Novela sem fim: Jader pode voltar



Novela sem fim: Jader pode voltar Após renúncia, os suplentes, seu pai e um ex-secretário, não assumiriam, exigindo uma nova eleição este ano. Anunciada renúncia do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que deve se concretizar até amanhã, não põe fim à novela. Os dois suplentes – seu pai, Laércio Barbalho, de 82 anos, e seu ex-secretário Fernando Ribeiro –, ambos acusados de beneficiários do desvio de recursos do Banpará, já anteciparam que não vão assumir o mandato. Com mais essa manobra, Jader poderá voltar ao Senado ainda este ano, para completar os 15 meses de mandato. Tudo depende da decisão que será tomada pelo Senado e pela Justiça a respeito da cadeira que deve ficar vaga a partir da renúncia. Os suplentes de Jader terão prazo para assumir até o dia 30 de outubro. Mas, como já declararam que não têm interesse, não está definido ainda se haverá nova eleição ou se o Estado do Pará ficará até 2003 com apenas dois representantes. A Constituição determina que os estados tenham três representantes no Senado. Caso haja eleição, Jader poderá se candidatar e voltar ao Senado, pois a renúncia impedirá a cassação dos seus direitos políticos por oito anos e ao mesmo tempo que arquivará o processo de quebra de decoro parlamentar que deve ser aberto pela Mesa Diretora da Casa. Segundo o presidente do Conselho de Ética, senador Juvêncio da Fonseca (PMDB-MT), no caso de uma reeleição do ex-presidente do Senado, o processo de quebra de decoro contra ele não poderia ser desarquivado. "Com a renúncia, esse processo será arquivado. Se houver um novo mandato, será necessária uma nova denúncia", disse Juvêncio. Ontem, o pai e primeiro suplente de Jader, Laércio Barbalho, defendeu a renúncia de seu filho ao mandato e disse que, caso isso aconteça, ele não assumirá o cargo. De acordo com seu pai, Jader deverá renunciar amanhã. "Acho que ele [Jader] deve renunciar, pois já está certo que seu mandato será cassado", afirmou Laércio Barbalho. Ele negou envolvimento no caso Banpará. Jader passou o dia de ontem na sede, em Belém, da Rede Brasil Amazônia de Televisão (RBA), de propriedade de sua família, reunido com assessores e advogados. Na segunda-feira, em entrevista à RBA, ele afirmou pela primeira vez a possibilidade de renunciar. Ao contrário de seu principal inimigo político, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Jader não deve optar por um discurso de renúncia. Ele deverá enviar uma carta ao Senado anunciando sua decisão. Relatório fica pronto amanhã O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), indicado para ser o relator do processo contra Jader Barbalho, recebeu ontem de manhã da Secretaria-Geral da Mesa da Casa os 16 volumes do processo no qual a comissão de investigação criada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar pede a abertura de processo contra o ex-presidente do Senado por quebra de decoro parlamentar. Valadares, que é relator do processo, disse que, embora tenha prazo de sete dias para elaborar seu parecer, pretende encerrar seu trabalho até amanhã à tarde ou, no máximo, até as 10h de sexta-feira. Na segunda-feira à noite, o senador paraense teve negado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), um novo pedido de liminar em que ele tentava impedir a abertura de processo de cassação contra ele pela Mesa do Senado. Anteriormente, Barbalho tentara no STF, também em vão, impedir a votação do relatório da comissão de investigação pelo Conselho de Ética, antes que apresentasse nova defesa perante aquele órgão. Após a decisão do STF, Jader, em entrevista à emissora paraense RBA, pediu a compreensão do povo do Pará. "A renúncia é apenas um recuo para prosseguir na luta. Me afasto do Senado, mas não da vida pública", disse. O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), afirmou que a renúncia seria a melhor solução para processo que provavelmente será aberto contra ele,o que seria desgastante para a Casa. Caso Sudam terá indiciamento Assim que renunciar, o senador Jader Barbalho será indiciado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento nas fraudes da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Além disso, depois da renúncia, o Ministério Público Federal centralizará em Jader as apurações relacionadas ao caso Sudam. TRF garante sigilo de carta a Nicolau O Tribunal Regional Federal de São Paulo (TRF) negou ontem a quebra de sigilo de uma carta enviada pelo banco Santander de Nassau, nas Bahamas, ao juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, envolvido no desvio de R$ 169 milhões das obras superfaturadas do TRT-SP. A correspondência foi interceptada pela Polícia Federal, em novembro do ano passado. Sepultada a aliança entre Ciro e Brizola Uma dura troca de cartas entre o pré-candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, e o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, virtualmente sepultou as negociações para a formação de uma "terceira via" de centro-esquerda nas eleições presidenciais de 2002. O rompimento foi causado pela filiação ao PPS do ex-governador do Rio Grande do Sul Antonio Britto. Sem-terra vão para a fazenda de FHC Os integrantes do MST que estão em Buritis (MG) começaram ontem a marchar em direção à Fazenda Córrego da Ponte, da família do presidente Fernando Henrique Cardoso. Os 150 manifestantes esperam chegar lá dentro de dois dias. Os trabalhadores vão encontrar centenas de militares guardando a propriedade. Trezentos homens do Exército já estão no local. Artigos A volta dos vira-latas Cláudio Lysias O presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma profissão de fé na seleção brasileira de futebol em visita a Quito, no Equador, mas lembrou que uma eventual desclassificação para a próxima Copa do Mundo seria mais grave, para a população, do que qualquer crise econômica. Creio que o presidente está equivocado. Em primeiro lugar, a população não parece mais disposta a ir chorar num canto ou na sarjeta caso alguém quebre seu brinquedinho, no caso, o futebol. Há coisas mais graves e a inocência foi perdida. Em segundo, essa população, e especialmente quem acompanha futebol, não ficaria surpresa se a seleção não fosse à Copa. Alguns, mais pessimistas, torcem até para que ela não vá mesmo, com medo de algum vexame maior logo na primeira fase. No domingo, por algum tempo, me vi convertido a essa tribo pessimista ao assistir, pela TV, ao jogo Fluminense e Bahia. As duas equipes erraram mais de 110 passes ao longo dos 90 minutos. Antes que tricolores cariocas e baianos me acusem de má vontade, devo esclarecer que os demais jogos, pelo que li nos jornais, também foram um exemplo de mau futebol e desperdício de jogadas, com a exceção de Guarani e Corinthians, por parte do Guarani. No mesmo domingo, assisti à final do Mundial sub-17, disputada pelas equipes da França e da Nigéria, com vitória da França. Um jogo bom, alegre, cheio de boas jogadas, mostras explícitas de talento e dedicação dentro de campo. Poucos passes errados, laterais que sabiam cruzar bolas sobre a área, esquemas táticos criativos. E eram garotos franceses e nigerianos com menos de 17 anos! Está certo. O futebol brasileiro está uma bagunça. Os dirigentes fazem de tudo para afastar torcedores dos estádios, com tabelas tão estapafúrdias que parecem feitas por algum mestre da arte da provocação, e "jogadas" de bastidores capazes de fazer qualquer CPI corar de vergonha. Está certo. Temos o Eurico, o Edmundo do Flamengo, os donos do Corinthians, e outras sumidades. Mas o buraco é mais embaixo, se isso for possível. Os jogadores brasileiros não conhecem mais os fundamentos do futebol. Erram passes, não sabem cruzar bolas, não se deslocam para receber lançamento dos companheiros, reclamam a todo o instante. Para não falar em atletas que não se dão com colegas de trabalho. Brilham mais fora dos campos, nas boates e bares da moda, do que propriamente dentro de campo. Os técnicos (?), que poderiam corrigir alguma coisa, por sua vez, assistem a tudo isso com passividade e só pensam em armar times que não lhes tirem o emprego, com cabeças-de-área demais e talento de menos. A população brasileira não soltaria lágrimas de esguicho, para usar a imagem de Nélson Rodrigues, caso não fôssemos à Copa. Gostaria, isso sim, voltando ao Nélson, que praticássemos um futebol menos vira-lata e com mais imaginação por aqui mesmo, nos campeonatos regionais e nacionais. Aliás, ficaria ainda mais satisfeita se tudo fosse menos vira-lata, não só o futebol. Falta alegria, falta talento, falta determinação. E sem isso ninguém ganha Copa alguma. Ou vai até ela Colunistas Claudio Humberto Jader renuncia hoje Jader Barbalho vai entregar hoje, por meio de portador, uma carta quase protocolar, em que renuncia ao mandato de senador pelo PMDB do Pará. Ele tomou a decisão ontem e, como esta coluna antecipou no dia 20, não fará qualquer pronunciamento de despedida, porque considera que o seu discurso para a História foi o que fez no dia 18 de setembro, ao renunciar à presidência do Senado. Idade de Cristo O sobrenome Maluf é um dos recordistas de processos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça. Pesquisa na Internet (www.stj.gov.br) revela que 135 pessoas com o sobrenome do ex-governador enfrentam ações nos órgãos julgadores do STJ. Paulo Maluf, que não é Cristo, responde, sozinho, a 33 processos. É o campeão da família. Pensando bem... ...os EUA procuram um rato, mas vão parir uma montanha. A última do português O mercado aguarda o forte ajuste contábil que a Telemar vai anunciar nos próximos dias. Os números são do tamanho da incompetência que afastou da empresa o executivo português Manoel Horácio. Ele é suspeito de maquiar a situação da Telemar, fazendo parecer aos sócios que o seu desempenho era melhor do que a vida real, enfim, revelou. Apertem os cintos A crise no ar está tão braba, que nem de costas urubu está voando mais. Impasse no TRF Impasse na nomeação do novo juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Brasília): o favorito, José Cláudio Pavão Santana, indicado pelo senador José Sarney, responde a processo, no próprio TRF, por desídia na defesa da Universidade do Maranhão. O constrangimento é evidente: ele corre o risco de ser nomeado e, depois, condenado por seus pares. A vida é bela Essa turma não tem medo de ser feliz: Júlio César Carmo Bueno foi mesmo nomeado presidente da BR Distribuidora, como esta coluna antecipou. Após presidir o Inmetro, ele foi alvo de seis processos no Tribunal de Contas da União, tendo sido condenado a pagar multas e a ressarcir os cofres públicos, por várias irregularidades. Numa "nice" No Equador, o presidente Naboa recebeu o presidente Numaboa. De canela Depois que FhC afirmou que não ir à Copa é o nosso maior problema, Felipão já pode alegar que a desvalorização cambial, o desemprego, a criminalidade etc são os responsáveis pelo fiasco do nosso futebol. Só um milagre Nos anos Roseana Sarney, o Maranhão piorou todos os indicadores. Aumentaram a pobreza, o analfabetismo e a criminalidade, por exemplo. Pelo visto, a musa do PFL não precisa apenas de marqueteiro, mas também de um milagreiro, na sua campanha presidencial. Samba do alemão doido O canal GNT, da Globosat, subverteu a História na série alemã Os generais de Hitler. No episódio sobre o marechal-de-campo Friedrich Paulus, traduziu o título em alemão "prisioneiro" para "desertor", quando se sabe que Paulus foi preso pelos russos em Stalingrado, e morreu na extinta Alemanha Oriental, sem jamais ter desertado de coisa alguma. Lance final Acusado de não cumprir metas orçamentárias e de não reagir à revitalização do Jornal dos Sports, que se modernizou e cresce a cada dia, o presidente do Lance, Walter de Mattos Jr., deve receber cartão vermelho. Ou as Organizações Globo deixarão a sociedade onde têm participação que é minoritária, mas foi decisiva para atrair investidores. O inimigo oculto Fotos do satélite Ikonos mostram com incrível nitidez os bunkers, túneis, campos de pouso, saídas de emergência e até recrutas marchando no campo de treinamento Abu Jhabab, perto de Jalalabad, Afeganistão. O complexo militar de Darunta envolve outras bases e podem ser vistas no site globalsecurity.org/military/world/afghanistan/darunta.htm. Tente outra O leitor Vinícius C. Monteiro lembra que o namorado argentino da prefeita de São Paulo não pode virar "empresário de comunicação", como afirmou à revista "Gente": isso é privativo de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, segundo o artigo 222 da Constituição. É melhor Luis Favre continuar no seu trabalho atual. Qual é mesmo? Em nome do filho Além de perderem os filhos e a esperança, as Mães da Cinelândia enfrentam também o desemprego, na busca dos desaparecidos. Estão em campanha por um milhão de assinaturas de apoio à nova lei proposta pela advogada Cristina Leonardo ao senador Renan Calheiros, prevendo licença no emprego até 30 dias (site www.kids-denuncia.org.br). Poder sem pudor Um autor difícil Fernando Henrique Cardoso não perde a chance de fazer piadas, inclusive sobre ele mesmo. Certa vez, nos anos 60, ele devorava uma pizza de sexta-feira no restaurante "Zi Tereza", no Bairro da Consolação, em São Paulo, enquanto conversava com dois colegas professores da USP, Marialice Mencharini Sorachi e Victor Knoll, quando reclamou que ninguém estava entendendo o livro que acabara de lançar, Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional (Paz e Terra, 304 p). Depois, às gargalhadas, FhC confessou, para a perplexidade dos presentes: – Querem saber de uma coisa? Nem eu mesmo entendi... Editorial Metrô sem integração O governo decidiu baixar o preço da tarifa do metrô para que o usuário não seja prejudicado enquanto não estiver pronta a integração com os ônibus. Os empresários do transporte urbano tiveram 10 meses para organizar o sistema de integração do metrô. Não conseguiram. Um segundo decreto foi assinado estendendo o prazo até 10 de janeiro de 2002 para que o problema seja resolvido. Se os empresários não conseguirem fazer a integração, que em outros estados foi feita com rapidez e eficiência, o próprio governo vai fazê-la. E, certamente, vai receber críticas desses mesmos empresários. O metrô é uma conquista da cidade que não pode ser desprezada. Desde que começou a funcionar, atende a mais de 40 mil pessoas por dia, passageiros que estão muito satisfeitos com a rapidez, conforto e limpeza do novo transporte. Com a integração, mais brasilienses poderão usar o metrô e mais gente chegará ao trabalho menos estressada, por não enfrentar os inevitáveis engarrafamentos das horas de rush. É uma reivindicação de toda a cidade. Topo da página

10/03/2001


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