PFL defende pacto de não-agressão









PFL defende pacto de não-agressão
Senador Jorge Bornhausen admite fragmentação da base governista nas eleições e sugere um pacto de não-agressão para se manter a governabilidade

SÃO PAULO – O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), quer fechar um pacto de não-agressão com a aliança governista que dure até maio. A partir dessa data, ele espera que os outros quatro partidos que integram a base aliada - PSDB, PMDB, PPB e PTB - apóiem o candidato a presidente com maiores condições de vencer as eleições. O senador aposta na governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), que, hoje, está na segunda posição nas pesquisas de intenção de voto.

Bornhausen almoça hoje em São Paulo com os presidentes nacionais do PSDB, deputado José Aníbal (SP), e do PMDB, Michel Temer (SP), para tratar do assunto. “É legítimo hoje cada partido procurar seu pré-candidato, mas esperamos que, em maio, possamos convergir para a candidatura que tiver condições de vencer”, disse ontem o senador, após uma reunião da cúpula nacional do PFL para decidir estratégias de publicidade da campanha de Roseana.

A reunião de hoje também tem como objetivo manter estável a coalizão para garantir a governabilidade do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no Congresso. O presidente do PFL admitiu que a fragmentação da base governista na eleição presidencial de outubro é um cenário concreto. Apesar disso, disse ainda acreditar na possibilidade de reeditar a aliança que sustenta FHC. “É evidente que há a possibilidade de a base governista não sair com candidato único, mas é o meu desejo manter os partidos unidos”, declarou o pefelista, após participar de reunião no escritório do publicitário Mauro Salles, em São Paulo.

Do encontro, em que se discutiu a campanha de Roseana Sarney ao Planalto, também participaram o prefeito do Rio, César Maia, o presidente do PFL-SP, Claudio Lembo, o publicitário Nizan Guanaes e o sociólogo Antônio Lavareda, entre outros.

Pefelistas e publicitários discutiram os detalhes dos programas de TV da legenda, que vão ao ar este mês, e como manter Roseana em evidência até que ela se descompatibilize do cargo, em abril. Entre as estratégias, está a Operação Verão, que consiste em distribuir material de campanha pelas praias do País.


Tucanos fecham apoio a José Serra
BRASÍLIA – Agora só falta Tasso Jereissati. À exceção do governador do Ceará, o ministro da Saúde, José Serra, fechou ontem o apoio de todas as alas do PSDB em torno de sua candidatura à Presidência da República. Até mesmo o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga – tassista renitente –, participou do almoço para tratar da agenda do pré-candidato Serra. O lançamento oficial será na semana que vem.

Os aliados de Serra comemoraram a virada das últimas 24 horas, que trouxe para a linha de frente da campanha do ministro o presidente do partido, José Aníbal (SP), o ministro Arthur Virgílio Netto (secretário-geral da Presidência) e o governador Dante de Oliveira (MT), que comunicou ontem a Serra a desistência de sua pré-candidatura, prometendo “arregaçar as mangas” pelo ministro.
Também aderiram outros tassistas como os senadores Teotônio Vilela Filho (AL) e o líder tucano no Senado, Geraldo Melo (RN), além do governador do Pará, Almir Gabriel.

Nessa virada, tanto o presidente Fernando Henrique quanto os ex-adversários de Serra deram ao ministro-candidato o mesmo conselho: articular e conversar mais. A sugestão inclui uma conversa urgente com o próprio Tasso. “Serra é que tem de se mexer, porque essa é uma tarefa intransferível”, disse Fernando Henrique a um dirigente do partido. “Estamos todos com Serra”, disse José Aníbal. “De A a Z do Acre ao Rio Grande do Sul, estamos todos fechados com a candidatura de Serra.”


Jungmann afirma que candidatura é pra valer
BRASÍLIA – Em seu primeiro dia de campanha a candidato do PMDB à Presidência, o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) afirmou ontem que a sua candidatura é pra valer e que não recuaria de uma disputa direta com o ministro tucano José Serra (Saúde). Jungmann passou o dia tentando reverter o mal-estar do partido e pretende lançar seu conselho de campanha e sua logomarca na próxima semana.

O ministro negou novamente que sua iniciativa possa ser uma articulação maquiavélica do Planalto e disse que a péssima repercussão de seu anúncio desrespeitou sua história política. “Vou disputar com o Serra, se o partido escolher a candidatura única. E faço um apelo para o senador Pedro Simon e para o governador Itamar Franco disputarem as prévias do PMDB comigo”, disse.

Apesar de insistir que desistiria em nome de outro peemedebista que seja capaz de barrar uma liderança do PFL na aliança, Jungmann disse já estar preparando as diretrizes do seu plano de Governo e adiantou uma de suas bandeiras: a ação afirmativa do Estado contra a discriminação.
O ministro acertou seu afastamento do cargo ontem, em conversa com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Pede licença em 17 de fevereiro, após completar projetos de confisco de terras griladas, do seguro-safra e de instalação de agências locais de crédito rural.

“O rechaço do PMDB a gente muda com o tempo”, ponderou o pré-candidato, que admite apenas ter errado no método (de lançamento de sua candidatura), mas não na tese.

O líder do PMDB, deputado Geddel Vieira Lima (BA), que ficou irritado com o lançamento de Jungmann, avaliou ontem que as chances do ministro na convenção nacional do partido, em março, são remotíssimas. “Ele entrou de forma atabalhoada na disputa, é inábil. Acho até que está pavimentando o caminho para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados”, disse.

Ontem, Jungmann distribuiu à imprensa um recorte de jornal, de alguns meses atrás, onde o líder do PMDB declara que o ministro poderia ser candidato a qualquer coisa, até à Presidência da República. “Se eu disse isso um dia, mudei de idéia”, respondeu Geddel.


Mendonça Filho afirma que Arraes só quer mídia
Sem apresentar números, governador em exercício reage ao socialista adotando um discurso político. Ele chegou a lembrar a derrota que Arraes sofreu em 98 na disputa com Jarbas

Em mais um capítulo da disputa política envolvendo os grupos do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e do seu antecessor, Miguel Arraes (PSB), o governador em exercício, Mendonça Filho (PFL), rebateu ontem as novas críticas feitas por Arraes à gestão do peemedebista. Mendonça Filho, entretanto, não apresentou números ou argumentos técnicos para responder o socialista. Ele lançou mão de um posicionamento político. “O senhor Miguel Arraes quer voltar à mídia utilizando-se de um discurso desgastado e já condenado pela população, que o derrotou em 1998 por mais de um milhão de votos”, lembrou, referindo-se à campanha que consagrou a aliança PMDB/PFL.
Mendonça Filho garantiu que os números apresentados por Arraes – ao insistir no confronto com Jarbas – são “soltos e inconsistentes”. “Os números contradizem a própria realidade sentida pela população no final do seu (de Arraes) melancólico Governo. Só para citar duas áreas, a segurança estava sucateada e a Região Metropolitana do Recife vivia o mais dramático racionamento de água de todos os tempos”, recordou Mendonça Filho, sem dar outros detalhes.

Arraes afirmou que no seu segundo Governo (87/90), colocou água em 1.400 localidades. Também ressaltou que, comparativamente, investiu 61,9% a mais em segurança pública do que seu antecessor, o ex-governador Joaquim Francisco (PFL). Ao comparar seu Governo com o ano de 2000 (gestão de Jarbas), Arraes disse que o atual governador investiu apen as 9,9% a mais no combate à violência. Ao citar seus investimentos, o socialista acrescentou, em tom irônico, que fez “sem o dinheiro da Celpe”. A companhia foi privatizada no Governo Jarbas.

Respondendo pelo Palácio desde a terça-feira, quando Jarbas saiu de férias, Mendonça Filho partiu para o confronto político com Arraes. Agindo mais nos bastidores, ele também é acionado quando a discussão gira em torno dos investimentos feitos pelo Estado com o dinheiro da privatização da Celpe. Foi Mendonça Filho quem enfrentou o grupo de Arraes na questão dos precatórios – operação de venda de títulos públicos para o pagamento de precatórios, realizada em 96 pelo ex-governador.

O polêmico episódio é sempre lembrado por Jarbas para ferir a imagem de Arraes, já que teriam ocorridas supostas irregularidades na operação. Mas o discurso jarbista ficou enfraquecido depois que a Assembléia Legislativa aprovou, no ano passado, as contas de 96 do Governo Arraes, inclusive com o voto favorável de deputados governistas.


PSB quer mesmo é comandar a oposição
Motivos sobram para acender, a qualquer momento, um novo round da rivalidade Jarbas x Arraes. Mas quando o ex-governador socialista provocou mais um confronto com Jarbas Vasconcelos (PMDB), não fez outra coisa se não relançar o PSB no topo das oposições no Estado. São os socialistas se recompondo da derrota das urnas de 98, e se esforçando para assumir o comando da oposição à aliança PMDB/PFL/PSDB.

O próprio Jarbas tinha sentenciado a morte política de Arraes, quando elegeu o Partido dos Trabalhadores como o seu maior adversário no Estado. Mas foram os próprios petistas que deram corda para o PSB se soltar.

Diante da ‘debilidade’ do PT – revigorada por uma gestão que, no primeiro ano de vida, é reprovada por 30% dos recifenses, segundo pesquisa Datafolha – e dos constantes sopapos do prefeito João Paulo de manifestar zelo pela boa convivência com o Palácio das Princesas, não deu outra. O PSB encontrou a brecha que precisava para se erguer da derrota de mais de um milhão de votos e ativar uma oposição ao Governo do Estado, abatida pelo PT.

Não são apenas fatores externos ao PSB que revigoram a disposição dos socialistas. O projeto nacional do partido, leia-se a pré-candidatura de Anthony Garotinho à Presidência da República, está enchendo o gás do PSB.

Pesquisas internas confirmam um crescimento dele na sucessão presidencial. Ponderados, os próprios socialistas ainda não atribuem o mérito apenas ao pré-candidato. Consideram que o fenômeno Roseana Sarney (PFL), na medida que enfraqueceu a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), forçou o declínio da candidatura Ciro Gomes (PPS), e terminou por ajudar Garotinho com mais uns pontinhos na preferência do eleitorado.

Governistas entendem que o PSB está procurando cumprir um papel na oposição, quando reacende um confronto com o Palácio, sobretudo tendo o ex-governador Miguel Arraes como porta-voz. E avaliam que Jarbas Vasconcelos não tem nada que ficar aceitando as provocações e ajudando o jogo do PSB. Já teria feito bobagem quando fechou questão – diante de uma derrota anunciada – contra as contas dos precatórios. Perdeu, e ainda presenteou os socialistas com uma vitória gloriosa. Seria, mais uma vez, fazer o jogo do adversário.


PL paquera com socialistas e pode abandonar o PT
BRASÍLIA – Começam a aparecer os primeiros sinais de um flerte do Partido Liberal com o pré-candidato do PSB à presidência e governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Isso deixa claro que o apoio do PL ao PT na sucessão presidencial não está garantido.

O presidente nacional da legenda, o deputado Valdemar Costa Neto(PL-SP) afirmou ontem que a tendência do partido é seguir com Luiz Inácio Lula da Silva, mas ressaltou que “o PL observa atentamente o crescimento do governador do Rio de Janeiro nas pesquisas de intenção de votos”. Essa declaração, na prática, é a abertura de uma porta para um futuro entendimento com Garotinho.

“A tendência é apresentarmos um vice na chapa com o PT. José Alencar (senador, cotado como vice de Lula ou como candidato a governador de Minas Gerais com o apoio dos petistas) quer sair com o PT. Garotinho é uma pessoa querida nossa, é bem avaliado. Não podemos desconsiderá-lo”, disse o presidente do PL.

O fato de Garotinho ser evangélico e ter potencial de crescimento nas pesquisas o aproxima do PL. Há uma corrente no partido que defende a aliança com Garotinho. De acordo com Valdemar Costa Neto, o PL não vai anunciar uma aliança antes de abril. “Vamos esperar, ver se o Garotinho cresce. Ele é muito bem avaliado no Rio. Devemos ter consideração com ele”, diz o parlamentar.
Segundo Costa Neto, não há nenhum encontro agendado entre lideranças do PL com Garotinho ou com Lula neste mês.

No ano passado, Lula foi duramente atacado, inclusive por setores do PT, por ter procurado os líderes do PL para propor uma coligação visando as eleições presidenciais. Os críticos condenavam a aliança pelo fato de o PL ser controlado por evangélicos e não ter o perfil de um partido de esquerda. Lula se defendeu, argumentando que os liberais sempre votaram com o PT no Congresso Nacional. Após o encontro, o PL acenou positivamente à pré-candidatura do petista.


Artigos

Uma oração desesperada
Ivanildo Samapaio

A história triste foi assim: no primeiro dia deste ano a moça saiu cedo da casa onde estava, numa praia do Litoral Sul, foi fazer a sua caminhada matinal e não voltou. Foi encontrada mais tarde, desfalecida e violentada, de tal maneira desfigurada que nem o próprio irmão a reconheceu. A princípio, divulgou-se que o caso aconteceu em Serrambi, mas depois verificou-se que foi em Barra de Serinhaém, embora isso tenha muito pouca importância, pois não se pode medir o valor da vida humana por uns metros de areia a menos ou a mais.

A moça, internada no Hospital da Restauração para os primeiros socorros, além dos inúmeros hematomas no rosto e em todo o corpo, tinha um afundamento craneano de cerca de oito centímetros, provocado, possivelmente, por uma coronha de revólver, uma pedra ou um pedaço muito pesado de madeira. Exames constataram que fôra abusada sexualmente. Do HR a moça, após encontrada e identificada pela família, foi removida, em estado de coma, para um hospital particular com mais recursos onde, seguidamente, foi submetida a uma série de intervenções cirúrgicas, sem que o quadro apresentasse sintomas de melhora.

Na tarde da terça-feira, a moça registrou quadro de morte cerebral. No início da noite, seu coração parou de bater.

Esse crime inominável aconteceu, já foi dito, numa praia do Litoral Sul de Pernambuco - o roteiro mais nobre no mapa turístico do Estado que, em tese, deveria garantir um mínimo de segurança àqueles que por ali transitam. Sabe-se que o Estado, como Instituição, não é onipotente - que turistas daqui e d’além são vítimas constantes da violência nossa de cada dia, no Ceará, no Rio, em Santos, em Florianópolis e sabe Deus mais onde. Exatamente porque essa violência existe é que se cobra, do poder público, algumas ações de prevenção na salvaguarda da integridade física de cada cidadão. Pede-se policiamento ostensivo para a orla, alguma logística que possa, pelo menos, inibir a ação desses criminosos frios e covardes, que levam cedo vidas inocentes e se locupletam na própria indignidade, pois não pode haver crime mais hediondo do que estupro seguido de morte.

Há quem veja nas contradições e na fragilidade do sistema de segurança do Estado um desafio à autoridade do governador. Uma espécie de boicote branco sem alarde e sem prazo. Argumenta-se que a fusão da Polícia Civil com a Polícia Militar para um comando único, com a criação da Secretaria de Defesa Social, nunca foi assimilada pelas duas corporações. É possível. Mas, não dá para acreditar - e eu não acredito - que a insatisfação com uma medida administrativa possa levar profissionais responsáveis e conscientes, como são as lideranças daquelas instituições, a trabalharem contra o bem comum. Seria a negação de todos os valores nos quais a sociedade acredita - e sem os quais jamais se plantaria sequer os alicerces da mais tênue democracia.
A família da moça, na sua dor e na sua impotência, sofre na sua solidão, mas não cala sua revolta: o laudo médico é de tal forma constrangedor que não cabe aqui discriminá-lo. A malvadeza, a bárbarie, a brutalidade com que o criminoso ou os criminosos seviciaram a moça caberiam nos mais repugnantes tratados de patologia da história. E na sua dor a família aguarda: aguarda que as autoridades estaduais possam - como lhes compete - mobilizar os recursos humanos e tecnológicos de que dispõem, investigar, descobrir, prender e julgar os responsáveis, para que ainda possam ter, no futuro, um mínimo de fé naquilo a que chamamos de instituições. Alguns lembram que o pai da moça, também já falecido, foi em vida amigo próximo do vice-presidente da República, Marco Maciel. E que talvez com sua intervenção e a presença da Polícia Federal nas investigações se consiga chegar aos criminosos. No momento, a dor é ainda muito forte, fere fundo, não há muito a fazer a não ser rezar uma oração desesperada e buscar uma silenciosa resignação, na certeza que não pode prevalecer a impunidade sobre a terra.


Colunistas

PINGA-FOGO
Paulo Sérgio Scarpa /Interino

O quadro e a sucessão
Imaginar que a vitória está nas mãos da esquerda é o mesmo que desconhecer a história do Brasil, afirma o professor da Unicamp, Ricardo Antunes, em artigo na Folha de S. Paulo. Por certo, o País ainda está longe de poder prever o que esperar do quadro sucessório em 2002.

Na análise de Antunes, o PSDB ainda patina e a candidatura Serra terá de justificar o desastre político do tucanato “embora conte com um arco material e ideopolítico nada desprezível”. O PFL vacila entre o espólio do governo FHC e o descobrimento de alternativa própria, mas Roseana ainda terá de passar pelo teste crítico da mídia. E o PMDB, “desfigurado até a alma”, nunca primou pela coerência, e nunca foi tão incoerente.

O PPS, comenta Antunes, não assusta ninguém, mas o mesmo não se pode dizer de Ciro Gomes; o PDT presencia sua agonia política; e o PSB “desmorona-se no oportunismo aparentemente infantil de Garotinho”. Resta ao PT encontrar condições eleitorais similares ou melhores do que as de 1989, “porque têm muito da chamada opinião pública ao seu lado”. Mas é sempre bom recordar Machado de Assis: 70% dos eleitores votam do mesmo modo que respiram - sem saber por que nem o quê.

O baile da discórdia
A administração do PT não transferiu apenas para Olinda o Baile Municipal do Recife e inflacionou o preço dos ingressos, aumentando em 50% o individual e em 100% o preço da mesa. Nos cálculos do vereador e empresário Jorge Chacrinha (foto), “o PT quer mesmo é lucrar com os ingressos e pagar menos imposto”. Enquanto Recife cobra 5% de ISS, Olinda cobra 3% sobre a bilheteria, orquestras, bufê, segurança, etc. “A visibilidade da ‘mudança’ chama-se lucro”, ironiza o vereador.

Bom candidato
Segundo o ‘filósofo de Campo Grande’, Liberato Costa Júnior (PMDB), o ministro Raul Jungmann, sabichão em política, quer dar um passo maior que as pernas ao se lançar às prévias do PMDB. “Na linha dos presidenciáveis, ele é pouco conhecido”, afirma o vereador. “Mas é um bom candidato a deputado federal”, garante.

Mídia gratuita
A líder do Governo na Assembléia, Teresa Duere (PFL), tem outra opinião. Com as prévias, Jungmann quer apenas ganhar mais espaço na mídia para ser deputado federal, já que não será nada fácil tirar votos no Interior do Estado. “E ninguém pense que irá implodir uma candidatura (Roseana) que já tem 21% nas pesquisas”, provoca.

Inocêncio chama imprensa para falar de Roseana
Inocêncio Oliveira conversa, na quarta, com jornalistas no Recife, sobre detalhes do encontro do PFL com Roseana Sarney, em São Luis. Ele sugere a leitura de relatório de 92 sobre o Maranhão para mostrar o que ela já fez pelo Estado.

Ferraz preside o Legislativo até Romário voltar
Até o retorno, na próxima semana, do deputado Romário Dias (PFL), em férias nos Estados Unidos, o deputado Afonso Ferraz (PSDB) estará presidindo a Assembléia Legislativa de Pernambuco.

Ninho tucano
Senhor dos tucanos, Sérgio Guerra não perde tempo em política. Compõe grupo pessoal no PSDB escolhendo jovens militantes, como André Lucena, 27 anos, empresário do setor de alimentação, membro da executiva regional e evangélico praticante. Filiado desde 2000, já é candidato a deputado federal.

Saco de gatos
Por mais que se tente, agora, retirar a paternidade de Jarbas Vasconcelos, o que parece restar entre os políticos, em Brasília, é que Raul Jungmann lançou-se pré-candidato às prévias presidenciais do PMDB com o incentivo do governador pernambucano. Que, em passado muito recente, era o indicado às prévias.

Raul Jungmann terá hoje o melhor dos palanques: às 7h estará nas rádios fazendo balanço dos seis anos à frente do Ministério do Desenvolvimento Agrário. E, durante quatro minutos, às 20h, no horário nobre da TV. No intervalo, acerta com o presidente FHC sua saída do ministério.

Teresa Duere acha que Miguel Arraes está sendo mal informado sobre as ações de seu governo quando garante que não havia ainda grupos de extermínio da PM na sua época. “Foi Arraes quem criou o SEI em 1997”, lembra. Para ela, “a origem e conseqüência desse tipo grupo, mesmo que a gente não saiba se o grupo já existia na época”.

O 1º secretário da Assembléia Legislativa, deputado João Negromonte (PMDB), está agilizando as providências para que a TV Assembléia comece as suas atividades ainda neste semestre. A idéia é transmitir experimentalmente, no início, pelo menos duas sessões plenárias por semana. E antes das eleições.

Roberto Freire (PPS) conversou com o Cremepe, Sindicato dos Médicos e a Associação Médica de Pernambuco. As entidades se convenceram que o senador estava correto ao votar contra o acúmulo de cargos na área médica. Se o sistema é único e a fonte pagadora é a mesma, diz Freire, o médico deveria escolher um único local de trabalho.


Editorial

UMA GRANDE PERDA

Há meio século não há como escrever sobre a história do Recife e de Pernambuco sem recorrer aos estudos de José Antonio Gonsalves de Mello. Essa é a demonstração mais definitiva da importância deste grande pernambucano que se vai, deixando um legado de 70 anos de inserção nos mais notáveis momentos da cultura brasileira.

Ele foi um garimpeiro da memória pernambucana e nos fez entender que nunca perdeu tempo com cascalho, mesmo quando se debruçava sobre estudos aparentemente prosaicos. Assim, cuidou de esclarecer a raiz do topônimo Recife e para isso foi buscar o uso de arrecifes em escritos dos séculos 16 e 17. Trouxe ao século 20 a hierarquia social do poder econômico e político dos senhores de engenho, dos nobres e mascates na Câmara do Recife no século 18. Fez-se cronista de antigos hábitos, de velhos costumes, mas foi, sobretudo, o criador da mais exuberantes memória da presença holandesa em Pernambuco.

Seja visto como jovem prodígio, descortinador da presença holandesa no Brasil, ativo pesquisador, erudito, em todas essas facetas o recifense José Antonio Gonsalves de Mello construiu o perfil de um dos mais notáveis intelectuais do século 20 no Brasil. Sua história pessoal enriquece a história de Pernambuco, impressiona e deixa um enorme vazio, pela cada vez mais rara possibilidade de encontrar-se vocações tão profundamente identificadas com a cultura, em especial com a historiografia.

Em 1944, ao prefaciar Tempo dos Flamengos, Gilberto Freyre destacava a precocidade do seu autor: “Era ele ainda menino de treze ou quatorze anos, mas já cheio de interesse pelos estudos de história social do seu país e da sua província, quando uma amigo mais velho deu-lhe o conselho que seria quase religiosamente seguido: aprenda holandês antigo para especializar-se no conhecimento do período flamengo da história brasileira”.

Tal testemunho bastaria para consagrar José Antonio Gonsalves de Mello, mas haveria muito mais a dizer, da obra e do autor, e nem assim seria suficiente. Nada é suficiente, hoje, para dizer da importância do homem que foi o primeiro diretor do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, que dirigiu o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e que tantos títulos recebeu, muito longe das fanfarras com que costumam ser saudadas hoje em dia figuras inexpressivas, que arrancam aplausos por alguns minutos e parecem eternas, mas quase sempre incapazes de preservar a glória até mesmo em seu curto período de vida.

Com José Antonio Gonsalves de Mello a diferença está em que sua presença agregou valores perenes. Como é perene o que vem da antiga Grécia, do antiqüíssimo Egito, dos mais remotos documentos da China. A História de Pernambuco é um componente cultural que necessariamente impregnará todas as manifestações culturais do futuro, como já o faz no presente, na medida em que não há pensar escola, livro didático, pesquisa, sem pensar em seus autores e, entre eles, o mais notável de todos.

Dele dizia Gilberto Freyre que dava aos estudos sobre o passado social do Brasil dignidade, seriedade e profundidade. Mais: entendia Tempo dos Flamengos como uma obra magistral, uma das melhores de pesquisa histórica e interpretação sociológica do passado do Brasil, escrito com vigor e vivacidade, num português sem pedantismo, tornando-se uma leitura encantadora. Um mestre dando o testemunho de outro mestre.

Por isso mesmo, soaria como arrogante presunção imaginar-se que algumas palavras seriam suficientes para dizer quem foi José Antonio Gonsalves de Mello e o que sua obra representa para Pernambuco. Essa é uma síntese impossível, pelo que nos cabe, apenas, deixar o nosso mais profundo reconhecimento, na esperança de que as atenções dos professores, em todos os níveis, estejam voltadas para a riqueza de pernambucanidade contida na obra deste magnífico recifense.


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01/10/2002


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