Presidente da CPI dos Bingos quer que STF apresse decisão sobre a quebra dos sigilos de Okamotto



Em entrevista nesta terça-feira (25), o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida logo se vai autorizar ou não a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto. Ele afirmou que 90% dos trabalhos da comissão já estão concluídos e que continua decidido a colocar o relatório em votação até o final do mês de maio (a data final para o encerramento da CPI é 24 de junho), mas adiantou que o relatório pode ficar prejudicado caso não sejam quebrados os sigilos de Okamotto.

A oposição insiste em que Okamotto - amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - pagou as contas do presidente e de sua família. Por essa razão, os parlamentares de partidos oposicionistas apresentaram requerimento solicitando a quebra dos sigilos de Okamotto, mas senadores da base do governo com assento na CPI dos Bingos obtiveram liminar do STF impedindo que as contas do presidente do Sebrae se tornassem públicas.

Okamotto confessou, em seu primeiro depoimento à CPI dos Bingos ter pagado do próprio bolso um empréstimo, no valor de R$ 29 mil, contraído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos cofres do PT, mas negou a informação no depoimento seguinte. Ele também teria saldado uma conta em nome de Lurian Cordeiro, filha de Lula, no valor de R$ 26 mil.

Reta final

O senador informou ainda que na reunião administrativa desta quarta-feira (26), marcada para as 11h, tentará aprovar um cronograma de definição dos trabalhos nessa reta final, o que deverá incluir a votação de requerimentos considerados polêmicos e que seriam votados na próxima semana.

Entre os requerimentos, destaca-se o do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) que pede esclarecimentos ao presidente Lula sobre as circunstâncias em que teria ficado sabendo sobre a participação de autoridades - incluindo o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci - na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa Santos, o Nildo.

No requerimento, Antero formula oito perguntas a serem respondidas por Lula, que começam com as seguintes: "Em que local, data e hora Vossa Excelência teve ciência da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa? Quem o informou do ocorrido?". O governo promete barrar a aprovação do requerimento.

Outros dois requerimentos também devem ser colocados em votação, igualmente como parte das investigações sobre a quebra do sigilo bancário do caseiro. São os que convocam para depor o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso. Na lista de convocados, aparecem ainda os nomes de dois assessores do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos: Daniel Goldberg e Cláudio Alencar.

O depoimento que estava previsto para ocorrer nesta terça-feira, do subprocurador-geral da República Moacir Guimarães Morais Filho, foi adiado para a próxima quinta-feira (27). Ele vai falar sobre as seguidas tentativas do Ministério Público no sentido de tentar sustar os contratos firmados entre a Caixa Econômica Federal e a multinacional Gtech para a operacionalização de loterias, considerados pelo procurador como prejudiciais ao país. O depoimento foi adiado em virtude da realização de audiência pública para debater a crise da Varig, que atraiu a atenção da maioria dos senadores.



25/04/2006

Agência Senado


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