PM usa música em projeto de inclusão digital



Finalidade é afastar crianças e jovens carentes das drogas e da violência através de iniciativas de inclusão e integração

A música ecoa livre pelo parque. O ritmo acelerado do forró é seguido pelas gargalhadas das crianças. As mãos ligeiras da molecada tentam acompanhar o ritmo da sanfoneira. Enquanto o som corre solto, chega uma policial militar. A música pára repentinamente, o silêncio é completo! Mas, novamente, o ritmo acelera e, desta vez, com o acompanhamento do violão da soldado Renata Bonfim, a brincadeira ganha novo colorido.

Renata é a responsável pelo Projeto Criança Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Criado em julho de 2003, visa a discutir valores, mostrando a importância da participação do jovem na resolução de problemas sociais. A integração da Polícia Militar com a comunidade, por meio da difusão da cultura popular brasileira, estimula crianças e jovens a desenvolver aptidões psicomotoras e espírito de equipe. Desde a sua criação, o projeto atendeu 330 crianças.

“Esta é a maneira que encontramos de afastarmos os pequenos, que vivem em condições desfavoráveis, da violência e das drogas”, diz Tatiana Quintanilha Ribeiro, coordenadora da ação.

As aulas ocorrem nas tardes de terças e quintas-feiras, no Parque Villa-Lobos, na capital. “É sempre uma festa! Ensinamos um pouco de história e cultura popular. Trago até vídeos para facilitar a aprendizagem e fazer com que eles também fiquem mais atentos”, explica Roberta. A soldado tem uma trajetória interessante. Quando não está de plantão ou com a gurizada, dedica-se à outra paixão: o teatro. Ela integra a Companhia da Tribo, que ganhou o Prêmio Coca-Cola Femsa de Teatro Jovem, com a peça Dois Corações e Quatro Segredos.

“As técnicas teatrais acalmam os alunos. Muitas vezes a apatia e um dia de sol não os deixam cinco minutos sossegados aqui dentro. É preciso muita imaginação para integrá-los”, explica Roberta. Eugênia Nóbrega, irmã do artista pernambucano Antonio Nóbrega, também participa da ação. “Aqui aprendo mais do que ensino”, diz com voz suave. Ela é a sanfoneira que acompanha a turma de Roberta há três anos. “Vinha com mais freqüência, mas agora, com alguns problemas particulares, participo a cada 15 dias. Ensinamos músicas do cancioneiro popular e eles aprovam”.

Músicos do Futuro – Em São José do Rio Preto, a 319 quilômetros da capital, estudantes de escolas municipais e estaduais aprendem música e cidadania por meio do projeto social da PM Músicos do Futuro. Idealizado pelo sargento Josué Guimarães, em parceria com o Comando de Policiamento do Interior 5 (unidade em que trabalha) e com a prefeitura de São José do Rio Preto, o projeto existe desde 2002. Com os seus colegas de farda, que pertencem à Banda Sinfônica do CPI-5, Josué aproxima crianças e jovens da Polícia Militar.

Em 2002, o sargento, músico há 29 anos, começou a lecionar flauta doce, gratuitamente, nos Núcleos do Projeto Cidadão da prefeitura, na época com 20 crianças. Um ano depois, o número de participantes dobrou e, após muitos ensaios, se apresentaram no centro da cidade, em comemoração ao Natal.

Atualmente, as aulas de flauta doce e canto são ministradas pelos policiais e uma voluntária uma vez por semana, durante 60 minutos, nas escolas públicas da região. Em apenas seis anos, foram atendidos mais de 3,8 mil crianças e jovens, que já se apresentaram em diversos eventos importantes, como o desfile de 7 de Setembro, com público estimado de 40 mil pessoas, e no Rotary Club da cidade. Hoje, o Músicos do Futuro atua em nove escolas estaduais e municipais de São José do Rio Preto. “A presença do policial militar inibe a violência”, afirma o tenente Nobre, relações públicas do CPI-5.

Renata Rodrigues é professora de canto e voluntária do Músicos do Futuro. “Quando a criança chega aqui geralmente é tímida e às vezes apresenta problemas fonoaudiológicos. Com o passar do tempo, ganha confiança e começa a ser mais participativa. O relacionamento familiar e escolar melhora sensivelmente”. Para este ano está agendada a Cantata de Natal, tradição da cidade. Será realizada no Colégio Santo André, com a Banda Sinfônica da PM e músicos de apoio, que ajudarão as crianças num espetáculo que irá emocionar a todos”, garante o sargento Josué.

Música que Alimenta – O ingresso é um quilo de alimento não-perecível (do Projeto Música que Alimenta), que será enviado a instituições que cuidam de pessoas carentes. “Além de ouvir música de boa qualidade, a pessoa ajudará os mais carentes numa época muito especial”, analisa Nobre.

O Música que Alimenta visa a arrecadar alimentos durante apresentações musicais da Banda Regimental de Música do CPI-5. Essas doações são levadas a uma instituição assistencialista do município, onde a Banda se apresenta. “Idealizada pelos próprios músicos da Banda em 2006, a ação agrega valor humanitário às exibições musicais. Desde dezembro, foram realizadas nove apresentações em eventos públicos e privados ligados ao evento e arrecadada quase 1,5 tonelada de alimentos”, finaliza o tenente Nobre.

Cidadania no parque

“Adoro pagode”, revela o estudante Hélio Ferreira, de 15 anos. O garoto, que nas horas vagas andava de um lado para outro no Parque Villa-Lobos, encontrou motivação e, agora, diz que melhorou até nos estudos. Hélio tem sete irmãos, e para ajudar no orçamento familiar faz ‘bicos’ no próprio parque. “Nos finais de semana, cuido da locação de bicicletas”, diz orgulhoso. A curiosidade levou Leandro dos Santos a descobrir o Projeto Criança Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo. “Meus amigos da escola falavam que aprendiam música e resolvi conferir”, afirma o menino de 15 anos, no projeto há cinco.

Maria Lúcia Zanelli, da Agência Imprensa Oficial

(M.C.)



10/29/2008


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