Para analista política, Lula nunca esteve tão perto do poder









Para analista política, Lula nunca esteve tão perto do poder
A ampliação do espectro de alianças de Luiz Inácio Lula da Silva, o discurso adotado por ele e a solidez de seu percentual de intenção de votos fazem com que a cientista política Celi Pinto acredite na possibilidade de vitória do candidato do PT à presidência da República. Numa análise detalhada, Celi comenta também a queda de Ciro Gomes (PPS) e a ascensão de José Serra (PPS).

No Rio Grande do Sul, ela garante que o futuro governador será definido entre Antônio Britto (PPS) e Tarso Genro (PT). Avalia que Germano Rigotto (PMDB) e Celso Bernardi (PPB) travam uma luta inglória contra a polarização das eleições no Estado. Considera, ainda, que as agressões mútuas no horário eleitoral gratuito são normais em um pleito polarizado.

Jornal do Comércio - O quadro sucessório está definido ou pode haver alterações para presidente e governador?

Celi
- O quadro não está definido. Nenhuma eleição no mundo, em nenhuma circunstância, está definida mais de um mês antes. Há muita coisa que pode acontecer no País. Além disso, temos uma campanha política que, só agora, começa realmente a se tornar forte, pesada e articulada. Podem haver muitas mudanças nesta eleição.

JC - Por que diz que só agora a campanha se torna mais pesada?

Celi
- Porque, no Brasil, há uma tradição muito forte em relação ao horário eleitoral gratuito. Ao contrário do que pensam os críticos - que, em sua maioria, têm interesses comerciais muito mesquinhos e, por isso, são pouco confiáveis - o horário eleitoral é muito importante no País. Não pode definir o pleito, mas é extremamente importante porque inaugura o tempo da política. É muito popular. Todas as pessoas falam do horário gratuito. As pesquisas estão dizendo que 51% dos eleitores viram, pelo menos uma vez, o programa esta semana. Ou seja, as pessoas vêem a propaganda eleitoral, passam pela televisão, que deixam ligada, e a política passa a fazer parte das suas vidas. É muito difícil saber se realmente as pessoas decidem seu voto com o horário gratuito, mas este é um momento de definição. Isso porque as opiniões dos candidatos, suas vidas e seus comportamentos começam a ser discutidos publicamente. A discussão política define a eleição. O horário eleitoral é um mote ao debate.

JC - O crescimento dos índices de José Serra (PSDB) apontam para uma disputa acirrada pela segunda vaga para o segundo turno?

Celi
- Acredito que sim. Mas a pesquisa da Census apontou que a queda de Ciro não é tão grande nem a subida do Serra é tão considerável. Há uma descida do Ciro e um crescimento da intenção de voto no Serra, mas não me parece que seja algo tão pesado como apareceu nas pesquisas do Vox Populi e do Ibope. Evidente que toda a campanha política, a partir de agora, vai se centralizar nessa briga, que será muito feia entre ambos. Na verdade, o Serra renasceu das cinzas, porque estava morto. E o Ciro, que se achava tranqüilo no segundo turno, se vê ameaçado. O nível da campanha desses dois candidatos deve baixar e se inaugura a época da pancadaria! O Serra já atacou o Ciro, e a leitura que se pode fazer é que esse ataque contribuiu para o crescimento do tucano e a queda do candidato do PPS. Obviamente que o Ciro vai colocar a Patrícia Pillar na linha de frente, além de fazer outras mudanças de rumo.

JC - Além do ataque de Serra a Ciro, a que mais atribui o crescimento de Serra nas pesquisas?

Celi
- O programa político do Serra é muito bom. Está muito profissional. O Serra tem muito tempo e conseguiu fazer um programa que atinge diferentes áreas. Fez um programa muito popular, com artistas populares, com música. Ele também, em que ele fala, apresenta dados e projetos. O programa do Serra é muito bem feito, assim como o do Lula, que é de altíssima qualidade. Já o programa do Ciro é muito amador. Ele joga muito nesse estilo Collor: "eu sou a figura; eu me basto; sou carismático; falo bem". Ele deve mudar muito esse programa.

JC - Ciro ainda tem chance de se aproximar de Lula?

Celi
- Não, de forma alguma. O Lula não tem nenhuma preocupação, tanto que o programa da Frente Popular se distancia das brigas entre os demais. O PT e os partidos que o apóiam estão fazendo a campanha sozinhos. A tendência é exatamente contrária. Na medida em que Serra e Ciro se aproximam e os votos se dividem entre os dois, a tendência é que Lula fique, nesse primeiro turno, isolado em primeiro lugar; e que o segundo candidato saia de uma disputa muito próxima entre Ciro e Serra. Esse embate causa a divisão dos votos entre eles, sem tirar votos de Lula, que está seguro com 34%. Esse percentual é muito sólido e, salvo uma catástrofe, tem muito pouca possibilidade de diminuir.

JC - Quais as chances de Lula ganhar desta vez?

Celi
- É difícil fazer previsões eleitorais assim. Até o segundo turno das eleições, em 27 de outubro, há quase dois meses. Mas não tenho nenhum problema em dizer que Lula nunca esteve tão perto da vitória como está desta vez, pelas alianças que fez, pelo discurso e pela posição que tem no momento, pela solidez do percentual de votos e pela própria dinâmica que tomou a campanha, que faz com que ele não seja atacado. Lula está construindo uma imagem positiva sem ser atacado em nada. Há uma grande possibilidade de o Lula vencer as eleições. Mas, a dois meses do pleito, é uma temeridade garantir isso.

JC - Lula está correto em sua linha de evitar confrontos?

Celi
- Certamente. Qualquer um na posição dele faria isso. Seria de uma estupidez tamanha ele, que não está sendo atacado nem ameaçado em termos de votos por ninguém, atacar algum adversário. Ele vai precisar dos votos ou do Serra ou do Ciro no segundo turno. Lula está numa posição extremamente cômoda.

JC - A linha adotada pelos programas de Tarso Genro (PT) e Antônio Britto (PPS) no Estado, repletos de críticas mútuas, está no rumo certo?

Celi
- A situação aqui é completamente distinta da situação nacional. Primeiro, porque o Rio Grande do Sul tem a tendência histórica de polarização partidária. Desde a disputa entre chimangos e maragatos há uma forte tendência ao bipartidarsimo. Na época do antigo PTB, havia o anti-PTB e, agora, vemos claramente o PT e o anti-PT. O grande programa do candidato anti-petista é tirar o PT, representado por Tarso, do poder. Não é uma conclusão acadêmica. Isso é dito na televisão. É a construção do anti-petismo. Aqui no Estado, há candidatos que tem experiência de governo. Eles estão se batendo um no outro porque, como na outra eleição, estão muito próximos nas pesquisas e vão chegar ao segundo turno, tal qual estiveram Olívio e Britto quatro anos atrás. Eles têm governo para dizer o que fizeram e o que o outro fez de errado. Existe um espaço sob o qual se faz o política no Rio Grande do Sul que é muito diferente da eleição nacional. É o espaço da linha de governo.

JC - A posição de ataques é correta nesta época da campanha?

Celi
- Não é uma questão de ser correta ou incorreta. É a forma como a campanha está se constituindo. O que que seria correto? O Britto e o Tarso ficarem expondo seus projetos para o futuro. Não. A política eleitoral é a arte de desconstruir o outro e construir a si próprio. O que se faz quando um ameaça o outro? Vai lá e o desconstrui ou usa o discurso? Existe um outro Britto ou um outro Tarso que não é aquele e a idéia é apresentar o verdadeiro. É essa a arte da política. É evidente que quando não se precisa fazer isso, não se faz. Mas é uma campanha eleitoral, que é toda montada em torno da relação custo/benefício. O Lula, por exemplo, não tem nenhum benefício em fazer isso. Já o Serra e o Ciro o farão a partir de agora, já que se aproximaram. Vencerá quem aqui? Aquele que conseguir desconstruir o outro melhor para se construir. Não há o certo e o errado, a melhor campanha. Ela se apresenta assim, porque esse é o jogo, em função da aproximação dos dois candidatos mais fortes.

JC - Como avalia o fato de os candidatos Germano Rigotto (PMDB) e Celso Bernardi (PPB) baterem-se contra a polarização?

Celi
- Sem nenhum sucesso. A propaganda de qualquer um dos dois é a do bom mocismo. Eles tem todo um sotaque de bons moços e isso não faz parte da tradição política gaúcha, que é muito aguerrida, muito de embate. É incrível, porque tanto Bernardi como Rigotto representam frações muito significativas da política riograndense. Tanto o PMDB como o PPB têm, tradicionalmente, um espaço muito forte no Estado, muitas prefeituras, são partidos muito bem estruturados. Eles tentam construir a imagem de bons moços até fisicamente, se vestindo, agindo, mexendo com as mãos. Estão fugindo da raia, da discusão das grandes questões que estão sendo colocadas. Salvo mudança muito radical na tendência, ambos terão votação muito fraca.

JC - Os votos do PMDB e do PPB estão migrando para outros candidatos?

Celi
- Esse é um momento em que as eleições para os cargos executivos podem se descolar dos partidos. No Rio Grande do Sul, ainda existe uma identificação muito grande do Britto com o PMDB. Não houve esse descolamento. O Britto representa muito bem todo o pensamento conservador. E o PPB também pode votar no Britto.

JC - Qual sua análise sobre Britto se apresentar como uma alternativa nova?

Celi
- Britto junta toda essa idéia do anti-petismo, que é muito forte no Rio Grande do Sul. Ele não é uma alternativa a seu próprio governo, mas uma alternativa ao governo Olívio. É por aí que ele consgeue votos. Tem apoio de grandes forças do Estado, que foram construídas nos últimos quatro anos. A figura dele não é o mais importante. É o que ele representa em termos de rearticulação do pensamento conservador do Rio Grande do Sul. O Britto é o formulador do pensamento conservador gaúcho, numa versão mais centrista, mais liberal, mais democrática, uma espécie de novo fascismo perigosíssimo que pode estar surgindo, com expressões assustadoras no Estado, assustando a todos nós que estivemos lutando por democracia. Está surgindo um pensamento de direita não democrática muito violento no Estado. Não estou dizendo que o Britto representa isso. Digo que ele pega todo esse espectro. Ele tem um arco muito grande de apoios.

JC - O quadro eleitoral gaúcho já está definido?

Celi
- Certamente. Essa é a única aposta que eu faço. No Rio Grande do Sul, ou Britto ou Tarso deverá ser o próximo governador.


Garotinho vai realizar grande comício em Esteio
O PSB e o ex-prefeito de Esteio, Vanderlan Vasconcelos, esperam reunir cerca de 40 mil pessoas num comício marcado para a próxima quinta-feira, dia 5, no município, quando o candidato do partido à presidência, Anthony Garotinho, virá ao Estado. "Será o maior comício da campanha", promete Vasconcelos, entusiasmado com a perspectiva de crescimento da candidatura de Garotinho no Estado.

O candidato a vice, deputado federal José Antônio Almeida, que visitou no sábado a casa do Jornal do Comércio na Expointer garante que, na medida em que Garotinho e suas propostas de governo passarem a ser mais conhecidos do eleitor, através do programa eleitoral, os seus índices nas pesquisas deverão crescer. O partido também projeta a eleição de 10 governadores, dos quais dois - Rio de Janeiro e Espírito Santo - já no primeiro turno, e a duplicação de sua bancada federal, hoje com 17 deputados.

Almeida lembrou que Garotinho é o menos conhecido dos principais candidatos a presidente, mas que deixou o governo do Rio de Janeiro com um índice de aprovação de 88% e que tem possibilidade de eleger sua sucessora ainda no primeiro turno. Sua mulher, Rosinha Matheus, candidata a governadora do estado lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.

Entre os projetos para as diversas áreas, Almeida citou aqueles que se relacionam com a produção agrícola, reduzindo a pesada carga tributária que incide sobre o setor e diversificando a área de transporte no escoamento da produção. Além de incentivar o processo de industrialização da matéria-prima para agregar mais valor ao produto de exportação.

Almeida explicou ainda como o governo de Garotinho pretende pôr em prática o carro-chefe de suas propostas, que é aumentar o salário mínimo em abril de 2003 para R$ 280,00 e, nos dois anos seguintes, para R$ 400,00. Segundo o candidato a vice, isso é possível mantendo a receita da previdência social e desvinculando dela as despesas que não são de sua responsabilidade, que é o que a torna deficitária.

Advogado maranhense, Almeida foi por três mandatos presidente da seccional de seu estado da Ordem dos Advogados do Brasil e conselheiro federal da OAB, antes de ser eleito pela primeira vez deputado federal em 1998. E visitou a Expointer acompanhado pela prefeita de Esteio, Sandra Beatriz Silveira, e pelo candidato socialista ao governo do Estado, Caleb de Oliveira.

O PSB e o ex-prefeito de Esteio, Vanderlan Vasconcelos, esperam reunir cerca de 40 mil pessoas num comício marcado para a próxima quinta-feira, dia 5, no município, quando o candidato do partido à presidência, Anthony Garotinho, virá ao Estado. "Será o maior comício da campanha", promete Vasconcelos, entusiasmado com a perspectiva de crescimento da candidatura de Garotinho no Estado.

O candidato a vice, deputado federal José Antônio Almeida, que visitou no sábado a casa do Jornal do Comércio na Expointer garante que, na medida em que Garotinho e suas propostas de governo passarem a ser mais conhecidos do eleitor, através do programa eleitoral, os seus índices nas pesquisas deverão crescer. O partido também projeta a eleição de 10 governadores, dos quais dois - Rio de Janeiro e Espírito Santo - já no primeiro turno, e a duplicação de sua bancada federal, hoje com 17 deputados.

Almeida lembrou que Garotinho é o menos conhecido dos principais candidatos a presidente, mas que deixou o governo do Rio de Janeiro com um índice de aprovação de 88% e que tem possibilidade de eleger sua sucessora ainda no primeiro turno. Sua mulher, Rosinha Matheus, candidata a governadora do estado lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.

Entre os projetos para as diversas áreas, Almeida citou aqueles que se relacionam com a produção agrícola, reduzindo a pesada carga tributária que incide sobre o setor e diversificando a área de transporte no escoamento da produção. Além de incentivar o processo de industrialização da matéria-prima para agregar mais valor ao produto de exportação.

Almeida explicou ainda como o governo de Garotinho pretende pôr em prática o carro-chefe de suas propostas, que é aumentar o salário mínimo em abril de 2003 para R$ 280,00 e, nos dois anos seguintes, para R$ 400,00. Segundo o candidato a vice, isso é possível mantendo a receita da previdência social e desvinculando dela as despesas que não são de sua responsabilidade, que é o que a torna deficitária.

Advogado maranhense, Almeida foi por três mandatos presidente da seccional de seu estado da Ordem dos Advogados do Brasil e conselheiro federal da OAB, antes de ser eleito pela primeira vez deputado federal em 1998. E visitou a Expointer acompanhado pela prefeita de Esteio, Sandra Beatriz Silveira, e pelo candidato socialista ao governo do Estado, Caleb de Oliveira.

O PSB e o ex-prefeito de Esteio, Vanderlan Vasconcelos, esperam reunir cerca de 40 mil pessoas num comício marcado para a próxima quinta-feira, dia 5, no município, quando o candidato do partido à presidência, Anthony Garotinho, virá ao Estado. "Será o maior comício da campanha", prom ete Vasconcelos, entusiasmado com a perspectiva de crescimento da candidatura de Garotinho no Estado.

O candidato a vice, deputado federal José Antônio Almeida, que visitou no sábado a casa do Jornal do Comércio na Expointer garante que, na medida em que Garotinho e suas propostas de governo passarem a ser mais conhecidos do eleitor, através do programa eleitoral, os seus índices nas pesquisas deverão crescer. O partido também projeta a eleição de 10 governadores, dos quais dois - Rio de Janeiro e Espírito Santo - já no primeiro turno, e a duplicação de sua bancada federal, hoje com 17 deputados.

Almeida lembrou que Garotinho é o menos conhecido dos principais candidatos a presidente, mas que deixou o governo do Rio de Janeiro com um índice de aprovação de 88% e que tem possibilidade de eleger sua sucessora ainda no primeiro turno. Sua mulher, Rosinha Matheus, candidata a governadora do estado lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.

Entre os projetos para as diversas áreas, Almeida citou aqueles que se relacionam com a produção agrícola, reduzindo a pesada carga tributária que incide sobre o setor e diversificando a área de transporte no escoamento da produção. Além de incentivar o processo de industrialização da matéria-prima para agregar mais valor ao produto de exportação.

Almeida explicou ainda como o governo de Garotinho pretende pôr em prática o carro-chefe de suas propostas, que é aumentar o salário mínimo em abril de 2003 para R$ 280,00 e, nos dois anos seguintes, para R$ 400,00. Segundo o candidato a vice, isso é possível mantendo a receita da previdência social e desvinculando dela as despesas que não são de sua responsabilidade, que é o que a torna deficitária.

Advogado maranhense, Almeida foi por três mandatos presidente da seccional de seu estado da Ordem dos Advogados do Brasil e conselheiro federal da OAB, antes de ser eleito pela primeira vez deputado federal em 1998. E visitou a Expointer acompanhado pela prefeita de Esteio, Sandra Beatriz Silveira, e pelo candidato socialista ao governo do Estado, Caleb de Oliveira.


Bernardi promete apoiar agricultura familiar
O candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi, disse neste final de semana, nos dez municípios que visitou nas regiões da Produção, Nordeste, Alto Uruguai e Alto Jacuí, que seu governo vai apoiar a agricultura familiar não só para dar renda ao pequeno produtor mas principalmente para manter sua família unida no campo.

Atualmente, segundo ele, o agricultor com dificuldades de manter-se em atividade se sente seduzido pelas grandes cidades, pois acredita que nela vai encontrar emprego para toda a família, conseguindo no final do mês uma remuneração maior do que a que tinha no campo. "Trata-se de um grande equívoco, pois não possuindo capacitação para competir com a mão-de-obra urbana o resultado é um empobrecimento ainda maior, fazendo com que ele e sua família engrossem os grandes bolsões de miséria das grandes cidades."

Ao afirmar conhecer os problemas do campo, por ter "trabalhado na roça" até os 15 anos, Bernardi disse saber muito bem o que é querer plantar e não poder, ou plantar e não poder colher, ou colher e não poder vender, ou vender e não ter renda. "É por isso que cada vez que visito meu pai, um pequeno agricultor de 86 anos que até hoje mora e trabalha em Chiapeta, encontro cada vez menos vizinhos".

Para o candidato do PPB a saída para a pequena propriedade é organizar-se em núcleos de produção. Feito isso, reunindo cerca de 30 a 40 pequenos produtores e definido o tipo de produto que será produzido, o Estado entra em ação oferecendo apoio técnico e financeiro. Bernardi disse ter convicção de que o custo benefício do investimento será favorável à economia gaúcha e assegurou que em seu governo o Estado fornecerá a semente, os insumos, a assistência técnica e o financiamento para a aquisição de máquinas e implementos agrícolas. De posse da produção, o Estado continuará ajudando o pequeno produtor na industrialização dos produtos e na sua comercialização, pois só assim ele conseguirá ter lucro e, conseqüentemente, viabilizar sua atividade.

Consciente de que este é o caminho, Bernardi informou que estudos feitos por sua assessoria técnica indicam que cada milhão de reais investidos no setor primário gera cerca de 140 empregos diretos. Por isso, ele se comprometeu, caso vença a eleição, implantar escolas técnicas profissionalizantes voltadas ao fomento das vocações econômicas de cada uma das 23 regiões do estado.


Dívidas de US$ 13,4 bilhões vencem até dezembro
Até o fim do ano, as empresas brasileiras terão de enviar US$ 13,468 bilhões ao exterior para o pagamento de dívidas, sendo US$ 8,493 bilhões referentes ao principal e US$ 4,975 bilhões aos juros. Esses vencimentos até dezembro são fonte de preocupação para o governo, uma vez que as empresas têm encontrado dificuldades em obter crédito no exterior para "rolar" essas dívidas. Eles são o maior risco na trajetória de melhoria das contas públicas, que vem ocorrendo graças ao bom desempenho da balança comercial.

Por causa da alta do dólar e do sumiço do crédito, aumentou o montante de dívidas convertidas em investimentos. Isso ocorre quando as empresas situadas no Brasil devem às suas matrizes no exterior. Pagar parcelas da dívida ficaria muito caro, por isso elas optam por sua transformação em investimento direto. De janeiro a julho, as conversões somam US$ 5,665 bilhões, frente a US$ 912 milhões em igual período do ano passado.

Há, no entanto, uma parcela das empresas endividadas em dólar que não tem a opção de fazer essa transformação. O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, disse não saber quanto essas empresas representam. "São entendimentos dentro do setor privado, portanto não temos acompanhamento", explicou. "Mas creio que é uma parcela pequena." Essas empresas, avalia ele, serão indiretamente beneficiadas com o compromisso assumido por 16 instituições financeiras internacionais durante reunião em Nova York com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.

Os bancos concordaram em não reduzir o crédito ao Brasil. A médio prazo, isso deverá tanto melhorar as condições de financiamento das empresas brasileiras quanto contribuir para a queda da cotação do dólar. Não está claro como esses bancos vão atuar no curto prazo. Especula-se que eles poderiam concordar em conceder um determinado nível de crédito até novembro e negociar um outro nível após as eleições.

Segundo Lopes, o Banco Central estima que, de agosto a dezembro, as empresas conseguirão rolar 57% de suas dívidas em papel (que representam 90% do total da dívida) e 66% das dívidas em empréstimo direto. "É uma estimativa extremamente conservadora".

Historicamente, as empresas brasileiras sempre rolaram todos os seus débitos e ainda conseguiram obter mais crédito. Para 2003, as estimativas são de rolagem de 80% da dívida em papel e 100% dos empréstimos diretos. "É um nível de refinanciamento muito baixo e acreditamos que será mais elevado do que isso", disse Lopes. A rolagem só caiu abaixo dos 100% a partir de junho, com o agravamento da crise.

Próximo governo terá reservas líquidas de US$ 15,4 bilhões
o Banco Central estima que o próximo presidente receberá as reservas internacionais brutas em US$ 37,742 bilhões. No conceito líquido utilizado no acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), essas mesmas reservas estarão em US$ 15,485 bilhões (nessa conta não são consideradas as obrigações com o FMI, os depósitos de bancos com sede no País mas domiciliados no exterior, parte dos títulos de emissão de residentes). Em dezembro de 2001, as reservas pelo conceito do FMI eram quase o dobro da deste ano: US$ 27,837 bilhões.

Lopes, porém, acha que os números ao fim do ano serão melhores do que o estimado. Nesta semana, a estimativa de déficit em transações correntes para o ano foi reduzida de US$ 18 bilhões para US$ 17 bilhões. Numa hipótese mais otimista, ele acha que o déficit será de US$ 16 bilhões neste ano.

O otimismo do chefe do Depec se baseia em três fatores: a continuidade do bom desempenho da balança comercial, a queda na contratação de serviços no exterior e, em menor escala, o envio de recursos do exterior para o Brasil.


Incerteza política motiva vendas do setor
A incerteza política quanto às eleições 2002 e quanto ao futuro dos financiamentos via Moderfrota foram alguns dos fatores que motivaram as vendas de máquinas agrícolas e implementos durante a 25ª Expointer.

Inseguros quanto à manutenção da oferta de crédito em caso de vitória à oposição, os produtores optaram pela
compra, o que contribuiu para que o faturamento da feira superasse as expectativas da indústria. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, o faturamento total do setor na feira foi de R$ 104 milhões, 245% a mais do que o volume comercializado no ano passado.

Do montante total, 75% foram comercializados através de financiamentos com bancos. A avaliação do Simers só não é mais positiva porque a chuva impediu a realização da Expodinâmica do segundo Dia do Negócio, que aconteceu na quinta-feira passada. "A dinâmica não aconteceu, mas os produtores compareceram em grande número também na sexta-feira, porque o tempo melhorou. Dessa forma, acabamos tendo três dias de negócios", lembra Bier. Nos dias 28 e 29 de agosto, quando a entrada dos agricultores foi privilegiada na Expointer, a negociação realizada pelo setor alcançou R$ 32 milhões. Nesta edição, além de 37 empresas na área de administração do Simers, outras 16 fábricas estiveram expondo na exposição.

O sindicato pretende organizar melhor a Expodinâmica para a feira de 2003. A idéia é repartir uma área de 35 hectares entre as empresas interessadas em participar da demonstração, que este ano contou com a atividade de cinco montadoras. As empresas Mepel, Masal, Jacuí, Nogueira e Renomaq levaram nove equipamentos para testes. "Queremos conversar com os associados para ampliar o número de participantes na próxima feira", complementa Bier.

"Estamos em um momento muito bom. O contexto econômico é muito favorável", diz Paulo Kowalski, diretor divisional de vendas da John Deere. Ele informa que a montadora contabilizou um aumento de mais de 20% no volume de negócios em relação à exposição do ano passado. "Esse foi um dos melhores resultados dos últimos anos", informa.

Quanto ao Dia do Negócio, Kowalski destaca que foi notado um aumento no público comprador, mas, em geral, todos os dias de semana foram bons para as indústrias. "Por estarmos perto do plantio, apostávamos na venda de tratores. A boa comercialização de colheitadeiras também nos surpreendeu", diz o dirigente que expôs em Esteio as principais linhas de máquinas fabricadas pela empresa.

Para o ano que vem, a John Deere não pretende participar da Expodinâmica. "Normalmente, trazemos tratores para a Expointer e não há porque demonstrar essas máquinas que são meros coadjuvantes dos testes", diz.

Kowalski salientou a boa participação da rede de 12 concessionárias gaúchas da John Deere na feira.

A New Holland estima ter encerrado a Expointer com crescimento de 15% sobre as vendas do ano passado.

Os resultados parciais indicam que o faturamento da montadora poderá passar dos R$ 21 milhões, contra R$ 18 milhões registrados em 2001. "Ainda temos muitos negócios em andamento e operações de crédito para
serem aprovadas, mas já ultrapassamos o volume de comercialização da última feira", comenta o gerente de
vendas, Luiz Feijó.

Na avaliação do dirigente, os dois dias reservados para negócios ajudara a elevar os números, mas os grandes responsáveis pelas vendas foram o bom momento da agricultura gaúcha, o aumento da participação da empresa no mercado do Estado e a elevada cotação das commodities.

A Case calcula que o faturamento obtido na Expointer deste ano tenha ficado em torno de R$ 4,5 milhões, o que representa um rendimento superior às expectativas da empresa. O bom desempenho da safra e os recursos ofertados através do Moderfrota ajudaram a elevar o desempenho da fábrica. "Nossa evolução também se deve ao fato de termos hoje uma oferta maior de produtos de tecnologia avançada fabricados no Brasil", avalia o gerente de vendas da Case, Paulo Gobbo.

Associações comemoram aumento de 34% nos lucros
Os R$ 3,064 milhões obtidos com a venda de animais durante a Expointer 2002, encerrada ontem, repercutiram positivamente entre as associações de criadores, em particular as de gado de corte/misto, e os responsáveis pelos leilões. Foram feitas também críticas ao evento, dirigidas a aspectos da organização.

Entretanto, nada ofuscou a superação de metas em relação à edição anterior da mostra e o otimismo nas projeções para a exposição do próximo ano. O aumento na quantidade de bovinos rústicos postos à venda, com média elevada de preço conseguida em remate e a maior presença de compradores, de dentro e de fora do Estado, receberam igual destaque. Em comparação com a feira do ano passado, a venda de animais teve incremento de 34%. O valor da comercialização inclui as vendas na Bolsa do Novilho Gordo (leilão virtual).

Uma feira com resultados acima da expectativa, especialmente para a comercialização de animais rústicos.

Essa é a avaliação do presidente do Sindicato dos Leiloeiros do Rio Grande do Sul (Sindiler), Marcelo Silva, acerca da exposição. "Foi muito boa feira e a temporada de primavera promete ser positiva", projeta Silva. Ele ressalta ainda o ótimo desempenho na venda de animais rústicos, com média elevada como a do angus, e a quantidade de novos compradores, de vários estados.

Para o presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), José Paulo Cairoli, a feira atingiu as expectativas, apesar das vendas baixas (de apenas 38% dos animais em oferta) na Bolsa do Novilho Gordo, um leilão virtual realizado pela primeira vez em uma Expointer. "Houve frustração, mas foi a semente de um projeto que tem tudo para dar certo", avalia. Quanto ao incremento às vendas de rústicos, o presidente da Febrac elogiou a participação de nove associações fazendo venda de rústicos. "O material genético desses animais é o mesmo do animal a galpão", explica Cairoli, justificando a maior procura por esse tipo de gado.

Em sua avaliação geral da Expointer, o presidente da Febrac entende que a mostra deve ter cada vez mais o perfil de uma feira de negócios. Para tanto, tornam-se necessárias medidas como "não se tomar decisões às vésperas da feira", a criação de dias específicos para julgamento e a destinação de um local exclusivo para os remates de gado de leite. "É preciso encontrar um local para os bovinos de elite, na área do restaurante internacional é ruim como está", afirma.

Referente ao desempenho na comercialização da raça angus, Cairoli, que é do conselho da Associação Brasileira de Angus (ABA), considera como muito bons os resultados obtidos nesta edição. "É a raça com média mais alta de venda este ano, assim como no ano passado e os preços dos rústicos foram bastante bons (média de R$ 4,5 mil para o rústico aberdeen angus em leilão). Conforme dados da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs), entre os animais da raça aberdeen angus inscritos a média de preço foi de R$ 9,4 mil e para não-inscritos de R$ 1,5 mil.

O crescimento de 50% na participação de bovinos rústicos das raças hereford e braford e a projeção, para 2003, de remates distintos para gado rústico e de elite. Esses são os destaques da Expointer 2002 para a presidenta da Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), Greice Martins. "O número de animais cresceu entre os rústicos, sendo 150 este ano e os preços de venda foram bons, especialmente para esses animais", ressaltou Greice.

Com apenas um leilão promovido pela ABHB durante a exposição, 101 bovinos de ambas as raças foram comercializados, com as vendas atingindo R$ 275.280,00. A média de venda para machos foi de R$ 3.886,15 e para fêmea, de R$ 1.493,88. O animal que obteve a oferta maior, de R$ 9,6 mil, foi o rústico Polled Hereford de tatuagem 543, propriedade de Zart Condomínio Agropecuária, localizado em Dom Pedrito. O comprador foi Omar D'Ávila Fernandes, do mesmo município. "Este é um ano eleitoral e os preços geralmente baixam com a expectativa de eleições, mas isto não afetou a pecuária", avaliou a presidenta da entidade, ao comentar o desempenho do segmento nesta edição da Expointer.

Quanto à projeção das raças para a próxima feira, Greice Martins apontou a possibilidade de se fazer dois remates, um para gado de leite e outro para rústicos. "É para destacar cada raça e o público comprador às vezes não é o mesmo", considerou. Em relação à organização do evento, ela apenas criticou a falta de limpeza no Parque de Exposições Assis Brasil.

Limousin quer popularizar a raça
Um esforço de disseminação para demonstrar "que o limousin não é uma raça de rico". Com essa intenção, o presidente da Associação dos Criadores de Limousin do Rio Grande do Sul, Fernando Picoral, defendeu, durante a Expointer 2002, a idéia de "difundir a raça e colocá-la em todos os recantos do Estado". Para ele, os números comprovam o sucesso de medidas inéditas na feira como um sistema de vendas diferenciado, em que os touros foram classificados nas categorias ouro, prata e diamante, de acordo com suas características, havendo para cada categoria um teto máximo de comercialização. "Nós comercializamos para 30 municípios, foram vendidos 45 animais em dois leilões e se comparados aos 22 do ano passado, houve 100% de crescimento", enumera Picoral.

O presidente da entidade lembra que antes da realização da feira, ele procurou demonstrar aos criadores que a estratégia de reduzir preços como forma de atrair compradores "que nunca haviam pensado em ter um limousin" era mais adequada ao perfil da exposição. "Numa feira como esta não posso vir apenas para mostrar genética animal, é para se trabalhar cada vez mais na disseminação da raça, ter visão de mais negócio para a Expointer", afirma. Segundo a Procergs, a média de venda do rústico limousin foi de R$ 2,3 mil e de R$ 3,8
mil para animais da raça inscritos na feira.

Para o próximo ano, Picoral projeta a realização de um leilão na Expointer do tipo "mãe de touros", com o objetivo de "disseminar ainda mais a espécie", e a possibilidade de trazer para o Estado a Exposição Nacional da Raça limousin. "Para isso, terei que convencer a organização do evento para nos conceder 300 argolas, triplicando nossa participação, pois nesta feira obtivemos 110 e é claro que há exigências sanitárias, o Rio Grande do Sul deve ser zona livre de aftosa para poder vir animais de estados como o Paraná e da região Centro-Oeste, que têm grandes criadores", explica.

"Uma feira mais tranqüila". Desta forma, o novo presidente, empossado durante a Expointer 2002, da Associação Brasileira de Criadores de Charolês, André Corrêa Berta, avaliou a exposição deste ano. Para ele, o fim dos focos de febre aftosa no Estado é um dos motivos para que já na edição do ano que vem seja possível dobrar a participação do gado charolês. "Vão ser 400 animais para o próximo ano, porque vamos poder contar com estados como o Paraná, onde há grandes criações", afirma o produtor, que foi homenageado pelo executivo estadual, durante a Expointer, com a comenda Assis Brasil por serviços prestados à agricultura gaúcha. Nesta edição, Berta ressaltou o aumento de 10% na inscrição de animais e a venda de animais para compradores de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

De acordo com dados da Procergs, o preço médio para animais inscritos do charolês foi de R$ 9,8 mil e para o charolês mocho, a média ficou em R$ 8,2 mil. Respectivamente, o valor total de comercialização foi de R$ 306 mil e R$ 123,2 mil.


G-77 aceita conceito de metas regionais para energia renovável
Os últimos obstáculos foram removidos para a aceitação pelo G-77 - o bloco de países em desenvolvimento ao qual pertence o Brasil - do conceito de metas regionais para o uso de fontes renováveis de energia. A Arábia Saudita, que opunha a maior resistência à proposta, concordou em torná-la a posição comum do bloco.

Fora do G-77, os Estados Unidos e o Japão se mostraram favoráveis à idéia. A União Européia ficou de pensar.

A linguagem ficará aquém da proposta original brasileira, de meta de 10% até 2010 para todos os países do mundo, excluindo as grandes hidrelétricas, que causam danos ao meio ambiente. A solução de compromisso, proposta pelo Irã, facilitador do G-77 nesse tema, as incluirá. A iniciativa do Brasil foi assumida pela América Latina e o Caribe. A África tem uma iniciativa semelhante.

A União Européia propõe meta global de 15% até 2010, mas com aumento de apenas 2% dos países industrializados, cuja média de uso de renováveis é hoje de 5,6%. A China e a Índia já têm fatias maiores que 10% de fontes renováveis em suas matrizes energéticas. O resto da Ásia, a América do Norte e a Oceania ficariam livres para adotar ou não metas regionais. "A maior parte do mundo já as tem", sublinhou Everton Vargas, diretor da Divisão de Meio Ambiente do Itamaraty.

Os negociadores brasileiros argumentam que a solução é um avanço em relação à reunião preparatória de Bali (entre maio e junho), quando os países exportadores de petróleo, que integram o G-77, rejeitaram por princípio a noção de metas do uso de fontes renováveis, que concorrem com o petróleo.

Segundo o chanceler Celso Lafer, o Brasil ainda insistirá numa meta global. "Apoiamos o Brasil para que a
iniciativa siga adiante", disse o diretor-geral de Energia e Meio Ambiente do México, José Garibaldi.


Artigos

Liberdade e opção do comércio
José Alceu Marconato

Após sucessivas tentativas de implantar a liberdade para a abertura do comércio, finalmente conseguimos, através do nosso corpo jurídico, obter liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), fulminando a Lei 7.109/92, que vigorava em Porto Alegre há mais de dez anos. O despacho sustenta-se na tese defendida na peça inicial no sentido de que o Município é somente competente para legislar sobre horário de funcionamento, mas não sobre dias, conforme redação expressa no artigo 13, inciso II, da Constituição Estadual. Irresignados com a decisão liminar prolatada nos autos da Adin, o prefeito municipal, a Câmara de Vereadores e o procurador-geral do Estado impuseram Agravo Regimental que foi apreciado pela sessão do Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, no dia 19 de agosto. Em decisão esmagadora, o Tribunal Pleno, por 23 votos a 1, negou provimento aos agravos (3), mantendo a decisão liminar. O julgamento foi acompanhado pela brilhante equipe de Flávio Obino Filho Advogados Associados, deixando-nos orgulhosos desta assessoria. Portanto, ante a ratificação da decisão liminar acima, os estabelecimentos do comércio varejista de Porto Alegre ficam autorizados a funcionar aos domingos, com utilização de empregados.

Acreditamos que assim foi feita justiça e que, de agora em diante, os lojistas exerçam o seu direito de desenvo lver, livremente, suas atividades, gerando riquezas, impostos e, principalmente, empregos.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

A Agricultura & a Mídia
O ministro Pratini de Moraes, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento gostou muito da iniciativa do Jornal do Comércio e da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos, de trazerem para a Expointer, quatro jornalistas para falar sobre a Mídia & a Agricultura: Paulo Henrique Amorim, editor do UOL, Humberto Pereira, editor do Globo Rural, Cafundó de Morais, editor do suplemento rural de "O Estado de São Paulo", e Paulo Markun, âncora do programa Roda Viva, da TV Cultura.

O encontro foi realizado, ontem, na sede da ABCCC, no Parque de Exposições Assis Brasil.

O mediador do encontro foi o jornalista Felipe Vieira, apresentador do Band Gente, da Rádio Bandeirantes que, logo de cara, colocou a questão básica do seminário.

O agronegócio é o setor que mais tem gerado emprego e renda no Brasil. É responsável por 29% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 27% da População Economicamente Ativa, o que equivale a cerca de 19 milhões de pessoas. O produto do agronegócio brasileiro tem reconhecimento internacional por sua qualidade e sanidade: em 2001, foi responsável por 41% das exportações, com US$24 bilhões. Afinal, por que os veículos de comunicação, de orientação essencialmente urbana, não acompanham o que é feito em todos os estágios da cadeira produtiva?

Para Paulo Henrique Amorim, "há uma falso conflito entre a mídia e a classe rural. Esse conflito se deve a preconceitos disseminados por ambos segmentos. Os profissionais mal informados acreditam que há um certo atraso no setor primário. Em contrapartida, os produtores avaliam com desconfiança toda aceitação de temas referentes à atividade no campo na parte dos jornalista".

Já Humberto Pereira, editor do Globo Rural, diz que "a imprensa do Rio Grande do Sul é a mais generosa em relação à cobertura dos assuntos sobre agricultura". Pereira acredita que o espaço da agricultura na mídia ainda é pequeno e que o setor é pautado mais por notícia ruim do que o contrário. Para Pereira, a sociedade urbana precisa se dar conta da importância da agricultura, pois muitos produtos que são essenciais para o dia-a-dia da população urbana passam pela cadeia agrícola.

Durante o almoço, o ministro Pratini de Moraes, da Agricultura, reafirmou que o agronegócio emprega 1 milhão e duzentas mil pessoas com carteira assinada: " Empregamos mais que a construção civil e somos responsáveis pela sustentação do Plano Real, mas a mídia não nos dá espaço.

Na parte da tarde quem reabriu os debates foi Cafundó de Morais, editor do suplemento agrícola do jornal "O Estado de São Paulo". Para Cafundó a veículação dos assuntos ligados à Agricultura, em meio escrito, é dificultada pelas baixas tiragens. E ,exemplificou: "Só o jornal Chicago Tribune, que cobre o cinturão do milho, dá mais espaço diário para a agricultura do que todos os jornais brasileiros".

Encerrando o seminário foi a vez de Paulo Makun, o âncora do programa Roda Viva, da TV. Cultura. Markun lembra que a maior parte do público dos veículos, dos anunciantes e dos próprios jornalistas é urbano. Uma das alternativas para que o setor esteja em maior evidência na mídia é a entrada na disputa de espaço nos veículos, tendo uma ação mais incisiva diante dos jornalistas, sugerindo pautas, mostrando as novidades do meio rural e investindo em publicidade.


CARLOS BASTOS

PL gaúcho vai recepcionar José Alencar
O PL gaúcho não só tem candidato ao governo do Estado, o capitão Aroldo Medina, como apóia para a presidência da República a candidatura de Anthony Garotinho, do PSB. Em consideração ao correligionário José Alencar, senador por Minas Gerais, e candidato a vice-presidente na chapa liderada por Luis Inácio Lula da Silva, o comando estadual dos liberais vai se fazer presente na recepção no Aeroporto Salgado Filho, e no almoço na Fiergs. O presidente regional, deputado federal Paulo Gouvêa, por sua vez, estará recebendo o senador José Alencar na sede partidária, após a entrevista coletiva que o candidato a vice de Lula vai conceder na Fiergs, e antes de sua visita à Expointer. Isto não implica em apoio ao correligionário que concorre em dobradinha com Lula, pois o PL gaúcho continua fechado com Garotinho. Já o candidato a governador, capitão Aroldo Medina, não irá ao Aeroporto, nem à Fiergs, e também não participa da recepção a José Alencar no diretório regional do partido. Ele considera a visita institucional.

Diversas
A assessoria do ex-prefeito Raul Pont, candidato à Assembléia, e um dos maiores críticos da aliança do PT com o PL na eleição presidencial, está informando que ele não participa do almoço de hoje na Fiergs, e de nenhuma atividade do candidato a vice de Lula, senador José Alencar, no Estado.

O presidenciável tucano José Serra que estará hoje à tarde visitando a Expointer, terá dois encontros políticos pela manhã no Hotel Deville, onde está hospedado. Recebe o comando estadual do PPB e depois lideranças da aliança PMDB-PSDB-PHS.

No final da tarde, o candidato tucano à sucessão de FHC fará uma caminhada na Avenida Assis Brasil, quando anunciará a construção em seu governo do trensurb para a zona norte. À noite, comparece num showmício peemedebista do ex-ministro Eliseu Padilha, na quadra da Escola de Samba Imperadores do Samba.

Ciro Gomes, Patrícia Pillar e Leonel Brizola estarão percorrendo na tarde de domingo os estandes da Expointer. Estarão acompanhados pelo candidato a governador do PPS, Antônio Britto, de seu vice Germano Bonow, do PL, e os candidatos ao senado Sérgio Zambiasi, do PTB, José Fogaça, do PPS, e João Bosco Vaz, do PDT.

Prefeito Wilmar Furini (PMDB), de Balneário Pinhal, afirmou ao candidato a vice Germano Bonow (PFL), que o Rio Grande do Sul está com saudades de sua gestão à frente da Secretaria da Saúde. O candidato a vice de Britto, por sua vez, recebeu a confirmação do apoio à chapa do PPS e PFL dos prefeitos Marco Antonio Cardoso (PDT), de Capivari do Sul, e de César Bassani, de Xangri-lá.

O jantar no Galetão de desportistas em apoio à candidatura de Antônio Britto teve caráter suprapartidário, mas mais de um terço dos presentes se declararam solidários com o candidato ao Senado pelo PDT, João Bosco Vaz, que tem forte inserção no esporte, por sua atuação na crônica esportiva.

Última
Ontem, num café da manhã realizado na Federação das Unimeds do Rio Grande do Sul (Unimed-RS), o candidato da Frente Popular, Tarso Genro, anunciou sua intenção de criar um órgão especial para o cooperativismo, com o objetivo de formular políticas de governo com a participação de representantes do setor e, especificamente para a área da saúde que não seja nem privativista nem estatista". Disse que "nem todas as organizações de caráter privado são mercantilistas", e informou que pretende ampliar o diálogo com as cooperativas agrícolas e urbanas, em reconhecimento à sua importância na produção, na geração de emprego e na inclusão social". Também garantiu a manutenção do Instituto de Previdência do Estado (IPE) integrado as cooperativas médicas.


FERNANDO ALBRECHT

Campanha na Serra
O candidato a vice-presidente na chapa de Lula, o empresário José Alencar (PL) almoçou sábado em churrascaria caxiense com Raul Pont (PT), em roteiro de campanha cumprido por ambos no maior colégio eleitoral da Serra Gaúcha. Antes de sentar à mesa com o ex-prefeito de Porto Alegre, afirmou, em fala breve, mas em bom tom: "Disseram que o Pont não gostava de mim. E como poderia, se não me conhecia? Tenho certeza que, agora que conhece, vai começar a gostar". Deixou para trás qualquer suspeita de desave nça interna na aliança Lula Presidente

Por falar em Lula...
...ele revelou na Expointer que também é criador. De faisões. Em conversa com o assessor jurídico da Farsul, Nestor Hein, Lula disse que cria faisões em sua propriedade em São Bernardo e que acabou de aumentar a criação ao ganhar um casal do seu vice, José Alencar. Demonstrando grande intimidade com a lide, contou que faisão macho não divide harém com outro macho. Precisam de cerca de 100 fêmeas, caso contrário os machos brigam e acabam se violentando mutuamente.

O vôo do boi
Centros de sismologia só divulgaram agora um estranho movimento que fez saltar as agulhas dos sismógrafos de todo o País, detectado em cemitérios onde estão sepultados integrantes da esquerda brasileira. Segundo um técnico, não era um terremoto clássico. Parecia mais algo como muita gente dando voltinhas no túmulo. O fenômeno ocorreu logo após os rasgados elogios de Lula ao regime militar. Como disse o ex-ministro e coronel Jarbas Passarinho, um dos próceres do movimento de 64, "em política você vê até boi voar".

Trânsito infernal
Quem visita a Expointer e há algum tempo não trafega pela BR-116 se apavorou com o trânsito que enfrenta na rodovia. Mesmo tarde de noite o tráfego é de enlouquecer. Sem falar nos apressadinhos que vem a toda pelo acostamento no sentido Canoas-Porto Alegre. O muro do Trensurb está ali e os desastres parecem sempre estar por um triz. O próximo governador vai ter que encarar ou uma nova BR ou a tal pista elevada que é uma das idéias de duplicação. Não dá mais para procrastinar.

Prestação de contas
Amanhã às 18h30min técnicos do TRE, Tribunal de Contas e Conselho Regional de Contabilidade falam sobre prestações de contas das eleições na sede do CRC. Aliás, depois das eleições vai ser interessante examinar as declarações dos candidatos. Alguns tem propaganda em tudo quanto é poste do Estado. Em pelo menos um deles o cálculo é que o material custou R$ 150 mil. Só as bandeirolas.

Contradição
A propósito da discussão sobre a abertura do comércio aos domingos e da tese de alguns partidos de que trabalhadores podem ganhar salários sem patrão, Tio Marquinhos, o empresário Marcos Rachewski, lembra quando negociava com sindicalistas ao tempo da Soberana dos Móveis: para ter comerciário precisa ter comerciante e para ter bancário precisa ter banqueiro. Idem para outras profissões. A biografia de Tio Marquinhos contada pelo jornalista Kenny Braga já está na praça.

Tréplica da pesada
Parece mentira, mas o assunto da entrevista de Augusto Nunes à revista Press e a réplica do executivo Marcos Dvoskin ainda não esgotou. Vem tréplica. E a promessa é que vem chumbo grosso. Recuerdos do caso Juremir. Que, por sinal, está quieto no seu canto.

Dicas gastronômicas
Será dia 14, no União Alto Petrópolis, o 2º Jantar dos Comunicadores, em benefício do Instituto da Criança com Diabetes. Nada menos do que 23 comunicadores estarão preparando os pratos, entre eles o comando que vos fala, que ano passado fez uma paella que entrou para a história, embora a glória tenha ficado com outra pessoa sedizente cozinheiro. Já a Confraria dos Charuteiros tem jantar hoje no Gatto, também com pratos deste escriba e de Clóvis Duarte. Clóvis terceirizou a cozinha.

Brigada Militar
Foi assinado convênio entre a Associação dos Oficiais da Brigada Militar e a Escola Superior da Magistratura da Ajuris para curso preparatório ao concurso para a carreira jurídica de Segurança Pública.

O pré-requisito é que os candidatos sejam bacharéis em Direito. São 25 vagas ao posto de Capitão da BM.

Assinaram o convênio o presidente da AsofBM, Cairo Bueno de Camargo, e o da Ajuris, José Aquino Flores de Camargo.

Sinal vermelho
Preocupado com a eleição de Tarso Genro, o secretário Luiz Marques, da Secretaria de Estado da Cultura, abriu mão de um encontro com Lula no Rio de Janeiro no qual seria discutido o seu programa de governo.

No final de semana, Marques optou por reforçar a campanha no Rio Grande do Sul.

Reunião gremistta
A temperatura no Olímpico vai estar altíssima na reunião do Conselho do Grêmio amanhã, por conta do caso Paixão. Sua demissão foi tão surpreendente que até o número 1 da revista oficial do clube, Nação Tricolor, chama na capa a entrevista com Paulo Paixão. Nem os editores sabiam que ele dançaria em seguida. Se é por salário alto, queixam-se alguns conselheiros, Gavião ganha R$ 30 mil para ficar na reserva.

Brasil Telecom inicia hoje as atividades da Semana de Prevenção com missa às 9h na empresa.

Andrea Silber/Eliana Azeredo abriram a empresa de organização de eventos La Fête.

Dia 10, às 18h no restaurante Pacífico, no Mercado Público, será lançado O Jeito Petista de Governar
(Mercado Aberto).

Inaugurada a suntuosa sede da Édison Freitas de Siqueira Advocacia Empresarial, na Dom Pedro II, 1411.

Médico Luiz Alberto Fagundes autografa amanhã às 20h na Amrigs seus livros sobre câncer e prevenção.

Senai RS ganhou dois ouros com os alunos Lucas Castoldi e Osmar Frison Júnior na Olimpíada do Conhecimento.

Lar Santo Antônio dos Excepcionais entrega o troféu Construindo Esperança dia 13 no Deville.

Vereador Adeli Sell (PT) recebe denúncias de maus-tratos em cavalos de carroça pelo 3220-4254.


Editorial

AUTOMAÇÃO E INFORMÁTICA INVADEM AGÊNCIAS BANCÁRIAS

O pagamento do saldo complementar do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, FGTS, trouxe à tona um dado impressionante, a automação e a informática invadiram as agências bancárias de forma irreversível.

Arredios no início, levando um bom tempo para acostumar-se, especialmente os de mais idade, hoje os clientes dos bancos operam os terminais automáticos, preenchem envelopes de depósitos, pagam contas com o código de barras, sacam e programam lançamentos futuros de suas próprias casas, via internet. Pois foi justamente a concentração de dezenas de pessoas diante das agências da Caixa Econômica Federal para o recebimento do saldo nas contas do Fundo de Garantia que chamou a atenção para o fato de que, normalmente, o movimento estava reduzido, sem que fosse notada a inversão das operações. Hoje, segundo a Federação Brasileira das Associações dos Bancos, a Febraban, chegam a 13 milhões os clientes que usam a internet para movimentar suas contas no Brasil, seja da própria residência ou do local de trabalho. O Banco do Brasil teve 241 milhões de transações durante o último mês de maio, das quais 23% foram através de canais virtuais, incluindo internet, palm top ou celular wap, mais as operações pelos caixas eletrônicos, restando 18% que passaram pelo tradicional caixa, esta figura geralmente simpática e que dá calor humano no atendimento como, aliás, tem ocorrido agora com a CEF e a avalanche de pessoas em busca dos seus reais do FGTS.
Ainda segundo a Febraban, o total de clientes conectados passou de 3,1 milhões no ano de 1998 para 13 milhões, as contas bancárias somam 52 milhões. Somente nos anos de 2000 e 2001, a relação virtual dos clientes com a rede bancária aumentou 121,9%, enquanto, no mesmo período, as transações via caixas eletrônicos aumentaram 11,7% e nos tradicionais caixas personalizados, 29%. É uma mudança de hábito que veio para ficar, pois agora o acesso às páginas da rede bancária é feito diretamente, até o ano de 2000 havia necessidade de disquetes e programas específicos instalados. Da mesma forma, os clientes operavam via internet e nos caixas eletrônicos somente após o horário bancário, especialmente à noite, sendo que agora as transações realizam-se durante o expediente normal, pela manhã, quando as agências estão abertas ao público.

Pesquisas indicam que em futuro próximo os bancos realizarão 60% das transações com os clientes através de multimeios, sendo 20% na internet, e as demais continuarão diretamente nas agências. Nos EUA, no ano que vem calcula-se que 25 milhões de correntistas movimentarão suas contas on-line, enquanto na Europa o uso da internet movimentará algo em torno aos US$ 5 bilhões, em 2005. De qualquer forma, a figura do gerente de contas, do pessoal especializado, do caixa que atende e orienta o idoso ou a pensionista com boa vontade certamente não desaparecerá, pelo menos tão cedo. É o que ficou provado na megaoperação montada pela Caixa Econômica, onde são bem atendidos desde o cliente antigo, com um gordo saldo na conta, como o humilde trabalhador da construção civil, para o qual botar a mão nos seus R$ 35,00 ou R$ 70,00 remanescentes do FGTS representa muito, talvez a diferença entre comer melhor, ele e sua família, ou racionar os alimentos durante dois meses. Por outro lado, falta é dar mais segurança aos caixas eletrônicos, frios, isolados e à mercê dos larápios e armadilhas aos incautos. A rigor, não precisariam funcionar após às 20 horas, com a facilidade do cheque e do cartão de crédito que existe. A modernidade não recua, o que assusta é a rapidez das transformações, às vezes a cabeça não acompanha tantas mudanças. E quando a cabeça não ajuda, o corpo sofre.


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09/02/2002


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