Primeira universidade integrada da AL une políticas de interesse da região



Já está oficialmente em funcionamento, desde segunda-feira (16), a primeira universidade integrada da América Latina. A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz de Iguaçu (RS), foi criada em janeiro deste ano e é a primeira do País em que metade das vagas é destinada a brasileiros e a outra metade, a jovens de outros países da América Latina e Central. Cerca de 200 estudantes brasileiros e estrangeiros (da Argentina, Paraguai e Uruguai) já haviam se matriculado até a sexta-feira passada (13), segundo a própria universidade.

 

A criação da Unila segue o que determina a Constituição de 1988, em seus princípios fundamentais, que a República Federativa do Brasil buscará “a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”.



Para o reitor da Unila, Hélgio Trindade, a instituição tem uma função única e diferenciada entre as universidades federais: fazer com que o Brasil se integre plenamente na América Latina. Para ele, o Brasil – única nação a falar português no subcontinente sul-americano – “é um país tão latino-americano quanto os outros que iremos integrar”.

 

Ele explica que a intenção da universidade é fazer é uma formação focada em questões e cursos que tenham relação com questões centrais para o desenvolvimento latino-americano e possam contribuir para a integração, através do conhecimento compartilhado e da cooperação solidária.

 

Veja, a seguir, a entrevista exclusiva que o reitor concedeu ao Portal Brasil:

 

Portal Brasil - De que maneira a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) vai contribuir para a formação acadêmica de brasileiros e latino-americanos e para a integração e o desenvolvimento regional?

 

Hélgio Trindade - Integrando plenamente uma universidade brasileira que tem uma função única e diferenciada entre as universidades federais para fazer com que o Brasil se integre plenamente na América Latina. O Brasil é um país tão latino-americano quanto os outros que nós iremos integrar. O que nós pretendemos fazer é uma formação focada em questões e cursos que tenham relação com questões centrais para o desenvolvimento latino-americano e que possam contribuir para a integração, através do conhecimento compartilhado e a cooperação solidária.

 

PB - Quais são as razões para que o Brasil realize investimentos na educação superior visando a formação de estudantes latino-americanos?

 

HT - Em primeiro lugar o Brasil pensou e propôs uma universidade supranacional do Mercosul – e os países do bloco entenderam que ainda não estava madura essa idéia de ter uma universidade supranacional. A partir disso o Brasil foi, como os outros países da América do Sul, estimulado a fazer uma proposta própria para o desenvolvimento e a integração da região. E aí o Brasil deu um passo ousado para, não só pensar na integração da região do Mercosul, mas pensar também, de uma forma mais ampla, naquele velho sonho do (Simon) Bolívar, a pátria grande, da integração de toda a América Latina - do México até a Argentina, incluindo o Caribe e a América Central.

 

PB - Como a Unila poderá ajudar na geração de conhecimento no continente e como esse conhecimento poderá contribuir para a resolução das grandes dificuldades sociais da região?

 

HT - Essa universidade terá dois eixos que estão na lei que a criou, pelo Congresso Nacional, e vão permitir esse desenvolvimento e esta contribuição à integração latino-americana:

 

O primeiro deles é colocar brasileiros e latino-americanos de outros países em pé de igualdade, oferecendo a todos eles o mesmo diploma brasileiro, que é de prestígio na América Latina e fora dela. Portanto todos os latino-americanos terão o mesmo diploma que os brasileiros têm. Então isso já é um ato de reconhecimento e de valorização desses estudos.

 

Segundo, o foco desses cursos, que foram escolhidos em função de temas relevantes para o interesse do desenvolvimento da AL e de sua integração, será outra forma de se realizar esse objetivo. Vou dar dois exemplos. Vamos ter o curso de engenharia que se voltará para duas questões (na verdade, são dois cursos) e que são do interesse da América Latina. De um lado, uma engenharia para a infraestrutura, ou seja, quais são as grandes estruturas que devem estar integradas fisicamente? Estradas, portos, pontes para que a integração física se dê. Esse tipo de engenheiro não há na América Latina. Segundo exemplo: engenharia para energias renováveis. Hoje o tema da água é um tema mundial e latino-americano. Como gerar energia renovável para que a gente possa realmente usar plenamente a água quando se tratar de energia por meio de barragens e etc? E como gerar outras formas de energias alternativas para que se atenda as necessidades da América Latina.

 

PB – Qual outro curso o senhor destaca?

 

HT – Um outro exemplo: nós vamos ter um curso de Ecologia e Biodiversidade. O que nós queremos com esse curso? Conhecer os biomas da América Latina e, ao mesmo tempo, valorizá-los para depois transformá-los em medicamentos que interessem à população e, que muitas vezes, são utilizados por outras organizações internacionais que vêm aqui buscar essa nossa riqueza. Sem falar apenas nesses cursos, quero frisar também que vamos ter curso de Relações Internacionais para a integração que é fundamental.

 

Vamos ter curso de Sociedade, Estado e Política na América Latina, porque nós temos que desenvolver uma contribuição fundamental para a preservação do sistema democrático da América Latina. Para o aprofundamento da democracia, para que, além da democracia formal, representativa, eleitoral, se tenha uma democracia mais participativa, cidadã.

 

Então, todos esses temas são temas que interessam ao Brasil, interessam a todos os outros países da América Latina e, desta forma, por essa ética da cooperação solidária, respeitando os outros países e buscando por meio do ensino, da pesquisa, da ciência e da tecnologia compartilhar esse conhecimento. Nós temos a certeza de que estamos contribuindo para formação de sucessivas gerações de latino-americanos que, ao voltarem aos seus países, vão contribuir de uma forma mais profunda para uma integração de todo o continente.

Fonte:
Portal Brasil

 



19/08/2010 19:29


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