"Projeto do São Francisco beneficia os ricos", afirma dom Cappio



O projeto de integração do Rio São Francisco beneficiará grandes grupos econômicos e não objetiva o abastecimento humano e animal, afirmou dom Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra (BA), ao falar em audiência pública promovida por quatro comissões permanentes do Senado. Para o religioso, que manifestou sua opinião logo após a abertura da reunião pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, o projeto é retrógrado e vai na contramão da história.

O bispo avaliou que o projeto não adota a nova concepção de gestão da água, que prevê "cuidado e aproveitamento de cada gota de água disponível". De acordo ainda com dom Cappio, esse programa do governo federal deixará de levar água às cerca de 10 milhões de pessoas que vivem no meio rural do semi-árido brasileiro e que ainda não têm acesso seguro à água. Sua abrangência espacial, observou o religioso, só atinge 7% do semi-árido.

- Mais de 90% do território e suas populações continuarão no abandono e na indigência - frisou ainda, ao dizer que o governo faz propaganda enganosa quando afirma que as obras beneficiarão 12 milhões de pessoas.

O religioso destacou que as prioridades do governo são atividades como cultivos irrigados, criação de camarão em cativeiro e usos industriais, privilegiando o setor econômico em detrimento das necessidades da população. O bispo também afirmou que as obras afetarão as estratégias de sobrevivência de populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas.

A audiência pública está sendo realizada no Plenário do Senado pelas Comissões de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), de Serviços de Infra-Estrutura (CI) e de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).



14/02/2008

Agência Senado


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