Para civis e militares, Livro Branco ajuda a mobilizar opinião pública sobre assuntos de defesa



O apoio da sociedade é essencial para que as Forças Armadas possam cumprir seu papel constitucional na defesa da soberania nacional. Essa foi, em síntese, a mensagem defendida por conferencistas que participaram da quarta edição do Seminário do Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN), realizada na quinta-feira (30), em Recife (PE).

Ao longo do evento, que reuniu mais de 500 participantes, os palestrantes chegaram ao consenso de que o Livro Branco representa uma oportunidade única para mobilizar a opinião pública sobre os assuntos relacionados à defesa nacional. A publicação dará publicidade a dados orçamentários, institucionais e materiais sobre as Forças Armadas brasileiras, conferindo transparência às políticas de defesa do País.

Para o general José Benedito de Barros Moreira, militar da reserva, a confecção do Livro Branco é uma chance para mostrar ao conjunto dos brasileiros “as vantagens de termos Forças Armadas combativas, fato que se reverterá em benefício de toda a sociedade”. Ao discorrer, em palestra, sobre a capacidade militar do Brasil, ele ressaltou que o País pauta sua atuação apostando na vitória da diplomacia, mas que isso exige “capacidade de dissuasão” para efeitos de prevenção de conflitos.

Entre os instrumentos que podem fortalecer a capacidade dissuasória brasileira, para enfrentar desafios a sua soberania, Barros Moreira mencionou o investimento em pesquisas para o desenvolvimento de defesa anti-mísseis, aviões de combate a grande altitude, submarinos com propulsão nuclear, tecnologia de satélite e GPS nacional.

Ex-presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, o ex-deputado federal Raul Jungmann disse, em sua exposição, que o nível de compreensão sobre o tema defesa nacional ainda está aquém do necessário no Brasil. Incentivador da criação do LBDN, Jungmann enxerga no Livro Branco “um vetor para que tenhamos uma cultura democrática de defesa” – algo fundamental, no seu entender, “para um País que quer assumir papel mais amplo no concerto das nações”.

Ao tratar também do papel e da influência brasileira no novo contexto internacional, em especial no subcontinente sul-americano, o professor Héctor Luis Saint-Pierre, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), destacou a importância de o Brasil não se projetar como “nação imperial”. Para o acadêmico, o advento do Livro Branco contribuirá para fomentar mais confiança dos países vizinhos em relação ao Brasil, ao explicitar a vocação brasileira de ser um poder brando (soft power).

Citando a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano como um exemplo positivo de iniciativa brasileira, Saint-Pierre afirmou que o Brasil deve ter uma atitude de cooperação em relação aos países do subcontinente, e não apenas de integração. “Cooperação é melhor do que integração, porque compromete mais o Brasil com os problemas sul-americanos”, disse.

Repleto de acadêmicos, especialistas em defesa, militares e estudantes, o seminário realizado em Recife foi o quarto, no âmbito do Livro Branco, que aconteceu em diferentes capitais brasileiras. Antes de Recife, o seminário passou por Campo Grande (MS), Porto Alegre (RS) e Manaus (AM).

A cada edição, o evento aborda temas centrais específicos. Na capital pernambucana, as discussões se deram a partir da temática “A Defesa e o Instrumento Militar”. Outros dois seminários, com o mesmo objetivo de fomentar ideias e propostas para a elaboração do LBDN, serão realizados ainda este ano no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

Missão no Haiti

Parte do seminário do LBDN, em Recife, foi dedicada ao papel desempenhado pelas tropas brasileiras no Haiti, que integram a Missão de Paz da ONU (Minustah). De acordo com Antônio Jorge Ramos da Rocha, assessor da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e palestrante do evento, a experiência brasileira no Haiti serviu para projetar a imagem do Brasil no plano internacional.

Antônio Jorge creditou boa parcela do sucesso da missão – refletida, inclusive, na atitude positiva dos haitianos diante dos militares brasileiros – à formação das tropas nacionais, capaz de fazer do soldado do Brasil um militar diferenciado. “Isso não se improvisa, começa lá na academia”, afirmou.

Para o comandante da 13ª. Brigada de Infantaria Motorizada do Exército, general João Batista Carvalho Bernardes, a presença brasileira no Haiti foi fundamental não só nos momentos de maior dificuldade, quando o país foi devastado por um terremoto, em 2010, mas também no esforço recente de ajudar a reconstruir o país caribenho. 

Depois de relatar o apoio humanitário imediato nos dias que se seguiram ao terremoto, o general enfatizou que o Brasil atua não só na segurança do Haiti, mas também se mobiliza com mão de obra em ações como o reparo de estradas, residências e prédios públicos, além de participar de dezenas de projetos de cooperação no país.

 

Fonte:
Ministério da Defesa



01/07/2011 11:50


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