PMDB faz ato de demonstração de força



PMDB faz ato de demonstração de força Depois de perder importantes nomes no Estado, sigla quer Pedro Simon na disputa para o Palácio Piratini A primeira reunião do PMDB estadual depois do racha que dividiu ao meio a bancada do partido na Assembléia transformou-se ontem em uma demonstração de força na Praça da Matriz, no centro da Capital. Depois de transferir a reunião para a praça por falta de espaço no auditório da Assembléia Legislativa, dirigentes do partido defenderam a candidatura do senador Pedro Simon ao governo do Estado e uma aliança com o PDT na próxima eleição. Pela primeira vez desde que anunciou sua intenção de concorrer à presidência da República pelo partido, Simon admitiu disputar a sucessão ao Palácio Piratini. O senador disse que não pode deixar de participar da prévia nacional do dia 20, na qual disputa a indicação do partido à sucessão presidencial, mas prometeu estar “à disposição do Rio Grande”, se perder. Simon disse ver com simpatia negociações entre o presidente estadual do PMDB, deputado Cezar Schirmer, e a direção do PDT. – Eventuais divergências entre eu e o doutor Brizola nada significam diante das causas do Rio Grande – afirmou Simon. Com o ingresso dos dissidentes do PMDB – o ex-governador Antônio Britto, os deputados estaduais Paulo Odone, Berfran Rosado, Mario Bernd, Cezar Busatto e Iara Wortmann, e o deputado federal Nelson Proença – no PPS, o PDT esfriou as negociações para a formação de uma aliança com os socialistas e o PTB. Alegando ter sido traídos no episódio, PMDB e PDT passaram a falar em aliança. Recebido no carro de som que serviu de palanque, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT), disse que cumprimentava “companheiros da história, do resgate e da retomada do velho MDB de guerra, de onde todos nós viemos”. O ressentimento com os ex-companheiros que migraram para o PPS permeou todos os discursos do dia. O ex-presidente regional Odacir Klein disse que, em nenhum momento, teria vetado o nome de Britto para a presidência do partido. Depois de demonstrar disposição de concorrer ao cargo, no início deste ano, o ex-governador resolveu apoiar a candidatura do deputado Paulo Odone, que perdeu a disputa para Schirmer. Ex-secretário de Coordenação e Planejamento do governo Britto, João Carlos Brum Torres ironizou o fato de Proença e o ex-governador ter migrado para um partido de origem socialista: – Como diz minha mãe de 93 anos, estou vivo para ver isso. Schirmer fez um relato minucioso dos esforços da atual direção estadual para garantir a permanência de Britto e seu grupo no PMDB. Revelou ter colocado seu cargo à disposição dos dissidentes em uma tentativa derradeira de impedir o racha. – Todas as exigências foram aceitas e os obstáculos retirados. O móvel desta saída, na realidade, foi a prepotência, a incapacidade de convivência – desabafou. Um dos discursos mais aplaudidos do encontro, realizado das 9h30min às 13h30min, foi o de Iara Leite, viúva de André Forster, fundador e ex-presidente estadual do partido. Em uma participação emocionada, Iara disse que, se estivesse vivo, Forster também estaria no palanque para comandar a mobilização da sigla. Vereadores, prefeitos, dirigentes municipais e representantes de setores do PMDB desembarcaram de dezenas de ônibus para ouvir os líderes do partido. A cada participação, faziam coro para sugerir candidaturas. Odacir Klein e o deputado federal Germano Rigotto foram lembrados para concorrer ao Senado. Incentivado pelos oradores – entre eles, o ministro dos Transportes Eliseu Padilha –, o público pediu várias vezes que Simon seja o candidato do partido ao governo do Estado. O discurso do senador foi dos mais apaludidos: – Mais de uma vez previram o nosso fim. Ao contrário, ficamos e vamos crescer. Precisamos dobrar o número de filiados e reforçar nossa presença em todos os segmentos sociais. Saíram alguns, que não entenderam este novo momento – disse Simon. Organizada pela direção estadual do partido para apresentar o relatório final de encontros realizados no interior do Estado, a reunião serviu para o lançamento de uma campanha para arrecadar recursos destinados à construção da sede própria do PMDB regional, que deverá estar concluída em oito meses. Também foi lançada a grife PMDB-mania e uma campanha de recadastramento e de ampliação do número de filiados. Bohn Gass é reeleito para presidir o PT em Porto Alegre Neste domingo, filiados do PT em 15 municípios gaúchos realizaram o segundo turno de votação para a escolha de seus dirigentes em âmbito municipal. Em Porto Alegre, a decisão foi por uma diferença de apenas 88 votos, numa eleição que teve a participação de 2.465 votantes. Valdir Bohn Gass, da Democracia Socialista, foi reeleito para conduzir o PT municipal por mais três anos, com 1.259 votos. Adroaldo Correa, candidato da Articulação de Esquerda, mesma corrente do futuro presidente estadual David Stival e que contava com o apoio do prefeito Tarso Genro, obteve 1.171 votos. Bohn Gass disse que o primeiro turno já lhe dava indicativos de vitória apesar das fortes alianças que se formaram em torno do nome de Adroaldo Correa no segundo turno. – Não vejo problema nenhum na vitória apertada. Ela é bastante saudável e só mostra o equilíbrio do PT em Porto Alegre – afirmou o novo presidente municipal do PT, que toma posse com os demais participantes do diretório no dia 3 de novembro. Em Lajeado, ganhou Marcos Dalcin, do PT Amplo, com 166 votos contra 93 de Sérgio Rambo, da Articulação de Esquerda. No final da semana passada, Paulo Ferreira, representante da corrente PT amplo e Democrático, que disputava o segundo turno para a presidência estadual do PT, retirou sua candidatura em favor de David Stival, da Articulação de Esquerda. Padilha afasta assessor sob suspeita Consultor é acusado de remessa ilegal de dólares para os Estados Unidos O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, anunciou no final de semana o afastamento do consultor jurídico, Arnoldo Braga Filho, acusado de remessa ilegal de dólares a três bancos nos Estados Unidos. Em nota oficial, Padilha ainda afirma que determinou a instauração de procedimento administrativo para elucidação das acusações. O Ministério Público (MP) Federal, porém, já está investigando o caso desde a semana passada, com base em uma carta enviada pelo doleiro libanês naturalizado brasileiro Charbel George Nicolas. Dono da Agência de viagens All Travel, que funcionava como casa de câmbio clandestina em Brasília, Charbel fugiu há mais de três semanas para o Líbano. De lá enviou um relato detalhado de toda a operação aos procuradores federais. Esse caso foi revelado em reportagem publicada na última edição da revista IstoÉ. Conforme a reportagem, a carta de Charbel denuncia Arnoldo e outros funcionários do Ministério dos Transportes pelo envio ilegal dos dólares aos Estados Unidos. Ele ainda declara que foi ameaçado de morte por policiais a mando desse grupo, que estaria cobrando US$ 1,5 milhão que Charbel teria desviado das contas e depositado em seu nome no Uruguai . Por isso, o doleiro fugiu do país. De acordo com a carta, Charbel começou a vender dólares para o consultor jurídico há três anos e, mais tarde, os dois teriam viajado juntos a Nova York para a abertura de uma conta. Na nota à imprensa, divulgada no sábado à tarde, o ministro destaca que as suspeitas que pairam sobre o consultor jurídico não podem ser estendidas aos demais servidores do órgão, e ainda informa que oficiou ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pedido de designação de um membro do MP Federal para acompanhar o procedimento administrativo que foi aberto. Enquanto essa nota era divulgada, Zero Hora tentou contato, por telefone, com Braga. Da casa, localizada no Lago Norte, em Brasília, a empregada informou, que nem ele, nem a mulher, Elisabeth Alves da Silva Braga – funcionária do Ministério do Planejamento – estavam em casa, e que não estava autorizada a dizer se a família tinha viajado ou se voltaria a Brasília ainda no final de semana. Na noite de sábado e na tarde de domingo ninguém atendeu o telefone. Braga foi assessor do ex-governador Antônio Britto e do deputado federal Nelson Proença (PPS-RS) e há mais de três anos exercia a função de consultor jurídico no Ministério dos Transportes. OP aprova mudanças nas alíquotas do ICMS Aumentos serão negociados Aprovado sábado pelo conselho do Orçamento Participativo, que deu carta branca para o governo negociar aumentos de alíquotas, o esboço do novo projeto que altera a chamada matriz tributária do Estado deve chegar à Assembléia no final de outubro. Depois de duas tentativas infrutíferas de alteração nas alíquotas do ICMS, em anos anteriores, desta vez, o governo apresentou apenas as propostas de redução do imposto. A definição dos setores onerados será fruto de negociações com empresários, prefeitos e deputados. Os conselheiros sugeriram a inclusão do turismo, da reforma agrária e da agroindústria entre os setores a ser beneficiados com redução da carga tributária ou com fundos de desenvolvimento. Durante a apresentação das propostas do governo ao conselho, o secretário da Fazenda, Arno Augustin, disse que todas as medidas beneficiam de alguma forma a Metade Sul. Para Augustin, os incentivos ao setor arrozeiro, à pecuária e à indústria do pescado são exemplos da preocupação do governo com a região. – Vamos localizar os setores beneficiados no mapa para ver se a proposta ajuda ou não a Metade Sul. Os deputados que votaram contra o projeto anterior terão de dar outra desculpa para não votar de novo – desafiou o secretário. Enquanto o projeto do ano passado visava a um incremento de R$ 450 milhões no Orçamento, o deste ano pretende transferir receitas obtidas com aumento de impostos, em produtos e serviços a ser definidos, para setores carentes de incentivos. A resistência de deputados a aumento de impostos para indústrias localizadas em suas regiões deverá ser driblada com oneração de serviços – energia elétrica, por exemplo –, cujo impacto seria diluído em todo o Estado. Nos cálculos do governo, se for aprovada, a proposta deste ano deve direcionar R$ 120 milhões arrecadados dos setores onerados com aumento de impostos para incentivos em áreas deficitárias. FH e De la Rúa discutem hoje o Mercosul Governo brasileiro avalia que presidente argentino busca apoio para a elaboração de novo pacote fiscal Marcada à última hora, a visita do presidente argentino Fernando De la Rúa, hoje, a seu colega Fernando Henrique Cardoso, muda o teor das negociações rumo a uma solução para a crise entre os dois países em torno dos destinos do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Na avaliação do Itamaraty, a vinda de De la Rúa foi motivada pela possibilidade de esfacelamento da base política do governo argentino, depois das eleições parlamentares do próximo domingo, e pela necessidade de o país elaborar um novo pacote de ajuste fiscal. Sua meta seria buscar o apoio brasileiro, uma vez que as medidas deverão aprofundar a recessão na Argentina, e assegurar uma via de crescimento econômico. Os presidentes se encontrarão às 13h, em almoço no Palácio da Alvorada, para tratar do Mercosul sob dois focos. A expectativa é de que De la Rúa traga sua decisão de preservar o bloco como uma união aduaneira, processo de integração que envolve a adoção de políticas externa e tarifária comuns por seus membros. Essa opção significará o prosseguimento das negociações dos quatro sócios sul-americanos com os Estados Unidos e com a União Européia. A importância dessas discussões está na possível ampliação do acesso de produtos do Mercosul àqueles mercados que, por sua vez, trará melhoria na atividade econômica. Também se espera que De la Rúa proponha o aprofundamento da convergência macroeconômica do Mercosul. Em última análise, esse compromisso deverá levar à harmonização futura de políticas cambiais dos quatro sócios, que hoje travam séria briga por causa das divergências de seus regimes. Durante o almoço, não se espera que os presidentes tratem de questões mais espinhosas e técnicas, como uma proposta da Argentina de criação de um mecanismo para o Brasil compensar seus sócios do Mercosul cada vez que se acentue a desvalorização do real. Caberá aos ministros Pedro Malan, da Fazenda, e Domingo Cavallo, da Economia da Argentina, cuidar das divergências sobre essa fórmula, que é repudiada pelo governo brasileiro. Os chanceleres Celso Lafer, do Brasil, e Adalberto Rodríguez Giavarini, também devem se encontrar para selar a manutenção da Tarifa Externa Comum (TEC), o instrumento que dá ao Mercosul seu formato de união aduaneira, e o início das negociações para a sua alteração. O diálogo entre os presidentes deverá dar a mensagem, tanto para a opinião pública de seus próprios países como para o mercado internacional, de que há decisão firme, dos dois Estados, sobre a preservação do Mercosul e a superação dos atuais conflitos entre os seus sócios. Com isso, poderão diluir as críticas repetidas por Cavallo contra a política cambial brasileira e a manutenção da união aduaneira e dar um sinal político de que a crise dentro do bloco será superada e não afetará as negociações em andamento. A questão da segurança, após os atentados nos Estados Unidos, também será abordada no encontro porque “passou a ser um aspecto fundamental para os dois países”, afirmou o chanceler argentino. Governo muda, mas Cavallo deve ficar De la Rúa confirma um novo pacote O polêmico ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo, é o único membro do ministério que tem lugar garantido após as eleições parlamentares do próximo domingo. – O único ministro confirmado é Domingo Cavallo – disse ontem o chefe do gabinete de ministros, Chrystian Colombo. Segundo diversas pesquisas, o governo deve sofrer pesada derrota nas eleições, o que provocaria ampla reforma ministerial. – As mudanças serão feitas pelo presidente quando ele considerar oportuno realizá-las – disse Colombo, que tentou relativizar a possibilidade de a reforma ministerial ocorrer depois de eventual derrota eleitoral do governo. – O dia 14 não marca um antes e um depois. O presidente está analisando com quem ele vai aprofundar suas diretrizes políticas a partir dessa data. Segundo Colombo, De la Rúa escolheria pessoas para formar uma equipe com a qual possa cumprir uma série de objetivos na política econômica. Desta forma, o governo tenta acalmar os mercados quanto a possíveis guinadas na política econômica. Ontem, o próprio De la Rúa contestou os rumores que agitaram o país na semana passada, e que oscilavam entre a desvalorização da moeda e a dolarização. – Já é hora de acabarem essas teorias absurdas – afirmou. De la Rúa disse que “só o fato de se falar sobre desvalorização cria sensação de incerteza e de perigo que eu quero enterrar definitivamente, porque isso representaria reduzir os salários da população e teria enormes conseqüências”. A desvalorização é uma preocupação do Fundo Monetário Internacional (FMI). Documento confidencial do Fundo, divulgado pelo jornal Clarín, indica que o organismo internacional exige a continuidade da conversibilidade econômica, que estabeleceu a paridade um por um entre o peso e o dólar, para evitar “a quebra da economia”. Segundo o documento, o FMI consideraria a conversibilidade “fundamental” para a estabilidade financeira e de preços. Além disso, o FMI admite que “se a economia continuar debilitada, as reduções de salários, aposentadorias e das remessas para as províncias serão difíceis de serem mantidas dentro do atual clima político e social”. Em Buenos Aires, o economista americano Jeffrey Sachs, diretor do Centro de Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard, disse que o governo não deve prestar atenção aos bancos de investimento para definir sua estratégia econômica, já que “o trabalho desses bancos é o de continuar cobrando ao país uma taxa de juros de 19%”. – Os banqueiros de investimentos são imensamente ignorantes sobre os processos de crescimento de longo prazo. Vão do pessimismo ao pânico – disse Sachs. O economista sustentou que o Brasil está em melhores condições para se recuperar “porque tem bases para uma decolagem das exportações e não está na mesma armadilha da economia da Argentina”. O presidente De la Rúa confirmou que o governo está elaborando um pacote de medidas econômicas, entre as quais estaria a troca dos bônus de dívida das províncias para reduzir os juros que são pagos. O governo federal emitiria um bônus Lecop (Letras de Cancelamento de Obrigações Provinciais), que substituiria os diversos bônus que as províncias emitem para pagar os salários dos funcionários públicos e os fornecedores do Estado. Gaúcho vai cuidar da imagem do governo FH escolhe Luiz Macedo para a Secretaria de Comunicação O presidente Fernando Henrique Cardoso escolheu o publicitário Luiz Macedo, de 70 anos, ex-sócio da agência MPM, para ser o novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo. Macedo vai substituir Andrea Matarazzo, novo embaixador do Brasil em Roma, e cuidar da imagem e da comunicação do governo, sendo, inclusive, responsável pela administração da verba publicitária institucional da União. Luiz Vicente Goulart Macedo é gaúcho, mas há muito tempo mora no Rio de Janeiro. É considerado uma figura lendária no mercado publicitário, tendo sido o fundador, em 1957, com dois sócios, de uma das mais bem-sucedidas agências de publicidade do país. A MPM dominou por 15 anos consecutivos o ranking brasileiro de negócios do setor. Macedo era um dos M da agência, formada ainda pelos publicitários Petrônio Corrêa (o P da sigla) e Antonio Mafuz (o outro M). Macedo pilotava a agência do Rio, Petrônio a de São Paulo, e Mafuz a de Porto Alegre. Em julho do ano passado, os profissionais receberam homenagem especial da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap/RS) pelo trabalho à frente da agência. Macedo é ex-presidente da Abap e da Associação Brasileira de Propaganda (ABP). De excelente desempenho nas décadas de 60, 70 e 80, a MPM criou algumas importantes campanhas para os governos da época. Foi da MPM, por exemplo, a idéia de criar a campanha Exportar é o que Importa para o governo Garrastazu Médici, quando o país decidiu fazer seu primeiro grande esforço no comércio exterior. Muitas contas de estatais passaram pela agência. O gigantismo da MPM atraiu a atenção de grupos internacionais e a agência acabou sendo vendida, em 1991, para a Lowe Lintas, do grupo inglês Interpublic, virando MPM: Lintas. Nesta época, os sócios brasileiros decidiram trilhar caminhos próprios. Em 1995, o grupo Interpublic comprou a agência Ammirati Puris e decidiu criar a Ammirati Puris Lintas, uma rede de 140 escritórios em 70 países. Ao sair da MPM, Macedo voltou-se para o hobby que mais aprecia: os cavalos. No Rio, pode ser visto com freqüência nos corredores do Jockey Club. Sobrinho do ex-presidente João Goulart e primo de Neuza Brizola, mulher do ex-governador Leonel Brizola, falecida em 1993, Macedo vem de uma família gaúcha proprietária de cinemas no Rio Grande do Sul. Casado pela segunda vez, tem quatro filhos (três mulheres e um homem). Morador do Alto Leblon, na Zona Sul do Rio, é grande amigo da família Gouvêa Vieira, também do Rio Grande do Sul e uma das donas do grupo Ipiranga, do setor de petróleo. Artigos As mulheres e Machado de Assis PAULO BROSSARD Quando Machado de Assis estava longe de sua maturidade artística escreveu Queda que as Mulheres Têm para os Tolos. Depois de asseverar, perigosamente, que “desde a mais remota antigüidade, sempre as mulheres tiveram a sua queda para os tolos”, o futuro autor das Memórias Póstumas de Brás Cubas faz esta indagação: “Por que vos obstinais em pedir-lhes o que a Providência não lhes deu? Elas se apresentam belas, apetitosas e cegas: não vos basta isto? Querê-las com juízo, penetrantes e sensíveis, é não conhecê-las”. Desconfio de que as mulheres decidiram vingar-se do autor de Capitu e mostrar-lhe que, sem embargo de “belas e apetitosas”, não são cegas e podem esbanjar juízo, “penetrantes e sensíveis”. É o que suponho ter sucedido em imaginária assembléia em que tenham assentado analisar, agudamente, a obra de quem cometeu a imprudência de bulir com elas. Com efeito, sem falar no belo livro que Lúcia Miguel Pereira dedicou ao Bruxo do Cosme Velho, cuja primeira edição é de 1936, ou no ensaio O Tempo no Romance Machadiano, de Dirce Cortes Fiedel, de 1958, ultimamente apareceram vários livros com análises percucientes e inovadoras sobre o admirável escritor e, a maioria deles, de mulheres. Sem pretender esgotar a lista, menciono estas: Machado de Assis e o Teatro das Convenções, de Cecília Loyola; O Olhar Oblíquo do Bruxo, de Marta de Sena; Machado de Assis, um Escritor na Capital dos Trópicos, de Patrícia Lessa Flores da Cunha; Machado de Assis Escritor em Formação”, de Lúcia Granja; O Enigma da Mulher no Universo Machadiano, de Anelia Montechiari Pietrani; Armário de Vidro – Velhice de Machado de Assis, de Lígia Márcia Guidin; Transportes pelo Olhar de Machado de Assis”, de Ana Luiza Andrade, e ainda os seus pensamentos em forma de dicionários, Memórias de um Frasista, de Angela Canuto, e Machado de A a X”, de Lúcia Leite Ribeiro Prado Lopes. Eu, de minha parte, não abro um de seus livros sem uma surpresa, e surpresa prazerosa Não sei se realmente terá havido esse propósito coletivo das mulheres, tomado em represália ao jovem malicioso, mas é verdade que é significativo o número de escritoras seduzidas pelo artista, que é sempre melhor quando relido. O certo é que a variedade e originalidade dos estudos mencionados estão a revelar acuidade, penetração e bom gosto na escolha dos temas extraídos da obra do escritor que realizou, como poucos, o ideal do homem de letras. Eu, de minha parte, não abro um de seus livros sem que tenha uma surpresa, e surpresa prazerosa. Já que falei de mulheres que vêm penetrando na intimidade artística do criador de Capitu, e para não sair do seu mundo, ocorre-me registrar ter ficado a dever a outra pena feminina uma grata surpresa. A propósito do extinto Frigorífico Armour, Vera do Prado Lima Albornoz fez excelente e esclarecedora apreciação do papel que esse estabelecimento industrial desempenhou na campanha rio-grandense, tendo como centro a cidade de Santana do Livramento, sua história econômica, política e social, pois, é claro, para falar acerca do Frigorífico Armour foi necessário falar antes dele, depois dele e além dele. E o fez com felicidade, ao traçar um quadro objetivo e realista daquele pedaço do Rio Grande que se encosta no Uruguai, na singularidade de uma cidade que é, a um tempo, brasileira e oriental. O livro é mais pequeno que grande, tem 150 páginas, mas, se na linguagem popular, tamanho não é documento, o livro não deve ser visto como grande ou pequeno, mas como importante, pelo que contém e pelo que sugere. Não hesito em dizer que a autora tem material para outro livro sobre a terra de Cabeda, de Flores da Cunha e de Tomaz Albornoz, ou para dar ao publicado dimensão e riqueza maiores. As qualidades nele demonstradas lhe asseguram bom sucesso se prosseguir nos caminhos riscados. É que o livro não é simples crônica, cujas qualidades lembram o casamento, a exigir fidelidade e um pouco de estilo, para repetir o inimitável Machado de Assis, mas é muito mais do que retratar importante experiência industrial na campanha, é uma sugestão, digo mal, são variadas sugestões e um modelo para que outros escritores, ou escritoras, em relação às suas querências, façam o que Vera do Prado Lima Albornoz soube fazer quanto à sua, tendo como inspiração algo que deixou de existir, mas que continua a viver na lembrança de sua gente. Os gatos e a Bolsa-Escola NELSON MARCHEZAN Com a alocação de R$ 1,7 bilhão este ano, o programa Renda Mínima/Bolsa-Escola do governo federal passou a ser um dos maiores programas de inclusão social do Brasil e, quem sabe, do mundo. A educação é fator decisivo de promoção, de obtenção e de aumento de renda e de melhoria das condições de vida. Como secretário de Trabalho do Rio Grande, na década de 70, criei um programa de ações socioeducativas para alunos de estratos mais pobres da população. À luz daquela exitosa experiência e de outras, que começavam a ser implantadas em Campinas, no Estado de São Paulo, e em Brasília, no início de 1995, apresentei um projeto de lei na Câmara dos Deputados. Aprovado, com outras propostas semelhantes de deputados e senadores, meu projeto se tornou a Lei Federal nº. 9.533/97. A idéia do programa é simples: assegurar um benefício monetário à família pobre, desde que seus filhos em idade escolar estejam na escola e nela tenham bom rendimento. Foi necessária árdua negociação com o Ministério da Educação para a sua implantação. Em 1999, foram aplicados cerca de R$ 39 milhões e atendidas cerca de 1 milhão de crianças. Em 2000, os investimentos foram de R$ 164 milhões e o atendimento chegou a 1,7 milhão de crianças. Este ano, com o aporte de recursos oriundos do Fundo de Combate à Pobreza, as verbas chegam a R$ 1,7 bilhão, e o atendimento, a 10 milhões de crianças de seis a 15 anos em todo o país. A expansão está sendo acelerada. Prefiro crer que a omissão é fruto da ignorância. Não pode haver razões políticas por trás desse desinteresse Em nível nacional, 3.170 prefeituras, correspondentes a 57% dos 5.561 municípios brasileiros, já aderiram ao Bolsa-Escola. O estado do Ceará é líder, com 174 das 184 cidades, ou 94,56%, já cadastradas. No Rio Grande do Sul, a adesão chega a 83,50%, com 415 dos 497 municípios atendidos. Até o final de outubro, outros 35 a 40 estarão se integrando. Devemos comemorar que 204.698 crianças gaúchas já estão recebendo a Bolsa-Escola, o que representa o aporte de cerca de R$ 3 milhões por mês do governo federal no Rio Grande. Outras 198 mil crianças, ou mais de 108 mil famílias, estão fora do programa, por omissão de seus prefeitos e líderes comunitários. O Estado deixa de receber mensalmente cerca de R$ 2,7 milhões, que estão lá em Brasília, no governo federal, disponíveis. Para que as famílias carentes sejam atendidas, basta que os municípios elaborem a relação dos alunos de cada escola e a enviem ao Ministério da Educação. O processo é simples. A maioria de nossas pequenas cidades do Interior já se inscreveu. Por que, então, municípios como Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Caxias do Sul, Gravataí, Pelotas e Viamão ainda não o fizeram? Prefiro crer que a omissão é fruto da ignorância. Não pode haver razões políticas por trás desse desinteresse. O programa não veta municípios governados pela oposição, nem exclui dos benefícios famílias já atendidas por outros programas assistenciais. Se o Rio Grande não se habilitar a essas verbas federais, outros Estados delas se beneficiarão. Pobres existem em todo o mundo, cada um deve prover aos seus. Como disse certa vez o líder chinês Deng Xiao-Ping, não importa a cor do gato, mas se ele é ou não capaz de caçar ratos. No caso da Bolsa-Escola, o fundamental é assistir aos pais que mantêm suas crianças na escola. Não interessa se o dinheiro vem do governo federal, do Estado ou do município. Colunistas ANA AMÉLIA LEMOS Ministros candidatos Como boa parte do primeiro escalão do governo Fernando Henrique deve disputar as eleições em 2002, assessores do Palácio do Planalto garantem que, em dezembro, haverá a desincompatibilização antecipada de todos quantos desejam buscar o voto do eleitorado. Pedro Malan, José Serra, Paulo Renato Souza, Pratini de Moraes, Eliseu Padilha, Carlos Melles, Martus Tavares, Roberto Brandt, Pimenta da Veiga, só para citar os mais conhecidos, estarão no páreo. Alguns tentarão o Palácio do Planalto. É o caso de Malan, Serra, Paulo Renato e Pratini. Outros estão de olho na sucessão estadual, como é o caso de Pimenta da Veiga, em Minas Gerais, e do próprio José Serra, em São Paulo, caso não emplaque na prévia do PSDB. Paulo Renato está na mesma situação. Se não for, como deseja, ungido pelo partido à sucessão presidencial, será candidato ao Senado, por São Paulo. Na sexta-feira passada chegou a ser dada como certa a filiação de Pedro Malan ao PSDB. O ministro, no mesmo dia, ante o aumento das especulações, emitiu nota oficial para ratificar sua posição pessoal, negando a filiação e, conseqüentemente, também, sua candidatura em 2002. Os mais íntimos de FH insistiam em que Pedro Malan era mesmo o candidato preferido do presidente. Hoje, quem mais trabalha para se viabilizar como candidato é o ministro da Saúde, José Serra. O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, também começa agora a operar com mais desenvoltura, depois de receber o sinal de que o presidente acha conveniente que todos os partidos da base aliada tenham candidatos próprios em 2002. No segundo turno, isso será muito útil, raciocinam os conselheiros políticos do governo. A maior parte está pavimentando suas candidaturas ao Congresso. Eliseu Padilha, dos Transportes, pretende voltar à Câmara Federal, como Roberto Brandt e Martus Tavares. A desincompatibilização, como determina a lei, será em abril. Em dezembro, FH pode mesmo antecipar a saída dos ministros candidatos, colocando nos respectivos lugares pessoal técnico. A expectativa é de que os atuais secretários executivos assumam os ministérios. A sucessão, como se nota, está correndo solta. JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10 PMDB mostra unidade e lança Simon Diante da saída de um grupo expressivo de deputados e do senador Fogaça, que acompanharam Antônio Britto rumo ao PPS, o PMDB deu ontem uma demonstração de força na convenção extraordinária do partido, em plena Praça da Matriz. Reuniu um grande público junto à esplanada da Assembléia que convocou Pedro Simon a ser candidato a governador. O momento de maior impacto foi o anúncio da filiação do jornalista Paulo Sant’Ana ao partido. Embora ausente, foi aclamado com entusiasmo pelo público. Parceiros hoje Como secretário de Desenvolvimento do governo Mário Covas, Émerson Kapaz era um ferrenho adversário de Nelson Proença, que ocupava a mesma pasta no Rio Grande do Sul. A divergência resultava das vitórias obtidas por Proença na disputa por grandes investimentos. Hoje, Kapaz e Proença integram a mesma bancada do PPS na Câmara dos Deputados. Surpresa na pesquisa A senadora Emília Fernandes (PT) foi uma das surpresas da pesquisa do Ibope, na semana passada, quando obteve uma terceira posição, com 20%, abaixo de seu colega José Fogaça (32%) e de Sérgio Zambiasi (38%). Com seis pontos acima de Paulo Paim, Emília acredita que possa conquistar a cadeira que pode estar reservada ao PT. Paim com Tarso Hoje, depois de um almoço com apoiadores de sua candidatura, da Rede, Paulo Paim terá um encontro com Tarso Genro. O prefeito de Porto Alegre manifestará apoio a seu nome como candidato ao Senado. Em contrapartida, Paim apoiará Tarso como candidato a governador. Pratini em campanha Com um discurso crítico ao PT, o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, cumpre roteiro pelo Interior do Estado como pré-candidato a presidente da República pelo PPB. No sábado, o ministro esteve em Uruguaiana, fazendo um pronunciamento na abertura de um remate. Barbosa contra a repetição Secretário de Obras da prefeitura da Capital, Guilherme Barbosa entende que a Articulação de Esquerda, sua corrente, não deve aceitar a repetição da chapa que governa o Estado, de Olívio e Rossetto. Barbosa tem restrições à Democracia Socialista, corrente do vive-governador. Também prefere que a escolha seja feita sem o desgaste da prévia. O confronto, na sua avaliação, seria “duríssimo”. Apóia a posição do novo presidente estadual do partido, David Stival, favorável a um nome de consenso. Com a perspectiva de reeleição, Guilherme Barbosa entende ser fundamental a unidade do partido em torno de um candidato. O secretário é visto como um dos integrantes da Articulação de Esquerda que apóia Tarso. Fim para uma polêmica Os deputados têm, nesta semana, a oportunidade de sepultar a tentativa do governo do Estado de dividir novamente a carreira de nível superior da Secretaria da Fazenda. Projeto neste sentido foi considerado inconstitucional pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa, por oito votos a um, acompanhando parecer de vários juristas. O entendimento é de que não tem sustentação legal qualquer cisão que viole a atual condição de igualdade dos servidores como Agentes Fiscais do Tesouro. Quanto ao mérito, o projeto é um retrocesso em relação à unificação promovida nos governos Simon, Collares e Britto. Ninguém entendeu o que está realmente por trás do projeto de Arno Augustin. Algo existe. Pode ser uma cortina de fumaça para esconder a bagunça no caixa único. Regulação Será lançado hoje, em São Paulo, publicação única sobre aspectos técnicos das agências implantadas em nível nacional, estaduais e municipais. O autor, Eduardo Krause, dirigiu o departamento jurídico da Agergs. Mirante • Lasier Martins assinou ficha no PDT. Não concorre. • Deputado João Luiz Vargas divulga arrecadação do ICMS de setembro (ainda não encerrada). Houve um crescimento de 14,2% • Secretário Bisol terá um público atento ao relato que fará de sua experiência como maior autoridade da área de segurança do RS. Hoje, em Portugal. • Governador remete uma lista de nomes para o conselho da Agergs. u Maria Thereza Druck Bastide autografa amanhã, a partir das 19h, Crônicas em dois tempos. • O vice-governador Miguel Rossetto é o palestrante da reunião almoço de quarta-feira na Federasul. • Ex-deputado Solano Borges recebe amanhã o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Editorial Guerra de bomba e pão A primeira guerra do terceiro milênio começou ontem com o bombardeio dos norte-americanos e dos seus aliados sobre três cidades do Afeganistão, represália anunciada aos atentados do dia 11 de setembro contra Nova York e Washington. Não é uma guerra convencional, de país contra país, mas sim uma gigantesca ação repressiva, apoiada por mais de 40 nações, contra grupos terroristas e os governos que os protegem. Mesmo que essas primeiras ações tenham alvos definidos instalados num único território, a guerra que está em curso destina-se a eliminar focos geradores de insegurança articulados numa rede mundial, o que a torna desconcertante. Assim, a comunidade humana, depois de ter assistido ao assustador espetáculo do atentado terrorista contra as torres gêmeas de Nova York, vendo ao vivo a morte de 6 mil pessoas em menos de duas horas, acompanha agora, apreensiva, os primeiros lances da mobilização bélica desse novo estilo de conflito. O principal acusado de organizar a rede de terroristas, o milionário Osama bin Laden, fez ontem suas primeiras declarações públicas depois do atentado de 11 de setembro, tentou caracterizar o conflito como uma guerra santa entre o Islã e o Ocidente e ameaçou com um futuro no qual não haveria tranqüilidade aos norte-americanos. Mesmo sem ter assumido diretamente a responsabilidade pela articulação terrorista ou pelas ações contra alvos de Nova York e Washington, as ameaças de Bin Laden reforçam a idéia de que a conquista da segurança e a autodefesa do Ocidente passam necessariamente pela eliminação das teias de terror montadas ao redor do mundo. Depois dos ataques, americanos jogaram comida, remédios e suprimentos para as populações desamparadas Do ponto de vista dos aliados, parece clara a intenção de excluir qualquer ligação entre o combate a Bin Laden, seu poder e seus aliados, de um lado, e, de outro, a religião muçulmana, os países árabes e o povo do Afeganistão. Neste sentido, ao iniciar a guerra bombardeando alvos especiais – como campos de treinamento e o quartel general do governo dos talibãs –, os Estados Unidos parecem determinados a manter a ofensiva dentro de limites estritos, sem dar chance a que ela se generalize numa conflagração em que os mais prejudicados seriam os civis afegãos. Ontem mesmo, depois das primeiras ondas de ataques contra os alvos talibãs nas cidades do Afeganistão, outras revoadas de aviões jogaram comida, remédios e suprimentos para as populações desamparadas. De qualquer maneira, a existência de fatos como os de 11 de setembro e de agora é a comprovação de que, mesmo com os avanços científicos e tecnológicos, mesmo com o florescimento da cultura e mesmo com a organização da humanidade para a paz, o homem continua incapaz de encontrar um caminho que garanta soluções civilizadas para os conflitos. A história humana, que é marcada milenarmente por divisões de caráter social, cultural, religioso e político, chega ao começo do século 21 repetindo os gestos e as atitudes de seus primitivos ancestrais. Perigo real e imediato Não bastasse o assombroso poder de destruição patenteado ao mundo pelo terrorismo nos atentados de 11 setembro, uma força ainda mais devastadora ameaça a Terra nesta hora grave. Um dos principais jornalistas norte-americanos especializados em questões bélicas advertiu na última semana que as armas nucleares ou de destruição em massa – químicas e biológicas – são hoje um “perigo real e imediato”. Autor de algumas das mais pungentes reportagens sobre o desvario da intervenção dos Estados Unidos no Vietnã, Jonathan Schell alertou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, para o risco de uma disseminação descontrolada de artefatos atômicos, tanto entre países quanto entre grupos ligados ao terror. Lembra ele que a Rússia está literalmente transbordando desses armamentos, sob o frágil controle de guardiões que ganham não mais que US$ 50 mensais. Paralelamente, há uma corrida por bombas nucleares em toda a Ásia. Não é difícil imaginar a catástrofe sem precedentes a que estaria sujeito o planeta se esse potencial mortífero caísse em mãos de fanáticos. Uma grande explosão dessas bombas produziria uma onda de choque acompanhada por um forte deslocamento de ar, superior aos ventos originados por um tornado. A destruição seria causada tanto pelo excesso de pressão no início da onda quanto pelo gigantesco vendaval conseqüente. O raio da devastação aumentaria proporcionalmente à intensidade da explosão. Haveria ainda terríveis efeitos térmicos causados pelas altas temperaturas que se registram na esfera incandescente que se forma na eclosão. A radiação daí decorrente causaria queimaduras e danos físicos de variado grau. Como o artefato lança imensa quantidade de detritos na atmosfera, a nuvem que se formaria se tornaria indevassável à luz solar, ocasionando um rigoroso inverno noturno com a devastação da flora terrestre e a expansão do rombo na camada de ozônio que pode pôr fim à civilização. Quase tão temível quanto esse cenário seria o ocasionado por armas químicas e biológicas Quase tão temível quanto esse cenário seria o ocasionado por mecanismos químicos ou biológicos. A ocorrência de um caso de antraz na Flórida, tido como isolado pelas autoridades norte-americanas, desencadeou uma severa investigação em vários Estados dos EUA, para determinar a origem da contaminação. O secretário da Saúde, Tommy Thompson, apressou-se a anunciar que o país dispõe de antibióticos para tratar 2 milhões de casos similares, se vierem a se manifestar, e isso apenas em um primeiro momento, pois há medicamentos estocados em lugares estratégicos de costa a costa. Isso em absoluto dispensa no entanto as grandes potências de empreender ações não apenas tendentes a localizar e neutralizar armas químicas e biológicas, como a reduzir seus arsenais atômicos ou a tornar mais rígidas medidas de segurança na guarda das remanescentes. Topo da página

10/08/2001


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