Parlamentares discutem medidas urgentes para combate à malária em Anajás, no Pará



Matéria retificada no dia 08/10/09 às 20h40

A alta incidência de malária no município de Anajás (PA), em Marajó, levou o senador José Nery (PSOL-PA) a cobrar "medidas urgentes e conjuntas" do governo federal. Ele, que foi o autor de requerimento para realização da audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) que debateu com especialistas a situação nesta quarta-feira (7), anunciou audiência ainda nesta tarde com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para discutir a integração de ações da União, dos estados e do município no combate à doença.

- A audiência com o ministro tem o sentido de aglutinar os três entes da federação visando uma política mais permanente para que o problema não fuja ao controle - sugeriu o parlamentar, que pediu um prazo de três meses para que as medidas mais urgentes tomadas pelos órgãos representados na audiência - Ministério da Saúde, Fundação Nacional da Saúde (Funasa), governo federal, estadual e municipal - apresentem resultados.

E sugeriu que um grupo de senadores visite Anajás para que a população, conforme descreveu o bispo do Marajó, Dom José Luiz Azcona Hermoso, que já não acredita em solução para o combate à malária, constate a possibilidade de ações efetivas.

A presidente da CAS, senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) apontou a necessidade de um esforço concentrado de todos os atores envolvidos, mas ponderou que a governadora do estado, Ana Júlia Carepa (PT), deve ser a condutora do processo, pois o prefeito de Anajás, avalia, não conseguirá resolver o problema sozinho.

Remédio

Anginaldo Oliveira Vieira, chefe da Defensoria Pública da União no Pará, sugeriu que o programa Voz do Brasil seja utilizado para uma campanha de esclarecimento sobre a forma correta de uso do medicamento contra a malária. Durante o debate, o senador Augusto Botelho (PT-RR), que é médico, julgou importante que a população amazônica, que tem no açaí a base de sua alimentação, seja informada de que pode consumi-lo juntamente com o remédio por período de 30 dias ininterruptos, desde que a recomendação seja feita de acordo com a sazonalidade da doença em cada região.

Augusto Botelho avalia que as chuvas na região colaboram para dificultar o controle da malária e que a colaboração da comunidade por meio dos chamados "Territórios da Cidadania", com a participação de diversas entidades sociais, podem contribuir para melhorar o combate à doença. O parlamentar também parabenizou o município de Anajás por ter conseguido diminuir, com ações recentes, os casos de malária: de 3.700 casos positivos em setembro para cerca de mil casos em outubro.

Recursos

Em resposta ao senador César Borges (PR-BA), que perguntou sobre os R$ 120 milhões destinados pelo governo à região para a aplicação em saúde, o representante da Funasa, Danilo Bastos Forte, disse que, desse valor, R$ 113,6 milhões foram contratados, dos quais R$ 74 milhões empenhados. Ele esclareceu ainda que até o momento R$ 4 milhões já foram pagos.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) advertiu para o sucesso de iniciativas de baixo custo a exemplo de armadilha para o mosquito da dengue feita com garrafas pet no Ceará.

- Existem coisas simples para enfrentar os problemas que não atraem negócios fartos. Quando a dengue zerou [no município do Ceará], passamos um ano ouvindo insultos, até dar resultados positivos - exemplificou.

Inácio Arruda disse que destinar R$ 120 milhões para 31 municípios do Pará representava uma espécie de "Escolha de Sofia", quando se considera o volume de recursos necessários para atender a demanda da população pobre, que sofre com a falta de esgotamento sanitário, tratamento de resíduos sólidos e drenagem urbana, que favorece a disseminação do mosquito transmissor da malária.

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) declarou que, em Rondônia, embora a situação não seja tão grave quanto no Pará, os próprios agentes de saúde estão contaminados, quando não pela malária, pelo próprio DDT, inseticida utilizado no combate ao mosquito.

A senadora Marina Silva (PV-AC) afirmou que o problema no estado é histórico e que a designação de uma força-tarefa pelo Ministério da Saúde é bem-vinda, embora a alta incidência da doença demande solução estrutural.



07/10/2009

Agência Senado


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