Garotinho pressiona PSB-DF
Garotinho pressiona PSB-DF
Terceiro colocado nas últimas pesquisas de intenção de votos para presidente da República, governador do Rio força seu partido a apresentar candidatos em todos os estados
O crescimento da candidatura de Anthony Garotinho (PSB) à presidência da República pode provocar mudanças no quadro da disputa pelo Governo do Distrito Federal. Animado com os resultados das últimas pesquisas e em busca de palanques próprios no maior número possível de estados, o governador do Rio de Janeiro está pressionando o deputado distrital Rodrigo Rollemberg para que desista de tentar um novo mandato na Câmara Legislativa e seja o candidato do PSB ao Palácio do Buriti.
Garotinho nunca escondeu o interesse em lançar um candidato do PSB ao GDF, mas a pressão aumentou esta semana. Durante encontro de presidentes regionais e candidatos a cargos majoritários do PSB, realizado na última terça-feira, no Rio, o governador fez um apelo formal a Rollemberg para que assuma candidatura à sucessão de Joaquim Roriz.
Segundo assessores de Garotinho, o governador queria que o parlamentar de Brasília aceitasse a proposta na hora e saísse do encontro já como pré-candidato do partido ao GDF. Rollemberg, porém, pediu prazo até depois do carnaval para dar resposta. ‘‘Sou grato pelo reconhecimento, mas fui surpreendido. Essa é uma decisão importante e preciso pensar muito no assunto’’, disse. O distrital teria de desistir de negociação que vinha mantendo com o PT de Brasília e outros partidos de esquerda para formação de uma aliança nas próximas eleições.
Além de garantir palanque próprio para Garotinho no Distrito Federal, uma eventual candidatura de Rollemberg ao Palácio do Buriti serviria para tentar melhorar o desempenho do governador do Rio na região Centro-Oeste. Segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada na última terça-feira, é justamente no Centro-Oeste onde o pré-candidato do PSB à presidência tem o pior desempenho em intenções de votos: apenas 8%.
A possibilidade de candidatura de Rollemberg foi mal recebida pelo deputado federal Geraldo Magela, pré-candidato do PT ao Palácio do Buriti. O parlamentar tenta costurar o apoio de todos os partidos de esquerda em torno de sua candidatura e conta com a participação do PSB na aliança. ‘‘Vou continuar trabalhando para que a esquerda fique unida nas próximas eleições’’, informou Magela, que se reunirá hoje com Rollemberg para conversar sobre a coligação.
Pressão geral
Não é só Rollemberg que está sofrendo pressões dentro do PSB. A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) também foi pressionada para ser a candidata do PSB em São Paulo. Pessoalmente, Erundina gostaria de renovar seu mandato no Congresso Nacional, mas admitiu disputar a eleição de governador para servir de apoio à candidatura presidencial de Garotinho. ‘‘Se me submeto a essa tarefa, é porque é uma tarefa partidária diante do projeto de disputa de poder no País’’, afirmou Erundina, que foi prefeita de São Paulo entre 1989 e 1992. Até agora o PSB já tem pré-candidatos em 13 estados (AM, MA, CE, PE, AL, RN, MG, RJ, ES, SP, TO, RO e PA) e quer ampliar este número.
Enquanto articula palanques nos estados, Garotinho também está em busca de um vice e o nome mais cotado é do senador José Alencar, do PL mineiro. O problema é que o senador também está sendo cortejado pelo PT. O líder do PL na Câmara, deputado Valdemar da Costa Neto (SP), disse que a tendência do partido é apoiar o PT e que as conversas com o presidente nacional do partido, José Dirceu, estão bem avançadas. Mas Garotinho aposta na pressão da bancada evangélica do PL para reverter essa situação. O deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), coordenador político da Igreja Universal do Reino de Deus, é aliado de Garotinho no Rio de Janeiro e é simpático à candidatura do governador à presidência da República.
Com quem ficará Brizola?
Presidente nacional do PPS, o senador Roberto Freire disse ontem ao Correio que a aliança de seu partido com o PDT do ex-governador Leonel Brizola está muito próxima de ser selada. ‘‘Está caminhando seriamente para isso, o trabalhismo vai se unir a nós’’, informou. Ele diz ‘‘trabalhismo’’ porque o PTB já se comprometeu em apoiar o ex-ministro Ciro Gomes na disputa presidencial.
O PDT ganhou carimbo de fundamental no projeto político do PPS. Pequeno e sem estrutura, o partido precisa de palanques nos estados e tempo de TV. Duas prendas que o ex-governador Leonel Brizola pode dar. ‘‘Estamos dependendo só do sim do Brizola’’, falou Freire.
O problema é que o espólio do ex-governador desperta cobiça de todo lado. Ontem, no exato momento em que Roberto Freire dava entrevista ao Correio falando da iminência do acordo com o PDT, Brizola recebia em seu apartamento, no bairro de Copacabana, no Rio, o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, e o prefeito do Rio, César Maia, que defendem a candidatura presidencial da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. ‘‘Acho difícil uma união no primeiro turno, mas temos que começar os entendimentos para o segundo turno’’, explicava Bornhausen, antes de entrar no elevador para se encontrar com Brizola.
O ex-ministro Ciro Gomes, por seu lado, está voltando de um período de um mês de inatividade política. Desde o dia 8 de dezembro ele acompanha a atriz Patrícia Pillar, com quem namora, em sua luta contra um câncer de mama. Nem mesmo com o assédio do PFL sobre o PDT Ciro pôde se preocupar. O ex-ministro só retoma a atividade política no próximo sábado, no Fórum Social Mundial.
PFL renova contrato com Nizan Guanaes
A direção nacional do PFL vai renovar contrato com o publicitário Nizan Guanaes responsável até agora pela campanha da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, à Presidência da República. Na terça-feira, Nizan e Roseana conversaram por mais de 40 minutos. O publicitário a aconselhou a rodar o país. Ele quer que Roseana se exponha mais ao debate político, para mostrar que tem conteúdo, consistência, substância e sabe o que está dizendo, além de poder mostrar o que fez de bom durante seus dois governos no Maranhão. Para Nizan, a base governista deveria ter apenas um candidato. Ele acredita que até a definição do nome daquele que vai disputar a Presidência, muito coisa vai acontecer.
Petistas apóiam Emília
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e a vice-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, vão apoiar à candidatura da senadora Emília Fernandes (PT) que tentará reeleger-se em outubro. Marta e Benedita promoveram uma reunião para falar sobre a importância da candidatura de Emília Fernandes ao Senado. Marta destacou que Emília é uma senadora brilhante e a primeira mulher do Rio Grande do Sul a ter uma cadeira no Senado Nacional. A prefeita de São Paulo lembrou que as mulheres representam menos de 7% no Congresso Nacional. ‘‘O PT não pode se dar ao luxo de permitir que uma cadeira de uma senadora eleita seja agora ocupada por homens’’, argumentou.
Tucanos e pefelistas disputam o PMDB
Formalmente, a aliança entre PSDB e PMDB ainda não existe. Mas informalmente os dois partidos atuam juntos. Como se já houvessem acertado a chapa presidencial com o ministro da Saúde, José Serra, na cabeça e o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, na vaga de vice. Serra e Jarbas inclusive acertaram uma movimentação para atrair o PPB. Querem isolar a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que ficaria sozinha com seu PFL. ‘‘Eu vou ajudar a fazer contatos’’, revelou o governador pernambucano, ontem à tarde.
Hoje pela manhã, Jarbas começa a costura. Vai se reunir com o deputado Pedro Corrêa Neto (PE), vice-presidente nacional do PPB. Corrêa Neto comanda o partido desde que Paulo Maluf, ex-pre feito de São Paulo, se afastou para defender-se das acusações de remessa ilegal de dólares para as ilhas Jersey.
A idéia de jogar a rede para tentar pescar o PPB partiu do ministro Serra. Ele esteve em Recife na última segunda-feira. Recebeu Jarbas para uma conversa na suíte em que ficou hospedado, no Atlante Plaza, luxuoso hotel na beira-mar da praia de Piedade. Depois de quase uma hora de bate-papo, perguntou se o governador tinha acesso ao PPB. ‘‘Tenho amigos lá’’, respondeu Jarbas. E acertaram de procurá-los.
Os ‘‘amigos lá’’ são Pedro Corrêa e o primeiro secretário da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. Ambos eram filiados ao PFL quando Jarbas se uniu ao partido para derrotar Miguel Arraes, quatro anos atrás. Foram para o PPB, mas continuaram ligados ao grupo que se mantém no poder no estado.
Pedro Corrêa Neto disse ao Correio que considera ‘‘natural’’ a conversa que terá com Jarbas e até uma aproximação com Serra. Lembrou que seu partido anda junto com o PSDB em estados importantes. ‘‘Em Minas, que é o segundo colégio eleitoral, podemos ter uma chapa com Aécio e Odelmo, em Pernambuco temos coligação proporcional, no Ceará, o Tasso tem o apoio do José Linhares’’, enumerou, para depois repetir o bordão do momento: ‘‘mas ainda é muito cedo para fechar qualquer coisa’’.
O movimento de Serra já foi percebido por três grandes grupos antipáticos a sua candidatura, que ontem mesmo começaram a contra-atacar. Maluf saiu do limbo e defendeu a candidatura presidencial do ex-ministro Delfim Netto (PPB-SP). Mas, pelo menos por enquanto, os novos donos do PPB haviam escalado outro ator para o papel de presidenciável da direita, o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, que será estrela dos programas de TV do PPB, na próxima semana.
Os anti-Serra
O presidente do PMDB de Minas Gerais, Saraiva Felipe, também já avisou que pretende acabar com a festa de Serra e Jarbas. Junto com o assessor especial do governo de Minas, Alexandre Dupeyrat e do ex-deputado Paes de Andrade, ele esteve no gabinete do senador Roberto Requião (PMDB-PR) e saiu dizendo que está colhendo assinaturas para realizar uma convenção extraordinária do partido no dia 3 de março. Busca 173 canetas dispostas a ajudá-lo.
O grupo quer o PMDB reunido para decidir se terá candidato próprio e quem será esse candidato. Trata-se de uma jogada do governador mineiro Itamar Franco, cuja probabilidade de sucesso é diretamente proporcional aos menos de 4% de intenção de voto que lhe dão as pesquisas de opinião.
Finalmente, o PFL também já percebeu que Serra está fechando o cerco no mercado político. E que a oferta de aliados anda baixa. Já pensando nisso, a governadora Roseana Sarney recebe hoje, em São Luís, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que integra a cúpula do partido e pertence à chamada ala governista. Hoje, está mais para independente. ‘‘O partido está absolutamente dividido. Primeiro temos que resolver a questão interna. Em paralelo a isso, conversamos com todo mundo’’, explicou. ‘‘Todo mundo’’, no caso, quer dizer Serra e Roseana.
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Duas patologias políticas latino-americanas
O amado pelas ruas, o pai da pátria, é mais amor a si mesmo do que escravo da pátria, mais senhor da pátria do que servo das ruas
Walder de Góes
O nacionalismo e o populismo têm, como numerosos outros fenômenos, diferentes escalas a lhes fornecer, cada uma, a natureza específica de como se apresenta. A especificidade reflete numerosos outros fatores, mas fiquemos na escala, para facilitar. Em sua escala abrangente, quando respondem pela maioria dos êmulos políticos, o nacionalismo e o populismo são patologias perigosas. Quando se expressam não-centralmente, como um dos componentes de um compromisso de pluralidade política, podem ser manifestações úteis à coesão social, à construção de liames entre a sociedade e o arranjo político governante. Aí estaremos diante de ajuda à democracia.
O nacionalismo pode se apresentar como afirmação de autodeterminação e autogoverno, como escudo de uma sociedade para protegê-la da violência e da invasão por outras sociedades, como adesão dos cidadãos aos valores pátrios, como desvio da lealdade dos cidadãos a um monarca ou a uma potência estrangeira para a lealdade à nação. Aí se configura o caso em que as condições de uma nação também podem se nutrir de coordenação cooperativa com as condições de outra nação. Não se exclui, aqui, a situação em que um Estado democrático pode abrir em um Estado não-democrático, de modo legítimo, portas antes fechadas aos esforços de democratização. Isso não resultando em uma construção democrática, ela irá depender de fatores internos. Esse é o limite.
Mas não estaremos diante de fenômeno construtivo quando o nacionalismo propõe a autarquia nacional, o isolacionismo, o refúgio, a introspecção, a transformação abrangente de reivindicação interna em reivindicação sobre o exterior, o triunfo do conceito segundo o qual a defesa de interesses nacionais se produz por exclusão sistemática de interesses estrangeiros, quando a negatividade da ordem interna é vista como resultado de dependência econômica e moral de outras nações. Assim é, por exemplo, na teoria do socialismo, em que o proletariado vive um estado de submissão e pobreza em virtude de sua dependência da ordem burguesa mundial. Na ordem política interna, essa ideologia cria e sustenta mobilização que aplastra o pluralismo político, pois ele é o êmulo dominante do arranjo de poder, fonte principal da legitimidade do príncipe. Aí se embaça a realidade para que à luz só se ponha bem na razão nacionalista. A democracia disso nunca se alimenta, porque uma razão excludente se impôs, eliminou o pluralismo, e porque a autarquia não tem energias para autonutrir-se e assim declina e em algum momento se romperá, para o bem ou para o mal, mas com prejuízos já estabelecidos.
O populismo pode ser uma ideologia integradora, anticorpo de rupturas, à medida que nele, quando em sua versão não radical, o príncipe medeia a relação entre classes sociais que se digladiam asperamente para anunciar o risco de triunfo de um interesse contra todos os outros. Melhor do que o populismo, para isso, é a democracia representativa, mas estamos apenas falando de remédio de circunstância de um sistema político ainda imaturo à procura de folga para exprimir em um segundo estágio o compromisso democrático. É, assim, como um analgésico, que corta a dor a fim de que ela não leve o organismo à explosão. Poucos conseguiram conter o populismo nos limites de um rito de passagem para coisa melhor, uma possibilidade tão grande quanto a boa obra do déspota esclarecido. O amado pelas ruas, o pai da pátria, é mais amor a si mesmo do que escravo da pátria, mais senhor da pátria do que servo das ruas. E se servo das ruas fosse, helás, pois se elide a representação política e com isso a democracia ingressa no desvão do poder político fora de controle. A força não mediatizada das ruas é politização intensiva fora de controles institucionais, é sua negação. O príncipe falando às massas e estas a ele, sem mediação institucional, quando em sua forma imoderada, é veneno contra a democracia. Dir-se-á que o populismo é uma ideologia, uma doutrina, mas pouco disso é. O que ele verdadeiramente é, é uma síndrome, algo mais próximo do fascismo do que do socialismo. Há sempre muito fascismo no populismo, desde a Guarda de Ferro da Romênia ao III Reich. Remédio de circunstância em abstrato pode ser. É, porém, remédio que alivia a dor, mas faz esquecer a necessidade de providência que instaure as condições de cura da doença. Essa função anestésica é desmobilizante das sociedades, e por isso ela drena as energias sociais sem cuja mobilizaç
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