Populismo e forças do atraso são ameaça ao país, diz Serra









Populismo e forças do atraso são ameaça ao país, diz Serra
Em comício, tucano faz referências indiretas a Ciro, Roseana e Garotinho

No primeiro comício como pré-candidato a presidente -que ele próprio considerou "um marco nessa caminhada"-, o pré-candidato do PSDB, ministro José Serra (Saúde), atacou seus eventuais adversários na eleição, sem citar especificamente nenhum.

Ao convocar a militância tucana para construir uma candidatura "sólida" até a "vitória em outubro", Serra fustigou Ciro Gomes, o pré-candidato do PPS: "Já estamos vendo algumas candidaturas se desmanchando no ar. Chegaram a entusiasmar alguns neste Estado. O entusiasmo era exagerado, prematuro [referência ao prefeito de Cuiabá, Roberto França, que trocou o PSDB pelo PPS"".

Em um ginásio em Sinop (a 500 km de Cuiabá), Serra arremeteu contra os governadores Roseana Sarney (PFL-MA) e Anthony Garotinho (PSB-RJ), cujo crescimento nas pesquisas é atribuído aos programas de TV partidários.

Disse que "a tendência da campanha é pasteurizar-se" e que isso já ocorreria na TV, que faz "um sujeito baixinho parecer um jogador de basquete, um sujeito fanhoso aparecer com voz de barítono". A pasteurização ocorreria também no campo das idéias. "Daqui a pouco vai estar todo mundo dizendo a mesma coisa."
"O problema não é esse. Idéia boa não falta no Brasil. O problema é vontade política para fazer", disse Serra. Segundo o tucano, ele não teve uma única idéia nova no ministério, mas vontade para "contrariar interesses".
"A ameaça ao Brasil, ao nosso futuro, não é apenas o populismo esquerdista. O risco é, de novo, ser dominado por forças do atraso", afirmou. Os tucanos presentes interpretaram a declaração como uma referência ao governo de José Sarney (85-90), pai de Roseana. Serra tentou disfarçar: "Eu me referi a forças sociais, não a candidaturas específicas".

Serra vestiu com prazer o figurino de candidato nas quase doze horas que passou em Sinop, que tem 75 mil habitantes. Como faz desde o dia 17, quando lançou a candidatura, cumpriu uma agenda dupla de ministro e candidato. Amanhã, irá a Porto Alegre (RS).

Os compromissos do ministro ocorreram na tarde de anteontem, quando assinou convênios, entregou ambulâncias e lançou a pedra fundamental de um hospital; os do candidato, à noite. Cerca de 2.000 pessoas, arregimentadas pelo governador Dante de Oliveira, senadores, deputados e prefeitos compareceram ao comício.

Apagão
Um apagão que atingiu todo o Norte do Estado interrompeu por 12 minutos o evento. "É coisa do José Jorge [ministro das Minas e Energia, do PFL", brincou o deputado Ricarte Freitas.

Apesar dos ataques indiretos a Roseana, Serra está efetivamente empenhado numa reaproximação com o PFL, mas não tem pressa. A costura nos bastidores deve levar à realização do encontro com a governadora, que está, por enquanto, em banho-maria.

Como vem fazendo sistematicamente, em Sinop Serra também tratou de tentar desfazer a imagem que seus adversários pintam dele, como a de que tem preconceito contra o Nordeste e a de que é antipático.

Disse que está há 40 anos na vida pública, que administrou grandes orçamentos, como o da Saúde, e que nunca o acusaram de nada. "Então, acusar-me de antipático, francamente, eu acho um lucro, acho até agradável".


FHC atua e Nizan entra na campanha de Serra
Até ontem marqueteiro da governadora Roseana Sarney (PFL-MA), Nizan Guanaes também vai colocar um pé na candidatura presidencial do ministro da Saúde, o tucano José Serra.

A pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso, Nizan dará sugestões para o programa de 20 minutos do PSDB que vai ao ar no próximo dia 6 de março.

FHC e o publicitário se encontraram na última segunda, quando acertaram a forma de aproximação com Serra. A estrela do programa será o ministro, mas FHC terá participação. Assim, Nizan, que aconselha FHC, fica livre para dar idéias e poderá até se encontrar com Serra. Afinal, suas sugestões precisarão estar em sintonia com a campanha tucana.

FHC está tentando marcar um almoço da paz entre Serra e Nizan, que não se dão bem. O publicitário fez a campanha derrotada de Serra à Prefeitura de São Paulo em 1996. Havia jurado, segundo interlocutores, nunca mais trabalhar com Serra, por julgá-lo desobediente, irascível e com mania de ouvir diversas opiniões, desautorizando o marqueteiro.

Mas, no final do ano passado, FHC chamou Nizan para uma conversa franca: quer que ele comande o marketing tucano. O presidente disse que Serra sabe que esta será sua melhor chance para tentar a Presidência e que mostrou disposição para trabalhar com Nizan e "obedecer" quando necessário.

Nizan pediu um tempo para pensar. Desde então, repete em conversas reservadas que não tem contrato de exclusividade com Roseana e demonstra dúvida sobre o fôlego da governadora para a corrida presidencial.
O presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC), tem interesse em manter Nizan na campanha e evita dar desculpa para ele se afastar. Bornhausen também diz que não há contrato de exclusividade, mas faz questão de afirmar que o partido gostaria de continuar com o publicitário.

Depois que foi publicada a notícia de que ele teria sido convidado por FHC a integrar a campanha do ministro da Saúde, Nizan ligou para Bornhausen e disse que não tinha desejo de sair.

Mas o pedido de FHC, reforçado pela conversa de segunda, balançou Nizan. Um interlocutor do presidente conta que ele nunca esteve tão ligado a FHC. Nos últimos seis meses, o marqueteiro orientou ações de propaganda do presidente, que tenta recuperar popularidade. Nizan fez as campanhas de FHC em 1994 e 1998.


PPB pode apoiar PSDB e isolar Maluf
O deputado federal Pedro Corrêa (PE), segundo-vice-presidente do PPB, disse ontem que é favorável à manutenção da aliança governista e que o ex-prefeito paulistano Paulo Maluf tende a se isolar no partido se mantiver sua postura de não apoiar uma eventual coligação com os tucanos.

Maluf somente admitiria uma aliança com o PFL, caso tivesse o apoio do partido em São Paulo.
"O PPB, hoje, não é um partido do Maluf", disse Corrêa. "Evidentemente ele é um grande líder, mas amanhã pode ser uma das dissidências", disse o deputado, após conversar com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Disputado pelos tucanos e pelos pefelistas, o PPB deve esperar até abril para fechar uma aliança. A preferência é pelo tucano José Serra, mas o partido quer conferir ainda seu potencial eleitoral.

Corrêa, que foi procurado pelo governador a pedido de Serra, disse que Maluf, pré-candidato ao governo paulista, foi avisado sobre o encontro na terça, por telefone. "Ele [Maluf" fez um apelo para que o PPB não tenha candidato nem apóie ninguém. Quer deixar as Executivas estaduais decidirem as alianças regionais."
Para Corrêa, Maluf quer transformar a eleição em uma questão regional apenas para ajudar a se eleger. "Isso a bancada federal, que é favorável à aliança, não vai permitir", disse. "Na grande maioria dos Estados, a aliança do PPB foi com o PSDB. Então, se amanhã o partido tiver que fazer essa opção no primeiro turno, a tendência é que se faça uma aliança com os tucanos." Sobre o pré-candidato do PPB, ministro Pratini de Moraes, Corrêa disse ter certeza de que ele abriria mão da disputa em nome de um consenso.


Como Serra, Roseana acena com vaga de vice ao PMDB
Convite é feito a Renan Calheiros; tucano também flerta com sigla

A pré-candidata do PFL à Presidência da República, Roseana Sarney, ofereceu ontem a vaga de vice em sua chapa ao PMDB, assim como já havia feito o presidenciável tucano, José Serra.

O convite foi feito a Renan Calheiros (AL), l


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