Promotor denuncia recebimento de propina e evasão de divisas por Maluf
Em depoimento à CPI do Banestado nesta sexta-feira (15), o promotor de Justiça de São Paulo Sílvio Antônio Marques, que investiga o suposto esquema de corrupção na administração Paulo Maluf na prefeitura de São Paulo, forneceu detalhes sobre o provável caminho percorrido pelo dinheiro recebido a título de propina até o exterior, tendo supostamente como beneficiário o ex-prefeito.
O promotor deteve-se especialmente sobre o caso da construção da avenida Água Espraiada pela construtora Mendes Júnior. Segundo avaliações iniciais, a obra deveria ter custado R$ 250 milhões, mas foram gastos R$ 800 milhões pela prefeitura de São Paulo.
De acordo com Marques, a prefeitura remunerava a empreiteira, que, então, pagava subempreiteiras. Depois de emitir notas fiscais à empreiteira, as cerca de 11 subempreiteiras do esquema, geralmente empresas fictícias, devolviam, segundo o promotor, cheques equivalentes a 90% do valor das notas fiscais frias.
Os cheques, então, eram trocados por dólar ou entregues diretamente a doleiros, que depositavam os recursos em contas de laranjas, os quais voltavam a depositar os recursos em contas de outros laranjas. Maluf, disse Marques com base em depoimentos, seria o beneficiário de 20% desse valor e assessores, como o ex-secretário de Obras do município de São Paulo, Reynaldo de Barros, receberiam 17%. O ex-prefeito da cidade Celso Pitta, informou o promotor, também teria recebido um percentual (15%) desse tipo de propina nos anos de 1999 e 2000.
De acordo com o caminho do dinheiro que está sendo rastreado pela Promotoria de São Paulo, os recursos oriundos de propinas chegavam a contas CC-5, principalmente no Paraguai, a partir de onde eram remetidos para contas em bancos em Nova York e em Genebra, na Suíça. Essas contas, afirmou Marques, aparecem nas investigações da Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR). Em Nova York, o promotor citou as contas Campari, no MTB Bank, e Lespan, no Citibank. Mencionou também contas em Genebra, onde os recursos seguiriam para Maria Rodrigues, com conta no Union Bancaire Privée, que repassava o dinheiro para outras contas, inclusive no Citibank de Genebra.
Em 9 de janeiro de 1997, a Promotoria foi informada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que recebera comunicação de autoridades de Jersey, no Reino Unido, sobre a transferência de recursos do Citibank de Genebra para o Citibank daquela localidade. Segundo Marques, as investigações procuram provas de uma transação que teria movimentado recursos do Citibank para o Deutsche Morgan Grenfell de Jersey.
- Já foi provado que esse banco aplicou US$ 89,3 milhões na Eucatex, de propriedade da família de Maluf, por meio de debêntures conversíveis em ações - informou o promotor.
15/08/2003
Agência Senado
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