NABOR DEFENDE PERMANÊNCIA DO NOTICIÁRIO "VOZ DO BRASIL"



O senador Nabor Júnior (PMDB-AC) defendeu hoje (dia 18) a permanência do noticiário radiofônicoVoz do Brasil , cuja extinção vem sendo pedida por um grupo de emissoras privadas de rádio.O senador disse que é perfeitamente legítimo que empresáriosdefendam seus negócios e interesses, mas que é preciso lembrar que radiodifusão é uma concessão pública gratuita e que o interesse público deve ser preservado.

Nabor Júnior lembrouque o país é uma federação e que a Voz do Brasil, com seus 60 minutos diários, é um elo que une todos os estados brasileiros."Existe apenas uma hora, um espaço de 60 minutos, em que todos os aparelhos de rádio estão sintonizados em uníssono, atingindo igualmente o distante Amapá, o esquecido Acre, o orgulhoso Rio Grande do Sul, o rico São Paulo, o Rio de Janeiro, Pernambuco, Amazonas - todos os estados, enfim", destacou.

O senador acrescentou ao seu discurso um relatório elaborado pela Secretaria de Comunicação Social do Senado, apontando as respostas dos ouvintes da Voz do Brasil, em todo o país e até mesmo no exterior, às consultas sobre o futuro do programa.A pesquisa prova que o programa tem o apoio popular.

Em aparte, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) disse não acreditar que o Congresso Nacional aprove o projeto de lei que pretende extinguir a Voz do Brasil. Alcântara lembrou que nem todos os parlamentares têm acesso à mídia ou têm suas idéias tratadas com a mesma boa vontade que as de outros. O senador afirmou que o programa é um noticiário neutro e valioso e que tem o mérito de levar a todos os rincões e às grandes cidades as informações sobre o que está acontecendo.

O senador Jefferson Peres (PSDB-AM) disse que devem estar confundindo a Voz do Brasil com o horário político gratuito. O senador amazonense esclareceu que aquelenão é propaganda, não distorce fatos e não beneficia ou enaltece político nenhum. Para ele, essa campanha retrata uma posição elitista das classes A e B, que têm acesso à informação, contra as camadas mais populares.

A campanha das emissoras de rádio, para o senador Geraldo Melo (PSDB-RN), "vem de estados que mostram grande capacidade de não entender este país". O senador potiguar disse ter assistido a programa de TV em que se mostrou como argumento favorável à campanha o episódio em que a transmissão de informações sobre um engarrafamento na cidade de São Paulo foi interrompida para a entrada da Voz do Brasil. "É absurdo se pensar que seja mais importante para o Brasil deixar de transmitir a Voz do Brasil para orientar motoristas da cidade de São Paulo", argumentou.

Geraldo Melo disse ainda que o Brasil está passando por uma histeria de mudar tudo, inclusive o que é bom. "Se demorou tem que acabar", reclamou. Também se solidarizaram com Nabor Júnior os senadores Valmir Campelo (PTB-DF) e Flaviano Melo (PMDB-AC), que defenderam a manutenção da Voz do Brasil e destacaram a sua importância para as populações do interior.

- Se olhada apenas com o esnobismo e a fartura sócio-cultural do Centro-Sul e das maiores capitais, poderemos, verdadeiramente, entender a luta contra esse espaço, que vai das 19 às 20 horas. Mas o Brasil não é apenas isso, o Brasil vai muito além da linha do Tratado de Tordesilhas, o Brasil é São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, mas também é Amapá, Sergipe, Mato Grosso -, concluiu Nabor Júnior.



18/08/1995

Agência Senado


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