Oposição a militares não chegou ainda ao poder
Oposição a militares não chegou ainda ao poder
Livro sobre o governo Sarney mostra que faltou alternativa para política econômica do antigo regime.
O jornalista Oliveira Bastos está antecipando a História. Ele lança hoje, às 19 horas, no Salão Negro do Congresso Nacional, o livro Sarney – O outro lado da História, procurando analisar o primeiro governo civil brasileiro depois do golpe de 1964.
O livro reúne l2 capítulos escritos por ex-ministros e estudiosos do período de abertura política, além de um longo depoimento do ex-presidente José Sarney e de uma introdução, analítica, de Oliveira Bastos.
Segundo Oliveira Bastos, "a verdade, no depoimento deles, mostra, l) que as oposições ao regime militar não estavam preparadas para chegar ao poder, tanto assim que não tinham alternativas para a política econômica, dita monetarista, que combateram durante 21 anos, e não souberam pilotar o Plano Cruzado e, 2) por causa desse despreparo, as oposições ao regime militar nunca chegaram ao poder, de fato: Fernando Henrique se elegeu duas vezes mostrando que esqueceu tudo o que pregou durante a ditadura e, no governo, concentrou-se na defesa da moeda (reeditando, com inovações, o Plano Cruzado) e na transferência do patrimônio do Estado para a iniciativa privada, como estabelecia o plano de reforma patrimonial do Estado, de Fernando Collor.
Pelo raciocínio de Oliveira Bastos, como as oposições não haviam derrubado a ditadura – "esta é que estabeleceu um calendário de descompressão" –, dá para pensar que essas mesmas oposições, embora nominalmente no governo, "não assumiram o poder porque não receberam da ditadura um roteiro de iniciativas. Optaram, como fez Fernando Henrique, pelo que havia de inovador em Sarney e em Collor".
E o jornalista arremete suas reflexões para o atual momento político. "Agora, e contemplando a chegada das eleições presidenciais , todos os setores da antiga oposição ao regime militar se voltam contra Fernando Henrique, esquecidos de que nunca ofereceram contribuição teórica ou sugestões práticas para superar nossos problemas. Com este governo, o Brasil pode estar muito mal; mas com esta oposição, nunca terá salvação", diz Oliveira Bastos.
Tema causa polêmica
O livro do jornalista Oliveira Bastos causa polêmica entre os políticos, antes mesmo do seu lançamento, ontem. Direita e esquerda se posicionam sobre a afirmação de que "a oposição nunca esteve preparada para assumir o poder no Brasil".
O deputado federal Osório Adriano (PFL), acha que o PT tem condições de aspirar a presidência da República, menos com Lula. "Ele está defasado, precisa se atualizar, pois ainda prega o calote da dívida brasileira", afirma.
O deputado distrital Rodrigo Rollemberg (PSB) discorda da afirmação, mas garante que vai ao lançamento e vai lê-lo com carinho, pois tem muito respeito pelo autor.
Para o líder do bloco governista na Câmara Legislativa, deputado Silvio Linhares (PMDB), o PT é o partido do radicalismo, da divisão interna, sem condições de assumir o governo.
"Tudo que eles condenam quando estão na oposição, depois praticam ao chegar ao governo", observa. Para o parlamentar, a incompetência dos governos petistas pode ser verificada com as administrações da prefeitura de São Paulo, dos governos do Rio Grande do Sul e do DF, quando Cristovam era governador.
O distrital Alírio Neto (PPS) cita seu próprio exemplo para demonstrar que a oposição governa bem. "Recebi aprovação popular de 82% dos moradores do Guará quando era administrador. Em seguida fui eleito deputado". Para ele, no entanto, algumas correntes da esquerda são utópicas, vivem de sonho.
UnB decide manter e ampliar sua greve
Mais de 90% dos professores e funcionários administrativos da Universidade de Brasília aderiram até agora à greve, que já dura oito dias. Segundo o presidente da AdUnB, Antônio Sebben, até o final da semana a universidade terá 100% de adesão à greve, que continua por tempo indeterminado. Assembléias em várias faculdades decidiram ontem manter a paralisação.
Estão funcionando, alguns parcialmente, os cursos de Relações Internacionais, Economia, História e Química. Mesmo nesses cursos, a maioria dos alunos, em greve, não vem comparecendo às aulas.
Durante a tarde de ontem, professores e funcionários da UnB fizeram uma pequena manifestação em frente ao prédio do Ministério da Educação, enquanto suas reivindiações eram apresentadas por sindicalistas. Quarenta universidades federais em todo o País já aderiram à greve. Segundo a diretora da Andes Celi Taffarel, o MEC não apresentou nenhuma proposta.
Embora haja uma greve geral de servidores federais declarada pelos sindicatos, em Brasília foram paralisados apenas os serviços da UnB e da Previdência, esta com 100% de adesão.
Há 21 dias, todos os onze postos de atendimento da previdência no Distrito Federal estão com os serviços de atendimento ao público parados. Cerca de 4 mil pedidos de benefícios deixam de ser atendidas por dia.
MEC abre inscrições para financiar bolsa
O Ministério da Educação abre hoje, em todo o País, as inscrições para o programa de financiamento estudantil conhecido como Fies/MEC. O prazo vai até 30 de setembro e as inscrições só podem ser feitas via Internet (veja abaixo os endereços).
O MEC oferece 30 mil novas vagas para alunos de 1.097 instituições de ensino superior que aderiram ao programa neste semestre. Na seleção têm prioridade os alunos mais carentes, sendo consideradas questões como a renda e o número de membros da família, casa própria, doença crônica na família, e outro curso universitário.
Lançado no segundo semestre de 1999, o Programa financia hoje o estudo de 160 mil alunos de graduação.
Congresso definirá planos de saúde
Começa debate sobre normas que substituirão a medida provisória sobre cobrança e atendimento.
Se você é usuário de planos de saúde, não pense que se livrou de mudanças de regras que podem piorar o atendimento e pesar em seu bolso. O governo insiste nas alterações estabelecidas na Medida Provisória 2.177-43 – aquela que regionalizava o atendimento, criava a figura de um exame prévio e aumentava preços – mas, depois de muita pressão, retirou seus pontos polêmicos para serem discutidos pelo Congresso Nacional.
Entre os pontos de maior crítica da MP, reeditada anteontem, está o que cria planos regionais, pelos quais o atendimento fica com barreira geográfica. Outra alteração prevista na MP é a criação de um plano especial, pelo qual o consumidor teria a chance de se adequar à legislação. Cálculos das próprias operadoras mostram que a adequação dos planos antigos (anteriores a 1998, quando saiu a regulamentação dos planos) à lei, como previa a MP, encareceriam em até 60% os valores das mensalidades.
Ao todo, 21 milhões de consumidores teriam de se adequar. Pelos cálculos de Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abrange), a correção poderia ficar entre 30% e 60%, dependendo do contrato.
No Congresso Nacional, a discussão sobre as mudanças dos planos de saúde começou ontem, com o Simpósio Regulamentação dos Planos de Saúde, que termina hoje. "O debate está aberto e o projeto de lei (com as alterações nas regras dos planos) poderá sair daqui", diz Januário Montone, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Ainda não há prazo para proposta chegar ao Congresso.
O ministro José Serra, da Saúde, esteve ontem na abertura do simpósio e disse que está em estudo uma linha de financiamento do BNDES para as operadoras de planos. A notícia, claro, agradou aos representantes dos planos de saúde.
DF terá pregão do apagão
Empresas que conseguiram economizar mais energia elétrica do que precisavam para atingir a meta de consumo poderão vender as sobras. É isto que a criação da bolsa local de energia, proposta pela Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), vai proporcionar.
Os usuários comerciais e industriais com consumo acima de dois mil kWh/mês terão a oportunidade de abrir mão do bônus pago pela distribuidora para vender o excedente de economia no pregão do apagão. No mês passado, o bônus ficou em cerca de R$ 0,15 por quillowat economizado.
A proposta da bolsa de energia ajudará os empresários brasilienses a pagar menos pela energia do que o preço praticado no Mercado Atacadista de Energia (MAE), hoje em R$ 0,97 por kWh/mês. "Acreditamos que os valores serão mais baixos que no mercado spot e mais altos que o bônus pago pelas distribuidoras, o que seria bom para todo mundo. O preço ficará, provavelmente, em R$ 0,30 por kWh/mês, como tem acontecido em outros estados", afirma o presidente da Comissão de Energia da Fibra, Luiz Carlos Botelho.
A bolsa deve começar a funcionar até o fim de setembro. Segundo Botelho, o pregão seria um incentivo para a manutenção do nível de empregos no DF e uma barreira defensiva contra a crise energética. "A bolsa vai auxiliar na proteção dos empresários contra esta avalanche recessiva", diz.
Para alguns, a novidade será um alívio nas contas da empresa. É o caso de Durang Kidz Alencar Silva, 42 anos, dono de padaria, que este mês excedeu a meta em 700 kWh/mês e teve de pagar o preço praticado no MAE por kWh excedido. "A bolsa seria um bom negócio no meu caso. Eu deixaria de perder tanto dinheiro com a sobretaxa", afirma Silva.
Artigos
Horror em Fortaleza
Cláudio Lysias
Há crimes que são cometidos para que o horror seja revelado. A observação não é minha, mas do escritor norte-americano Dashiell Hammett (1894-1961), mestre do romance policial, criador do detetive Sam Spade, ele mesmo ex-detetive da lendária Agência Pinkerton. Os assassinatos dos seis turistas e empresários portugueses em Fortaleza, no Ceará, são um exemplo da observação de Hammett. Aqueles crimes foram cometidos para que o horror fosse revelado em toda a sua plenitude, para que a banalização da violência fosse mais uma vez esfregada na nossa cara.
Sam Spade não se interessaria pela chacina de Fortaleza, sequer pelo fato de as vítimas terem sido enterradas vivas. Nem precisava. Amoral e durão, a praia de Spade eram os crimes nas ruas, com motivo, lógica e explicação. Os de Fortaleza foram cometidos para serem desvendados, não precisariam de um detetive, mas de um psiquiatra.
A quantidade de pistas deixadas pelos assassinos e a gratuidade das ações levam a crer que, de alguma forma, inconscientemente, o português Luiz Miguel Militão e seus cúmplices tornaram-se agentes de uma revelação: a desumanidade está entre nós. O crime não faz mais parte do universo policial, romanesco, mas de uma região desconhecida e assustadora do ser humano. Foi gratuito, espantosamente frio e bárbaro.
A violência já é vista por nós como algo banal. Na semana passada, no Rio de Janeiro, 13 corpos foram encontrados por moradores da Vila da Penha dentro de uma Kombi, no meio da rua. Eram vítimas indefesas da guerra entre traficantes de uma favela, que as escolheram para “servir de exemplo”. Eram homens, mulheres, algumas grávidas, e crianças. Antes de morrer, sofreram tortura. A imprensa brasileira tratou a chacina burocraticamente, mas o New York Times viu ali algo mais do que banalidade e dedicou quase uma página ao assunto. Foi a única atenção dedicada às vítimas. O repórter norte-americano foi até lá para saber como uma coisa dessas pode acontecer. Não conseguiu grandes respostas, além das que conhecemos, mas pelo menos exibiu sua perplexidade para o resto do mundo.
No caso de Fortaleza, o horror foi revelado. No Rio, a indiferença e a desconsideração com moradores humildes de uma comunidade pobre foram ainda mais gritantes do que o horror. No início do Terceiro Milênio, ainda teremos saudade do universo violento e cru, porém humano, das narrativas de Dashiell Hammett.
O cerco da guerrilha
Vitor Gomes Pinto
A Colômbia volta a arder sob o fogo da metralha e de intermináveis ataques terroristas. As Forças Armadas orgulham-se daquela que consideram sua mais exitosa iniciativa desde o início do diálogo de paz com a guerrilha: a Operação 7 de Agosto na qual uns 6 mil soldados acossam a Coluna Móvel Juan José Rondon das Farc - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - composta no mínimo por 1.300 homens armados (o governo fala em 2 mil).
O cenário é a densa selva que começa no estado de Guaviare e daí se estende rumo às fronteiras com o Brasil e Venezuela. Os guerrilheiros vieram da zona de distensão de San Vicente del Caguán, cruzando a serra de Macarena para seguir pelos grandes rios amazônicos da região a fim de atacar posições inimigas e recuperar Barrancominas, localidade conhecida dos brasileiros porque aí foi preso, em abril deste ano, Fernandinho Beira-Mar.
A caça aos guerrilheiros, responsável segundo o governo, por mais de cem mortes, incluindo o famoso comandante Urias Cuéllar, é feita pelo exército com apoio de helicópteros Black Hawk e dos aviões-fantasma que permitem enxergar na selva inclusive à noite. Com a volta a Caguán bloqueada, os combatentes afundam na selva virgem onde são especialistas em sobrevivência. Não parece possível confirmar-se a previsão do chefe da Operação, coronel Peña, de que “ou desertam e se entregam ou morrem”, pois não haveriam celas seguras para tanta gente e um massacre dessas proporções causaria irremediável dano para o processo de paz, além de que, certamente, não é isto que o povo colombiano espera. Já os mercenários de direita das Autodefesas Unidas da Colômbia, que liquidaram nove camponeses num povoado próximo a Cáli na ultima semana, comentaram satisfeitos que “com um exército tão eficiente assim logo não precisarão mais de nós”.
As Farc e o Exército de Libertação Nacional contra-atacam provocando uma onda de atentados e seqüestros que aterroriza a população e desestabiliza ainda mais o país. Em Medellín, sítio preferido pela guerrilha para os ataques urbanos (num dos últimos atentados, 40 quilos de dinamite destruíram a Rádio Caracol situada no movimentado bairro Laureles e danificaram 140 casas em torno), o prefeito não acha justo que a sociedade pague pela quebra do diálogo e se propõe a conversar com os guerrilheiros em busca de uma trégua. O seqüestro de três alemães e a descoberta de militantes do IRA irlandês na Colômbia paralisaram as negociações de paz. Em Cáli a própria Miss, Carolina Castaño e seu noivo, foram raptados na porta de um restaurante. No primeiro semestre aconteceram três homicídios por hora na Colômbia.
É nesse clima que acontece a visita de missão norte-americana de alto nível, chefiada pelo subsecretário para Assuntos Políticos Marc Grossman, a fim de revisar a cooperação entre os dois países. O governo Bush está aumentando a pressão sobre o governo Pastrana embora continue financiando as ações de combate ao tráfico de drogas agora com a “Iniciativa Andina” que substitui o Plano Colômbia e procura envolver os países vizinhos na luta. A recente indicação para subsecretário para a América Latina de Otto Reich, um cubano de nascimento que deixou seu país aos 14 anos, em 1960, para naturalizar-se americano, foi interpretada como uma guinada à direita do governo Bush. Reich quando era embaixador na Venezuela na administração Reagan foi um ativo militante anticomunista nos enfrentamentos da América Central, particularmente contra os sandinistas na Nicarágua. Sua escolha precisa ser confirmada pelo Senado onde os democratas têm maioria e devem criar-lhe obstáculos. Enquanto isto, no sábado, ao hastear a bandeira tricolor colombiana numa festa cívica no pátio da escola de San José, a capital do estado, os alunos entoavam descrentes o hino local: “Oh, Guaviare, em teu seio nasci e hoje busco liberdade para ti”.
Colunistas
Claudio Humberto
Ninguém na cadeia
O governo está maquiando a punição para os grandes empresários. A MP nº 2.172-30, de 28/jun/2001, as leis n.º 1.521/51 e n.º 8.078/90, além dos Códigos Penal e de Defesa do Consumidor são claros: é crime fraudar pesos ou medidas e comercializá-los sabendo serem fraudados.
Mas ninguém foi preso, nem está sendo processado com esse objetivo.
Pesos e medidas
Sabe a que o seu Manoel da padaria está sujeito, caso resolva fraudar pesos ou medidas? À pena de prisão de até dois anos, além de multa. Coitado do seu Manoel. E do consumidor.
Ele é mais igual
Todos são iguais perante a lei, mas o presidente do Banco do Brasil, Eduardo Guimarães, é mais igual do que os outros: ele mais que dobrou o próprio salário, reajustando-o em 122%, ou R$ 20 mil por mês, limpos, sem contar as vantagens próprias de representação. Tudo autorizado por FhC, que propôs 3,5% aos demais funcionários do governo.
Erro estratégico
O Itamaraty está para lá de Marrakesh: anunciou sua opção pela "nova rota" do comércio internacional, que passa pelos longínquos Azerbaijão, Uzbequistão etc. O México acha que a rota passa pela Polônia, Hungria e República Tcheca, que logo serão membros plenos da União Européia. Não por acaso o governo mexicano confirmou, através de sua embaixada, a visita do presidente Vicente Fox a Praga, em outubro.
Pesada irritação
Enquanto gritava insultos contra FhC à janela, domingo, o vizinho do banqueiro Pedro Moreira Salles falava com um amigo ao telefone, testemunha involuntária das imprecações ("pega ladrão! Pega ladrão!").
Se um ilustre representante da indústria pesada tem tantos motivos para irritação, nem é bom imaginar como os seus operários reagiriam a FhC.
Sem convite
Não foi por esperteza que o ministro José Serra deixou de comparecer ao aniversário de Catarina, esposa de Pedro Malan (Fazenda), domingo passado. "Ele não foi convidado", esclarece a homenageada.
No jantar só havia lugar para amigos de sua intimidade.
Coisa de amiga
A homenagem a Catarina Malan foi organizada por Marisa, esposa do banqueiro Pedro Moreira Salles e colega de trabalho da aniversariante no site beiweb.com.br, a "Fábrica de Conteúdos".
Terça legal
Depois do show de Patrícia Abravanel na TV, te cuida, Gugu Liberato!
Reincidência
O ministro Andrea Matarazzo (Comunicação) decidiu afastar o auxiliar João Teixeira de qualquer nova comissão de licitação para a escolha de agências de publicidade no governo. Ele só não o fez nesta terça para não atrapalhar a concorrência no Ministério do Trabalho, suspeita de cartas marcadas. "Usaram meu nome outra vez", lamentou Matarazzo.
Locadoras pagam
O Superior Tribunal de Justiça decidiu que as locadoras de veículos devem responder civilmente e de forma solidária por danos causados pelo locatário a terceiros. O STJ deu provimento a recurso da Uap Seguros do Brasil S/A contra a Localiza Rent a Car, do Paraná, para ser ressarcida pelos danos causados no veículo de um cliente.
Dissensão carlista
O serpentário do Itamaraty se agita, acusando a embaixatriz Lúcia Flecha de Lima de cuspir no acarajé que comeu. Em entrevista a Lu Lacerda, de "O Dia", ao ser indagada a quem faria uma pergunta indiscreta, e o que perguntaria, ela ironizou: "não quero dizem nem qual é, mas seria pro ACM". Logo ele, velho amigo do maridão, Paulo Tarso.
Nada a temer
O governador Albano Franco (SE) tranqüiliza o patrulheiro rodoviário que pegou seu filho, Ricardo, dirigindo um automóvel suspeito de usar placa fria. "Eu jamais perseguiria alguém, muito menos quem cumpre o dever", garante. O flagrante foi na BR-101, rodovia que liga Sergipe a Bahia.
Justiça é federal
Será julgado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, o processo movido contra o Sebrae de Santa Catarina, que deu à indefectível agência Prime, da família do senador Jorge Bornhausen (PFL), contrato de R$ 1,8 milhão para serviços de publicidade. A defesa queria que a ação tramitasse na justiça estadual catarinense. Magina.
No osso
Donos de cães abandonam em massa o melhor amigo do homem no canil da Suipa, no Rio. É que a situação está ruim pra cachorro.
Dia de cão
Duas brasileiras, imigrantes ilegais nos EUA, aterrorizaram a ex-patroa, em Boston. Mariza Maria de Lacerda, 48 anos, e a irmã, Graziela, de 18, invadiram a casa, amarraram e torturaram a mulher com uma faca, após serem expulsas. Queriam morar na casa, onde Mariza fora baby-sitter de trigêmeos. Estão presas, sem direito à fiança. A polícia caça o cúmplice.
PODER SEM PUDOR
A UDN e o PSD
Tancredo Neves era primeiro-ministro e, na companhia de D. Risoleta e do casal Drault Ernanny, jantava em Brasília no apartamento do jornalista Murilo Melo Filho. O fotógrafo Jáder Neves pediu-lhe para fazer uma foto. Tancredo concordou, mas escondeu o copo de uísque. Perguntando o porquê da precaução, o "premier", com o pensamento voltado para Pedro Aleixo, Milton Campos e Benedicto Valladares, respondeu:
– Pelo seguinte, Murilo. Porque, lá em Minas, a UDN bebe e o PSD leva a fama.
Editorial
Trabalho social
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta, em estudo, que 47% das empresas privadas do Distrito Federal declaram realizar algum tipo de trabalho social para a comunidade. Deixando de lado algum exagero, é bom verificar que a necessidade de a sociedade trabalhar em conjunto com o governo na solução dos graves problemas sociais no Brasil, começa a ser finalmente compreendida.
O governo, sozinho, por melhor que seja, jamais vai acabar com as desigualdades sociais do Brasil e eliminar a fome, só para dar dois exemplos, se esta não for a vontade expressa da sociedade. Uma vontade que precisa ser traduzida em ações, e não ficar apenas nas boas intenções de cada um.
Entre os jovens de todo o País, é cada vez maior o número de voluntários em trabalhos sociais. No Rio de Janeiro, pesquisa semelhante demonstrou que chega a haver filas de jovens universitários interessados em participar de alguma ação que notam ser importante para toda a sociedade.
Se os números do Ipea refletirem a realidade, as empresas de Brasília demonstram estar no caminho certo. Se não, que sirvam como incentivo. Para os empresários, ações desse tipo só podem trazer benefícios. A formação de trabalhadores melhor qualificados é apenas uma delas.
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08/29/2001
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