Para Rigotto, Tarso é candidato fantasia



 





Para Rigotto, Tarso é candidato fantasia
Pré-candidato do PMDB ao governo do Estado, o deputado federal Germano Rigotto assume com a responsabilidade de ser o segundo nome do partido para a disputa. O primeiro era o senador Pedro Simon, a quem Rigotto deverá substituir com o objetivo maior de, primeiramente, unir o partido em torno de sua candidatura. Outra grande responsabilidade é reerguer uma sigla abalada pela saída de cinco deputados estaduais, um federal, um senador e um ex-governador, no ano passado.

Jornal do Comércio - Como encara o fato de ter sido escolhido como o segundo nome do PMDB para a disputa pelo governo do Estado?

Germano Rigotto
Recebo a indicação com muita honra e orgulho. O PMDB tem história, tradição e bons quadros. É natural que, logo que começamos a pensar em candidatura ao governo, o primeiro nome fosse o senador Pedro Simon, com toda sua história e tudo que representa. Ele é o exemplo da ética e da moralidade. É reconhecido nacionalmente e tem seu nome cotado, hoje, para a candidatura à vice-presidência da República. Era natural que aparecesse primeiro nome. Minha pré-candidatura ao Senado veio da base, com muita força, sem contestação, sem nenhuma disputa interna e com o apoio de todas as coordenadorias. No momento em que Simon começou a demonstrar que não seria candidato a governador, meu nome surgiu naturalmente como alternativa. Me orgulha e me honra muito representar um partido com a estrutura e os quadros do PMDB. É uma responsabilidade enorme e estou preparado para o desafio.

Vou demonstrar isso durante a campanha e, depois, no governo. Estou muito tranqüilo e muito feliz com a escolha.

JC - Como fará para unir o PMDB em torno de seu nome?

Rigotto
- O PMDB já está mobilizado e unido. Quando começaram a surgir as dificuldades para o lançamento do Simon, eu andava pelo Estado e ouvia o chamamento do partido para que eu assumisse a candidatura ao governo. Acharam que eu seria uma proposta nova, que representaria algo novo durante a campanha eleitoral, que poderia unir o partido, motivando-o. Sinto que isso está acontecendo. Estabelecemos um calendário de eventos muito fortes para as próximas semanas.

JC - Como será sua campanha eleitoral?

Rigotto
- Organizaremos 16 grandes reuniões regionais, que começam dia 10, em São Leopoldo, reunindo toda Grande Porto Alegre. Continuam dia 11, reunindo a região das Missões, em Santo Ângelo, dia 18, o encontro será em Passo Fundo, com a região do Planalto Médio, dia 24 de maio, haverá um encontro da região Sul, em Pelotas. Serão todos encontros de mobilização, de unificação de linguagem, visando definir as linhas básicas de nosso plano de governo. O programa não está concluído. Temos a Fundação Ulysses Guimarães trabalhando e estamos radiografando o Estado, realizando um levantamento do que fizemos quando fomos governo e vendo a realidade do Rio Grande. Devemos construir e apresentar um plano de administração sério, honesto e viável, como alternativa ao que temos, ou não temos, hoje, considerando também os acontecimentos de governos anteriores. Esse plano não sai da cabeça do candidato, mas de um trabalho que engloba todos os órgãos do partido: mulheres, jovens, vereadores, etc. O programa será discutido com a base e com as entidades representativas da sociedade, antes de ser finalizado. Nesses encontros, que acontecerão até 11 de junho, vamos unificar nossa linguagem, não somente nas críticas ao PT, mas vamos mostrar o que foi prometido e o que não está sendo feito. Faremos uma análise do Estado, que não se desenvolve, não atrai investimentos, não gera empregos e não tem políticas fortes de inclusão social, diferente dos discursos. Apresentaremos uma alternativa ao que está aí.

JC - O PMDB foi governo antes do PT e também teve problemas, sendo o responsável pelo maior programa de privatizações da história do Estado, pelo que foi muito criticado. Não teme ter que responder por isso na campanha?

Rigotto
- Nós comandamos o governo com uma grande coligação que respaldou a administração passada. Temos consciência que tivemos avanços importantes naquele governo. O Estado se desenvolveu e, administrativamente, o governo tem o que mostrar. Precisamos mostrar que o momento do Rio Grande é outro hoje e que não vamos repetir a administração que tivemos. Vamos ter desenvolvimento, atração de investimentos e geração de empregos com a diferença de já termos feito um governo que tem o que mostrar. Não temos receio nenhum de cobranças. O caminho a seguir hoje é bem diferente. Precisamos de desenvolvimento com projetos fortes e claros de inclusão social. O PT fala muito e faz pouco. Atacaremos o problema das desigualdades regionais e internas, como a pobreza, porque ele agrava os problemas de segurança. Não há política de segurança no Estado, e constatamos a ideologização e a partidarização da polícia. É um absurdo! Também não há políticas de enfrentamento das desigualdades por parte do governo. Não tenho resistência em partido nenhum e tenho muito mais condições do que outros candidatos de agregar.

JC - Como enfrentar a falta de recursos diante do déficit no Caixa Único do Estado?

Rigotto
- O PT deixará um déficit de R$ 1,4 bilhão no Caixa Único, mas o rombo chega a R$ 4 bilhões. Esse quadro vai exigir do futuro governo a otimização dos recursos. Tenho uma larga experiência na questão tributária e, quando falamos em ampliação da base tributária alguns não entendem, mas significa ampliar a base de contribuintes. Com isso, é possível reduzir cargas setoriais e garantir mais eficiência na questão fiscal. Após a radiografia do Estado, poderemos mostrar, durante a campanha, que há alternativa para esta situação muito difícil, que exigirá um governo que agregue, que não governe somente para seu partido e para aqueles que o apoiaram na campanha eleitoral. Precisamos construir um grande entendimento no Rio Grande e tenho condições de liderar esse movimento, que significará um novo momento para o Estado.

JC - Mas quais seriam as alternativas para o problema de caixa?

Rigotto
A alternativa passa, obrigatoriamente, pela otimização dos recursos, com o enxugamento da estrutura do Estado, através da extinção das secretarias e de cargos de confiança. Mas só o enxugamento da estrutura e o corte de gastos não resolve. Devemos ter projetos. Nosso governo não será de submissão ao governo federal, independente de quem ganhe a eleição para a presidência da República. Seremos parceiros da União, cobrando aquilo que tenhamos que cobrar, e não fazendo o que faz a atual administração estadual, que é confrontar o governo federal. O atual governo gaúcho confronta a União e o Estado precisa de um governo que cobre ações. Não tenho projetos prontos. Não poderia dizer que tenho soluções para todos os problemas do Rio Grande, porque ainda estamos radiografando a situação. Mas, durante a campanha eleitoral, apresentaremos uma proposta alternativa que não venda ilusões, que seja viável, séria e honesta.

Não faremos o que o PT fez, prometendo o que não poderia cumprir.

JC - Que partidos o acompanharão na eleição?

Rigotto
- O PSDB, hoje, seria o primeiro partido que poderia estar conosco em uma coligação, até pela questão da verticalização. Defendíamos a tese da candidatura própria, porque o PMDB precisa mostrar sua cara e suas propostas, recuperando suas bandeiras. Torço para que Pedro Simon seja o candidato a vice porque vai significar o que precisamos neste momento, que é levar para dentro do governo nossas propostas. Mais do que discutir cargos ou favores, devemos apresentar projetos para o desenvolvimento do País e para o ataque às desigualdades. O atual governo conseguiu a estabilidade e avanços importantes em termos de mudanças estruturais, mas cometeu absurdos como o impedimento da votação da reforma tributária. O próximo governo terá que trabalhar o desenvolvimento do País, com a geração de empregos. O PMDB, tendo Simon como vice-presidente, garante uma postura mais centro-esquerda para a candidatura do Serra e assegura que poderemos levar nossas propostas para dentro da administração.

JC - Por esse raciocínio, a União com o PSDB imprime uma postura mais centro-direita para a sua candidatura. Isso não atrapalha no Rio Grande do Sul?

Rigotto
- Poderiamos ter mais tranquilidade no encaminhamento de propostas se nós não tivessemos coligação. Ai seriam só as propostas do PMDB. Com uma aliança teremos que somar as propostas dos partidos que a integrem. Isto é natural numa composição de forças. O PSDB tem excelentes quadros no Estado, como a deputada Yeda Crusius e o ex-vice-governador Vicente Bogo. Acredito que o PMDB tendo uma coligação nacional com o PSDB, ao natural, ela deverá se reproduzir no Estado. Eu não fecho a porta para nenhum outro partido. Vamos ver quem vai ficar solto a nivel nacional. Conversaremos com todos para viabilizar, ainda, uma coligação no primeiro turno e, posteriormente, com os demais no segundo turno.

JC - Como o senhor encara o argumento da deputada Yeda Crusius de que ela tem 20% nas pesquisas e que tanto o senhor como o ex-governador Bogo estão bem abaixo disso?

Rigotto
Não vou nem comentar essa questão das pesquisas. Eu não era candidato. Eu fiz 151.600 votos como deputado federal nas últimas eleições e nas anteriores eu sempre fiquei entre os dois deputados federais mais votados do Rio Grande do Sul. Acho que se alguém quer analisar potencial eleitoral, ele está aí.

Agora, pesquisa eleitoral para mim não vale. Nas eleições municipais passadas eu não fui candidato.

Quem foi ficou exposto; teve mídia; eu não vou citar nome. Eu era pré candidato ao Senado, tendo o nome do senador Pedro Simon a frente como o possível candidato do PMDB. Como é que podem me colocar numa pesquisa eleitoral, tendo um nome como o do senador Simon, que poderia e deveria ser candidato naquele momento ao governo do Estado? É até injusto comigo jogar o meu nome em uma pesquisa eleitoral nessas condições. Me dêem entre 30 a 40 dias, prazo em que promoveremos a organização do partido, e vamos poder medir o crescimento gradativo da nossa proposta, a partir da mobilização das nossas bases. Agora, querer analisar pesquisas com candidatos que estão há quatro meses divulgando que pretendem disputar as eleições, e outros que ocuparam espaços com prévias dos seus partidos, não serve de referencial para nós. Queremos trabalhar para evitar os efeitos que esse tipo de pesquisa trás, que é a bipolarização. Eu tenho dito que seremos uma terceira via, com projeto alternativo e sério para o Estado.

Principalmente, nesse momento, com o PMDB nos alavancando, e num segundo momento com os demais partidos que certamente deverão nos apoiar.

JC
- O senhor andou reunido com o deputado Germano Bonow para buscar o apoio do PFL?

Rigotto
- Nós estamos conversando com todos os partidos que pudermos conversar. Acho que no primeiro turno, será positivo se conseguirmos formular uma boa coligação, com quadros de outros partidos que somados aos do PMDB, desenvolvam um projeto para o Rio Grande. Essas conversas podem determinar aproximações, mas o importante é que estamos com o nosso nome definido, um calendário forte de mobilização e isso pode favorecer a que outros partidos se somem a nossa proposta ainda no primeiro turno.

JC
- O fato da oposição estar lançando vários candidatos favorece ao candidato da situação?

Rigotto
- Não acredito. Se tivessemos uma grande candidatura da oposição isso só facilitaria o candidato que representa o governo. Aqueles que administram o Palácio Farroupilha não cumpriram o que prometeram aos gaúchos. É uma realidade que o próprio PT julgou. O PT impediu que o Olívio fosse candidato a reeleição ao governo do Estado, o que não aconteceu em nenhum outro estado brasileiro, porque entendeu que o governo será muito cobrado pelo que não fez. Tarso é um candidato fantasia. Hoje somos um Estado que não atrai investimentos, não gera empregos, não investe o que deveria para tratar o problema da desigualdade, o que gera cada vez mais a insegurança da população. Tudo isso deverá ser respondido pelo candidato que representa o partido que está no governo. Só quem não entende nada de política pode afirmar que essa eleição será definida no primeiro turno. A cobrança será forte de três ou quatro candidatos, ocupando os espaços de rádios e televisões. Um desses nomes vai para o segundo turno. E quem for terá que ter a capacidade de agregar e trazer os que não forem. Eu acredito que de todos os nomes que estão ai, o que talvez tenha mais facilidade, por não encontrar nenhuma resistência, é o meu.

JC - E como será concorrer contra o Britto?

Rigotto
Nós não vamos concorrer contra ninguém pessoalmente. Não queremos participar de frente contra. Vamos apresentar nossas idéias e projetos Queremos discutir o atual governo e mostrar alternativas. Os outros que apresentem a sua. Nos seremos uma alternativa moderna. Seremos a novidade nessa eleição.

Não tenho dúvida disso. A minha candidatura é a do PMDB a favor da construção e da representação de um projeto sério e viável para o Estado.

JC - Como o senhor avalia os atritos da Frente Trabalhista?

Rigotto
- No momento que se tenta reunir partidos que tem diferenças e posições tão fortes e heterogêneas é natural e difícil que os atritos aconteçam. Não vejo como surpresa a situação enfrentada por esses partidos. É muito difícil esse tipo de composição no primeiro turno.


Britto espera apoio do PTB a sua candidatura
O PTB gaúcho decidiu, na sexta-feira, apoiar o ex-governador Antônio Britto (PPS) na campanha eleitoral.

Em pesquisa interna, 92,8% dos militantes optaram pelo apoio a Britto, enquanto apenas 1,5% respaldaram a candidatura do vereador José Fortunati (PDT) ao governo. O anúncio foi feito pelo vice-presidente regional, Cláudio Manfrói.

A decisão não foi oficializada porque o PTB ainda tentar negociar com a direção nacional do partido a independência para a escolha do candidato no Rio Grande do Sul. Uma comissão executiva foi nomeada para lutar, em Brasília, pelo fim da ameaça de intervenção, caso a deliberação nacional de apoiar Fortunati seja contrariada.

Logo após receber a manifestação dos convencionais do PTB de apoio à sua pré-candidatura, Britto afirmou estar emocionado e orgulhoso do resultado, "tendo em vista a incrível pressão que está sendo sofrida pelos convencionais do PTB gaúcho. Em um regime democrático, a vontade de 93% é a vontade da maioria e a vontade da maioria é respeitada."

Já em campanha, o ex-governador participa, hoje, do I Encontro Sindical Estadual do PPS. O evento tem início às 14 horas na sede regional do partido, e contará com palestras, painéis e debates sobre o tema.


PMDB Mulher faz mobilização em favor de Germano Rigotto
A primeira mobilização partidária em prol da candidatura de Germano Rigotto ao governo do Estado reuniu mais de mil mulheres no auditório Dante Barone da Assembléia Legislativa, ontem. No encontro, Rigotto destacou que a campanha eleitoral não será sustentada em cima de nomes, mas de projetos. "Acabou o tempo dos semi-deuses, do personalismo. É importante trabalharmos com uma estrutura partidária onde cada militante e a própria sociedade sejam responsáveis pela criação de uma alternativa séria e viável para que o Rio Grande volte a se desenvolver para atacar as desigualdades sociais", afirmou.

A presidente estadual do PMDB Mulher, Maria Helena Sartori, entregou ao candidato a bandeira do Estado, assinada pela militância feminina representada no ato e uma carta-proposta com itens para serem integrados ao programa de governo de Rigotto. "Apesar de sermos uma das forças propulsoras do partido, ainda é pequena a participação das mulheres na hora da disputa eleitoral", avaliou.

O presidente estadual do partido, Cesar Schirmer, garantiu amplo espaço para que as mulheres concorram em todas as regiões do Estado no próximo pleito. Rigotto prestigiou também, na sexta-feira à noite, o lançamento da candidatura do ex-prefeito Marcos Palombini à Assembléia. Palombini será candidato representando, além de Vacaria, toda a Região de Cima da Serra.

Simon critica arrogância e espírito de confronto de Britto
Durante discurso no Encontro do PMDB Mulher, o senador Pedro Simon criticou o ex-governador Antônio Britto. Simon lembrou que a imagem do ex-governador foi construída dentro da sigla, a partir de 1986, quando foi indicado para ser o porta-voz de Tancredo Neves. "Britto nasceu e cresceu às custas do PMDB", cutucou.

Simon disse, ainda, ter tomado conhecimento somente agora de algumas histórias de prefeitos e "lideranças que foram humilhadas pela arrogância e pelo espírito de confronto do ex-governador, que nunca se preocupou em ouvir e prestigiar a sua base partidária".

Sobre o governo do PT, o senador afirmou que não caberia ao PMDB julgar. "A própria militância petista julgou quando excluiu o seu próprio governador da disputa para a reeleição", alfinetou.


Federações traçam raio X do Estado
Após um ano de reestruturação, a Federação do Comércio de Bens e Serviços do RS - o novo Sistema Fecomércio - intensifica a defesa dos interesses dos empresários gaúchos. Uma parceria com a Fiergs e com a Farsul vai unificar a linguagem das três entidades em relação a objetivos comuns. Um dos resultados é o estudo, em elaboração, sobre a cadeia produtiva do Estado. A conclusão do trabalho será apresentada ao próximo governador do Estado. Nesta entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio o presidente da Fecomércio, Flávio Sabbadini, fala sobre as metas, a reestruturação e as parcerias da entidade para o ano de 2002.

Jornal do Comércio - Quais as principais resoluções adotadas no primeiro ano do novo Sistema Fecomércio?

Flávio Sabbadini - Foi um ano difícil, mas excelente, com grandes transformações. O Sistema Fecomércio basicamente se estruturou neste ano, fruto da fusão de cinco federações de comércio e serviços. Com um time de 150 diretores, 17 vice-presidentes e 22 regionais podemos administrar bem toda nossa pauta de 2001 e os primeiros quatro meses de 2002. Começamos a pensar mais os clientes, que são empresários e profissionais liberais, que compõem a base de atuação. Temos 107 sindicatos distribuídos no Estado, o que permite obter uma boa resposta em relação às demandas que parte do empresariado. De um lado, fizemos a reestruturação do Sistema Fecomércio, e de outro intensificamos a defesa dos interesses maiores dos empresários gaúchos.
Dentro dessas duas vocações, trabalhamos, aliados no plano macro, com a Farsul e com a Fiergs. Olhando sob a visão sindical, a cadeira produtiva está bem representada.

JC - Como funciona essa parceria com a Farsul e a Fiergs?

Sabbadini - É uma unificação de linguagem. Embora, no plano interno cada um tenha a sua vocação, no plano macro os interesses são comuns. O que afeta o empresariado, dentro da cadeia, é geral, seja no agronegócio, da indústria ou do comércio e serviços. Estamos aqui para reivindicar, somos os agentes facilitadores, até mesmo em relação à União, Estado e Municípios.

JC - A parceria inclui algum projeto em comum?

Sabbadini - Várias coisas já aconteceram. No final do ano passado, por exemplo, fomos contrários às mudanças na matriz tributária e a postulação recebeu guarida dos legisladores. Além disso, estamos preparando um trabalho da cadeia produtiva em relação ao crescimento do Rio Grande do Sul. As estruturas das áreas econômica e política estão trabalhando para ver o que é possível fazer em relação aos três setores - indústria, agronegócios e comércio e serviços. Os dados serão reunidos em um projeto global que será encaminhado ao próximo governo do Estado com a nossa visão de crescimento para o Rio Grande do Sul. O estudo está em fase de elaboração.

JC - E a Federasul nesse processo?

Sabbadini - Sempre tivemos uma relação harmônica com a Federasul. Recebemos o presidente eleito, Paulo Afonso Feijó, e temos a posição de trabalharmos sempre de forma conjunta. Na verdade todos temos um cliente comum, que é o empresariado. Então não podemos disputar espaço, não há nenhum interesse nisso.

Temos uma visão sindical mais combativa, mas estamos alicerçados na visão associativa também.

JC - Qual a posição que a Fecomércio vai adotar em função do ano eleitoral?

Sabbadini - Não temos um apoio específico a candidatos. Na verdade, trabalhamos para quem trabalha em benefício do Estado, de preferência para quem defende interesses maiores do empresariado gaúcho. Estamos abertos a ouvir o pensamento dos candidatos ao governo para que possamos colaborar e nos direcionar.

JC - Como vai ser esse processo?

Sabbadini - Vai ser um processo aberto. As entidades têm que se manter apartidárias. Mas somos entes políticos do Estado. A instituição trabalha politicamente, é composta por pessoas que são entes políticos dentro do Rio Grande do Sul. Não podemos fugir do aspecto político, só não nos posicionamentos quanto ao partidarismo. Aí é que está grande diferença. Vamos examinar as propostas dos candidatos e buscamos aquelas que unam coerência em cima do pensamento empresarial e do que pensa a média da população rio-grandense. Se nós, enquanto instituições, nos propomos a gerar mais riqueza para o Estado, gerar empreendedorismo e incentivar mais empregos, não podemos ser apenas escravos do Estado. Temos pensamento e voz.

JC - Quais seriam as principais reivindicações? O que é mais urgente para o empresariado?

Sabbadini - É a reforma tributária. O Estado como um todo - União, Estado e Municípios - vem fazendo reforma tributária há muito tempo, a favor dele. Temos hoje um seqüestro que é a arrecadação. A carga tributária oscila de 34% para 35%. Queremos reduzir essa carga tributária. As micro, pequena e média empresas estão sendo consumidas em seu capital de giro através da tributação. Tem que haver uma modificação da qualidade e da quantidade dos impostos existentes no País. É preciso tributar menos com base maior de arrecadação. Não queremos que o Estado perca recurso, mas também queremos um Estado necessário, ideal para o Brasil.

JC - Quais são os planos da Fecomércio para 2002?

Sabbadini - Dentro do planejamento interno, estamos aprimorando e intensificando a presença de lideranças gaúchas. Estamos prospectando lideranças em todos os municípios para que componham a base do sindicalismo estadual. Através deles poderemos conhecer as demandas das comunidades. Será uma fonte de abastecimento das ansiedades. Não podemos fazer um plano estratégico para o Estado sentados numa mesa.

Temos que ir às bases, que têm que estar comprometidas com o Rio Grande do Sul para que possam cobrar.

Essa é a nossa intenção.


PIB deve crescer somente 2%
A equipe econômica do governo federal trabalha agora com uma estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2%, no cenário mais otimista, de no máximo 2,5%. O recuo ocorre após o agravamento da crise argentina. Antes esperava um crescimento do PIB de pelo menos 2,5%.

A piora na situação econômica da Argentina, principal parceiro do Brasil no Mercosul e mercado importante para as exportações brasileiras, não cons tava nos cenários da área econômica. De janeiro a abril, as exportações brasileiras para a Argentina tiveram queda de 68% em relação ao mesmo período do ano passado.

A Argentina passou da segunda colocação no ranking de parceiros comerciais do Brasil para quinto lugar. O país está na busca de novos mercados, mas a situação não mudará no curto prazo.

A área econômica do governo promete ser rigorosa com os gastos públicos no segundo semestre, mesmo sendo um ano de eleições. "Vamos cortar o que for necessário para cumprir as metas fiscais", afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia. E os cortes virão acompanhados de aumento de impostos, como já avisou o ministro da Fazenda, Pedro Malan. Isso porque os técnicos acreditam que só cumprindo as metas, como vem fazendo desde 1999, o governo conseguirá afastar a desconfiança do mercado.

O acordo com o FMI prevê superávit de R$ 34,1 bilhões nas contas públicas até setembro. No primeiro trimestre, as contas fecharam apenas R$ 150 milhões acima da meta de R$ 11,4 bilhões do período, sem a folga obtida nos meses anteriores. Esse resultado "apertado" contribuiu para uma onda de nervosismo que, somada à atitude conservadora do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 18,5% ao ano e ao crescimento nas pesquisas do pré-candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva, levou bancos e empresas de avaliação de risco a rebaixarem a classificação da dívida brasileira.

A certeza de Guardia de que as metas serão cumpridas é compartilhada pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. "Não é um cenário fácil, mas a programação de dispêndios nos permite dizer que vamos cumprir a meta", disse. O principal problema que o governo enfrenta para cumprir as metas de política fiscal é o "rombo" aberto na arrecadação pelo atraso do Congresso em votar a emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF). A conta já está em R$ 2,940 bilhões e crescerá R$ 420 milhões a cada semana de atraso. Estimativas pessimistas do Congresso falam numa frustração de receitas de R$ 6 bilhões, mas o ministro Malan afirma que esse é um "flagrante exagero". Um esboço sobre como esse rombo será tapado ficará pronto até o final deste mês.


Proprietários da Fazenda Ana Paula vão pedir reintegração de posse
Os advogados dos proprietários da Fazenda Invernada, em Hulha Negra, irão ingressar hoje com pedido de reintegração de posse na área. A propriedade, invadida na sexta-feira, por cerca de 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), é uma das três que a Agropecuária Ana Paula tem na Região da Campanha, num total de 15 mil hectares, com 18 mil cabeças de gado. A empresa é conhecida por usar tecnologia para produzir e levar aos supermercados, com sua grife, carne de novilhos precoces, abatidos com um ano.

No sábado, os sócios da Ana Paula afirmaram que não iriam entrar na Justiça. Segundo a Farsul, os produtores estariam frustrados com decisões judiciais que derrubam ações de integração de posse por considerar o MST um movimento social. O subcomandante da Brigada Militar, José Bonifácio Teixeira, disse que a situação é tensa no local e há bloqueio da estrada que dá acesso à fazenda, considerada modelo no Rio Grande do Sul. O policiamento foi reforçado nas proximidades. Produtores rurais montaram acampamento a 200 metros da propriedade e garantem que ficarão em vigília até que o MST deixe o local.

Conforme o diretor da fazenda, Martin Teixeira da Luz, os invasores já abateram seis animais, avaliados em R$ 14 mil, cada um. Ontem, foi registrada queixa na Delegacia de Polícia de Aceguá sobre o abate de gado, fato negado pelo coordenador estadual do MST, Airton Croda. Segundo o líder sem-terra, a ocupação só irá terminar quando o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) assumir metas de assentamento no Estado.


Artigos

Sob o céu de maio
Décio Pizzato
Desde o último dia 19 de abril, está acontecendo o alinhamento celestial dos planetas Júpiter, Marte, Mercúrio, Saturno e Vênus. Este fenômeno, com duração de 4 semanas, é raro, e só se repetirá em 2040. Para o astrólogo inglês Walter Berg, haverá favorecimento à população, com a influência cósmica desta reunião de 5 planetas, já que afeta o inconsciente coletivo humano. O que para Robert Massey, do Observatório Real Britânico, é uma bobagem completa. Independente do que dizem astrônomos e astrólogos, analisando os últimos acontecimentos, sejam no cenário externo ou aqui no País, mostra haver, dentro de uma dinâmica, a criação de novos patamares para a economia. Para o FMI, o Brasil está totalmente descolado da crise Argentina e já dentro de um círculo virtuoso. Custou muito caro ao País hoje estar em uma posição mais sólida, depois que foi altamente afetado pela crise da Ásia, em outubro de 97, e pela moratória russa, em agosto de 98. E para citar um aspecto que abala o vizinho país, o governo federal assumiu as dívidas dos estados e municípios, fazendo com que esta, em um primeiro momento, dobrasse de tamanho, e para hoje estar em torno de 2/3 de R$ l trilhão. Não se inclui nesse montante o saneamento dos bancos estaduais, pois o Proes hoje está com um passivo de R$ 20,307 bilhões. Esses bancos foram quebrados pela irresponsabilidade dos governadores estaduais, que os haviam transformado em casa da moeda. Desta forma, outros tantos rombos foram tapados pelo Tesouro Nacional. Esta dívida tem sido administrada, mesmo à custa de retirada de dinheiro que poderia ir para investimentos no desenvolvimento do País. Mas, para pôr um freio nos desmandos dos governantes, há hoje a Lei de Responsabilidade Fiscal, muito criticada, pois assusta com as punições previstas aos infratores. Por outro lado, a economia americana está começando a se movimentar, não na velocidade que o mundo espera, mas está começando a dar sinais de aquecimento. Isto não é só bom para os Estados Unidos, mas para toda a economia global, onde iremos nos beneficiar. O saldo de nossa balança comercial tem sido positivo, nestes primeiros meses, em primeiro momento pela diminuição das importações, mas a tendência é o crescimento das exportações. As taxas de juros não cairão em um passe de mágica, como alguns pré-candidatos andam apregoando, mas é possível que ao correr deste ano caiam até 2 pontos percentuais. Teria que ser muito longo este artigo, para mostrar os contras e os prós de nossa economia. Um bom dado para ser visto e analisado são os informativos trimestrais, que começam a ser divulgados pelas empresas de capital aberto. São bons os números que, somados aos cenários de definições políticas, que terão que serem concluídas até 5 de junho, mostram que haverá um crescimento consistente no índice Bovespa, já que este antecipa o que irá acontecer na economia. A CPMF será aprovada, assim como a isenção para as operações em Bolsa. Não podemos nos esquecer que todas as instituições financeiras, assim como os principais investidores institucionais, fecham balanço semestral, o que acontecerá em 30 de junho, e todos querem obter bons resultados no mercado acionário. Enfim, a Bolsa começa a se mexer já na primeira semana de maio. Talvez seja por causa do fenômeno celestial, ou porque está dando-se duro para obter-se bons resultados em nossa economia. O critério na escolha é de cada um.


Colunistas

CARLOS BASTOS

PPS procura atrair PPB de Bernardi
Muita gente não entendeu o fato de Antônio Britto e José Fogaça não terem aceitado já no dia 1º de maio, quando expirou o prazo dado pelo PPS aos seus aliados da Frente Trabalhista, o lançamento de suas candidaturas. Na prática assumiram, só que não oficialmente. Naquela altura já eram conhecidas as articulações com o PFL do deputado Germano Bonow, com vistas a uma aliança, bem como as dificuldades do partido de Sérgio Zambiasi explicitar sua preferência por Britto, em função do acordo entre as direções nacionais de PTB e PDT, que vale para todos os Estados. A verdade é que a oficialização das candidaturas Britto e Fogaça foi adiada para aguardar sondagens que seriam lançadas por diversos setores identificados com a oposição estadual, procurando atrair o PPB de Celso Bernardi. Os pepebistas entendem que não podem voltar a disputar uma eleição majoritária sem candidato a governador no Rio Grande do Sul, pois isto provocaria prejuízos na representação na Assembléia e na Câmara Federal.

Diversas

Apesar da postura da cúpula do PPB, está em desenvolvimento uma articulação que busca ampliar a aliança em torno da candidatura de Antônio Britto e que tem como alvo principal o partido do candidato Celso Bernardi.

Quanto aos entendimentos com o PFL de Germano Bonow, um depoimento do deputado Onyx Lorenzoni no programa de José Antonio Conti, da Rádio Universidade de Caxias, deu conta que eles estão bem adiantados.

A única possibilidade de não se concretizar é na hipótese remota de o PFL ter candidato à presidência da República, ou voltar a fechar uma aliança com os tucanos do PSDB.

A nota oficial do PTB gaúcho que foi lançada no final de semana procura um canal de comunicação com a direção nacional do partido, mas é afirmativa.

Ao mesmo tempo em que considera legítimas tanto a candidatura de José Fortunati, do PDT, como de Antônio Britto, do PPS, sustenta que é necessário disputar a eleição com um candidato que tenha condições eleitorais de enfrentar o PT no segundo turno.

Outro detalhe importante da nota é ressaltar o prejuízo que uma candidatura sem viabilidade eleitoral trará para os candidatos a deputado estadual e federal. Os petebistas não usam de meias palavras, são explícitos.

Deputado Germano Rigotto ficou entusiasmado com o primeiro evento de sua campanha, que foi a reunião das mulheres peemedebistas ontem, que demonstraram grande arregimentação e disposição de entrar com força na disputa eleitoral.

Candidato a governador do PDT, José Fortunati, fez questão de prestigiar o lançamento da candidatura à reeleição do deputado federal Airton Dipp, ex-presidente do diretório regional, em Passo Fundo.

Última

Rádios e televisões do Rio Grande do Sul apresentam hoje o programa estadual do PSDB. Metade dele conta com a participação do candidato tucano à presidência José Serra. Na outra metade aparecem lideranças regionais, como Yeda Crusius, Sanchotene Felice, Vicente Bogo, Jorge Gobbi e Adilson Troca. Há uma participação especial no programa de Nelson Marchezan Filho, que está sendo estimulado pelos tucanos a concorrer a deputado federal.


Editorial

A DEMANDA HABITACIONAL E A ESCASSEZ DE RECURSOS

O Brasil continua sem ter como resolver, na velocidade necessária, a alta demanda por habitações, especialmente para a classe média baixa, considerada a faixa dos que têm salários de até R$ 1.700,00, e aqueles que não chegam a R$ 1.000,00 mensais. Pois a Caixa Econômica Federal continua sozinha "no pedaço", com muitos planos, facilitando o mais que pode. Talvez por isso mesmo tenha amargado prejuízo em torno aos R$ 400 milhões em 2001, a maior parte com a inadimplência dos empréstimos concedidos à moradia. Não vamos culpar somente os mutuários, a reposição salarial tem sido feita, no máximo, pela inflação passada, sem ganhos efetivos. Além do mais, o espectro do desemprego paira sobre todos os trabalhadores brasileiros que estão ocupados, sem contar os milhares de jovens que buscam, desesperadamente, um lugar no mercado, tendo hoje à disposição apenas os estágios, onde muitos trabalham como profissionais e ganham como amadores. Políticas habitacionais equivocadas do passado, embora bem intencionadas, fizeram com que o setor da construção civil não opere com todo o seu potencial, resolvendo dois problemas, simultaneamente, ou seja, criar moradias e gerar empregos aos milhares para pessoal sem grande qualificação profissional. O que é ofertado atinge a faixa média de rendimentos de R$ 3 a R$ 4 mil mensais para os adquirentes, ou seja, geralmente pessoas na terceira idade, carreiras consolidadas, quando não aposentadas. Deste perfil passam longe os jovens, solteiros ou casados, em início de carreira, mas que almejam o sonho maior da moradia própria. Resta, então, a opção do imóvel usado, de 20 a 30 anos de uso, aqui em Porto Alegre custando, dois quartos, entre R$ 40 a R$ 60 mil, exigindo mais três a cinco mil reais em reformas.

Ainda bem que o atual arcabouço montado pela CEF é considerado pelos empresários do setor imobiliário como autêntico mundo novo. Está calcado em cima do Sistema de Financiamento Imobiliário, do Programa de Arrendamento Residencial, da alienação fiduciária, securitização e Fundos de Investimento Imobiliário.

Para que funcione bem este novo mundo na produção e comercialização imobiliária, resta praticar juros adequados à realidade dos empregados brasileiros, além dos bancos privados se engajarem mais no processo, eles que querem distância do risco dos financiamentos habitacionais. Atualmente, o que funciona mesmo é o SFH, onde somente a Caixa Federal financiou 409 mil unidades em 2000 e 310 mil em 2001, contra a média de 234 mil imóveis no período de 1995 a 1999, total de dois milhões de moradias entregues nos últimos anos, R$ 26 bilhões aplicados. Os vetores da construção civil que devem ser atendidos são os empresários, na produção do bem imóvel, recursos bancários e regras definidas, seguras, e o consumidor final, que está distribuído em faixas. Do déficit de seis milhões de moradias no Brasil, 84% estão concentrados no segmento de renda de até três salários mínimos. Logo, crédito subsidiado pela União, estados e municípios. Depois, vem a classe média, que pode pagar o financiamento, com juros mais baixos, sendo que a moradia deveria ser tratada como prioridade pelos governantes, igual à educação e à saúde. Outro grave empecilho para que se construa por preços mais acessíveis é o alto valor dos "terrenos servidos", aqueles que têm água encanada, pavimentação, esgotos e energia. Isso, só nas cidades, pelo dobro do valor, transferindo o problema da moradia do teto para o chão. Hoje, o empresário de loteamentos deixa 35% da área para equipamentos públicos, encarecendo o produto. Juros altos e o acesso mais fácil a "terrenos servidos" são os problemas do setor imobiliário, pauta dos presidenciáveis.


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05/06/2002


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