dogma administrativo-financeiro.

Esfacelar em três unidades uma grande e tradicional empresas geradora e distribuidora de energia para toda uma Região, cada uma das estatais recém-criadas com suas enormes diretorias, suas chefias intermediárias, suas equipes de secretárias, seus gabinetes principescos, - seguindo a tradição de suntuosidade das elites brasileiras - não seria onerar o preço básico dos produtos e serviços que a antiga Chesf prestava à comunidade nordestina? Eis a pergunta final, síntese de todas as outras que vêm sendo feitas sobre o assunto, à medida em que se aproxima o prazo da retaliação.
O pretexto anunciado foi o da diversificação das atividades da hidrelétrica, que vai se ocupar também de irrigação e abastecimento d’água. Mas, enquanto alguns técnicos ligados ao setor energético são contra a cisão, por achar que as novas atribuições não precisariam, para efetivar-se, da criação de outras duas empresas, o governador Jarbas Vasconcelos está preocupado com a possibilidade de que a sede da CEDHN (o novo nome da unidade nuclear, depois de dividida) seja deslocado para a Bahia, como desejam algumas lideranças políticas daquele Estado. Nenhuma justificativa geográfica, econômica e tecnológica existe para essa transferência.

Em nota divulgada recentemente, o governador de Pernambuco se mostra indignado com o que considera uma “desfaçatez”. E parece disposto a brigar pela permanência da sede no Recife. É preciso que a ele se unam outras lideranças, independentemente de cor partidária, para evitar que aconteça o transplante indesejável.

Embora já tenha sido aprovada pelo Congresso Nacional, a cisão talvez não se efetive no prazo previsto (31 de maio), em virtude da posterior decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de modificar a proposta feita pelo próprio Governo com referência a uma das três estatais em que a atual Companhia será desmembrada, a Companhia de Energia e Desenvolvimento Hídrico do Nordeste, abreviadamente Chesf-Águas. Esta teria, entre outras atribuições, a de construir barragens e reservatórios. Segundo o novo esquema anunciado, seria dotada de orçamento próprio e autonomia financeira, e isto exige votação e aprovação específicas do Congresso Nacional.

Com a nova estatal funcionando, o faturamento com a geração e revenda de en ergia aos Estados do Nordeste, que foi de aproximadamente R$ 800 milhões no ano passado, seria investido na própria Região, não sendo enviado - como vem acontecendo com a Chesf - para a Eletrobrás, que pode utilizar tais recursos na construção de hidrelétricas no Sudeste, ou outras partes do País.

O assunto dividirá muito os congressistas brasileiros, cada qual querendo beneficiar as áreas em que estão seus eleitores. É de prever, portanto, muita demora na criação da Chesf-Águas. Afinal, quase R$ 1 bilhão por ano não é uma soma desprezível.
A crise política por que está passando o País e, especialmente, o Congresso Nacional, com a decisão do PFL de romper com o governo, em virtude do caso Roseana Sarney, cria expectativas negativas quanto à aprovação da CEDHN.


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03/13/2002


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