Para Lauro, campanha desmoraliza debate político



Em discurso em Plenário nesta quinta-feira (5), o senador Lauro Campos (PDT-DF) lamentou o baixo nível da campanha eleitoral que, na sua opinião, em vez de informar os eleitores, apresenta mentiras. Para o senador, o país observa, dessa maneira, o aprofundamento da desmoralização do debate político.

- Esse será o resultado final dessa prática eleitoral criminosa. Há candidatos cantando -Ciranda, Cirandinha-, ensinando criancinhas a atravessar a rua e, assim, acreditam que agradam os eleitores. Os candidatos deveriam alertar eleitores para a situação gravíssima em que nos encontramos. Mas assistimos ao contrário - afirmou Lauro, que lamentou não poder melhorar o nível da discussão nos 30 segundos diários a que tem direito no horário eleitoral gratuito.

O senador lembrou que há um ano fez um discurso afirmando que os candidatos optariam entre o silêncio e a mentira. Como exemplo de mentira, Lauro Campos apresentou o programa -Avança Brasil-, do governo federal, e desafiou qualquer pessoa a apresentar algo no livro que não seja mentira. O silêncio, acrescentou, é a estratégia dos -escapistas-, dos que não se querem comprometer e, assim, pretendem garantir a sua posse.

Lauro Campos apresentou o livro -O Fim do Emprego-, de Jeremy Rifkin, para demonstrar que existem boas análises que, se fossem conhecidas, evitariam que os candidatos se transformassem em -enganadores enganados-.

- Nos enganamos, não procuramos adquirir as bases das informações e perspectivas e então assistimos a um espetáculo de candidatos prometendo salvar o capitalismo de seus problemas e a sociedade de suas angústias - disse.

No processo de neoliberalização, analisou o senador, as instituições e direitos adquiridos passam a ser vistos como obstáculos para o mercado. Por essa lógica, de acordo com Lauro Campos, o mercado, por ser -racional, divino e iluminado-, deve atuar com sua inteligência e seu poder de maneira livre, sem que os trabalhadores possam ter direitos ou garantias que o atrapalhem.

Como solução para o problema do desemprego, diferentemente do que tem ouvido nos programas eleitorais, Lauro Campos sugeriu o aumento do número de vagas no emprego público. Segundo ele, o capitalismo gera, necessariamente, desemprego e não sustenta um nível de investimento suficiente para manter a população ocupada. Assim, o senador acredita que a solução é reempregar as pessoas, dispensadas pelo aumento do uso de tecnologia e do aumento da eficiência, como funcionários públicos que, então, se tornariam -consumidores improdutivos-.

- É triste expressar a verdade. Mas eu só tenho essa e não a troco por mentiras ou por espertezas da cabeça - afirmou o senador.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) manifestou a sua admiração por Lauro Campos e disse que qualquer pessoa de bom senso, independentemente da filiação partidária ou ideológica, deve sentir a mesma admiração pela convicção ideológica e pela firmeza programática do senador.

- Vossa Excelência jamais se curvou de forma subserviente às idéias estabelecidas. É o oxigênio que move meus passos na minha vida pública, sem se ajoelhar covardemente às conveniências políticas de quem quer que seja - disse Heloísa.



05/09/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


CCJ debate modificação em indenização para anistiado político

Para Jefferson, não fazer CPI desmoraliza o Congresso

Atual campanha é a mais triste do país, diz Lauro

Para Aloysio, mudança na LDO de 2013 desmoraliza contabilidade pública

Falta de quórum motiva debate político

Debate evidenciou enfraquecimento dos estados, diz cientista político