Petróleo pressiona à guerra







Petróleo pressiona à guerra
Grandes já articulam defesa de seus interesses no Iraque pós-Saddam. O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, deixou claro, ontem, que, por trás do objetivo principal de destituir o presidente iraquiano, Saddam Hussein, existem "considerações econômicas e de estabilidade regional" que estão em jogo no Congresso dos Estados Unidos (EUA) e no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) no debate sobre a guerra ao Iraque.
Powell, segundo a agência Dow Jones Newswires, notou que as companhias russas e outras devem ter interesses financeiros na indústria de energia do Iraque, que seria a principal receita de exportações no regime pós-Saddam.

Powell destacou ao Conselho de Negócios EUA-Rússia, em Washington, que o governo Bush está consciente "dos interesses que outros países têm num futuro regime iraquiano".

Está cada vez mais claro que desarmar Saddam, isto é, retirar dele alegadas armas de destruição em massa, via ONU ou pela força militar, será de grande ajuda para o setor do petróleo.

O assunto foi colocado em Houston, Texas, nesta semana, no US-Rússia Commercial Energy Summit - reunião de cúpula dos EUA com a Rússia sobre assuntos comerciais envolvendo energia -, que juntou assessores do presidente George Bush, entre eles os secretários de Comércio e de Energia, altos executivos dos dois países, deputados e senadores.

O governo Bush busca parceria com os magnatas do petróleo russo para, por pressão deles, convencer o governo de Putin a apoiar no Conselho de Segurança uma ação militar.

"Se a guerra ao Iraque for iminente, as empresas petrolíferas russas - em conjunto com companhias norte-americanas - podem ajudar a assentar as bases para uma verdadeira parceria entre os EUA e a Rússia em energia", diz Eugene Rumer, categorizado membro do Instituto de Estudos Estratégicos da National Defense University, em Washington.


Brasil na OMC propõe política industrial livre
Proteger emprego e exportação. O Brasil se prepara para formalizar um fato novo nas negociações comerciais globais: a proposta que flexibiliza regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) para poder adotar certas medidas de políticas industriais nacionais.

Brasília quer garantir o direito de conceder incentivos a companhias estrangeiras, condicionados à obrigatoriedade de usar conteúdo local mínimo e de exportar parte da produção.

Colocando na mesa a proposta até o próximo dia 14, no prazo previsto pela OMC, o Brasil preserva o espaço para que o novo governo avance esse tema nas negociações comerciais, a fim de facilitar a retomada de uma política industrial.

Exigências de conteúdo local e de desempenho exportador são proibidas pelo Acordo sobre Medidas de Investimentos Relacionadas ao Comércio (TRIMS, em inglês) da OMC. O Brasil é o primeiro país a formalmente apresentar um documento defendendo o fim dessa proibição. Índia, China, Colômbia, Venezuela e outros já demonstraram o mesmo interesse pelo tema.


Um mistério de 20 anos
Vinte anos depois de a sigla Aids ter sido usada pela primeira vez num trabalho científico, a origem da síndrome ainda intriga os pesquisadores. Nenhuma das teorias que buscam explicar de que forma o vírus chegou ao ser humano foi comprovada. Entre elas está a do norte-americano Tom Curtis, que associa a vacinação contra pólio realizada em 1959 na África à epidemia. Em São Paulo, o Instituto Emílio Ribas é referência mundial no combate à Aids.


STF decide que CPMF não viola a Constituição
O Supremo Tribunal Federal considerou improcedentes as ações diretas de inconstitucionalidade apresentadas por partidos políticos para cancelar os efeitos das Emendas Constitucionais n 21/99 e n 37/02, que confirmaram a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e que prorrogaram sua cobrança.

A decisão afasta a possibilidade de a União ter de devolver os mais de R$ 70 bilhões já recolhidos até hoje com a CPMF. E garante ao orçamento do próximo presidente da República a arrecadação de cerca de R$ 46 bilhões, até dezembro de 2004. Os ministros do STF afastaram a alegação de violação à noventena no caso da última prorrogação, realizada em junho.


Itaú vai bem e quer ser maior na Argentina
A maior operação bancária brasileira na Argentina, o Itaú Buen Ayre, atravessa a profunda crise no sistema financeiro do país em posição bem mais confortável do que a de seus principais concorrentes.

A avaliação é não só da direção da empresa como consta de análise da Moody?s, que elevou a qualificação da instituição brasileira um degrau, de "AA-" para "AA". A situação permite que o banco mantenha intacto seu plano de novas aquisições no país, onde é um dos 20 maiores.


Varejistas fazem suas compras pela internet
Grandes redes de supermercados usam em escala crescente portais de internet para negócios com fornecedores.

Pelos portais, não apenas fazem compras de maneira mais ágil: como o fornecedor tem acesso aos dados do seu produto em estoque, o reabastecimento é feito imediatamente. Com reposição rápida, os estoques podem ser menores e diminuiu o risco de falta do produto na prateleira.
O grupo Sendas, a quinta maior rede do País, acaba de entrar para o portal Mercador, controlado pelo grupo Telefônica e capitaneado pelo ex-presidente da Abras Paulo Feijó. Trabalhará, no sistema, com seus três mil fornecedores.

Outras redes têm portal próprio. O Pão de Açúcar abriga seus 6,2 mil fornecedores. O sistema permitiu, apenas em julho, economia de 50 mil horas na emissão de 300 mil pedidos na comparação com o processo convencional.

O Carrefour faz testes para ter o sistema implantado em 2003. O Wal-Mart tem atualmente interligação com apenas 250 dos seus cinco mil fornecedores, mas quer ampliar o número.


Editorial

A BUSCA DE SOLUÇÕES PELO VOTO

A democracia brasileira, obedecendo ao calendário eleitoral, se aprofundou muito nas últimas décadas. Deixou de existir a incerteza de que os eleitos não poderiam tomar posse, em razão de pressões estranhas ao processo eleitoral. A alternância no poder, em razão do voto soberano, é hoje encarada no Brasil como um fato absolutamente normal.

Essa evolução atua decididamente em favor do fortalecimento da economia de mercado em nosso meio. Pode-se argumentar que regimes autoritários ou menos representativos da vontade popular não inibem o movimento geral dos negócios em alguns países. Mas estamos convictos de que o regime democrático, que pressupõe existência de um estado de direito, é o que mais se coaduna com a economia de mercado, na medida em que dá segurança aos agentes econômicos. Estes podem representar seu papel no mundo dos negócios, sem temor de que seus direitos venham a ser esbulhados por conta de atos de arbítrio.

Se abusos houve em passado ainda recente, a experiência ensinou aos brasileiros como preveni-los. Hoje, para a viabilização de qualquer candidatura, os que a pleiteiam têm de se comprometer com o cumprimento exato dos contratos. Tanto mais porque o regime democrático se fundamenta no pleno funcionamento das instituições, entendendo-se como governo não apenas o Executivo, mas também os poderes Legislativo e Judiciário.

É nesse espírito que o Brasil realizará neste domingo a maior eleição de sua história e uma das maiores eleições do mundo. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 115,25 milhões de brasileiros estão habilitados a ir às urnas para a escolha do próximo presidente da República, dos governadores de 27 unidades federativas, dois terços dos integrantes do Senado e a totalidade dos deputados federais e estaduais. É uma verdadeira eleição geral, só não estando incluída a escolha de prefeitos e vereadores.

No pleito de 1998, o nível de abstenção chegou a 21%. Se essa porcentagem se repetir, cerca de 91 milhões votarão em 5.658 municípios, divididos em 335.871 seções eleitorais. A taxa de abstenção nas eleições deste domingo pode ser muito menor, dado a renhida disputa que se travou nos últimos meses, despertando um grande interesse popular. De qualquer forma, o número dos que efetivamente votarão será muito superior aos dos eleitores que comparecem às urnas nos grandes países desenvolvidos.

Embora o voto no Brasil seja obrigatório, é nítido o desejo de participar que tantos brasileiros manifestam. Os resultados, portanto, espelharão a vontade da Nação. Ninguém pode contestar a legitimidade das eleições brasileiras e a lisura de seus resultados, que têm sido apuradas com rigor pelos tribunais eleitorais, que utilizam uma tecnologia digital, especialmente desenvolvida no País, para facilitar o processo eleitoral e para coibir fraudes. A poucas horas da realização do pleito, os resultados em todo o País poderão tornar-se conhecidos, a não ser na hipótese de falhas técnicas aqui ou ali em um país tão vasto.

A manutenção da liberdade de imprensa tem sido de importância fundamental para a educação cívica e ampliação da participação popular. Uma sucessão de debates entre os candidatos a cargos executivos foi promovida por jornais, revistas e outros meios de radiodifusão com tal freqüência que chegou a surpreender observadores estrangeiros. Ao lado de tais debates, o Brasil é um dos raros países do mundo que estabelece um horário eleitoral gratuito nas TVs e no rádio, nos quais a Justiça Eleitoral só intervém para coibir abusos ou ofensas de caráter pessoal. O sistema não é perfeito, tem defeitos que podem ser corrigidos, mas apresenta uma reconhecida vantagem: diminui a influência do poder econômico sobre o processo eleitoral. Há, sim, como não poderia deixar de ser, bravatas eleitorais, apelos ao populismo e muitos candidatos não resistem à tentação de promessas praticamente impossíveis de cumprir. Mas o público tem mostrado capacidade de discernir entre o que se configura como proposta de governo e proposições puramente demagógicas.

O povo brasileiro tem demonstrado que realmente acredita que as mudanças que o País requer podem ser realizadas de acordo com os ritos democráticos, excluindo o apelo a soluções extralegais. Isso aumenta a responsabilidade dos eleitos, não só no sentido de cumprimento dos programas que merecerem o aval da população. Os eleitos têm de assegurar a governabilidade em todos os níveis, o que significa que os partidos ou as facções têm de negociar para que possam ser realizadas as reformas e que o País possa reencontrar o caminho do crescimento, como a população aspira.


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10/04/2002


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